O que Restou escrita por Anita


Capítulo 3
A Verdadeira Serena


Notas iniciais do capítulo

Alguém ainda esperava que esta fic retornasse??? De qualquer forma, ela se passa no ambiente de Sailor Moon Classic, um pouco depois da Lita ter se juntado ao grupo, antes da Venus aparecer. Lembrando a todos os meus perdidinhos que eu não sou a Naoto Takeuchi, real autora de Sailor Moon, esta é pura obra de ficção e a pobre Anita não tá ganhando nada com esta joça. Esta fic tem uma irmã, escrita pela Nemui e até hoje ainda não terminada/publicada. Briguem com ela por isso, porque vocês mereciam ler sobre o Jens!!! Eeeee!



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Capítulo 3 – A Verdadeira Serena

  Estava tentando falar com alguma das meninas enquanto elas levavam um Darien desacordado até o templo do avô da Rei. Mesmo machucada, Lita era incrivelmente forte, já que o outro não me parecia nada leve. Por sorte, também, eu não ficara desacordada por mais de alguns minutos, ou era capaz de ficar ali largada no chão do estacionamento onde todos enfrentaram aquele youma estranho.

  Parecia fazer séculos desde que pisara naquele cômodo do templo, onde às vezes fazíamos nossas reuniões. Fiquei sentada ao lado do moço, observando como parecia exausto. Seria melhor se eu nunca mais entrasse em seu corpo, já que isso, inevitavelmente, causava nosso desmaio. Ainda bem que as meninas haviam conseguido exterminar o monstro, ou eu realmente me sentiria culpada por tudo.

-O que faremos com o broche? – Lita perguntou às demais.

-Não creio que alguém mais além da Serena possa usá-lo. – Ami estava sentada em uma cadeira de canto, pegando o nosso estojo de primeiros socorros para cuidar de Darien, ainda vestido como Tuxedo Mask. Aparentemente, todas já sabiam de sua identidade.

  Corri até Rei para ver se ela continuava a não me sentir e a reação fora parecida à do dia de meu funeral: apenas mudou levemente a expressão do rosto, mas nada que a própria houvesse levado a sério. Suspirei, voltando meus olhos para Darien, cuja mão estava sendo limpa e enfaixada por Ami.

  Lua apareceu logo depois, cumprimentando todas pela vitória. Foi informada da conclusão chegada sobre aqueles monstros não serem os mesmos com os quais estávamos acostumadas. Lita interrompeu o assunto para perguntar das novidades da própria, apontando para Rei, que segurava bem forte o meu broche.

-Sim, estávamos certas sobre o paradeiro do corpo da Serena. – A gata andou até estar bem perto de Darien.

-Que bom que não foi o inimigo, né? – Lita respondeu, com um sorriso leve.

-E o que faremos sobre os pais dela? A funerária já deve ter chamado a polícia. – Ami levantou-se do chão e foi guardar o kit. – Mesmo que a família tenha ido pro campo, eles já devem ter retornado para a cremação.

-Eu vou lá conversar com a empresa e dar alguma cobertura ao Darien. Duvido que ele sido mal intencionado. – Os olhos de Rei olhavam o nada.

  Suspirei. Não teria tanta fé em um ladrão de corpos, mas estava aliviada que estivessem nos ajudando. Antes que mais alguém pudesse dizer algo, Darien mexeu-se e levantou-se como se saísse de um pesadelo.

-Não se preocupe, está seguro! – Lua falou, pulando em cima de seu colo.

-Uma gata falante...? – respondeu ele, levando a mão enfaixada à cabeça. Só depois percebeu as outras pessoas da sala. – O broche...

-Está conosco e já sabemos de onde pôs o corpo dela. – Lita usou um tom de voz pouco amistoso.

-Lua entrou no seu quarto enquanto Lita foi visitá-lo. Era nossa segunda hipótese sobre o que teria havia com a Serena, - explicou Ami, apontando para a gata, como que para apresentá-la ao jovem, - Pode agora dizer em que estava pensando?

-Eu... fiquei desesperado quando soube que a cremação seria hoje. Seria um nunca mais, né? Ainda penso que Serena não deveria ter morrido daquela maneira. E quem pularia no meio de uma rua movimentada? Mesmo ela deveria saber melhor que isso.

-Não mesmo, - interrompi, fazendo bico, - Eu devo ter sentido tontura ou tropecei!

  Darien sorriu levemente, mas balançou a cabeça, me respondendo em segredo. Olhei para as demais e todas pareciam não concordar com a hipótese do outro, exceto por Rei, que simplesmente estava parada, observando a visita.

-Hora de superar, Darien! – Lita gritou de repente, - Ela está morta. Acabou. Devolva seu corpo para que a gente também possa acabar logo com isso! De que adianta dizer que isso não deveria ter acontecido? Aconteceu e pronto. Fim. Da Serena. A vida continua aqui na Terra! – Eu sabia que aquele rancor tinha também a ver com o estado em que Andrew se encontrava por minha causa.

  Olhei de volta para o meu cúmplice, sentindo-me perdida. Agora, não ia mais ter jeito. Era hora de o meu antigo corpo virar cinzas. Suspirei.

