Olho para o relógio, já são cinco horas da tarde. Me sento acomodada no sofá, me cubro com um cobertor e ligo a TV. Vou mudando de canal, passo pelo filme “Entrando numa fria”, adoro esse filme, mas já vi tantas vezes... Continuo trocando de canal e decido parar num jornal.

Estou quase pegando no sono quando a campainha toca. O barulho me assusta me fazendo levantar num pulo. Vou até a porta vagarosamente e a abro.

“Hey” Diz Mike com uma expressão maliciosa, então ele olha pro meu cabelo e ri. Eu percebo e ajeito o cabelo. “Tudo bem com você?” Pergunta ele.

“Sim. Entra.” Digo sorrindo abrindo espaço pra ele passar. Eu fecho a porta. Ele senta no sofá e eu deito no colo dele enquanto ele faz carinho em minha cabeça.

“A gente podia beber alguma coisa.” Diz Mike.

“Um vinho... Mas o último que tinha acabou no dia que você veio aqui.”

“Então vou comprar uma garrafa.” Diz ele se curvando para me dar um selinho e sai.

Me sento, vejo o jornal por mais alguns minutos e resolvo desligar a TV. “Será que vou precisar ir pra caverna hoje? Espero que sim.” Penso. Vou ao meu quarto pegar o celular. Procuro Oliver nos contatos e antes que eu possa ligar, a campainha toca.

“Tá aberto.” Grito voltando pra sala. “Mike já comprou o vinho? Tão rápido assim.” Penso.

“Oliver?” Digo surpresa quando chego a sala. Ele estava parado no meio da sala e quando ouviu minha voz olhou em minha direção. “Aconteceu alguma coisa?” Pergunto preocupada.

“Não. Eu só...” Diz ele se aproximando de mim.

“O quê?” Pergunto chegando mais perto dele. Ficamos a menos de meio metro perto um do outro.

“Preciso te contar uma coisa.” Diz ele abrindo um sorriso. Alguma coisa ali fazia meu coração acelerar.

“Fala.” Digo chegando mais perto, já podia sentir sua respiração.

“Felicity...”

Nos fitamos por alguns segundos em silêncio, não aguentando mais aquela agonia do momento misturados com uma estranha sensação que crescia dentro de mim. “Oliver, o qu...” Ele não me deixa completar a frase. Ele segura a minha nuca e encosta seus lábios nos meus impedindo minhas palavras de sair. Me beijando profundamente, sem conseguir pensar direito me agarrei a ele colocando minhas mãos em suas costas e a acariciando. Foi então que me dei conta do que estava fazendo, estava traindo Mike. Mas por que é que Oliver está aqui? Ele gosta de mim?

Empurro ele. “O que está fazendo?” Pergunto atordoada.

“Eu quero você, Felicity.” Diz Oliver me fitando. Ele me puxa pela cintura e me beija novamente. Tento impedi-lo, mas não consigo resistir. Nunca me senti tão atraída por alguém como me sinto por Oliver. Não conseguia parar de beijá-lo e acariciar suas costas, seus braços... Ele começa a beijar meu pescoço e a sensação é maravilhosa. E é quando paro de sentir tudo isso. Oliver é jogado pra trás. Levo um susto e só depois que entendo. Mike havia voltado da rua.

Só vejo Mike pegando Oliver desprevenido e dando um soco em sua cara, ele levanta a mão para dar um segundo soco e é quando ele para.

“Oliver?” Pergunta Mike furioso.

“O que você está fazendo aqui? Por que me bateu?” Pergunta Oliver também furioso.

“O que eu estou fazendo aqui?” Repete Mike em tom de deboche. “Estou voltando da rua depois de comprar uma garrafa de vinho pra mim e pra minha namorada.”

“Sua... O quê? Você está namorando a Felicity?” Pergunta Oliver desacreditado.

“Era dela que você estava falando mais cedo?” Pergunta Mike.

“Eu vou embora.” Diz Oliver. Ele me olha de soslaio e sai.

“É melhor mesmo.” Diz Mike irritado. “O que aconteceu aqui?”

“Você batendo no Oliver?” Tento tirar o foco da conversa de mim, pois continuo muito confusa.

