Máscaras — Peeta e Katniss escrita por Tereza Magda


Capítulo 19
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

Enjoy!



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— Katniss — Johanna falou quando terminou de fechar o zíper embutido do vestido de festa (http://cdn04.cdn.justjared.com/wp-content/uploads/2009/11/swift-cmas/taylor-swift-cma-awards-2009-05.jpg) que escolhemos junto a Clove em uma das milhares de lojas que visitamos. — Você está tão bonita.

— Você acha? — girei em frente ao espelho. — Realmente acha?

— Esse vestido é a coisa mais linda que eu já vi na vida.

— Você achar que... que Peeta irá gostar? — perguntei receosa e Johanna me encarou com olhos incrédulos.

— É realmente com isso que você se preocupa? Se o estúpido do Peeta vai ou não aprovar o seu vestido?

Sim, acho que é exatamente com isso que eu me preocupo, pensei. Se meu namorado vai gostar da minha roupa.

— Será que você não poderia dar uma folga a Peeta? — perguntei. — Só hoje? Por mim?

Johanna revirou seus grandes olhos castanhos e eu me voltei novamente para o espelho de corpo todo. Meus peitos ficam maiores nesse vestido, pensei com desgosto. Droga, eu devia ter reparado isso antes.

— Termine de se arrumar — falei para Johanna que ainda me fitava com uma expressão que me assustava um pouco. — Logo, logo os garotos chegarão.

Johanna finalmente desviou seus olhos do meu vestido e voltou a arrumar os cabelos olhando para o espelho da penteadeira. Eu me aproximei do espelho e vi cada contorno de minha cintura marcado no corselet de pedrarias do vestido. Tão bonito, pensei, perfeito para uma noite perfeita.

— Quer ajuda com o coque? — perguntei vendo Johanna ter encontrar algumas dificuldades com o penteado graças a recente franjinha que resolvera cortar esta manhã.

— Claro, obrigada — ela me estendeu alguns grampos e suspirou. — Não entendo porque isto é tão importante para você... Para todas vocês.

— Ah, Johanna, você sabe — falei enquanto encaixava o grampo nos fios da morena. — É um ritual de passagem. Você não pode ser tão indiferente.

— Não sou indiferente — ela defendeu-se. — Apenas não entendo porque está levando esse Baile idiota tão a sério.

— É importante para Peeta — expliquei e ao finalizar o penteado, acrescente: — E se é importante para Peeta, é importante para mim. Eu gosto dele.

Os olhos de Johanna estavam impassíveis.

— Me diga, Katniss: o quão importante Peeta é para você?

— Que tipo de pergunta é essa? — ri.

— Apenas diga. Em uma escala de zero a dez, que nota daria a Peeta?

Hesitei ao pensar um pouco e Johanna não pareceu ter deixado escapar meu momento de hesitação. — Dez, Johanna — finalmente respondi. — Eu realmente gosto dele.

— Nesse caso — ela arqueou uma sobrancelha de modo desafiador e disse: — sinto muito.

— Do que você...? — então ouvimos buzinas no andar de baixo. — Conversamos depois.

Johanna pegou sua carteira em cima da cama e descemos juntas. Quando estava no topo da escada, vi Peeta segurando uma caixinha vermelha aveludada que devia conter meu corsage. E ele sorriu. Gale também devia estar no final das escadas mas eu só via o loiro sorridente.

Desci os degraus e Peeta segurou minha mão quando pisei no último.

— Você... — ele tocou meu rosto ainda sorrindo. — Você está tão linda, Katniss.

— E você não está nada mal — Peeta segurou minha cintura e me beijou. Então estendeu a caixa e abriu-a. E eu me senti mais furiosa do que estive em toda a minha vida.

Lá estava. Um lindo corsage de flores naturais. Exatamente da mesma cor do meu vestido.

— Você é uma criatura desprezível, Peeta Mellark — falei me controlando para não socá-lo. — Como ousou bisbilhotar meu vestido?! E como você fez isso?! Argh, eu odeio você!

Peeta riu — Eu não tenho ideia do que você está...

— Não minta, seu cínico! — falei. — Ou eu juro que volto para o meu quarto e você vai àquela droga de Baile sozinho!

— Tá! Eu vi! Mas foi só a cor, eu juro! — olhei-o sem acreditar em nenhuma palavra sequer. — Eu juro!

