O que Restou escrita por Anita


Capítulo 2
O Que Me Resta


Notas iniciais do capítulo

Depois de tantos meses, retorno com o segundo capítulo! Novamente, esta fic se passa no ambiente de Sailor Moon Classic, um pouco depois da Lita ter se juntado ao grupo, antes da Venus aparecer. Lembrando a todos os meus perdidinhos que eu não sou a Naoto Takeuchi, real autora de Sailor Moon, esta é pura obra de ficção e a pobre Anita não tá ganhando nada com esta joça. Esta fic tem uma irmã, escrita pela Nemui e até hoje ainda não terminada/publicada. Não nos acusem de plágio uma da outra xD E a ordem deste capítulo é que briguem comigo por demorar taaaaanto!!



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Capítulo 2 – O Que Me Resta

  A manhã havia demorado a chegar. Lentamente, a cor do céu negro começou a ficar mais suave e pude ver melhor as nuvens. Então, os edifícios apareceram, as casas, as pessoas, os carros... Bocejei calmamente e pensei no quão inacreditável era ver o meu segundo dia de morte raiar daquela sacada.

  Na verdade, eu havia morrido fazia dois dias em um atropelamento. Acordara no chão do meu velório para perceber que apenas uma pessoa ainda notava minha existência: Darien Chiba. Por isso, acabei seguindo-o até seu apartamento. Também descobri que não podia mais me transformar em Sailor Moon e, por isso, uma amiga havia se machucado. Levei a mão até meu broche, agora, apenas de enfeite e tentei tirá-lo.

-Aaaaaaah! – gritei, soltando imediatamente o tecido de meu uniforme.

  Um pouco sem ar, tentei puxar de novo a blusa do uniforme, conforme havia feito antes, e não fora ilusão minha: debaixo daquele tecido, eu não existia. Bem, não que ser um espírito vagando pelo mundo dos humanos fosse existir, mas olhando por baixo da minha roupa tudo o que eu via era o outro lado da roupa. E também não conseguia tirá-la. Volteia olhar para o horizonte, ainda tremendo com aquela descoberta. Até então, mesmo após ver meu corpo durinho na minha frente, tudo parecia um sonho doido... Era a primeira vez que eu via com meus próprios olhos que estava morta, que nada mais seria como antes.

  Só o que me restara da antiga vida era a estranha capacidade que Darien tinha de não apenas me ver, como de me tocar. Eu perdera meus pais, minhas amigas... Até mesmo a Sailor Moon, de quem nunca gostara antes. Tudo o que me definia como Serena Tsukino havia ficado para trás, junto ao meu corpo. Pensando bem, até aquelas roupas e o broche eram falsos, já que por debaixo das flores havia visto o original pregado na minha roupa fúnebre, ou como quer que aquilo fosse chamado.

-Serena, já acordou? – A voz de Darien me espantou mais do que deveria. Afinal, já devia ser mais de sete da manhã e ele sempre fizera o tipo que madrugava.

  Virei calmamente meu corpo para ele e dei meu sorriso mais aberto, enquanto consertava minhas roupas:

-Bom dia! – Ele não precisava ter mais um motivo para se assustar comigo.

-Bom dia...

-Por que o desânimo? Achava que indo dormir, iria se livrar da assombração?

-De fato. – Riu-se antes de continuar. – Já era para o efeito dos calmantes terem passado.

-Vai ver você tomou mais. Aliás, pra que toma tanto remédio?

-Eu não tomei, tenho certeza. Ontem estava tão exausto que até me esqueci de jantar. Não gostou do quarto de hóspedes? Não esperava te ver antes do meio-dia.

-Você não me respondeu por que tanto remédio.

-Ah, achei que fosse pergunta retórica. – Ele percebeu minha expressão confusa com a resposta e continuou: - Digo, a razão é bem óbvia, né? Desde que você morreu...

  Sua voz diminuiu tanto que eu não consegui ouvir o resto. Nem quis perguntar o que era. Aquele assunto já estava me dando nos nervos. Olhei ao redor procurando algo que o mudasse e tive a idéia perfeita:

-E quando sai o café!? – falei animada, pulando em direção à cozinha.

-Ah, já vou fazê-lo. Senta no sofá e espere quietinha... – Darien caminhou lentamente até a cozinha.

  Fiquei ouvindo o barulho das coisas se mexendo enquanto olhava para a televisão desligada. Eu não conseguia comer nada. Nem conseguia pegar nas coisas firme o bastante para levá-las à boca. Nem sentia fome. Havia sido uma péssima idéia mencionar sobre o café-da-manhã, né? Olhei para o controle remoto ao meu lado e concentrei para poder apenas apertar o botão de ligar. Inútil. Tentei de novo. Sabia que com muito esforço conseguiria, mas não seria daquela vez. Suspirei e caminhei até a cozinha.

-Acho que vou dormir um pouco mais, - menti, para espanto de Darien.

  Ele apenas assentiu, apesar de ter uma expressão preocupada no rosto.

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

  Fiquei ouvindo por várias horas os passos de Darien no apartamento. Por uma hora, ele havia saído para comprar o jornal e voltou com o que seria o almoço daquele dia. Perguntei-me se ele não iria para a faculdade, trabalho, ou coisa assim. Que dia seria hoje, por falar nisso? Minha cabeça, ou onde ela deveria estar doía se eu tentava dar algum sentido à confusão à minha volta, por isso desisti de fazer as contas e voltei-me para o teto.

  Darien me chamou para comer algum tempo depois. Eu estava sem fome. Na verdade, sentia sim alguma vontade, principalmente ao imaginar como era bom sentir-se satisfeita após alimentar-se, mas não sentia fome realmente. E nem conseguiria ingerir nada de qualquer forma. Por sorte, ele não insistiu no convite e saiu da porta do quarto de hóspedes rapidamente.