“Sabe que não é disso que estou falando.” Diz Mike um pouco mais calmo.

“Oliver é meu chefe. Ele manda e eu obedeço.” Digo sem saber o que mais falar e vejo que foi a pior frase que pude pensar pra dizer.

“Você está dizendo que ele obrigou você a beijá-lo?”

“Não!”

“Então, por que você o beijou?”

“Porque...” Tento pensar em uma resposta real e a única que vinha a minha mente era que eu estava apaixonada por Oliver. “Não sei, ele entrou aqui e me beijou, e eu simplesmente...” Tendo dar uma resposta verdadeira, mas não sei o que dizer sem magoá-lo.

“Ficou sem reação?” Pergunta Mike.

Fico quieta por alguns segundos e então digo que sim com a cabeça. Não queria mentir pra Mike, mas estava muito confusa. Por que Oliver resolveu fazer isso logo agora? Por que eu não percebi o que sentia antes?

“Não brigue com ele por minha causa.” Peço.

“Isso não vai ficar assim. Não posso.”

“Você me disse que são amigos de infância, não estrague isso por minha causa. Por favor.”

“Vamos esquecer isso por hoje?” Diz Mike tentando dar um sorriso animador, sem sucesso.

Nos sentamos no sofá, bebemos um pouco, conversamos e depois vemos um filme. O telefone de Mike toca e ele diz que precisa ir embora. Fico sozinha e todos os acontecimentos do dia voltam a minha mente. As horas se passam e eu fico olhando para o celular esperando uma chamada de Diggle ou de Oliver, me chamando para ir pra caverna, mas nada.

As imagens de Oliver me beijando ficavam voltando e repassando na minha mente a cada minuto, não aguentaria esperar até o dia seguinte para vê-lo. Vesti um casaco e fui até a casa de Oliver.

Toquei a campainha. Thea atendeu e estranhou deu estar na casa dela tocando a campainha ainda mais pela hora. Já que eu era “só a secretária” de Oliver. E era quase meia noite.

“Você trabalha pro Oliver, né?” Pergunta Thea.

“Sim.” Digo sorrindo simpaticamente. “Posso falar com ele? É que surgiu um problema no escritório.”

“A essa hora?” Pergunta ela desconfiada.

“Sim.” Respondo.

“Tudo bem.” Diz Thea abrindo espaço pra eu entrar. “O quarto dele é lá em cima.”

“Ok.” Digo e subo rapidamente.

Me viro pra ver se Thea continua me observando desconfiada, mas quando olho pra trás ela não está mais ali. Vou até o quarto de Oliver e bato na porta. Meu coração acelera quando ouço passos se aproximando. Ele abre a porta. Está somente com uma toalha amarrada na cintura e seu cabelo está molhado.

“Felicity.” Diz Oliver, um pequeno sorriso abre em seu rosto.

“Desculpe vir a essa hora, eu precisava falar com você.” Digo ansiosa.

“Não é uma boa hora.”

“Tem que ser agora.” Digo entrando no quarto.

“Felicity, acho melhor conversarmos depois.”

“Por que precisamos esperar mais? Me diz Oliver, por que você foi até o meu apartamento?” Pergunto nervosa.

Ele olha pra mim e a cada segundo desvia o olhar pro banheiro. Ignoro isso e continuo focada em conseguir algumas respostas.

“Eu queria... Eu precisava...” Ele tenta achar as palavras certas, mas não consegue.

“Pode dizer.” O encorajo a falar.

Oliver abre a boca pra falar, mas o som de sua voz é abafado pela voz de outra pessoa.

“Oliver, acho melhor eu ir agora.” Diz Laurel saindo do banheiro enrolada em uma toalha. Laurel olha pra mim confusa. E eu olho pra ela surpresa e indignada.

“O que ela faz aqui?” Pergunta Laurel a Oliver. Ele fica sem reação.

“Nada. Eu não devia ter vindo.” Digo com raiva. “Me desculpe e tenha uma boa noite Sr. Queen.” Desço rápido e vou em direção a porta de saída.

“Felicity!” Grita Oliver do alto da escada, mas a essa hora eu já havia escapulido pela porta.