— Você é um nojo — resmunguei e andei batendo o pé até o lado de fora. — Cadê a droga do carro?!

— Aí — ele parou ao meu lado.

— Eu não estou vendo carro nenhum. Quer parar de bobagem e dizer onde está o carro para que eu possa te odiar em paz?

Peeta riu e disse — Aí está, Katniss — e uma limusine foi estacionada na nossa frente.

— Mas que droga é esta? — exclamei.

— Nosso veículo da noite — ele deu de ombros e abriu a porta do ridículo carro que alugara.

— Onde pensa que estamos? Em um filme da Lindsay Lohan?

— Ah, por favor — ele reclamou. — Me deixa aproveitar a noite, tá legal? Não a estrague com seu mau-humor.

— E ainda me chama de mal-humorada, francamente — bufei ao entrar e Peeta riu, entrando em seguida.

— Eu juro que não tinha visto o vestido inteiro, tá legal? — ele falou me olhando. — De verdade. Só fiquei com medo de comprar a pulseira errada e você me odiar. Eu juro.

Ele tem esse dom de me fazer sentir envergonhada mesmo quando ele é o errado. Garoto idiota.

Mas o que eu disse foi: — Acredito em você. Desculpe-me.

Peeta sorriu, vendo que a batalha estava ganha. E me beijou.

— Você é a garota mais bonita do mundo — ele disse e tocou o pingente de capacete de futebol americano que eu usava destoando completamente a roupa de gala com uma risadinha. — Mas eu acho que isso não devia estar aí.

Eu sorri constrangida. Até pensara em tirar o colar por aquela noite, mas não o tirei do pescoço por um segundo sequer desde que Peeta me deu no dia do jogo. Que ele venceu. E disse que me amava. E eu planejava retribuir suas palavras hoje, após o Baile.

— O que eu posso dizer? — dei de ombros. — Gostei do presente.

Peeta continuava a segurar a miniatura de capacete entre os dedos. — Foi a minha mãe que me deu — ele disse. — Esse colar. Sabia? — eu balancei a cabeça indicando que não. — É. Foi o último presente eu ela me deu antes de partir. Disse que já sabia que eu seria um grande jogador.

— Eu não fazia ideia, Peeta — falei e comecei a tirar o colar. — Se quiser de volta...

Mas ele segurou minhas mãos e as empurrou de volta delicadamente. — Não. Eu quero que fique com você — ele sorriu docemente dando de ombros. — Além do mais, fica mais bonito em você do que em mim.

Sim, eu amava. Amava aquele garoto.

Segurei o rosto de Peeta e o beijei tentando mostrar-lhe através do beijo, tudo o que eu sentia. Ele segurou minha cintura e diminuiu a distância entre nós. Ele subiu as mãos por minhas costas e quando tocou meu cabelo, desfez todo o penteado.

— Ah, Peeta — reclamei — Veja só o que você fez. Estragou meu cabelo.

— Eu amo... Amo seus cachos, senhorita Everdeen.

Então o motorista contratado por Peeta estacionou e nós nos separamos. Peeta saiu e abriu novamente a porta para mim. Eu passei a mão pelos cabelos tentando pô-los em ordem e saí.

— Katniss — Peeta colocou uma mecha dos meus cabelos atrás da minha orelha esquerda. — Você está perfeita.

Ele pegou minha mão e nós entramos.

A música já estava alta e todos dançavam animados. Peeta segurou minha mão mais firme e nos dirigiu até a mesa dos Tigers e convidadas. Não é preciso dizer que ela estava completamente fazia, exceto por Annie — argh, essa garota não me desce — e Finnick.

Nos sentamos e Peeta falou que ia pegar algo para bebermos. De onde eu estava, podia ver a figura gigantesca de Cato dançando com a minúscula Clove. Ela sempre fora a menor da turma, mas em comparação a Cato, chega a ser um tanto ridículo. Via também Gale entrando no salão abraçado a Johanna, que exibia sua fenda gigantesca de um modo que me fez rir um pouco. Sua perna grossa, à mostra pelo decote nada discreto, a dera um ar desafiador.

— Do que você está rindo? — Peeta perguntou, aparecendo de repente ao meu lado com dois copos de ponche.