  Um pouco depois disso, ouvi o interfone. Darien respondeu baixo demais, mas parecia autorizar algo. Uma visita? Estava certa, alguém tocou a campainha do apartamento logo depois. Levantei da cama e fiquei escutando atrás da porta, na esperança de adivinhar quem fosse. Então, percebi que não faria mal aparecer lá pessoalmente, afinal, apenas Darien poderia me ver.

  Passei através da porta, ainda sentindo o calafrio que aquilo causava, e acenei para o dono da casa, antes de me assustar com o visitante. Era Lita. Já havia saído do hospital? Andei até o lado de Darien e me sentei no braço da poltrona, no meio dos dois. Lita estava no sofá, parecendo abatida e com o rosto ainda machucado, mas nada que preocupasse.

-Aí pedi que ele me desse seu endereço, espero que não se incomode. Andrew nem queria sem ligar pra você, mas era bem cedo. Seria maldade te acordar! E eu lembro como você estava ontem no velório... – A menina dissera esse final bem baixo, como se fosse uma palavra proibida.

-Está tudo bem, mas o que era tão urgente? – Darien olhava discretamente para mim, como se para me falar o que ele pensava que fosse, mas eu não fazia idéia. Lita costumava ser bem aberta em quase tudo, mas quando queria esconder algo, fazia-o com perfeição.

-Eu realmente queria falar contigo em particular, mas era algo que poderia esperar. Só que... quando ele me visitou hoje de manhã, antes de eu receber alta... Bem, acho que esse assunto não pode ficar pra depois.

  Darien levantou as sobrancelhas e fez sinal que continuasse:

-Está todo mundo meio apavorado depois do que houve... com a Serena, digo. Me levar pro hospital? Achei um absurdo! Mas você precisava ver o olhar do Andrew! Ele parece o mesmo por fora, só que tem algo errado. Algo fora do lugar. Eu estou preocupada.

-Fora do lugar?

-Eu não disse que seu amigo estava mal, seu desnaturado? Mas você só se importou em se livrar da alucinação aqui e nem ligou, - interrompi, aproveitando o silêncio. Não era natural a Lita se preocupar daquela forma, ela não era eu para se alarmar por nada.

  Só que o silêncio continuou. A expressão de Darien era fácil de ler: sentia-se culpado depois do que eu disse. Mas a de Lita estava hesitante. Comentei com o outro que ela devia estar pensando se falava o outro assunto ou se, realmente, era melhor deixar para depois. Aproveitando a expressão vaga da visita, ele me respondeu rapidamente que já sabia o que era.

-Então, o que está esperando? Manda ela dizer, logo! Eu estou curiosa... – Fiz bico, tentando imaginar o que seria.

  Darien sorriu em resposta e voltou-se para Lita:

-Veio falar do Tuxedo Mask? – perguntou-lhe para surpresa de nós duas.

-Percebeu que eu havia acordado? – Lita ainda parecia pensativa, fazendo com que sua voz ficasse bem baixa.

-Sua transformação se desfez... Você estar acordada era a hipótese mais provável, né?

-Por isso vi quando você também voltou ao normal. Você ser Darien Chiba significa que podemos vê-lo como um aliado? Desta vez, não havia nenhum cristal arco-íris envolvido e, mesmo assim, ajudou-nos.

-Um aliado... – Senti os olhos azuis pousarem sobre mim, ao repetir aquelas palavras. – Continuamos todos em busca do cristal de prata.

  Dei-lhe um tapa nos ombros:

-Dá pra parar com a pose de gostoso!? Enquanto eu estiver aqui, você vai lá no meu lugar, nem que pegue meu broche e vire o Sailor Moon!

  Todavia, Darien não revidou, mantendo uma expressão de dúvida no rosto. Olhou para mim por uns momentos e aquiesceu, por fim:

-Acho que não estou no humor para brigar com as amigas da Serena.

-Imaginei que diria algo assim. Sempre soube o quanto se importava com ela! – Lita sorriu.

  Não conseguia entender a comunicação secreta que ocorreu entre os dois para selar a trégua, mas o importante é que ela estivesse selada. Sorri também.

-Sobre o Andrew... – O sorriso da jovem fechou-se.

-Irei visitá-lo para ver se ainda está vivo. Não se preocupe com ele, assim como fica mal, melhora num segundo. – Levantou-se, mostrando à outra que a visita acabara.

-Isso me lembra alguém que... - Lita parou e olhou para a sacada.

  Darien também virou o rosto. Por que, se eu estava bem ali? Por que ele não me via como a verdadeira Serena? Antes que eu pudesse perguntar isso alto, Lita quebrou o silêncio:

-Não se esqueça de visitá-lo! – E caminhou até a porta, aguardando que o anfitrião a abrisse. – Afinal, amanhã já vai ser a cremação. Andrew deve estar se sentindo tão mal quanto a gente. Sabe, no velório a Serena ainda estava bem ali no meio da sala, mas amanhã, ela...

  Eu não conseguia nem imaginar em que Darien estava pensando ouvindo aquilo. Que finalmente se livraria do encosto? Que amanhã seria um longo dia? Qual seria o jantar daquela noite? Que Lita estava demorando a ir embora?

-Obrigada por tudo!– disse a menina, ao perceber que não houve resposta, - A gente se vê qualquer dia desses. – Fez uma pose parecida com as nossas de Sailor Moon, arrancando um leve sorriso do outro.

-Sim, a gente se vê.

-Andrew não se incomodaria se eu também fosse vê-lo, né?

-De jeito nenhum. Acho que ficaria muito feliz.

