Quando acordei estava molhada e quente, muito quente. Corri para o banheiro e comecei a me questionar: Eu realmente havia tido um sonho erótico com a Ren? Não tinha mais como tentar esconder isso de mim. Eu estava perdidamente apaixonana e o mais surreal é que era por uma garota!!! Logo eu que sempre admirei e fiquei com os mais belos meninos desde o quê? 13 anos... Isso era uma novidade para mim, mas não podia mais manter esse sentimento apertadinho em meu peito. Se estava apaixonada por uma garota, então iria encarar isso de frente a partir de agora.

Terminei o banho sentindo-me livre. Havia tirado um peso de minhas costas, já que toda aquela mania de tentar fingir que tudo não passava de carinho de amiga estava me fazendo mal. “Eu estou apaixonada por você, Ren!”, sussurrei em meu quarto. Queria gritar isso para o mundo, mas tinha certeza de que se fizesse isso agora meus pais, que provavelmente estavam na cozinha tomando café, chegariam em menos de um segundo e me cortariam a língua.

Qual seria a reação deles ao saber disso? Sabe, não quero nem imaginar isso agora. Sei que eles me amam, mas será que o preconceito deles não ultrapassaria esse amor?

Desci e como havia imaginado eles estavam lá, sentados à mesa, o casal perfeito. Claro que eles às vezes não concordavam em algumas coisas, brigavam, porém o respeito e o amor reinava naquela relação. Sempre pensei que quando me casasse com um rapaz minha relação seria igual a deles, me espelharia no que eles tinham, porque diferente do que ocorre na maioria das casas dos meus amigos, na minha eu não tinha do que reclamar. Amava-os incondicionalmente. Mas será que a casa continuaria com a mesma paz se descobrissem o que acabei de descobrir? O conservadorismo deles nesse momento não pareceu tão bom para mim.

–“Filha, você está tão calada hoje. Chegou sentou e nem tocou na comida, parece em outro mundo. Aconteceu alguma coisa?”, indagou meu pai e ao olhar para minha mãe vi que ela parecia perceber o mesmo.

–“Não aconteceu nada, é só que hoje vou receber a última nota da cadeira de projeto gráfico e estou um pouco receosa”, não era de todo uma mentira. Vamos dizer que era uma meia verdade.

–“Não fique tão preocupada, filha. Tenho certeza que, como sempre, sua nota foi ótima”, falou minha mãe e me beijou a testa buscando tirar minha aflição.

Eles saíram para a empresa em que trabalhavam e eram sócios e eu resolvi dispensar o motorista e ir andando, afinal nem era tão longe e eu queria pensar no que iria fazer da minha vida a partir de agora. Se eu estava apaixonada pela Ren, então tinha que arrumar um jeito de descobrir se ela sentia o mesmo por mim ou para ela era apenas amizade.