O mundo podia parar ali naquela cena. Eu tenho certeza que este é o maior sorriso que eu já dei na minha vida.

–Margot, você precisa ir encontrar o Samuel.

–Mas você disse que não queria.

–E não quero, mas você veio com ele aqui hoje e eu sei que você é educada de mais pra sumir do nada. Então volte pra casa com ele.

–Ele vai querer saber o porque eu demorei.

–Diga que ficou presa na multidão. –Henry colocou a mão no meu rosto e me beijou novamente. Minhas pernas pareciam que iam desabar ali mesmo. –E não deixe ele tocar em você.

–Tudo bem. –Eu não queria deixar o Henry ir embora mas eu precisava ir com o Samuel.

Fiz o caminho de volta entre as pessoas. Os fogos ainda estavam acontecendo, mas não achei eles tão mágicos, só achei isso quando Henry me beijou. Eu ainda não conseguia acreditar que isso tinha acontecido.

–Você perdeu o inicio dos fogos. –Samuel falou enquanto me entregava o panda.

–Acabei ficando presa no meio da multidão.

–Ainda não acabou. Então vamos aproveitar. –Ele pegou a minha mão e eu fiquei torcendo para que o Henry não estivesse ali vendo aquilo.

Samuel até falava alguma coisa no caminho de volta, mas eu não prestei muita atenção. Minha cabeça voltava sempre para o rosto do Henry e para a cena do nosso beijo.

–Chegamos. –Samuel parou o carro e se virou pra mim.

–Obrigada pelo convite e pelo panda. Me diverti muito.

–Eu é que agradeço por você ter ido comigo. Devemos fazer mais vezes.

–Ah claro! –Eu realmente tinha me divertido com ele e não quero perder isso que temos. Dei um beijo em seu rosto e sai do carro.

Fiquei na porta de casa esperando o Samuel ir embora. Eu não conseguia virar a chave na fechadura. Eu não sabia como ia olhar para o Henry, tinha certeza que ele estava lá dentro, mas o que eu deveria fazer?

Minha cabeça parece que vai explodir.

Criei coragem e então entrei. A sala estava toda escura, o que significava que Henry estava no quarto. Subi as escadas devagar e fui para o meu quarto. Quando ascendi a luz levei um susto.

Henry estava deitado sem camisa, apenas de calça e bandana na minha cama apoiado nos cotovelos me olhando.

–Pensei que não fosse chegar.

–Nós ficamos vendo o resto dos fogos. –Eu não sei o porque mas desta vez ver ele sem camisa é diferente.

Entrei correndo no meu banheiro e fechei a porta.

O que tinha de errado? Desta vez está pior. Eu já vi o Henry sem camisa e não me importei. Só que ele está diferente, o olhar dele está diferente. Ai meu coração, ele está batendo forte, mas eu não sei se isso é bom.

–Ta tudo bem? –Pude ouvir Henry falar enquanto batia na porta.

–Sim. Já estou saindo. –Tirei a minha roupa e coloquei uma das minhas camisolas. Então me pego olhando no espelho e pensando se ele irá gostar de me ver assim, mas ele já me viu assim antes... Eu to surtando.

–Pensei que ia dormir no banheiro. –Ele falou enquanto eu saia do banheiro e fechava a porta. –Vem. –Ele levantou uma parte do cobertor ao seu lado.

Eu não conseguia ir até ele, eu queria, mas não conseguia. Nós sempre dormimos juntos, não tenho motivos para me preocupar com isso, não sei o porque estou agindo assim.

–Não vai tirar a bandana? –Falei.

–Verdade. –Ele soltou a bandana e colocou em cima da minha penteadeira.

Henry se aproximou de mim e passou a mão no meu cabelo. Meu corpo inteiro se arrepiou.

–Você está bem? –Ele perguntou me olhando.

–Sim. –Falei e pela primeira vez a minha voz estava tremula.

–Você mente muito mal sabia disso? –Ele se afastou e sentou na ponta da minha cama. –Me diz o que está acontecendo.

–Desde que você decidiu me ajudar a ter emoções,tenho sentindo coisas diferentes.

–Isso é bom, mostra que está funcionando. –Me sentei ao lado dele.

–Acontece que eu não estou acostumada com isso e hoje, depois que você me beijou, eu senti meu coração bater pela primeira vez. –Eu não conseguia olhar em seus olhos pra dizer isso mas olhei quando vi que ele estava rindo.

–Desculpas! –Ele deu mais uma risadinha e então me olhou com um largo sorriso. –Você precisa ver o seu rosto ficando vermelhinho enquanto fala isso.

Abaixei meu rosto e fiquei torcendo para um buraco se abrir e eu me jogar lá dentro. Como ele podia rir de uma coisa dessas?

–Margot. –Henry levantou meu rosto e passou os dedos nas minhas bochechas. –Entre esses desenhos aqui da pra ver a sua pele branca, e é justamente aqui que está coradinho. –Ele se aproximou de mim e nossos lábios estavam próximos. –Você também faz o meu coração palpitar, mais do que ele devia na verdade. –Ele parou de falar quando nossos lábios se encontraram.

Eu ainda não sei bem o que são as emoções, mas gosto de todas que sinto quando estou com o Henry. Eu agora me preocupo em fazer ele feliz, assim como ele faz comigo.

–Obrigada. –Falei para depois ver aquele lindo rosto.

–Pelo o que?

–Por estar me ajudando a entender as coisas e o mundo melhor.

–Eu ainda não terminei de te mostrar o mundo. Mas quero que você saiba que vou estar aqui, segurando a sua mão, enquanto conhecemos ele juntos. –Henry tomou o lugar dele na minha cama e eu fiquei ao seu lado.

Dormir com ele é muito bom. Henry é o ultimo e o primeiro que eu vejo no decorrer do dia e eu não iria me importar nem um pouco se fosse assim para sempre.

Ficamos deitados como todas as noites. Minha cabeça em seu peito, ouvindo seu coração, e as mãos dele passeando pelo meu cabelo até que ele caísse no sono. Mas essa noite era diferente, pois o meu coração também estava batendo e eu ainda não sei se é possível, mas o meu coração só sabe bater por uma pessoa. O meu Henry.