— Johanna — respondi. — Ela adorou esse vestido (http://saltofashion.files.wordpress.com/2012/09/jena-malone-emmy2012-red-carpet.jpg?w=487&h=334). Eu disse “leve outro, esse é muito chamativo”, mas ela nunca me escuta mesmo. Agora olha só a cara do Gale — meu pobre amigo realmente estava tentando cobrir o corpo da sua namorada com o próprio, mas não obtinha muito sucesso. — Tá todo mundo olhando pra ela

— Bom... Johanna é realmente... — ele deixou a frase no ar e eu lhe encarei. — chamativa — eu lhe dei um tapa no peito e Peeta riu. — Tô brincando, bobinha. Ela não chega nem perto de você. Para mim, só existe você.

Nós passamos mais algum tempo sentados conversando. Nenhum tocava no assunto “faculdade”, mas ele pairava sobre mim como uma densa nuvem de neblina. Até que Peeta parou o que estava dizendo na metade e falou: — Kat, eu tenho uma coisa para te contar.

— O quê? — perguntei automaticamente interessada.

— Dessa vez eu faço as regras. Vai saber quando eu achar que deve saber.

— Ah, Peeta — deslizei a mão por seu peito e o senti se retrair um pouco. — Por que é tão mau comigo?

— Não vai funcionar — ele disse em meu ouvido. — Vem, vamos dançar.

Peeta me puxou pela mão até o centro da pista onde nos perdemos entre os outros casais.

— Essa música — o DJ falou — é a última antes da coroação. Peguem seus pares e se percam no salão.

Peeta me abraçou pela cintura e eu deitei a cabeça em seu peito. Começamos a dançar sem ao menos sair do lugar. Eu ouvia os acordes melódicos da canção romântica que tocava, mas a única coisa que estava interessada em ouvir era o coração de Peeta batendo lento e calmo. Era só que eu precisava.

— Te amo — ele sussurrou e eu olhei dentro de seus olhos. Aqueles orbes azuis profundas que agora me encaravam dizendo a mesma coisa que sua boca pronunciava. Eu sorri.

Sim, eu ia planejava dizer aquilo depois do Baile, quando estivéssemos sozinhos, mas podia muito bem dizer agora.

E eu diria, se a música não tivesse acabado quebrando nosso contato visual e nos fazendo olhar para a frente, onde o diretor Snow chamava os nomes dos vencedores a Rei e Rainha do Baile para que pudesse enfim ir embora. Os boatos é que ele detestava qualquer tipo de interação mais direta com qualquer adolescente. Resumindo: ele nos odiava.

— Bem, bem, bem... — falou cortando as conversas. — Tenho aqui os nomes dos Rei e Rainha da noite. Primeiramente, uma salva de palmas a todos e todas que corajosamente concorreram — os formandos e convidados aplaudiram enquanto Snow rasgava o lacre do envelope dos garotos. — As minhas congratulações ao senhor Peeta Mellark, Rei da noite — o holofote foi focado em Peeta que sorriu simpático. Snow rasgou o lacre do segundo envelope. Eu até podia ver Glimmer sorrindo idiotamente já crente que a coroa é sua... — E à Rainha da noite, a senhorita Katniss Everdeen — a luz do holofote ficou maior para que abrangesse a mim e a Peeta e nós caminhamos em direção de mãos dadas ao palco para receber as coroas.

O diretor nos presenteou com as coroas e faixas. Uma garotinha do primeiro ano me trouxe o buquê de orquídeas que aceitei com um sorriso. O microfone foi entregue a Peeta e o Snow pareceu aliviado por poder finalmente ir embora.

— Obrigado a vocês que votaram em nós — e com uma risadinha, Peeta acrescentou: — E obrigado aos que não votaram também, nós estamos aqui de qualquer form... — e com uma estática o microfone de Peeta foi cortado e as luzes apagadas.

E um vídeo começou no telão do nosso lado. Meu corpo inteiro gelou ao ver meu rosto aparecer na tela. E em seguida Peeta no meio do campus.

— O que é isso, Katniss? — Peeta perguntou mas eu não consegui responder, apenas continuei a encarar a tela paralisada.

Uma lembrança de pouco antes do Baile começar, aflorou em minha mente:

— Me diga, Katniss: o quão importante Peeta é para você?

— Que tipo de pergunta é essa?

— Apenas diga. Em uma escala de zero a dez, que nota daria a Peeta?

— Dez, Johanna. Eu realmente gosto dele.

