O que Restou escrita por Anita


Capítulo 1
Meu Coração Parou




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O Que Restou § 1- Meu Coração Parou

  Não fazia sentido, nada daquilo. Era algum sonho, algum filme? Tudo o que eu conseguia deduzir daquela cena à minha frente era que não podia ser real. Eu estava em um funeral. Tudo bem. Todos de preto. Com cara de tristeza. Bem, quase todos, havia também os entediados. E uma fila havia se formado na frente do caixão, não que eu me importasse no início. Só queria achar uma pessoa que conseguisse me enxergar!

 

  Havia tentado o monge. Dizem que eles conseguem sentir coisas, né? Então, poderiam enxergar uma garota invisível... Mas o sujeitinho careca não moveu nem a sobrancelha! Por isso, saí correndo para a Rei Hino, sua neta. Ela era uma miko, e uma de verdade!  Eu já a vira fazer coisas incríveis. Mas não foi daquela vez. Quero dizer, ela fez uma cara engraçada quando comecei a dar língua, pode ter me sentido ali; só que nada muito importante a ponto de ela ter mexido a cabeça, apenas franziu a testa.

 

  Minhas últimas esperanças morreram quando minha mãe sequer parecia perceber que a mãe da Ami Mizuno estava falando com ela. Mamãe Ikkuko, sempre tão diligente em suas tarefas como anfitriã, sequer percebia que a Doutora Mizuno lhe dirigia a palavra. Ficava olhando para o nada, sem perceber o caixão à sua frente, ou virar o rosto para sua interlocutora.

 

  Suspirei, olhando para mim mesma deitada naquele lugar. Havia tantas flores cobrindo meu corpo que eu apenas conseguia ver meu rosto, com muito mais maquiagem que eu jamais usara em vida. E cada um da fila punha mais uma... Em geral, não falavam nada. Uns caíam em prantos e derrubavam a flor antes que ela pudesse ser posta sobre as demais. E eu nem me lembrava de quem eram. Pessoas.

 

  Minhas amigas mesmo pareciam ter se encarregado de pôr ordem ali. Duas estavam na entrada do templo cumprimentando quem chegava, já a Ami estava de pé bem ali, cuidando para que ninguém ficasse tempo demais, ou ajudando quem caísse a se levantar. Seu rosto parecia ter a mesma expressão que o meu: de onde saiu tanta gente? Apesar de o dela ter ainda uma sombra de espanto.

 

  Decidi ir para fora, ver como Rei e Lita estavam se saindo. E eu mal tivera tempo de conhecer a Lita direito... Fazia umas três semanas que ela se juntara ao grupo e parecia ser tão legal! E a Rei continuava apenas franzindo a testa quando eu mexia com ela. Isso totalmente não tinha graça. Bem, parecia bastante óbvio que aquele era o meu fim no mundo material, então, insisti um pouco mais nos meus xingamentos. Era minha última chance.

 

  Olhei para o céu bem azul e imaginei quanto tempo até eu chegar lá. Eu iria para aquele lugar, né? Estar morto não era só vagar por aquele mundo, ver todos vivendo e você ali, parada, certo? Por mais interessante que fosse assistir ao seu velório, aquilo ainda parecia fazer parte da minha vida, como se fosse algum tipo de epílogo. No entanto, no momento em que aquele dia acabasse, minha existência não combinaria mais com nada.

 

  Andei para mais longe. Eu apenas abrira os olhos e estava ali. Sequer me lembrava de como havia morrido, apesar de ter sido esclarecida de bastantes detalhes pelas fofocas daqueles que vieram dar seus pêsames à minha família. Eu estava faltando aula, quando vi uma gangue de meninas, arrumei briga, e aí saí correndo atrás de um cachorro e acabei esmagada por dois caminhões e um carro. Pelo menos, eu sabia que fora atropelamento, apesar de eu duvidar bastante do resto. Um caminhão me atropelara... E fim. Eu estava no meu epílogo.

 

  Exatamente, eu abri os olhos e já havia aquela fila de pessoas segurando flores para se despedir de meu corpo, sem nem fazer ideia de que eu estivesse ali. Nem meus primos mais novos me viram. Nem o bebê que trouxeram. Nem minha gata. Não foi à toa que achei ter ficado invisível, né? Era mais aceitável que perceber que simplesmente morri...