-Que bom! Até mais! – Lita caminhou até o elevador e acenou.

  Com isso, Darien fechou a porta.

-Serena? Onde está? – Pude ouvi-lo chamar logo em seguida.

  Inspirando fundo para controlar a raiva, passei através de mais uma porta irritante e lhe dei um chute bem no meio das costas:

-Aqui, bem aqui. Apesar de você ter me trancado do lado de fora, seu desligado! – Briguei, querendo dar mais chutes, mas me contive ao perceber que o primeiro ainda lhe doía. – Pode, por favor, não me ignorar mais?

-Desculpa, eu estava pensando em outra coisa. Temos que agir rápido!

-Quê?

-Você não ouviu? Seu corpo vai ser cremado amanhã!

-E você vai me exorcizar antes que seja tarde demais e eu vire uma alma penada oficialmente?

-Não diga besteiras! – Darien sentou-se violentamente sobre o sofá, onde Lita estava momentos antes. – Sabia que você disse algo certo? O broche! Ele está lá no seu corpo, né? Talvez com ele você possa ser a Sailor Moon novamente!

-Isso é meio doido demais. Ainda que eu ganhe uma fantasia bonitinha, eu não consigo nem dar um soco na droga do controle pra ligar a televisão.

-Mas vai ser assim? Vai deixar seu corpo virar cinzas? – Sua voz estava carregada de uma emoção que eu não conseguia identificar, aquilo me deu um pouco de medo.

  Sentei-me de novo no braço da poltrona e fiquei olhando para a sacada. Se a cremação realmente representasse o meu fim na terra, amanhã seria meu último dia mesmo. Por isso, a pergunta de Darien me soara como uma pergunta que não me havia sido feita naquele momento fatídico do atropelamento: está pronta para morrer?

-Mas é loucura! Roubar um corpo... Não é melhor só pegar o broche? E muito mais leve.

-A idéia foi minha, então darei um jeito. – Levantou-se resolvido.

  Fiquei observando juntar várias coisas que me pareciam um pouco estranhas. Tudo bem os lençóis, os sacos de lixo, mas travesseiros? Também havia umas ferramentas cujos nomes eu nunca aprendera e por isso chamo de chaves. Chave inglesa, de fenda, tanto faz. Eram chaves. E óleo. Para que óleo!?

  Suspirei, ainda com os olhos vidrados na expressão do outro:

-Você vai mesmo roubar um corpo?

-Eu? Não. O Tuxedo Mask que vai. – Tirou uma rosa vermelha de dentro do paletó e pondo-a no topo de sua bagagem.

-Imagino se isso se chama seqüestro ou roubo... Ou violação de túmulo? Bem, não importa, ainda que me prendam, eu passo através das celas e vou lá morar na sua! – Sorri, fazendo um sinal de okay. – Pelo menos, vai ser bem divertido.

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

  Eu havia dito que seria divertido, né? Foi essa a palavra que usara? Foi, sim. Lembro até da emoção que sentia subir pelo meu estômago ao imaginar Tuxedo Mask e eu, no topo de um edifício macabro, no meio de um cemitério à meia-noite. Pegaríamos o corpo e o carregaríamos em direção à lua cheia, deixando no lugar daquela Serena sem vida, uma linda rosa vermelha.

  Divertido...? Não fora nem um pouco! Sentada em frente a mim mesma, deitadinha em uma cama confortável como a de Darien, com o ar condicionado ligado no máximo... Que inveja. Eu também quero ser tratada como uma princesa assim. Pelo menos estava bem conservada. Pedi que Darien, por via das dúvidas também trouxesse as flores para deixar junto. E se, na verdade, já estivesse fedendo?

  Pensando bem, não demoraria muito para que se decompusesse. Não sabia nada de biologia, mas era óbvio que já ia começar logo, logo. Mexi em seus cabelos, muito bem penteados em duas marias-chiquinhas, só que sem minhas bolinhas usuais, apenas presos bem baixo. Estava tão sedoso, apesar de fazer bastante tempo desde a última lavagem...

  Olhei para o broche preso em frente ao vestido branco brilhoso com que me vestiram. Tirei-o antes que Darien visse e o guardei no bolso. Pensando bem, por que eu conseguia segurá-lo assim? Será que as pessoas normais o veriam flutuar dentro do meu bolso agora?

-Serena? – Pulei de susto quando sua voz rouca me chamou bem baixinho.

-Credo, Darien! Achei que era o Grande Deus dos Mortos me chamando!

-Grande Deus dos Mortos?

-Não interessa! O que foi? – Levantei, arrastando-o para fora do quarto. Já era estranho demais ficar me vendo dormir para aguentar uma pessoa a mais me vendo me ver dormir!

-É que a janta está pronta.

-Depois de roubar um corpo, a gente come? Sinceramente, perdi o apetite! – Menti, indo correndo para o meio da sala e procurando o controle. Talvez pudesse ligar a televisão agora que eu tinha o broche?

-Quer assistir tevê? – Darien veio pacientemente e ligou o aparelho pelo controle, antes que eu o houvesse localizado.

  Sentei-me no sofá, de braços cruzados. Pedi que parasse no canal da minha novela e o mandei embora comer.

-Por falar nisso, - interrompi-o, no entanto, - Você vai dormir no sofá!

-Já sei, afinal, o corpo dela está no meu quarto e você no de hóspedes. – Sorriu-me, dizendo que estava com fome e sumiu pela cozinha.

