A love of porcelain escrita por Cherry Bomb


Capítulo 17
Paraíso




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Parecia que um dos quadros do quarto do Edgard tinha saído e se tornado realidade, e justamente o quadro preferido, o da praia.

O mar estava calmo e muito azul, assim como o céu que tinha um sol incrivelmente brilhante olhando pra mim. Eu podia sentir a areia fofa passar entre os meus e fazer algo engraçado entre eles.

Não tinha a mínima ideia de como eu tinha saído da Finlândia e vindo parar em uma praia deserta, mas eu não ligava. Aquela paisagem era realmente perfeita.

–Margot! –Virei na direção do som e vi Henry correndo em minha direção.

O cabelo solto balançava conforme ele corria. Henry usava uma camisa branca e uma calça preta. Ele corria e acenava pra mim, eu podia jurar que ele estava em câmera lenta.

–Onde estamos?-Perguntei.

–Até onde eu sei esse lugar é chamado de praia. –Ele tirou uma mecha do meu cabelo do meu rosto e a colocou para trás. –Você está linda.

Atrás de Henry apareceu um espelho. Quando ele saiu da frente pude ver meu reflexo. Minha pele era da mesma cor que a dele e eu não tinha mais o desenho da caveira. Meus olhos eram da mesma cor, um verde misturado com azul e eu usava um biquíni roxo com estampas em branco. Eu realmente me parecia com ele.

–Como isso aconteceu? –Falei vendo nós dois refletidos no espelho.

–Não aconteceu. Na verdade você quer que aconteça. Por isso está sonhando.

–Impossível. Pra sonhar eu preciso estar dormindo. –Henry colocou as mãos nos meus ombros e sorriu.

Então é verdade. Eu estou realmente sonhando. “

Quando abri meus olhos eu não podia acreditar que a praia havia sumido e que eu estava novamente naquela mesma sala de sempre, pelo menos Henry ainda estava comigo.

–Henry acorda! –Falei empurrando seu braço. –Acorda!

–É ladrão? Mata! –Ele se sentou e arregalou os olhos dourados para me encarar.

–Não tem ladrão.

–Então não me acorde Margot. Eu estava em um ótimo sonho.

–Eu também. –Falei com um enorme sorriso.

–Ótimo. –Sua cabeça já estava quase na almofada quando ele se sentou rápido e olhou pra mim. –Mas você não sonha.

–Exatamente. Eu dormi e acabei sonhando. Pela primeira vez eu sonhei Henry.

–Nossa! E você sonhou com o que? –Ele estava sentado ao meu lado me observando seriamente.

–Com a praia. –Eu nunca pude conhecer a praia, deve ser por isso que sonhei com ela. – E eu estava diferente. Estava bonita. Meu rosto estava normal, assim como o seu. –Não sei porque mas não consegui contar que ele estava no meu sonho.

–Então você não estava bonita. Se rosto estivesse como o meu então você seria uma pessoa como qualquer outra e pessoas normais são chatas. Prefiro você assim. Pra mim você é linda e isso basta. –Henry voltou a dormir e eu fiquei ali deitada em seus braços apenas lembrando da praia mas não consegui dormir de novo.

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O sol já tinha aparecido havia um bom tempo e o Henry ainda estava dormindo. Ele tem o péssimo habito de acordar muito tarde e isso me incomoda um pouco.

–Henry levanta. –Falei colocando as almofadas em cima do sofá e arrumando a bagunça da noite passada. –Levanta ou vou jogar um balde d’água em cima de você. –Ele nem se quer se mexeu.

Me abaixei ao lado dele e coloquei a mão em seu braço. Ele estava mais quente que o normal. Quando virei seu corpo pra mim coloquei a mão em sua testa e tive a total certeza de que ele estava com febre.

–Vem. –Falei ajudando ele a se levantar.

Subimos a escada com ele apoiado em meu pescoço. Seu corpo estava quente e seu rosto muito vermelho. Aconcheguei ele na cama de seu quarto e desci para preparar algumas coisas.

Fiz um chá de maracujá com cravo e peguei uma tigela e panos.

Quando voltei pro quarto Henry estava do jeitinho que eu tinha deixado. Peguei um remédio para baixar a febre e outro para dor no corpo, fiz ele tomar junto com o chá. Depois fiquei colocando o pano na água e passando em sua testa.

–Cozinheira/estilista/cientista/medica. Existe alguma coisa que você não saiba fazer? –Henry disse me olhando com os olhos vermelhos e praticamente fechados.

–Não. Eu sou perfeita lembra? –Ele sorriu e eu sorri junto. –Agora dorme que você precisa.

–Margot. –Henry disse segurando meu pulso quando me levantei. –Fica aqui.

–Tudo bem. –Fiquei observando Henry dormir, a mesma coisa que fiz inúmeras noites, mas ele nunca parecia igual, todas as noites, parecia que algo novo iluminava o rosto dele.

Quando tive certeza de que ele estava dormindo desci para preparar uma sopa, isso ajudaria ele.

A cena da praia não saia da minha cabeça. O modo como ele me olhava, eu queria aquilo de novo, mas não sei se consigo voltar a dormir.

Subi com a sopa e Henry não estava mais deitado. Ouvi o barulho do chuveiro então logo ele estaria lá dentro. Deixei a sopa encima da cômoda e fui para o meu quarto.

Troquei de roupa, penteei meu cabelo, arrumei meu quarto, fiz tudo o que eu tinha pra fazer e depois deitei na minha cama. Perdi as contas de quantas vezes fiquei virando de um lado para o outro mas não conseguia pegar no sono. Acho que nunca mais eu vou dormir e sonhar de novo.

Quando eu estava quase desistindo de dormir e praticamente levantando para ler mais um dos meus livros e voltar a costurar, vi Henry entrar no meu quarto todo enrolado em um cobertor com os cabelos soltos todo bagunçado e com uma cara, que por incrível que pareça, fofa.

–Não quero dormir sozinho. –Ele falou com a voz um pouco rouca.

–Pode ficar aqui se quiser. –Ele largou o cobertor no chão e entrou correndo em baixo do meu cobertor.

–A sopa estava muito boa, obrigado.

–De nada. –Virei de costas para o Henry e fechei meus olhos para mentalmente contar carneirinhos mas minha contagem foi interrompida quando ele se aproximou e passou o braço pela minha cintura colando nossos corpos.

–Bem melhor. Boa noite Margot. –Eu podia sentir o rosto dele afundando no meu cabelo e seu braço me puxando para mais perto.

–Boa noite Henry. – Depois dessa frase fechei os olhos e finalmente a visão da praia voltou.


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