 

  Olhei para o lado do templo e senti haver mais alguém ali. Andei apenas para ver Andrew, quem ficara por um bom tempo do lado de dentro, conversando animado com todo mundo, o único a comentar a hipótese de eu estar bem ali, observando tudo. Agora, ele parecia dizer algo para si mesmo e seu rosto tinha uma sombra bem negra encobrindo-o. É, até ele parecia fora do seu usual... Sorri, um pouco satisfeita. Suas lágrimas, presas nos olhos enquanto se mandava aguentar firme, eram uma mostra do quanto se importava comigo.

 

  Tentei abraçá-lo e dizer que, de fato, estava bem ali. Só que meus braços passaram através de seu corpo, deixando-me com um incômodo no local. Voltei meu olhar para o rapaz, que apenas mudara de posição para pegar o celular. Alguém estava ligando.

 

-Afinal, por que ainda não chegou?- perguntou à pessoa, parecendo preocupado. – Você sabe onde o templo fica? – Pausou e assentiu. – É verdade. Bem, estou te esperando. – Desligou, voltando os olhos para o céu. – É, Andrew, hora de ser ainda mais forte que esse treino de até agora! – E abriu um sorriso, dando um soco no ar. – Você consegue! Não pode falhar desta vez...

 

  Franzi minha testa, enquanto ele saía para a entrada e ficava parado olhando as escadas. Aquele disfarce não parecia saudável e não havia nada que eu pudesse fazer para ajudar. Olhe que eu tentei. Não conseguia mover objetos, pelo menos, não por tempo o bastante para pegar uma caneta e escrever uma mensagem, ou derrubar coisas... Tudo em que eu pegasse só se movia milímetros, o que era insuficiente para anunciar minha presença.

 

  Sentei-me nas escadas de entrada do templo. Só podia esperar pela hora que o de cima me chamaria. Fiquei com os olhos fixos em Andrew, curiosa quanto a quem ele esperaria e nem me senti surpresa quando notei que a pessoa atrasada para meu velório era Darien Chiba. Quero dizer, o que ele faria ali, além de satisfazer o melhor amigo? Nunca nos demos bem e minha morte só devia ser uma notícia qualquer para ele.

 

  Fiquei imaginando como eu reagiria se me contassem que o Darien morreu. Iria ficar um pouco triste, sentiria pena do Andrew... Talvez nem fosse ao velório. Não, eu não iria. Só se Andrew me pedisse. Devia ser por isso que aquele sujeito estava ali, com uma rosa branca na mão, uma flor que nem tinha a ver com as demais que estavam pondo em meu caixão.

 

  Segui atrás dos dois. Estavam apenas conversando sobre por que Darien se atrasara. Havia dormido tarde e nem percebera que já era tão tarde quando acordara. Nem viria se Andrew não houvesse ligado, para falar a verdade. Então, eu estava certa sobre ser tudo a pedido do outro. O loiro parou na entrada para conversar com Rei e Lita e Darien seguiu até a fila. Havia só duas pessoas na frente, por isso, logo estávamos os dois em frente ao caixão.

 

  Olhando aquele jovem moreno tão de perto, nem parecia que havia dormido. Tanta olheira, até parecia mais velho do que era, para falar a verdade. Ainda segurava a rosa, enquanto olhava fixamente para o meu rosto e para as flores depositadas. Aproximou-se ainda mais. Suas costas se curvaram um pouco e ele estendeu o braço direito para pôr a rosa aonde parecia corresponder ao meu peito esquerdo. Proposital? Devia ser coincidência...

 

  Assim que a rosa ficou parada junto às demais flores, Darien agachou-se lentamente e pôr o rosto bem perto do meu. Estava sussurrando. Olhei ao redor, um pouco embaraçada por ver aquele homem crescido tão abalado. Não éramos nada próximos, não precisava mostrar tanta consideração. Depois, me aproximei para ouvir o que ele tanto falava.

 

-...mais quatro ou cinco minutos. Ou menos... Não podia ter esperado mais? – Disse algumas coisas que não consegui ouvir, por isso me aproximei ainda mais, mudando de lado. - ...só isso. Era só esperar mais isso que eu... Ah, Serena... De repente, você ficou tão distante. Não pode se mexer? Me jogar alguma coisa? Me chamar de estúpido, convencido? O que vou fazer agora que não te verei nunca mais, hein?