-Um dia. – A voz rouca e bem baixa do jovem fora um grande contraste em meus ouvidos se comparada com os gritos de Lita. – Me dêem só hoje. Prometo devolvê-la à funerária amanhã bem cedo.

-Não vai mudar nada. Serena não voltará hoje à meia-noite. Isto não é um conto de fadas... – Lita parecia mais calma, ainda assim carregava sua voz com determinação em não dar ouvidos àquilo.

-Meninas, sejam pacientes. – Rei, que se mantivera quieta e distante, interferia de forma incisiva, apesar das palavras amigas que usava. – Mesmo que Darien não a devolva como promete, já sabemos onde a está guardando. Por que não confiamos nele e, qualquer coisa, nós mesmas faremos o serviço sujo amanhã? É só um dia. Serena está sendo bem cuidada, né, Lua?

  A gata assentiu relutante.

-Então, daremos esse prazo pra você, Darien. Ligarei às oito da manhã pra funerária e perguntarei se o corpo já foi encontrado. Guarde bem o horário, ou te denunciaremos à polícia.

  Darien aquiesceu, olhando diretamente para mim, como se pedisse desculpas. Eu apenas sorri de volta, já devia estar muito grata por ganhar um dia a mais graças à sua atuação de desespero. Talvez, ainda pudesse fazer algo com esse tempo extra, inclusive. Tempo. Ganháramos o mais importante.

  O rapaz levantou-se depois para a surpresa de todas e despediu-se. Ami ainda perguntou se ele estava realmente bem para ir, mas recebera apenas um “sim” como resposta, antes de ele desfazer a transformação e passar pela porta de saída. Saí correndo atrás, congratulando-o e batendo em suas costas. Até que ele virou-se ameaçadoramente para mim e mandou parar, pois, graças à minha brilhante idéia, estava sentindo-se todo dolorido.

  Antes que eu pudesse retrucar, chamando-o de rabugento, ouvi a voz de Rei, que vinha ao nosso encontro.

-Darien! Eu ainda preciso te perguntar algo, - disse assim que chegou, acompanhada de Lua. Quando o outro deu o sinal que continuasse, inspirou fundo: - Você consegue vê-la?

-Do que está falando? – Darien pareceu legitimamente confuso até que seus olhos encontraram-se com os meus.

  Balancei a cabeça enfaticamente, pedindo que não contasse a Rei; já que eu iria embora no dia seguinte, não havia por que me ressuscitar na cabeça de minhas amigas.

-Eu sinto isto bem fraco, mas é como se a Serena o estivesse seguindo sempre que nos encontramos. E pensei que já havia abandonado sua teoria de que a morte dela tivesse a ver com o Negaversus... Era assim que estava pensando quando nos vimos no hospital e nos disse que ela não podia ter morrido, né?

  O moreno virou o rosto para a paisagem da cidade e assentiu lentamente. No entanto, ele olhou novamente direto para mim e suas palavras foram contrárias ao gesto:

-Eu não sei de que está falando sobre a presença da Serena. E realmente preciso desse dia a mais... Para ter certeza. Algo como uma última tentativa.

-Está bem, - respondeu Rei, - Se pretende insistir... Mas fique com isto. – Pôs a mão no bolso, surpreendendo até Lua com o que tirou dele.

-O broche? – Darien franziu a testa, mexendo a mão direita nervosamente.

-Pode pegar. Ele pertence à verdadeira dona somente. É inútil ficarmos com ele sem a Serena, não é?

  O moço assentiu e despediu-se da menina assim que pôs as mãos na jóia. Darien virou-se e desceu lentamente as escadas, parando apenas para me entregar o objeto recebido.

-Isto... realmente pertence a você, - explicou, - Apenas não tente mais nada envolvendo o Sailor Moon♂ ou variantes, entendeu?

  Caí na gargalhada, pondo o broche meu bolso.

  Até que fora um dia interessante... Apesar de, naquele momento, eu ainda estar sem perceber o que estava bem na minha frente, por causa de meu egoísmo. Não demoraria muito, mas eu ser um pouco mais madura e focada nas outras pessoas teria causado menos sofrimento aos outros, com quem eu deveria me importar.

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

  Apesar de eu ter ficado calada por todo o caminho de volta, fiquei fazendo planos de o que fazer com aquele com o meu corpo. Por mais que pensasse que, por um lado, era hora de ir embora, por outro, havia muitas razões para que eu permanecesse. Todos pareciam tristes demais com a minha morte e não havia motivo para isso. Deviam era estarem bravos com uma idiota que pula na frente de um caminhão!

  Por causa de tanto que causara com aquele ato impensado e da forma egoísta como agira desde meu velório, eu ainda não podia ir. Precisava permanecer e fazer como todos os fantasmas fazem nos filmes: terminar os meus negócios inacabados. Bem, nunca disse que meu espírito estava ligado à conservação do meu corpo, mas uma vez que ele tivesse virado cinzas, não ia ter como colar. Eu precisava mantê-lo. Só mais um pouco... Só até me redimir.

  Ao entrarmos no apartamento de Darien, que se tornara estranhamente familiar, dando-me o mesmo conforto que eu sentia ao pisar na minha casa, olhei para ele bati em suas costas.

-Parabéns por tudo! Já sabe aonde vamos me esconder até amanhã?