  “Dela”? Meu! Meu corpo estava lá. Por que ele, às vezes, não me considerava como se fosse a Serena? Pensando bem, ele tratava aquele corpo melhor que a mim mesma. Certo. Aquilo era mais real que a assombração que me tornara, mas era maldade tratá-la como uma pessoa diferente. Ainda era eu mesma ali naquele quarto. Ou, ao menos, que me fizesse sentir como se fosse. Olhei para dentro do meu uniforme, observando o avesso da roupa mais uma vez. Já estava se tornando um hábito.

  Levantei e anunciei bem alto que estava indo dormir e que ele desligasse a televisão. Caminhei rapidamente para meu quarto e passei através da porta. Seria mais uma longa noite... Encarei a cama arrumada e deitei de bruços, com os olhos bem fechados.

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

  Levantei algumas horas depois e passei através da porta. Estava me sentindo mal por haver feito Darien dormir no sofá da sala quando eu mesma sequer pretendia descansar. Havia sido um dia tão longo e ele carregara o corpo até a sacada do prédio, merecia uma cama bem fofinha. Fui para a sala e vi um amontoado de cobertas. A porta para a sacada estava aberta, fazendo com que um vento bastante frio entrasse, por isso Darien parecia tão encolhido. Não que eu sentisse o frio, mas estando já no outono, a noite pode parecer um dia de inverno.

  Olhei para as luzes da cidade. Faltava muito para o nascer do sol. Quando viva, nunca o via. Se algum dia isso acontecera era por causa de minha outra identidade. Nunca havia acordado cedo o bastante para sequer saber a que horas o sol nascia... Até que era bonito. Dava até vontade de ir a algum lugar afastado apenas para ter uma noção melhor das tantas cores das nuvens sem aqueles prédios enormes no meio do caminho.

-Não consegue dormir, né?

  Dei um pulo. Apesar de eu ser o fantasma, ultimamente era ele quem vinha me assustando repentinamente. Antes que eu pudesse dar uma resposta malcriada, vi em seu olhar que a pergunta tinha um sentido bem mais profundo.

  Ele ainda estava vestido, mas com uma roupa diferente da de mais cedo. Usava um casaco marrom, uma camiseta e uma calça jeans. Pretendia sair? Em sua mão direita havia uma xícara de onde saía fumaça, mas eu não conseguia saber se era chá, café ou qualquer outra coisa.

-Você sabia? – perguntei em resposta.

  Ele assentiu:

-Suspeitei, já que ontem você estava na sacada por um bom tempo antes do amanhecer. Por mais preocupações que Serena Tsukino tenha, isso não significa a perda de uma noite de sono, certo? E imagino que você também não consiga comer.

-Não tentei e nem quero. – Virei o rosto. – Não é à toa que você não me considera a Serena de verdade! – Ri, apesar de me ter soado forçado. – Dormir, comer... Isso representar toda a imagem que você tinha de mim e eu não consigo fazer nada disso.

-Acho que nunca te vi dormindo, por isso não posso concordar contigo! – Seu sorriso parecia tão bonito daquela forma, iluminado pela luz da lua... Essa luz também dava uma triste sombra em seu rosto que fazia o meu “estômago” virar um pouco.

-Ah! Você tem que ir pro quarto de hóspedes. Não está nem conseguindo dormir nesse sofá, né?

  Antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, comecei a empurrá-lo na direção do cômodo mencionado. Tinha que fazer muita força, pois o rapaz já começava a protestar, falando também não estar conseguindo dormir. Besteira. Carreguei bastante minha perna direita de energia e me preparei para um chute que terminasse de empurrá-lo para o quarto.

  É claro que eu me atrapalhei ao levantar a perna e caí de bunda no chão. Chorando. Alto. Entretanto, ele apenas pareceu franzir a testa antes de cair na sua gargalhada cínica habitual:

-Que sorte os vizinhos não conseguirem te ouvir! Pode ficar aí chorando. – Voltou a cabeça em direção ao quarto. – Mas já que você se devotou tanto, vou aceitar sua oferta! Boa noite, cabecinha de vento!

-É Serena Tsukino! – gritei voando para cima dele. Teria feito com que caísse se suas costas não tivessem batido na parede do corredor. – Olha que interessante, eu posso flutuar! Será que se eu estiver realmente irritada, posso também mover objetos?

-Interessantíssimo. Mas pode, por favor, usar outra cobaia não hora de testar sua habilidade de possuir corpos? – Darien se ajeitou do susto que lhe causara, voltando a ficar pé normalmente e passando a mão no cabelo.

  Meus olhos brilharam com a idéia.

-Será que é só pular pra dentro de você!? – perguntei, ansiosa para testar.

-Ah, não! – Darien ainda correu, mas eu fui mais rápida.

   Antes que pudesse explicar o que estava acontecendo, minha mão já não era mais a minha, mas aquela larga e grossa do outro. Corri para o quarto de hóspedes onde havia um espelho e era verdade! Havia conseguido entrar no corpo do Darien.

-Caramba! – disse, passando a mão no rosto e vendo o reflexo dele faz igual.

“Isto é horrível,” ouvi sua voz dizer bem dentro de mim, como se eu estivesse pensando aquilo.

-Eu posso ajudar minhas amigas na luta assim! Como o Tuxedo Mask! – Pus aquelas mãos enormes no meu rosto fingindo ser uma máscara e disse a primeira frase que me veio à cabeça: - Eu vim protegê-las! – Então, pisquei galantemente. – Ooooh! Eu sou muito gostoso!!

“Não me faça olhar para o espelho enquanto digo absurdos, sua idiota!”

  Sorri e virei a cara do espelho, como que para lhe satisfazer temporariamente. Então, curvei meu corpo apologeticamente e sentei na cama:

-Ah, Serena! Sinto muito por ser um convencido arrogante que não sabe nem pronunciar o nome certo das pessoas. Pode me chamar de cavalo agora, ou de jumento. Como preferir. Serei seu escravo eternamente para me redimir de tantos absurdos que já lhe causei. – Olhei para o espelho do quarto e dei mais um sorriso conquistador, tentando imitar o Tuxedo Mask. Soltei um gritinho de tão animada com a descoberta daquele novo poder. – Eu sou muito boa nisso! Deveria ter sido atriz.