 

  Ouvi-lo estava até fazendo meu estômago virar. O que uma morte não causa a uma pessoa? Mesmo àquele que ali estava, que nunca me suportou... Levantei minhas sobrancelhas. Eu também não poderia consolá-lo e só podia ouvir sem nem mesmo deixá-lo saber que ainda estava ali.

 

-O que vou fazer, Serena? Eu nunca nem consegui me desculpar pela forma que te tratei por todo esse tempo. Como uma criança que implica com a outra só por diversão, ou para ser notado. Nem sei explicar por que te dizia aquelas coisas.

 

  Olhei ao meu redor. Ninguém estava ouvindo, mas eu conseguia até sentir minhas bochechas ficarem vermelhas. Ele não precisava ser tão intenso, era só pedir desculpas!

 

-Eu nem consegui te falar de como gostava de você, né? Não consegui... nem chegar a tempo pra te salvar naquele dia! Quatro minutos e eu teria. Por que não fui mais cedo? Eu me atrasei e perdi a mulher que amo. Eu a perdi, enquanto ela sequer ligava para mim... Nunca a tratei como gostaria, nunca disse uma palavra sincera. E a perdi. Ah, Serena... Não podemos voltar o tempo? Ah. Por que estou dizendo tudo isto? Eu só vim me despedir. Até mais.

-Até... – respondi, sentindo um mal estar por aquilo que ouvira. Aparentemente, eu não conseguia chorar, mas sentia a ânsia.

 

  Darien virou o rosto bruscamente e naquele momento era como se me olhasse nos olhos. Desde que chegara, não parecia focar-se em nada. Não olhara Andrew nos olhos, ou minhas amigas, nem mesmo meu corpo. Por isso, não pude evitar dar um pulo com aquele encontro brusco de olhares. E ele ficou assim por um bom tempo!

 

  Apenas quando ele virou-se para a direção da minha mãe é que pude respirar aliviada:

 

-Uau! – disse, impressionada com aquela intensidade do azul de seus olhos. – Isso que dizem ser “perder fôlego”? – perguntei a mim mesma, levando minha mão ao peito.

-Você... – Darien falara em um tom muito diferente do que usava antes. Ergui meu olhar novamente para ele, para saber a quem se dirigia e fiquei de novo sem ar ao notar que voltara a me encarar. – Como? O que faz aqui?

 

  Olhei para todos os lados. Era óbvio que não mais falava com o meu corpo, mas também não tinha ninguém perto o bastante para ouvi-lo, exceto eu. Apontei para mim mesma, sem esperar resultado, mas Darien assentiu.

 

-Está me vendo!? – gritei bem alto. – Como se ninguém mais?! Nem o monge ou a Rei conseguiram!

-Você é... um espírito? –bem baixo, mas acho que foi isso que me disse.

-Acho que sim. Digo, aí tá o meu corpo e aqui estou eu.

 

  Seus olhos cresceram e começaram a olhar para todos os lados, obviamente a procura de alguém que talvez estivesse me vendo assim como ele. Para facilitar seu trabalho, comecei a fingir que ia bater nas pessoas. Em algumas, sem querer, passei com a mão através de seus rostos. Fazer aquilo ainda me incomodava... Pelo menos, ele estava satisfeito com a informação.

 

  Levantou-se da frente do meu caixão e pareceu ir em direção à saída, fazendo sinal com a cabeça para que eu o seguisse. Contudo, encontrou-se com Andrew assim que se virou:

 

-Vai falar com o senhor e com a senhora Tsukino, né? – perguntou-lhe o amigo.

 

  Darien assentiu, ainda de olho em mim, como se eu fosse fugir. Fiz-lhe sinal que o esperaria lá fora. Não aguentava mais olhar para a minha mãe daquele jeito ausente.

 

  Esperei na porta do templo, de onde Rei e Lita já haviam saído, olhando as pessoas irem, comentando do meu acidente. A maioria era concluía que eu fora precipitada em pular para o meio da rua; todavia, eu continuava sem saber quais eram as circunstâncias reais. Talvez eu estivesse perseguindo algum youma enviado pelo Negaversus? Era a hipótese que mais fazia sentido para eu ter pulado na frente de um caminhão. Ou seriam mesmo dois, conforme ouvira no velório? Da próxima vez que alguém morresse, desconfiaria de todas as causas que me contassem! Boba. Ninguém mais me contaria nada... Eu já estava morta.