-Eu vou cumprir minha promessa, Serena.

  Já devia ter esperado por aquele tipo de resposta... Mesmo que pudesse haver sido apenas uma desculpa dele, suas palavras foram intensas demais para serem falsas.

-Também preciso seguir em frente, como sua amiga disse: “A vida continua aqui na Terra,” sinto muito. – Baixou o olhar e descansou as costas na parede, ainda na entrada. Notei que apenas tirara os sapatos e deixara-os de qualquer jeito ali. – Não posso aplicar sermão no Andrew se eu tive essa idéia de roubarmos seu corpo.

-Precisávamos do broche! – repliquei, vendo-o andar para o interior do cômodo.

-E foi inútil, você não pode mais se transformar. E não há mais nada. Pense um pouco em como sua família deve estar se sentindo, sem poder te pôr para descansar apropriadamente, Serena. Sinto muito, mas irei devolver seu corpo amanhã antes das oito.

  Gargalhei um pouco, tentando aliviar o clima. Não gostava de como sua voz estava ficando presa na garganta, soando soluçada.

-Está certo, então. Tá tudo bem que eu vá, né? – Ri mais um pouco, apesar de que minhas próprias palavras calavam fundo lá dentro. – Deve ser o melhor para todos. E é o que você quer.

-Eu só quero descansar um pouco. – Darien sorriu, dizendo em seguida que iria tomar um banho antes.

  No seu vagaroso caminho até o banheiro, pude ouvir o celular. Era Andrew para avisar do sumiço do corpo. Eu já sabia, não precisava ficar repetindo o quanto aquele roubo fora uma má idéia. Talvez, fosse até melhor devolvermos logo.

  Ainda assim...

  Andei até o sofá e deixei meu corpo afundar-se lá. Não, literalmente, apesar de eu não duvidar nada de que talvez isso acontecesse mais cedo ou mais tarde. Olhei para a televisão desligada e sequer tentei uma nova disputa com o controle remoto.

  Minha permanência ali parecia ter causado muito mais danos que se eu fosse um encosto clássico, apenas assombrando as casas. Eu causara uma dor a mais para minha família, Andrew, minhas amigas e até para Darien, com quem eu nunca tivera nada haver em vida.

  Ainda assim... Minha alma toda gritava. “Ainda assim,” era o que ecoava em meu corpo espiritual, mas ainda meu.

  Pensar na minha vida era perceber o quanto ela não chegara ao fim. Eu não tivera um namorado, ou me tornara uma boa garota como todo dia me prometera. Do tipo que acordaria cedo de vez em quando e faria o café da manhã da família. Um bom café e não a coisa indigerível que eu conseguia preparar. Ou uma boa aluna que tirava boas notas e ajudava os colegas, como ajudar se eu entendia menos ainda da matéria que eles, nem prestava atenção nas aulas! Eu também queria ser uma boa mulher que arrumasse um marido gentil para formar uma boa família com bons filhos.

  Levantei-me do sofá já irritada com aquela televisão desligada:

-E eu não sei cozinhar! – gritei concentrando toda minha força no pé direito, - Eu nem dei meu primeiro beijo! – E chutei a tela do aparelho.

  Ou tentei fazê-lo. A próxima coisa que vi foi o teto. Minha perna passara bem através e meu corpo caíra no chão. Não fizera barulho ou causara dor. Afinal, nada havia caído. Eu não era nada. Eu, na verdade, nem estava ali e sim no quarto ao lado no mais profundo dos sonos.

  Fiquei ainda olhando para o teto, tentando me lembrar daquele acidente que me tirara a vida. Conseguia lembrar-me perfeitamente de como saíra correndo pela escola toda até a saída, pedindo desculpas a todos por estar ignorando seus cumprimentos. Tinha que ver o Andrew. Ele queria me dizer alguma coisa... Pediu que não me atrasasse e eu havia me atrasado mesmo assim. Bem, não se eu corresse na velocidade da luz.

  Um flash de luz cobriu minha visão e o teto do apartamento de Darien começou a desaparecer. Estava piscando. Quanto mais eu forçasse minha memória a lembrar de pelo menos o meu caminha até o ponto que Andrew marcara, mais tempo minha vista ficava escura. Desisti. Era como se eu fosse sumir, caso insistisse e eu não queria sumir. Não ainda. Não sem consertar o dano que meu egoísmo causara e eu acabara de ter a idéia perfeita: ajudar Andrew. Quando ele parecesse melhor, eu poderia seguir o meu caminho, não importava qual fosse!

  Levantei-me tão rápido que talvez eu tivesse flutuado até ficar de pé. Estava determinada a ir implorar Darien por mais tempo e minha cabeça já bolara o plano perfeito: esconderíamos meu corpo e deixaríamos um bilhete na cama assinado pelo Zoiscite. Como ele andava meio sumido, seria muito azar as meninas darem de cara com aquele cara para confirmar a história!

  Eu só precisava de um pouco de tempo até resolver aquela última questão para aceitar minha própria morte e, nos últimos dias, Darien me provara ser uma pessoa boa o bastante para cooperar com o plano. Ele ficaria feliz quando eu o dissesse depois que minha opinião sobre ele mudara tão radicalmente, né? Mas esta seria a minha retribuição depois de fazermos o bilhete “do Zoiscite”. Só mais um pouco de egoísmo até eu também consertar minha atitude com aquele rapaz moreno tão inesperadamente gentil.