“Ou uma torturadora...”

-Ah, é o que pensa, é? Essa é minha real vocação? – Levantei, sentindo a animação que aquela briga me causava. – Diga-me, Darien. Quem a mulher mais fantástica e maravilhosa do mundo!? – Corri para o espelho e tentei imitar o jeito dele de empinar o nariz antes de me dar qualquer resposta: - É a Serena, é claro! – Sorri satisfeita com a minha imitação e continuei: - E você faria de tudo por ela, né? – Empinei de novo o nariz. – Lógico. Eu daria as minhas pernas pela Serena! – Gargalhei. – Por que não fazemos isso agora!? Melhor! Vamos tatuar o nome da Serena no seu braço! É uma prova da sua devoção.

“Tatuar?”

-Sim! Onde está a chave do apartamento? Eu quero ir logo procurar um lugar pra tatuar meu nome! Será a marca que eu existi!

“Claro, se você continuar no meu corpo pra gritar de dor, eu assistirei com todo o prazer.”

-Oh, então você não sente isto? – Apertei bem forte seu braço -, ou o meu?- em um doloroso beliscão.

“AI!”

-De toda forma, eu largarei o corpo assim que aquele cara barbudo vier com a agulha, hi hi!

“Se estava indo pra rua procurar um lugar de tatuagem, por que de repente está andando pra trás?”, ouvi a voz de Darien bem distante na minha cabeça.

  E tinha razão, meus pés estavam cambaleando em círculo, como se eu lutasse para carregar um embrulho muito pesado. E eles falhavam. Repentinamente, eu estava sentindo algo com o qual já me desacostumara: cansaço. E as coisas começavam a se mexer na minha frente. Ou a se duplicar. Ou a sumir.

“Serena, deite na cama, antes de desmaiar!”, sua voz rouca em meus pensamentos dizia isso, mas eu não conseguia me mexer. O corpo ficava ali parado, por mais que eu mandasse suas pernas andarem. E nem mais enxergava, para saber em que direção a tal da cama ficava.

  Estava desmaiando mesmo?

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

  Aos poucos, abri os olhos. Esfreguei-os com as mãos. Uma tatuagem. Estava pensando em fazer uma tatuagem? Por quê? Levantei para ver que Darien estava deitado bem ao meu lado, caído na cama do quarto de hóspedes. Numa cômoda estava a xícara que ele segurava na noite passada. E a porta do guarda-roupa estava aberta, com um espelho nos refletindo. Pensando bem, era a primeira vez que me via refletida desde que morrera.

-Ah! – exclamei ao perceber o que me acordara.

  O toque do celular de Darien. Comecei a sacudi-lo, perturbada pela situação. Havíamos dormido lado a lado uma noite inteira e de mau jeito. Quero dizer, eu não tinha problema com aquilo já que a última vez que senti algo foi o beliscão que eu mesma me dera quando no corpo do Darien, mas

ele iria ter uma bela de uma dor nas costas por minha culpa. Que hóspede insuportável estava me saindo... Apesar de que a noite anterior fora divertida.

  Sorri, ainda sacudindo-o.

-Seu celular. Nunca posso dormir e quando consigo esse toque chato me acorda. Parece até um telefone velho, - falei quando vi seus olhos abrirem.

  Deu para ver a confusão dentro daquele azul tão forte mudar para surpresa e depois para pressa. Começou a procurar em seus bolsos até o aparelho surgir em cima da cama, mas já era tarde demais.

-Era Andrew... Que horas serão? – Olhou de novo para a tela do aparelho e comentou algo sobre ser cedo demais para o amigo estar acordado. Tentou ainda retornar, mas recebeu um aviso de que só dava caixa postal.

  Ainda desnorteado, Darien levantou-se. Como ele era alto... Passou a mão pelo cabelo e disse que tomaria um banho antes de fazer o café da manhã. As costas pareciam dar o sinal da brincadeira do dia anterior, pois ele saiu com a mão para trás, como se fosse algum velho ou um corcunda.

  Barulho de água batendo no chão. Encarei o teto. Não havia sonhado nada e ainda me sentia exausta. Não era cansaço. Apenas exaustão. Imaginei se o fato de aquele ser o suposto dia de minha cremação ter haver com o sentimento. Pus a mão no bolso de meu uniforme e senti o broche. Deveria tentar me transformar? Porque se aquilo não adiantasse não fazia sentido continuar naquele mundo e o melhor seria deixar meu corpo seguir seu destino.

  Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, o som do chuveiro cessou e o interfone começou a tocar. Seria Andrew? Saí correndo até o quarto principal para garantir que estivesse fechado. Após me assegurar, vi Darien apressar-se para fora do banheiro, ainda com o corpo todo molhado, e atender a chamada. Permitiu que alguém entrasse.

-Andrew? – perguntei.

  Ele balançou a cabeça, respondendo ser minha amiga. Devia estar indo cobrar a visita ao amigo, que ele prometera e se esquecera de cumprir. Vi como seus olhos pareciam perdidos ao confessar o deslize.

-Foi minha culpa, na verdade. Mas você não vai poder dizer isso a ela. Então, boa sorte, confessando que errou pela primeira vez! – Gargalhei, tentando quebrar o clima.

-Talvez seja melhor dizer a verdade e ver se a Rei consegue um exorcista de graça! – gargalhou ele de volta, indo ao banheiro pegar um pente para o cabelo desalinhado.