 

  Então, eu era alguma alma penada. Um encosto para Darien, que parecia arrependido de algo relacionado à minha morte. “Quatro minutos,” ele dissera ao meu corpo. Ele havia se atrasado o bastante para não estar no dia em que morrera. Mas o que Darien faria comigo? Não podíamos ter combinado nada.

 

  Forcei minha cabeça, ou o que restara dela até achar a última lembrança que tinha: havia saído atrasada da escola e fora me encontrar com Andrew, como combinado no dia anterior. Não consegui me lembrar do que se tratava aquele compromisso.

 

  Meus pensamentos foram interrompidos por um toque bastante tímido em meu ombro. Virei a cabeça para ver Darien fazendo um sinal mudo para as escadas do templo. Precisávamos achar um lugar isolado para conversar. Segui-o até o meio do caminho, quando ele parou e ficou olhando as árvores que cercavam aquela subida:

 

-Quer dizer que você é... o espírito da Serena? – perguntou, usando um tom pouco crédulo.

-É verdade! Pergunte qualquer coisa que eu comprovo ser ela!

-Por que pulou no meio da rua? Não podia ter esperado o sinal fechar? – Seus olhos não me encaravam, era como se continuasse suas lamentações de antes, na mesma voz de desespero.

-Eu não me lembro de nada desse dia. Só que saí atrasada da escola para ir ver o Andrew, - respondi ainda assim, na esperança de ter as circunstâncias esclarecidas, - Foi esse mesmo dia? Não era para eu ter te visto, por isso, nada faz sentido!

-Andrew marcou com nós dois. Você se atrasou para o horário que ele te disse, meia hora antes do que ele havia marcado comigo. Imagino que ele não tenha te dito nada sobre mim...

-Não acredito que ele marcou mais cedo comigo! Eu corri tanto para chegar logo!

-Nós conhecemos sua mania de nunca estar na hora, Serena.

-Mas você também se atrasou, né? “Quatro minutos”...

 

  Percebi o espanto dele pela minha alusão ao seu monólogo anterior. Contudo, sua expressão retornou àquela de quem está falando sozinho em poucos segundos:

 

-Eu cheguei uns dez minutos mais cedo para o meu horário. O bastante para ver quando o caminhão passou, insuficiente para ver quem ele atingiu. Não me lembro direito dos detalhes, se é o que está me perguntando. – Darien passou a mão pelos cabelos e sorriu. Seus olhos brilhavam, enquanto encarava o sol de frente. – Acho que, realmente, exagerei nos calmantes.

 

  Minha expressão confusa foi a dica para que se explicasse melhor:

 

-Quando perguntei a Andrew se também tinha te visto ali em frente ao caixão, ele me mandou pegar um táxi para casa e que não tomasse mais remédios. Sabe, eu realmente acho que exagerei na dose...

-Em outras palavras, você ainda não acredita que eu esteja aqui, né? – Vi que assentiu. – Olha, até Andrew está super mal! Ele fica sorrindo e tudo o mais, mas está péssimo. Acredite ou não. E metade das pessoas está dizendo que eu estava correndo atrás de um cachorro. Como os seus remédios saberiam disso, hein? E a culpa é minha se exagerou na dose? Foi só para tornar o meu trabalho mais difícil, né? – Ao final estava gritando, frustrada por ser vista apenas como uma paranoia. Ou isso seria uma evolução de “encosto”? Não! Eu existia, estava definitivamente ali, olhando bem para as costas do Darien.

 

  Em um acesso de raiva, juntei todas as minhas forças e fechei o punho para lhe aplicar um soco no meio daquelas costas tão largas e pesadas.

 

-Que droga, cabecinha de vento, isso doeu! – gritou-me de volta, parecendo o mesmo de sempre por aquele momento. Então, acalmou-se, pondo a mão no ponto em fora atingido: - Não sabia que fantasmas podiam bater nos outros.

 

  Estava pronta para responder quando parei para raciocinar. Não era a primeira vez em que pudéramos nos tocar. Na saída do templo, Darien também mexera no meu ombro...

 

-Parece que... – Tentei pensar em algo mais inteligente, mas minha conclusão não mudava: - Eu também posso te tocar. Você é o único, sabia?