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

  Após me certificar de que ele já havia saído do banheiro, só restava um lugar da casa onde Darien poderia estar. Olhei para a porta fechada do quarto e me perguntei se estaria se trocando ou qualquer coisa assim. Balancei a cabeça. Se já criara esse tipo de intimidade com o meu corpo não poderia reclamar do meu espírito também presenciar a cena! E eu estava decidida, nem podia perder tempo com coisas pequenas assim.

  Inspirando fundo, passei pela porta. Aquilo continuava me dando nervoso, como se minha pele roçasse por um tecido bastante áspero ou algo assim.

  Ao avistar a cama, senti estar pegando em flagrante alguma cena de necrofilia digna de filmes. Estava pronta para soltar uma piada sobre a forma como Darien olhava para o meu corpo, ajoelhado daquela forma no chão ao lado da cama, mas eu ficara paralisada. As palavras não saíam, eu só conseguia olhar e pensar em como queria fugir e esquecer aquilo.

  Não era nojento. Apenas me parecia íntimo. Dentro de mim, as reações eram semelhantes a ver o garoto de quem eu gostava passeando de mãos dadas com outra. Não que eu gostasse do Darien. Talvez fosse culpa de todos aqueles pensamentos do quão gentil ele era, ou de como nunca conseguira um namorado...

  E eu também não estava preparada para vê-lo olhando tão intensamente para um cadáver. Certo, meu corpo não parecia morto, apenas dormindo. Devia ser a maquiagem da funerária que me deixara daquela forma. Fazia sentido quererem manter a vivacidade de seus clientes, né? Isso não importava. O olhar de Darien naquele momento preenchia toda a minha mente e me causava certa melancolia. Melancolia! Era essa a emoção que parecia estar embutida naquele azul.

  Suspirei bem baixo. Não que eu conseguisse soltar qualquer ar.

  Darien lentamente levava sua mão larga até meu rosto, inesperadamente minúsculo perto daqueles dedos que tão carinhosamente tocavam minha bochecha, como se limpasse alguma sujeira ou lágrima que rolasse.

  Meu próprio rosto sentia-se quente, tão intenso me parecia o toque. Levei minha mão ao lugar. Quando sua voz ressonou, era como se uma corda se rompesse dentro de mim:

-Eu não posso te deixar ir... Não sem saber por que morreu; como foi isso, - Darien sussurrava, mas eu tinha certeza do que estava ouvindo de seus próprios lábios. Sem me notar ali, continuou no mesmo tom, simultaneamente amargo e doce: - Pensar assim é loucura, não? Pensar que este ser à minha frente ainda é a Serena que conheci... Que talvez você só esteja em um sono tão profundo de que ainda não acordou. Andrew me chamou doido naquele dia e eu realmente devo estar. Roubá-la de seus pais... Onde eu ando com a cabeça?

  Ele ficou em silêncio, como se estivesse se lembrando de algo. Sabe, aquele olhar perdido de quando os atores de filmes vão ter um flashback? Era exatamente esse que os de Darien exibiam. Mesmo estando bem ali na sua frente, ele não me percebia.

  E eu não conseguia me mover. Deveria ir embora e fingir não ter visto nada? Deveria brigar com ele por fazer coisas estranhas com o meu corpo indefeso? Ainda mais, eu havia ido pedir mais uma coisa que o prejudicaria, mesmo que ele já não estivesse tão mal, até eu podia dizer que manter um corpo roubado e quebrar uma promessa era ruim.

-O que devo fazer, Serena? O que você acha melhor?

  Era estranho ouvir meu nome e saber que não era comigo que ele falava. Bem, devia ser, mas desde o início ele deixara clara a separação entre eu e a menina que eu era uma semana antes.

-Você gostaria de voltar para os seus pais? Gostaria de persistir? Você sempre foi do tipo que desiste fácil e punha os outros em primeiro lugar, né? – continuava ele.

  Aquilo doía, já que eu vinha fazendo o exato oposto insistindo naquela hipótese sem futuro e passando por cima da dor dos que me eram queridos.

-Eu sei o que vi naquele dia. Quando te levaram para o hospital e quando você estava lá naquele quarto... Não era para ter morrido! Ainda agora, me parece que um médico me ligará informando que fora tudo um engano. – Sua mão saiu de meu rosto e cabelos e seguraram minha mão bem delicadamente.

  Nessas horas, pensamentos estranhos surgem. Como se ele imprimisse nos movimentos do corpo a tempestade que estava em suas emoções, talvez minha mão quebrasse. Eu ouvira algo assim na escola, rigidez cadavérica. Ou isso era só início? Fazia quanto dias desde que eu morrera?

  Assim minha cabeça procurava fugir daquela cena dolorosa? Não, eu tinha que ver bem diretamente o quanto minha insensibilidade havia feito Darien sofrer. Como que para ilustrar minha determinação, Darien levou a mão até seu próprio rosto, abaixou a cabeça, apoiando-se naquela, e chorou. Pelo menos era o que parecia ser. Se não fosse, era bem próximo.