  Em poucos minutos, a campainha tocou. Darien abriu-a, fazendo sinal que eu me certificasse que seu quarto estava trancado. Respondi que já o havia feito, então, ele cumprimentou Lita com um meio sorriso.

-Desculpa vir tão cedo... – Sua expressão parecia bastante cansada enquanto se sentava no mesmo lugar do dia anterior. Darien havia ido preparar café para ambos, já que ele mesmo ainda estava de estômago vazio.

-Tudo bem. Imagino que tenha vindo falar do Andrew... Ele acabou de me ligar, mas não consegui retornar a ligação.

-Na verdade... Vim perguntar se sabe sobre o que houve com a Serena.

  A pergunta me pareceu idiota até o ver a expressão que Darien fazia na cozinha, enquanto ajustava as duas xícaras na bandeja. Ele mentiu, pedindo que Lita repetisse a pergunta e ela anunciou o “furto do corpo”, como chamou. Então, era furto, huh? Uma dúvida a menos para mim.

-Mas o que estão fazendo agora? Os pais dela...? – Havia uma ponta real de preocupação no tom de voz do moço, ao servir o café.

-Eles ainda não sabem. A funerária tentou contatá-los e quando não conseguiram ligaram pro templo do avô da Rei. Estamos tentando descobrir se teria sido o Negaversus com algum plano estúpido antes de dar a notícia, por isso vim aqui pessoalmente. E também por causa do Andrew. Não consigo falar com ele... Poderia ir até lá vê-lo? Por favor?

  Senti o olhar do Darien em mim, devia estar vendo aquela como uma oportunidade perfeita de desviar a atenção da sailor do corpo roubado. Digo, furtado.

-É. Eu vou lá daqui a pouco então. Por que não vem comigo? – Ele lhe sorriu, tentando mostrar que não era um convite apenas por educação.

  Lita sorriu em resposta assentindo enfaticamente. Fiquei imaginando se arrumar companhia para a visita não seria seu plano desde o início...

  Pouco tempo depois, Darien estava tocando a campainha da casa do amigo. Tentara várias vezes até decidir abrir a maçaneta. Comentou com Lita que Andrew tinha o péssimo costume de deixar seu apartamento destrancado e entrou, tirando os sapatos. Pensei em fazer o mesmo, mas não consegui soltá-los dos meus pés. Pedi desculpas em voz baixar e segui os dois outros.

  A casa estava fechada, apesar de não muito escura. As cortinas simplesmente pareciam haver sido deixadas intocadas fazia dias. Andrew apareceu do nada, assustando nós três. Estava com roupas de sair, mas estas pareciam desgrenhadas e sujas. Ouvi Lita sussurrar que eram as mesmas com que ele a visitara no hospital.

-Viemos ver como estava! – disse ela, acenando com a mão, - Posso fazer um almoço para nós três?

  Não esperou a resposta e correu para a cozinha, deixando os dois amigos a sós. Pensei em segui-la, mas Darien me distraiu ao falar friamente para que o outro, ao menos, tomasse um banho.

-Eu estava pensando em fazer isso! – Andrew sorriu, - Ontem acabei indo direto pra cama de tão cansado, sabe?

-Ou bêbado? – Darien fez um sinal com cabeça apontando para uma garrafa de álcool em cima da mesinha da sala.

-Foi só um pouco. Não tem sido fácil! Mas olha só pra você. Está todo bonitinho e arrumado... Achei que estivesse pior que eu. Ou pretende ir à cremação?

-Não. Eu só precisava dar o exemplo antes. Agora, direto pro banho! – Darién o empurrou com as duas mãos, me deixando um pouco assustada.

  Enquanto Andrew se lavava, o outro se sentou no sofá e suspirou. Ainda gritou para Lita, perguntando se precisava de ajuda, mas a resposta fora negativa.

-Pode confiar nela! – disse eu, lembrando-me de como suas comidas eram gostosas, - E o Andrew...? Ele vai ficar bem, né?

-Claro! – Darien respondeu murmurando, - Eu vou prestar mais atenção... É que nos primeiros dias, ele parecia tão bem e forte... Foi Andrew quem cuidou de mim, até.

  Antes que eu pudesse achar palavras para responder àquilo, falado em tom de voz tão triste, Andrew apareceu ainda esfregando o cabelo com uma toalha de rosto.

-O cheiro está bom! – disse bem alto, com o seu jeito usual, - Lita, não quer vir morar comigo pra cozinhar sempre, não?

  Lita apareceu com o rosto vermelho na porta da cozinha e já com a comida pronta para ser servida. Mas em vez de sua resposta, um bip contínuo a fez correr com os pratos. Falei para Darien que devia ser um youma, que os dois iam ter que sair logo dali. Lita voltou da cozinha, de onde ela devia ter falado com as outras e sentou-se à mesa, olhando ansiosa para a porta.

-Dê alguma desculpa, Darien! Ou ela não vai lá ajudar as meninas! – disse, dando-lhe um tapa nas costas e causando que engasgasse com a sopa de entrada.

  Darien me devolveu uma expressão bastante simples de se ler, que não lhe batesse ou desse ordens. Ele também parecia preferir ficar ali com o amigo.

-Está tudo bem com vocês? – Andrew quebrou o silêncio nervoso que instaurara.

-Sim, claro!

  Puxei o cabelo de Darien.

-Na verdade, Lita e eu prometemos nos encontrar com a Rei... Só íamos dar uma passada aqui pra ver como estava antes de ir ao templo, não é? – Olhou para a menina, que assentiu hesitante.

-Vão mesmo à cremação? – Andrew olhou para o próprio prato, no qual mal tocara.