-Isso prova minha hipótese. Está tudo na minha cabeça!

-Não! Eu também consigo mover objetos! – rebati. Seu olhar em resposta era uma consequência óbvia: estava me desafiando a provar.

 

  Olhei nervosa pra o nosso arredor e não vi nada pequeno o bastante, por sorte, tudo naquela descida era grande demais até para eu mover em vida. Dei a ideia de mudarmos a locação e Darien respondeu que não sabia sobre mim, mas que ele precisava ir para casa dormir melhor. Eu entendi que era uma indireta para que eu parasse de atormentá-lo, mas aquele seu olhar fora sim um desafio e eu não sou nenhuma covarde de fugir! Por isso, optei por entrar com ele no táxi.

 

  Estava tão entretida com fugir daquele clima logicamente fúnebre, que nem percebi o mal que causava ao outro a me acompanhar. Afinal, de todo seu discurso anterior, minha cabeça já havia se esquecido da parte mais importante para se reter aos malditos “quatro minutos”. Eu não percebia naquela hora, ao lado de Darien no táxi, o quanto minha morte o havia abalado. E nem liguei muito para todos os detalhes estranhos que a cercavam. De fato, eu era uma real cabeça de vento.

 

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

 

  Olhei pela sacada do apartamento de Darien ainda não acreditando na minha situação atual. Eu havia morrido atropelada por um caminhão, mas nem me lembrava daquilo. Em pensar que sempre achei meio idiota morrer de atropelamento. Afinal, em quase todos os casos a pessoa estava no meio da rua e não em uma calçada, o meu caso, diga-se de passagem: eu havia corrido para o meio da rua, longe do sinal e ou de qualquer faixa. Não descobri meu motivo, já que Darien parou novamente de me contar para tomar seu remédio.

 

  Saí para a sacada e decidi tomar um ar. A vista de lá era realmente linda, mas não me acalmava. Havia tantos pensamentos passando pela minha cabeça... Inclusive o de que minha cabeça mesmo estava longe. Longe demais, em um templo. Ou não? Onde será que ficaria meu corpo até a cremação? E, falando nisso, até quando eu vagaria pela terra? Por isso, eu realmente precisava daquele ar puro. Se bem que eu já tentara parar de respirar e nem ficara tonta, só me senti mal, por não estar acostumada a simplesmente não respirar.

 

-Vou tomar um banho, fique à vontade. – Darien apareceu na porta de vidro para a varanda e foi-se pelo corredor ao fim da sala, em direção ao que devia ser o banheiro.

 

  Eu também deveria tomar um banho depois? Ainda conseguia sentir cheiros, mas não o meu próprio e não juntava coragem de perguntar a Darien se eu fedia ou coisa assim. Em teoria, eu não tomava banho desde antes de ir para a escola no dia de meu óbito.

 

  Em que mais fantasmas deveriam pensar? Na última hora, tudo o que eu quisera fora fazer Darien acreditar que não era uma miragem, alucinação ou sei lá quê. Agora que ele desistiu da conversa, resolvendo me deixar para lá, – em outras palavras, falhei em convencê-lo, - sentia-me solitária. Se eu não sumisse logo para seguir em frente, o que faria pelo resto dos dias do mundo? Não podia ficar no apartamento do Darien para sempre...

 

  Saí da sacada e vi a porta do banheiro fechada, o barulho de água caindo deixava claro que ele ainda se encontrava no banho. Olhei para a porta da frente e inspirei fundo. Era melhor para Darien se eu sumisse como deveria. Considerei escrever um bilhete, mas não consegui segurar a caneta firme o bastante, por isso, simplesmente passei através da porta. Não, eu não conseguia flutuar pelo ar e não estava a fim de bater no chão para descobrir que ainda sentia dor.

 

  Andei pelas ruas e logo estava no parque próximo ao prédio em que Darien morava. Sentei-me em um banco e continuei com meus pensamentos de como poderia “viver” dali em diante. Era estranho como eu pensava nos programas que acompanhava na televisão, estes eu assistiria entrando na casa dos outros, mas e os meus mangás? Se não aprendesse logo como segurar as coisas, não tinha como executar meu plano de ir às lojas de leitura.