  Aquele silêncio era tão assustador... Fazia minha mente também buscar suas próprias lembranças. Quando voltei a olhar para Darien, sua voz encheu-me os ouvidos. Não a voz daquele à minha frente, mas a do primeiro dia de minha vida post-mortem, quando falara ao meu corpo: “Não consegui... nem chegar a tempo pra te salvar naquele dia! Quatro minutos e eu teria. Por que não fui mais cedo? Eu me atrasei e perdi a mulher que amo. Eu a perdi, enquanto ela sequer ligava para mim...”

  Eu andara tão distraída naquela idéia de ainda existir depois de morta, que ainda não havia prestado atenção a todo o seu discurso. Até então, estivera focada demais em coisas banais como virar a Sailor Moon, ou que alguém o fizesse no meu lugar, ou ligar a televisão com minhas próprias mãos... Não percebera que além de me arrepender por não dar a devida importância ao quão mal se encontravam aqueles que eu deixara para trás deveria encontrar o que pudesse fazer para ajudar, aproveitando que ainda estava ali.

  Enfim, eu também começava a entender que morrera, mas que o resto iria prosseguir. Antes, olhando Andrew sofrer, apenas achava estranho como ele chorava apesar de me ter bem ali na frente; ou vivendo com Darien, ficava irritada por me tratar como alguém diferente da Serena Cabeça-de-Vento de sempre.

  Sentia-me péssima. Queria também cair no chão e chorar mil lágrimas ao lado dele. Depois, pedir desculpas. Depois, dizer que eu já havia ouvido sua declaração e perguntar se isso já era o bastante, pois tinha certeza de que mesmo aquela Serena deitada ao seu lado iria ficar muito feliz por ser importante assim para alguém tão gentil. Então, nós dois podíamos seguir em frente.

  Só que eu não conseguia derramar lágrimas. Minha cabeça doía, meus olhos fechavam com bastante força... Eu sentia toda a ânsia natural de um choro, menos as lágrimas virem. Eu nem conseguia chorar, caída ali de joelhos no chão do quarto aonde meu verdadeiro corpo dormia tão tranquilamente.

-Você está bem? – A voz grossa de Darien parecia tão alta em comparação com a forma como falava antes, que me assustou.  Ele levantou-se do chão e me estendeu a mão para que eu me levantasse.

-Parece que agora terei de competir comigo mesma, né? – Sorri, enquanto me erguia com ajuda daquele moço. – Eu sei que nunca vou ser ela aos seus olhos, eu perdi muitos pontos importantes para ganhar essa batalha quando pulei na frente de um caminhão, mas estava pensando se você não poderia me dar um abraço. – Eu mesma não acreditava nas minhas palavras tão diretas. Era só que o toque de sua mão era tão quente...

  Antes que eu pudesse explicar que tudo fora uma piada, todo aquele calor tomou conta de meu corpo. Era tão bom. Sentir alguém, ouvir seu coração batendo bem no seu ouvido, enquanto suas mãos forçam que sua cabeça se apóie contra seu corpo. Era incrivelmente relaxante ser segurada daquela forma. Mas meus olhos ainda podiam ver meu corpo original bem ali. Uma sensação muito mais estranha tomou conta de mim e me deixou enjoada.

  Afastei Darien com toda a força, – ainda que fosse realmente pouca depois de um aperto daqueles, - e sugeri que já fosse hora de preparar a janta, por já ser tão tarde. Ainda ri, falando que ele não precisava me levar tão a sério, mas meus olhos não saíam da Mao de meu corpo, que Darien fez pousar sobre meu estômago.

  Um alívio me preencheu quando o ouvi fechar a porta, dizendo que realmente já estava tarde.

  Mesmo assim, eu não podia falhar na minha resolução original. Tinha que deixar tudo no lugar certo antes de dar adeus. Fui até aquela menina adormecida e encaixei cuidadosamente o broche em sua roupa. Aquele era, de fato, o lugar certo, em do meu bolso fantasma. Mas não me trazia alívio, o sentimento que me invadia o peito era... Saudade.

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

  Fiquei sentada na pequena mesa da cozinha, com os olhos acompanhando cada movimento de Darien, enquanto este preparava seu jantar. Meu corpo – ou o que eu atualmente chamava de corpo – ainda lembrava-se claramente de todo seu calor que me envolvera momentos antes. Não, eu não estava apaixonada. Ainda que uma parte de mim levasse a sério as palavras ditas por Darien no velório, mesmo essa parte não achava possível um amor póstumo; isso apenas complicaria mais a situação. Eu apenas tinha saudades de sentir. Simplesmente, sentir.

  Não conseguia sentir frio, calor, dor... Somente ter a impressão dessas sensações, pois se eu prestasse atenção, não estava nada ali. Se eu “sentia” dor de cabeça, na verdade, só estava estressada ou nervosa e não com a cabeça realmente doendo. Se tocava o vidro daquela mesa em que estava, eu achava sentir frio, porque era o que sentiria caso estivesse viva. Tudo não passava de ilusão ou pré-concepção. Cada vez menos eu me considerava humana, principalmente, depois não ter minha tentativa frustrada de derramar lágrimas. O pior era que a sensação ruim de estar entupida continuava no meu peito e travava minha garganta.

