A love of porcelain escrita por Cherry Bomb


Capítulo 16
Estranhos




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Fiquei em uma sala sozinha fazendo a prova e a julgar pelas perguntas tenho certeza de que me sai muito bem. Quando estava voltando para a sala onde aquela senhora provavelmente estava me esperando senti alguém esbarrar em mim com muita força.

–Me desculpas. –Um cara alto com cabelos raspado dos lados, loiro quase branco falou. –Nossa! –Ele disse quando parou e viu meu rosto.

–Não tem problema. –Falei. Ele tinha uma argola no septo, duas em cada canto da boca e outra na sobrancelha direita.

–Corajosa você em tatuar todo o rosto. Eu só fiz na mão. –Quando ele levantou a mão esquerda vi os desenhos de ossos cobrindo ela toda. –Muito bom o seu tatuador, onde você fez?

Antes que eu pudesse responder a pergunta dele Henry apareceu e ficou ao meu lado.

–Posso ajudar? –Ele perguntou serio para o menino das tatuagens.

–Eu só queria saber onde ela fez esses desenhos, são muito bons.

–E você quem é? –Henry estava com a voz mais grossa do que o normal.

–Nossa que falta de educação a minha. Meu nome é Samuel, to no primeiro ano de música. E vocês são?

–Meu nome é Margot, ainda não estudo aqui, acabei de fazer a prova pra entrar no curso de moda. –Ele não parece com as crianças da minha primeira escola, deve ser por causa do pouco de barba que ele tem.

–Sou Henry. Segundo ano de tecnologia, fui transferido.

–Olha eu tenho que ir mas foi um prazer conhecer vocês. Tomara que a gente se encontre mais Margot. –Ele então continuou o caminho que estava fazendo antes.

–Voce viu a mão dele? –Falei para o Henry.

–Vi. Agora vamos. –No caminho de volta pra casa eu só conseguia pensar em como foi bom ter conhecido o Samuel, ele foi a primeira pessoa no mundo que chegou o mais próximo do que eu sou e não ligou para o fato o meu rosto ser assim, ele até gostou.

–Henry, tem mais pessoas assim como o Samuel?

–Você quer dizer caras que tem prata em todo o rosto e ficam dando em cima da primeira pessoa que veem? Tem muitos.

–Você está bravo? -Perguntei.

–Por que acha que estou bravo?

–Porque sua voz está mais grossa, suas mãos mais firmes e sua pupila está dilatando.

–Não estou bravo. –Henry estacionou o carro e entrou em casa.

Fiquei sentada no carro sem entender muito bem o que tinha acabado de acontecer. Entrei em casa e não vi mais o Henry, ele deve ter ido para o quarto então fui para o meu também.

Peguei meus papeis, lápis e comecei a desenhar novos modelos de roupas, eu queria parecer mais com as meninas que provavelmente estariam estudando comigo, acontece que sempre que eu terminava um desenho tudo o que eu tinha era mas um vestido.

Depois de fazer algumas pesquisas na internet achei uma maneira de não usar mais esses vestidos bufantes mas ainda sim ter o meu estilo vitorianos que tanto gosto.

–Posso entrar? –Henry disse.

–Claro. –Desliguei a maquina de costura e virei a cadeira para poder olhar pra ele.

–Foi mal por ter agido daquele jeito.

–Ah não se preocupe eu quase não entendi o que aconteceu. –Ele deu um sorriso e fechou os olhos.

–Espero que você nunca perca a sua inocência Margot. –Acho que preciso de um manual sobre o Henry.

–Quer que eu faça o jantar? –Perguntei.

–Não. Vamos fazer algo diferente hoje. –Henry fez um gesto para que eu saísse do quarto e descemos juntos até a sala.

O sofá estava mais afastado da televisão e no chão tinha uma tigela com chocolate derretido e outras com frutas. Henry e eu sentamos ali e ele então puxou um coberto que se encaixou perfeitamente em nossos corpos nos juntando.

–Você sabe que eu não como. –Falei sorrindo.

–Eu sei mas não custa nada eu comer e fazer algo bonito. –Henry ligou a televisão e o filme começou.

–A noiva cadáver. –Falei quando o filme começou.

–Nunca vi e já que é seu favorito nada mais justo do que vermos juntos.

No decorrer do filme Henry tinha o braço envolta da minha cintura e minha cabeça deitada em seu ombro, as vezes ele levantava e pegava uma fruta para passar no chocolate e depois comer, enquanto isso eu ficava cantando todas as musicas junto.

Quando chegou na musica da Emily, Henry colocou a mão na minha cabeça e começou a fazer carinho enquanto passava os dedos pelos meus fios de cabelo, era como se ele tivesse tentando me confortar.

Quando o filme acabou ficamos sentados de frente um para o outro.

–Gostou? –Perguntei.

–Gostei. Mas ela devia ter ficado com o Victor.

–Eu não acho. Ela amava ele e sabia que ele seria mais feliz com a outra então tomou a decisão certa.

–O que você sabe sobre o amor Margot?

–Sei que ele é algo forte e bom mas que as vezes é tão doloroso que chaga a causar a morte de sua vitima. –Li e vi filmes suficientes para saber tudo sobre o amor, pelo menos em teoria.

Henry ligou a lareira e depois nos aconchegou de novo no coberto. Ele pegou a minha mão e então começou a mexer o polegar prendendo o meu.

–Já brincou disso? –Ele disse.

–Não. Como faz?

–Você tem que tentar prender o meu dedo com o seu mas não pode mexer a mão e enquanto isso conversamos. –E assim foi.

Eu perdi umas cinco vezes mas depois consegui entender a brincadeira, eu nunca tinha brincado com ninguém antes, sempre estive sozinha.

–No dia em que eu cheguei aqui e vi o meu pai deitado naquela cama a primeira coisa que pensei foi que eu iria perder mais uma pessoa. –Ele falou enquanto tentava prender o meu dedo.

–Você é a primeira pessoa com quem eu brinco.

–Fiquei assustado quando te vi. –E logo estávamos fazendo confissões.

–Seu cabelo parece de mulher.

–Ei... sem ofensas. –Ele deu risada. – Acho os desenhos no seu rosto muito bonitos.

–Acho seu rosto bonito. –As bochechas de Henry estavam coradas por causa do meu comentário.

Estávamos nos encarando de novo. Mas desta vez foi eu quem fez o movimento de nos aproximarmos. Henry estava deitado no chão e eu estava deitada em seu peito. Sua respiração era suave e seus batimentos não estavam tão acelerados mas também não estavam muito devagar, estava em um ritmo perfeito.


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