  Lita levantou em vez de prolongar a conversa e apontou para o loiro:

-Se você estivesse bom, poderia vir conosco! Mas não permito que saia antes de comer tudinho, ouviu? Agora vamos logo, Darien, antes que a Rei nos mate. Sabe como ela detesta atrasos, né?

-Eu que o diga... – comentei, observando Lita arrastar o outro pelo pulso. Ela ainda era tão forte quanto antes.

  Fiquei em dúvida se ficava ou os seguia, mas lembrei de que aquela seria uma ocasião perfeita para testar o broche e pedi desculpas para Andrew, ainda que ele não pudesse ouvir.

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

  Quando chegamos ao estacionamento de que falaram a Lita, a batalha já estava quase que na metade. Lita se transformou o mais rápido possível e pulou para ajudar Mars e Mercury com seus relâmpagos. O youma, desta vez, não era realmente grande, parecia ser da altura de Darien e nem parecia musculoso. Ainda assim, era forte o bastante para repelir o ataque e ainda enviá-lo de volta.

  Mercury pulou bem no meio para proteger Jupiter e lançou suas névoas. Quando minha visão clareou, percebi que não fora eficaz, havendo a própria sailor sido atingida gravemente e agora se debatia no chão. Gritei para que Darien interferisse logo, o que ele fez, já na roupa de Tuxedo Mask. Porém, não adiantou, ele foi também atingido pelas rosas que lançou no monstro. Ao menos, fora distração o bastante para que Jupiter pusesse Mercury em um canto próximo de onde eu estava e Mars atacasse.

-Cuidado, Tuxedo Mask! – Ami gritou vários tons mais altos que o usual, quando viu que o ataque de Rei havia sido jogado contra o homem. – Esse monstro não parece normal... – Continuou a dizer, um pouco mais calma. Mexia desesperadamente no computador, apesar de seu braço estar sangrando. – Por mais que o analise, não se parece em nada com os demais.

-Quer dizer que mudaram a fórmula? – Mars perguntou quase sem fôlego.

-Ou a fábrica? – Tuxedo Mask vinha em uma corrida ao redor do monstro, tentando desviar-lhe a atenção para outro ataque de Jupiter.

-Eles podem não ser do Negaversus. - Mercury assentiu, ainda digitando sem parar. – Quero dizer, este e o de ontem. Talvez, seja por isso que aquele Zoiscite não tenha aparecido ainda.

  Mordi meu lábio inferior e pus meu broche. Inspirando fundo, gritei ao alto minhas palavras mágicas, distraindo Darien por um momento, o bastante para ser atingido por um novo golpe do youma, – ou qual fosse seu novo nome. E eu continuava a ser a Serena de sempre, bem, o fantasma dela. Olhei nervosa para Ami, que desistira de procurar um ponto fraco e agora apenas tentava prever as próximas ações do inimigo e lembrei-me de quando possuíra Darien. Talvez... Talvez, desse certo.

  Inspirei fundo e pulei em cima dela. Passei bem através e rolei pelo chão do estacionamento. Teria doído se eu sentisse alguma coisa. Tentei de novo e passei através da Ami. Olhei para a briga ainda não vencida e suspirei frustrada. Só havia mais uma forma de meu plano dar certo.

  Pus o broche em minha mãe e corri em direção ao Tuxedo Mask. Em um impulso pulei em cima dele, meio como fizera na noite anterior à sua identidade civil. E consegui! Ais uma vez, tinha controle total de seu corpo. Então, o único com o lograva era Darien? Que espécie de ligação nós tínhamos forte o bastante para aquilo?

“Serena, o monstro!”, sua voz me gritou em pensamentos. Saí correndo o mais rápido que pude e por pouco o ataque não nos atingia. Era tão bom sentir o vento no meu rosto! “Está tentando me matar, saia logo!”

  Mostrei a ele o que agora estava em suas mãos, como forma de explicar meu plano. Pus destramente o broche em sua roupa e quando ia gritar aquele corpo caiu no chão como se todas as forças das pernas houvessem falhado. E, mais uma vez, eu estava vendo em dobro, as ficavam distantes... Nossa ligação estava se desfazendo e eu ia desmaiar.

  Antes disso, sentir passos correndo em nossa direção. Era nosso fim. O monstro pulverizaria o Darien e seria tudo minha culpa. Tentei manter-me concentrada para, ao menos fugir. Os passos estavam perto demais...

-Meninas, olhem na roupa dele! É o broche da Sailor Moon! – A voz de Rei encheu meus ouvidos e tudo em que pude pensar foi em como era bom. Era apenas ela se aproximando e não aquele monstro feio querendo machucar aquele corpo.

  E não em como o broche era a evidência de que havia sido o Darien aquele a roubar meu corpo no dia anterior.

Continuará...

Anita, 18/02/2009

Notas da Autora:

Ufa! Eu planejei tanto este capítulo que ele ficou enorme!! Achava que não ia terminar mais T__T Hummm, a idéia da Serena possuir alguém é da Nemui, por falar nisso xD Quando eu ainda estava em dúvida sobre se fazia esta história ou não ela começou a me sugerir coisas, isso foi o que pude aproveitar! Ela disse: e se a Serena tomasse o corpo de alguém? E se fosse um homem? Aí eu pensei: e se fosse o Darien??? *__* Não resisti!!

 

E roubar um corpo... Ainda não sei o que faço com esse corpo, alguma sugestão? Acho que o Darien vai acabar jogando no rio!

 

Bem, comentários e sugestões (mesmo que não tenham relação com o corpo da Serena) devem ser enviados imediatamente! Meu email ainda é o de sempre Anita_fiction@yahoo.com e não se esqueçam de ler minhas outras histórias publicadas no Olho Azul http://olhoazul.here.ws algumas não falam de corpos. Outras, sim. Escolham à vontade, tem pra todo mundo!