  Pensando de novo naquele momento, Darien parecia saber com detalhes sobre o dia em que eu morrera. Decidi perguntá-lo diretamente sobre isso, já que também acabaria com o silêncio interrompido apenas pelo barulho da comida sendo preparada.

-Eu estava lá, por isso sei. – Darien sorriu, pondo a mesa, agora que tudo parecia estar pronto.

-Claro, mas o que aconteceu, afinal? – insisti, ainda que imaginasse que estivesse sendo inconveniente mais uma vez.

-Foi em câmera lenta... Numa hora eu só estava andando pela rua, imaginando o que Andrew poderia querer de tão sério e noutra estava paralisado, te vendo bater direto no chão. Acho que também vi quando o caminhão se chocou contra você, mas eu não tenho certeza.

  Suspirei, percebendo que não estava ganhando nada com aquela conversa. Ao mesmo tempo, Darien parecia mais calmo, ao contrário do que eu esperava. Seu olhar estava tão distante, todavia, que eu não tive coragem de interrompê-lo.

-Andrew comentou que se encontrava do outro lado da rua, que você aparecera acenando desde a esquina e já pedindo desculpas pelo atraso. Aí alguma coisa sua pulou da sua bolsa, ou algo assim. Imagino que tenha caído enquanto você corria e acenava ao mesmo tempo, né? E você saiu correndo atrás... Não tinha tempo de o caminhão parar. Mas, sabe... No meio da cidade há um limite bem rígido de velocidade e acho que o caminhão nem poderia estar acima dele, considerando que ali não é uma avenida nem nada de fluxo livre o bastante para se correr.

-Por isso você diz que não era para eu-

-Também. A verdade é que eu vi uma coisa estranha. Uma sombra voando bem alto logo que você caiu.

-Uau! Que assustador... Devia ser o anjo da morte, né? – Ri um pouco, ainda que sentisse calafrios. Nunca tinha ouvido um relato tão convincente.

-Não diga besteiras. Você não morreu ali, lembra? Eu pensei na hora que talvez pudesse ser o Negaversus. Andrew não viu nada, mas não quer dizer que não estivesse ali. O fato de você ser a Sailor Moon não dá ainda mais sentido à hipótese?

-Mas você não sabia disso ainda.

-Por isso eu fiquei do seu lado o tempo todo, uma hora eles viriam terminar o trabalho. Fui contigo na ambulância e só te largava quando era mandado pelos médicos. Aí a situação se estabilizou... Ah, tem mais uma coisa. Pode ter sido desatenção minha, mas eu não vi no local nenhum objeto semelhante ao que Andrew descreveu. Sei, alguém pode ter pegado, ou ele caiu no esgoto... Mas e se a tal sombra o levou?

-O que o anjo da morte faria com um brinquedo?

-Serena! Era o Negaversus!

-Duvido. Eles nem sabem a minha identidade.

-E se descobriram?

-Teriam te atacado! – Dei língua.

-O objeto sumiu. Esse é o fato. Outro fato: sua condição estava estabilizada o bastante para os médicos me deixarem ficar ao seu lado na UTI, enquanto não pudessem localizar seus pais. Esses profissionais que cuidaram tão bem de suas feridas nem puderam me explicar depois como você morreu de uma hora para a outra.

-Foi no mesmo dia do acidente? Isso tudo?

-Sim, eles ficaram te operando por umas horas... Depois, permitiram que eu entrasse e te visse. Você estava bem! Sua pressão e tudo... Só estava inconsciente.

-Você acha que a sombra possa ter voltado, então?

-Não. Eu estava lá do seu lado, lembra? Eu teria visto.

  Suspirei. Uma sombra levou embora o brinquedo voador. Os médicos me salvaram. Darien me acompanhou depois. Teria também estado lá quando morrera?

-Sim. – O rapaz desviou o olhar, bebendo um pouco de chá. – Fiquei lá até o fim. Mesmo quando você... Já era bem tarde da noite e aí você abriu os olhos e começou a falar coisas que não davam para entender no início. Acho que você notou minha expressão confusa e sorriu. Aí, inspirou bem fundo e falou estar feliz por não estar sozinha.

-Uau! Por isso você me arrumou de carma, né? Por isso temos essa ligação mesmo agora que morri! O que disse em resposta? Darien, diz logo! – Aquela história me animava, ainda que soasse como se eu não houvesse feito parte dela.

-Eu jurei nunca mais sair do seu lado. – Seu tom era sério demais para eu gritar animada que essa era mesmo a explicação para meus últimos dias no além-túmulo. Antes que eu arrumasse as palavras certas, ele continuou: - Eu sei que é uma loucura. Andrew me disse que você já havia morrido na hora em que te vi acordada, então só pode ter sido imaginação minha. Incluindo aquela sombra. E o sorriso que você me deu depois do que lhe disse... Só pode ser loucura mesmo.

-Eu já estava morta...

-Sim, o óbito se dera em algum momento logo depois da hora da janta. É difícil aceitar que eu ficara ali do seu lado sem perceber. E os aparelhos também continuavam iguais! Depois que você sorriu e voltou a adormecer eu saí em busca de alguém para avisar que havia voltado à consciência, mas a resposta que me deram era que já fazia duas horas ou mais de sua morte. Eu não me lembro de muito mais. Sei que mandei te examinarem de novo, olharem os aparelhos... E aí me levaram para fora, já que estava incomodando os outros pacientes. Eu fui internado até o dia seguinte e apenas consegui dormir com uma injeção. Não dá para confiar no depoimento de alguém assim, né? – Seu sorriso era amargo.