— Nesse caso, sinto muito.

Peeta vendo que eu não responderia, voltou a olhar para a tela. E o vídeo começou.

— Aí! Todo mundo, quero a atenção de vocês! Obrigado. Só queria dizer uma coisa a todas as garotas neste campus: sou um babaca. Fui e sempre serei, me desculpem. Sei que todas as desculpas do mundo serão inúteis em alguns casos, mas eu queria fazer isso mesmo assim. Desculpe se te traí. Se fiz alguma aposta idiota para dormir com você. Se te ignorei no dia seguinte. Sério, meninas, me desculpem por tudo — e todos nós vimos Peeta dar novamente aqueles passos na direção de Clove: — E, Clove, agora você namora meu melhor amigo. Sei que sempre houve um clima ruim entre a gente, mas será que pode me perdoar?

Não. Foda-se você e seu surto de culpa. Não acredito nele e espero que ninguém mais aqui acredite, seu estúpido. Não era o que esperava, hein?

Então a cena foi cortada para o corredor dos armários.

— Glim, precisamos conversar.

— Claro, amor. Eu passo na sua casa esta noite, ok?

— Não, tem que ser agora.

— Ok. Fale.

— Quero terminar. O que quer que tenhamos, tem que acabar agora.

—Ok, Peeta. Muito engraçado. Por que não guarda suas piadas para os seus colegas de time?

— Não, Glim, é sério. Acabou. Eu gosto de você, é uma ótima amiga. Mas... Mas eu não posso continuar com isso.

— Peeta Mellark. Do que você está falando?

— Acabou, me desculpe.

Outro corte. Refeitório. Eu podia sentir cada músculo de Peeta travado ao meu lado.

No começo nada foi dito. Então Peeta passou por sua mesa e sentou com Cinna.

— Esse patê está muito bom. Não acha?

Vi a mim mesma levantando e sentando junto a eles. E ouvi a risada debochada de Johanna.

— Isso porque você não provou a salada.

Corte. Sala de aula. Imagem da janela, eu podia ver Peeta e Gale conversando com o zoom. Só uma coisa foi clara: o ato de rebaixamento de Peeta. “Por favor”.

E a câmera foi virada para mim.

E foi assim, meus caros, que Katniss Everdeen, acaba de obrigar Peeta a aceitar seu maior inimigo na equipe de futebol americano. Diga um “oizinho”, Kat — e com uma expressão debochada, meu rosto mostrou a língua para a câmera. Era eu, mas ao mesmo tempo não era.

Senti o olhar de Peeta em mim, enquanto outro corte ocorria. De volta aos corredores dos armários.

E pude ouvir a voz de Johanna: — Nem sei o que vai acontecer, mas parece que vai ser divertido.

— Senti sua falta, cara.

— Eu... me desculpa, Peeta.

— Me desculpe por ter te colocado entre mim e Finnick, Annie.

E quando eu penso que a tortura vai enfim acabar, acontece um novo corte. O jogo.

E Peeta dizendo repetidas vezes: “Eu te amo, KatKat”.

E como se não fosse suficiente, aparece a frase “A primeira garota a deixar Peeta Mellark louco de amores: Katniss Everdeen”.

Não. Não. Não, não, não... Não! Aquilo não podia estar acontecendo. Johanna não poderia ter feito aquilo comigo!

As luzes voltaram a se acender no palco e eu olhei para Peeta.

Não era mágoa. Não era rancor. Tristeza. Ou sequer raiva.

Não. O que eu via nos olhos de Peeta era um completo vazio. Seus tão lindos olhos azuis estavam opacos. E frios.

Peeta tirou do bolso um papel, jogou no chão aos meus pés e saiu do palco sozinho, levando cada olhar consigo até desaparecer pela porta da saída de emergência.

Eu não sabia o que sentir.

Abaixei-me e peguei a folha de papel.

Parabéns, senhor Mellark,

Você ganhou uma bolsa integral por esportes na Universidade da Califórnia em Los Angeles..., mas eu parei de ler aí.

Aquela era a surpresa dele. Ele iria comigo para a faculdade. E a minha seria retribuir o seu “eu te amo”. Mas ele foi embora antes disso. Peeta foi embora antes de qualquer explicação.

Eu nunca teria a chance de dizer que sinto o mesmo por ele.


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Notas finais do capítulo

xoxo