Mais Alguém Apresenta:

Omake

Capítulo 2 – E Mais Uns Bons Meses Depois...

Anita: E lá vamos nós mais uma vez, imagino eu...

  Voltei-me resignada para as duas figuras que mantinham seus olhares fixos no meu teclado. Não me importava mais, contanto que aquele suplício terminasse logo. Após uma longa gritaria da menina loira, o rapaz mais alto tomou meu lugar e seus olhos brilhavam ao observar a tela de meu processador de texto. O segundo capítulo desta história estava aberto e apenas restava o omake. Pobres leitores. Não só teriam que esperar mais ainda por esta segunda dose de Serena do outro mundo, como ainda iriam ler um bando de asneiras.

Andrew: Eeeeeei! Sai daqui, Serena, você já teve a sua vez.

  E o loiro alto, por quem um dia esta que vos escreve foi tão apaixonado lançou-lhe um olhar ameaçador até que ela teve de se afastar alguns metros do teclado, no qual estava escrevendo aproveitando-se de seu fascínio.

Serena: Não é justooooooooo! A Anita tinha prometido pra mim este espaço.

Anita: Não tinha não.

Andrew: Exatamente! Ela até sugeriu que neste capítulo fosse eu a escrever. Então....

  Andrew, com os dedos entrelaçados acima da cabeça e as palmas da mão para o alto, esticou os longos e torneados braços para cima e para trás.

Serena: Parece manual de exercícios... Novato!

  Ignorando os sons externos, ele já estava em seu próprio mundo, iluminado pela luz da deusa da inspiração.

  "Cena Dois. Quando Entra o Herói. Andrew havia acabado de sair da academia após três longas horas de malhação e conversas com as frequentadoras do local. Havia tomado uma ducha refrescante e já estava pronto para aula da faculdade quando seus olhos perceberam uma movimentação estranha dentro da agência bancária, próxima à sua academia. Correu para lá e, sem preocupar-se com sua própria segurança, gritou bem alto para os bandidos que apontavam armas para a pobre caixa:

-Alto lá! Acham mesmo que podem simplesmente aparecer aqui e levar o dinheiro que quiserem? E o trauma de que esta pobre menina sofrerá pelo resto de seus dias ao ter o cano desse objeto metálico voltado para seu rosto tão alvo e puro? Eu, o Garoto da Academia ao Lado, não permitirei tamanha violência!

  Incrédulos e subestimando a força de nosso herói, um dos bandidos sacou uma segunda arma de fogo e e tirou sua trava com um sonoro e dramático estalo. Ao observador, como qualquer um dos reféns, foi um momento dramático. Seu herói morreria e ninguém mais poderia ajudá-los. Porém, o Garoto da Academia ao Lado sabia o quanto aquele movimento era previsível e nunca tremeria por ter uma arma tão simples apontada em sua direção. Sua superforça estava acima de qualquer arma já inventada pelo homem.

  Então, preparou-se para o golpe final. Havia dado o aviso. Eles tiveram sua chance de escapar ilesos, mas não a usaram, por isso, seriam tratados sem nenhuma piedade a mais. Abriu um sorriso para seus adversários e piscou o olho direito. um jato de energia brilhou dele fazendo com que ambos os bandidos fossem ao chão atordoados. Além disso, outro efeito daquele poderoso golpe era a perda temporária da visão. Após certificar-se de que não representariam mais pergio, ele voltou-se para os policiais e lhes fez sinal que os prendessem.

  Andrew, o Garoto da Academia ao Lado, ou simplesmente GAL, havia cumprido com seu dever mais uma vez. E agora cuidaria da pobre caixa do banco até que as lembranças ruins daquele dia fossem apagadas por um passeio no parque, um cinema e um delicioso jantar. Esse era o golpe preferido do GAL.

Continuará...

Andrew Furuhata, 24/05/2009"

Anita: Nossa, é um lixo atrás do outro.

Serena: Mas o Andrew é demaaaais! E os golpes do GAL são ainda melhores que os da Sailor Moon, sabiaaaa?

Andrew: Eu sei *__*

Anita: Gal não é uma forma de dizer garota em inglês?

Andrew: Nãaao! GAL é a sigla super maneira de minha identidade secreta!

Anita: Secreta? Não pareceu tão segredo assim na sua história.

Andrew: É que eu ocultei minha transformação por motivos confidenciais.

Anita: ..... certo... Melhor não comentar. Agora posso assumir o controle da fic!?

Andrew: Nãaaao, eu ainda não pus as minhas notas!!

???: E nem irá!

  Eis que os personagens e a autora viraram-se para encarar o quarto personagem que surgia. Confusos com aquela aparição.

Anita: Meu Deus, é a Sailor-V!!!

  Serena ergueu as sobrancelhas para a sua idolatrada defensora da justiça trajando seu usual uniforme, que lhe era suspeitamente similar ao seu próprio. Por que ela estava ali? Bem na sua frente... E tomando-lhe os teclados que havia tão pouco recuperado graças a mais uma distração de Andrew.

  Sailor-V sorriu travessa e piscou um dos olhos, ao digitar aquelas disputadas teclas:

  "Nos veremos no próximo capítulo!

Continuará...

Sailor-V, 24/05/2009"

Notas da Autora:

Ainda sem poder revelar minha real identidade, apareci sem que ninguém soubesse. O que acontecerá agora? Descobrirão quem realmente sou? Poderei tomar para mim o foco de toda a série? Não me contentarei apenas com um omakê! Por isso, aguardem minhas próximas aventuras!!! Espero que possamos ver em breve *__*


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