-Mas você ainda acredita que a sombra e minhas últimas palavras foram reais, né?

-Se a Serena que está bem na minha frente, me vendo jantar, for real, não é muito difícil concluir que eu não estou tão louco assim.

  Levantei da cadeira e parei bem ao seu lado.

-Eu não sei o que é verdade, mas... – E o abracei bem forte, para sua surpresa.  –Fico feliz que ainda esteja cumprindo sua promessa de estar comigo. Seria muito solitário estar sozinha. Obrigada... – Afastei-me para perceber que seus olhos azuis estava úmidos.

-Eu só gostaria de ter chegado cinco minutos antes... Eu teria visto melhor o que a sombra causou. – Sua mão alcançou meu rosto e acariciou minhas bochechas tal qual fizera a meu corpo. Aquele calor era tão bom...

  Seu rosto começou a se aproximar cada vez mais. O calor também aumentava, assim como sua força em meu rosto. Ele não pretendia beijar um fantasma, né? Mas estava perto! Perto demais. E com os olhos cerrados. Ele ia! E eu também! Quando percebi, eu também me aproximava de seus lábios... Mas algo sempre acontece em cenas românticas assim. Sempre, um telefone toca, ou a campanhia, ou até um monstro aparece! Era só esperar, de que adiantava ficar anima-

  Seus lábios tocaram os meus. Um beijo! Seus lábios eram muito mais macios do que eu esperava. E envolviam os meus por completo... Não que eu tivesse tempo de prestar muita atenção na forma como ele os pressionava contra os meus.

  Com alguns segundos de atraso, a campanhia tocou.

-Quem será a esta hora? – Darien falou, evitando me encarar. A forma como suas bochechas estavam vermelhas era ainda mais fofa do que como seus olhos viravam para todos os lados menos para mim, que estava bem na sua frente.

  Sorri de leve, dando de ombro. Até onde sabia, podia apenas o vento apenas para nos interromper.

-Como? – A voz grossa de espanto do dono da casa ecoou da entrada.

  Corri para ver Rei já na parte interior do apartamento, junto com Lua, que quase passou através de mim.

-Foi o que disse, - a voz da menina saía entrecortada, era como se ela houvesse corrido até ali, - Serena pode ainda voltar! Eu não acho que esteja morta, apenas seu espírito se desprendeu do corpo.

-Algo feito pelo Negaversus?

-Temos outra teoria, - Lua interrompeu, - Fomos até a funerária para ver como estava a situação do furto e o que nos responderam era que a família já havia se explicado e até deixaram uma carta de desculpas, como se eles mesmos houvessem levado a Serena. Sabemos que isso é mentira, mas nem conseguimos entrar em contato com os pais.

-Pegaram meus pais!? – perguntei desesperada para Darien que apenas balançou a cabeça confuso.

-Teremos que pensar nisso depois que resolvermos o problema da Serena! – Rei saiu correndo olhando pela casa. – Quanto mais tempo demorarmos, mais difícil será encarnar sua alma novamente.

-Ela está no meu quarto... – Andou na frente das duas visitas, apontando para a porta fechada. Abriu-a lentamente, mas suas mãos estavam trêmulas.

-Não! – Rei entrou apressada, passando na frente do rapaz e olhou de volta.

  Eu também custei a dar qualquer resposta. A cama estava vazia. Não havia nem uma marca de que meu corpo estivera ali.

-Evaporou? – perguntei, tentando imaginar se era por isso que minha amiga tinha pressa.

-A pessoa do bilhete. O inimigo. Se eles foram à funerária, deviam estar atrás do corpo! – Darien olhou para a porta da sacada em seu quarto, que estava aberta, apesar de eu ter certeza de estar fechada antes.

-Quer dizer que eles a levaram... – Lua correu para a sacada e ficou olhando a paisagem, como se fosse me ver ali.

-Temos que correr. Isso não pode ter sido há muito tempo. – Darien tirou a rosa de seu casaco e, em pouco tempo, já era o Tuxedo Mask.

  Rei ainda gritou que esperasse um pouco, mas fora ignorada. Inconformada, transformou-se e seguiu o mesmo caminho que Darien. Decidi inspirar fundo e também ir atrás.

  Mas o que vi ao chegar ao parque foi um monstro enorme que teria esmagado Tuxedo Mask se Sailor Mars não o houve incinerado com seu ataque. Corri para ele e o segurei nos braços, perguntando se ele estava bem.

-Era ela... Era a Sailor Moon, - disse-me fracamente.

-Como assim? – Rei ajoelhou-se do lado oposto e pôs a mão em sua fronte. – Não está com febre... – Olhou para Lua, mordendo o lábio inferior.

-Tenho certeza do que vi, Sailor Mars. – Darien forçou seu corpo até que pudesse se sentar. – Sailor Moon estava bem ali e havia uma sombra negra junto a ela.

  Seu indicador tremia com o esforço, mas apontava para cima de uma árvore.

-Ela agradeceu por eu ter cuidado bem do corpo e do broche também. – Seus olhos estavam em cima de mim. – Apesar de eu não saber como ela o tinha.

-Eu o pus no meu corpo... – confessei, apesar de que isso não mudaria nada.

-Deve tê-lo roubado assim como o corpo. Quero dizer, o inimigo. Aquela... não era a Serena, não é? – Rei olhou diretamente nos olhos de Darien, mas estes permaneciam fixos em mim, como que me testando. – Se aquela for realmente nossa Serena...

-Eu não a vi de perto, sequer conversamos. Só me lembro de ver o cetro lunar e um brilho saindo dele. Quando eu estava no chão, Sailor Moon desapareceu e deixou o monstro, provavelmente para me segurar.

-Eu sou a Serena! – gritei, começando a sacudi-lo.

  Darien soltou um grito. Era verdade, estava machucado e eu só estava piorando. Mesmo psicologicamente, considerando que fora eu a agressora. Eu... A Sailor Moon era eu. Estava mais do que provado pelos últimos dias que apenas eu poderia ser a Sailor Moon. Na verdade, apenas Serena Tsukino.

-Ela haver se transformado... Quer dizer que aquela pessoa era a verdadeira Serena Tsukino? – perguntei chorosa, sentindo tudo à minha volta desaparecer na escuridão. Não, talvez, fosse meu próprio espírito que estivesse sumindo.

  Senti Darien ficar de pé na minha frente, mas eu não tinha forças para fazer o mesmo. Eu nem mais sabia se ainda estava ali ou havia sumido, tão turva minha visão -, ou talvez, minha consciência – estava.

  Em pouco tempo. Talvez a qualquer segundo. Em breve, eu ficaria sozinha, não era? Todos iriam seguir com suas vidas, mesmo a verdadeira Serena Tsukino, que deveria estar morta. Eu ficaria sozinha.

Continuará...

Anita, 24/02/2009

Notas da Autora:

Aiaiaiai!!! Terminei o capítulo! Ele fugiu dos meus planos... Essa cena final foi tão diferente! É que me bateu aquela visão súbita do Darien caído na grama e eu simplesmente tinha que concretizá-la *_*

Espero que todos estejam gostando! Enfim, tivemos uma cena romântica, né? Mas quando tudo começa a dar certo, a autora vê o Darien caído na grama. Autora má! xDD Não se preocupem, tudo vai acabar bem, ou assim espero. Lembrando que acabar bem para esta autora é poder escrever o fim e ter certeza de que aquele é o fim. É tão bom!! Hihihihi

Agradecimentos a todos os que vêm pacientemente me cobrando por mais capítulos, especialmente Felipe, Nemui, Vane, Kurai Kiryu, Dumpliing, Sandra Pereira, Leninhaa’, mimi e Marcy e Thaís Carter. Muito obrigada, gente! E se me esqueci de alguém que merecia agradecimento especial... Foi mal messssmo!

Não se esqueçam de mandar comentários, sugestões ou apenas um ‘oi’, que seja, para o meu e-mail Anita_fiction@yahoo.com e para os que quiserem ler mais histórias aleatórias minhas, visitem meu site Olho Azul http://olhoazul.here.ws Até a próxima!!

Alguém Apresenta:

Omake

Capítulo 3 – Eternidades Depois...

  E estamos de volta para mais besteiras, quero dizer, mais participações prolongadas de personagens. Exceto que no momento temos uma situação meio desconfortável... Narrarei enquanto ainda tenho esse poder. Observo uma guerreira mascarada, a Sailor-V, que nem desta história é, e duas pessoas babando a seu redor. A menina, Serena Tsukino, a suposta heroína de nossa história, segura um bloquinho bem surrado, estendendo-o junto com uma caneta para a guerreira recém-chegada. Enquanto isso, Andrew limita-se a babar. E perguntar a agenda da jovem loira, aparentemente, isso seria uma ótima promoção para sua loja.

  Eu suspiro. Fiquei aqui esperando e ninguém mais quer saber do meu teclado, tão competido antes. Nem mesmo a Sailor-V que fez uma entrada tão triunfal apenas para isso... Poxa, eu fico falando o tempo todo na história, nas notas. É meio solitário ter que fazer isso até no omake. É verdade, eu era a primeira reclamar daquela invasão de personagens, todos me atropelando. Mas agora... É só solidão. Suspiro uma vez mais.

  Eis que bem a meu lado surge uma nova heroína. A saia de pregas, o laço, a tiara com um símbolo... Não acredito o que vejo! É o símbolo da masculinidade, ♂. É a Sailor Moon ♂! Ela me sorri com seu rosto barbado e com as grossas mãos aponta para meu teclado. Cruzando suas pernas peludas, ele, digo, ela encara a tela.

  O que será deste espaço? O que eu, a Sailor Moon ♂, representarei para estas pessoas? Uma ameaça? a salvação? Ou apenas um alucinógeno dado à distraída autora desta história? Aguardem os próximos capítulos!

Anita: Próximos? Esta intervenção costuma só durar um, sabia?

Sailor Moon ♂: Huahuahuahua!

Continuará muitas vezes ainda...

Sailor Moon ♂, 21/08/2010


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