 

  Olhei para as folhas caídas do chão e me concentrei. Tinha que pegá-las. Mas não dava, minha mão passava através do próprio chão do parque. Soprei frustrada. Ah, claro. Agora as folhas se mexiam... Não, não fora por culpa de meu sopro! Olhei para o lado e percebi que um youma havia aparecido. Instintivamente, corri para mais perto e observei que Ami e Lita já haviam chegado ao local e se transformado. No entanto, o monstro aparentava ser forte demais para ambas.

 

  Levei minha mão ao peito e constatei que meu broche ainda estava lá, por cima do laço do uniforme. Ergui meu braço e gritei minhas palavras de transformação, talvez eu pudesse fazer mais coisas como Sailor Moon.

 

  Só que nada aconteceu. Pus de novo a mão no meu broche e gritei de novo para o ar. E de novo, de novo, de novo. Nada. Nenhuma mudança. Olhei para frente e vi que Lita havia sido arremessada contra uma arvora, agora gritava de dor no chão. Ami usava seu poder para distrair o youma e evitar que este atacasse a amiga ferida, mas a estratégia era apenas paliativa. Eu não podia ajudar... Ninguém me via ou ouvia. Nem mesmo aquela criatura. Olhei para os lados, mas não havia sinal de que Rei fosse chegar, então, havia apenas uma opção: chamá-la.

 

  Fui até um telefone público, mas além de eu não ter dinheiro, não conseguia tirá-lo gancho. Olhei em direção ao ponto do combate e decidi-me. Tinha que pedir ajuda para Darien imediatamente.

 

  Corri de volta ao prédio, surpreendentemente, não me sentindo cansada por aquele esforço. Subi direto pelas escadas, aproveitando o embalo e, após passar por algumas paredes, estava dentro da sala tão sóbria e bem arrumada. Encontrei-o sentado no sofá, olhando para o nada. Fui até lá e comecei a sacudi-lo, gritando que se apressasse.

 

  O jovem me devolveu um olhar que mostrava algo de susto e algo de alívio. Teria me procurado ao não me ver na sacada? Mas não o deixei falar como estava pronto para fazer. Aquilo era urgente.

 

-Você precisa ligar para a Rei! O monstro... Ele vai acabar matando a Lita, Darien! Você precisa ligar pra Rei!

-E o que a Rei poderia fazer? Temos que ligar pra polícia, Serena! – Darien correu para a sacada, tentando avistar o confronto no parque, mas era longe demais.

-Desde quando eles fazem diferença?

-Então, você terá que esperar a Sailor Moon.

 

  Parei de sacudi-lo:

 

-A Sailor Moon não pode fazer nada.

-Ela está lá!? – O desespero em seu tom me pegou de surpresa.

-Sailor Moon está morta.

 

  Seus olhos cresceram e sua pele empalideceu. Deu para ver toda sua corrente de pensamento passando por aquele rosto. Primeiro a confusão, aí o espanto, o esclarecimento e a tristeza.

 

-Você...

-Sim, eu era a Sailor Moon. Neste momento, nem isso mais eu posso ser. – confessei, levando minha mão ao broche, inconscientemente. – Por mais que eu grite, não consigo me transformar e ainda duvido que isso fizesse diferença.

-E a Rei faria?

-Ela é a Sailor Mars. Confio que sim.

-Ligarei para o celular dela, então.

 

  Levantou-se e correu para o telefone, olhando na agenda próxima até achar o de Rei Hino. Era verdade, os dois saíram em um ou dois encontros antes... Nunca soubera no que aquilo havia dado, mas, pelo menos, Darien guardara consigo o número da outra. Só que ela não atendeu.

 

-Acho que estamos perdendo tempo, Serena, - disse-me, pondo o aparelho no gancho. Pegou as chaves de casa e saiu correndo para chamar o elevador, que magicamente se abriu. – Vamos! – gritou, segurando a porta.

-Sabe, não precisava ter segurado, - respondi, com um sorriso.

 

  No térreo, corremos, ignorando até o cumprimento do porteiro. Tínhamos que chegar logo ao parque, apesar de não saber qual era o plano do outro. Quero dizer, com certeza seria mais útil que ficar gritando para o ar, como eu tentara, mas não tanto quanto a presença da Sailor Mars seria, certo?

 

  Escolhi acreditar na capacidade de Darien e corri com ele, apontando a direção mais rápida até o local. Chegamos lá quando o monstro havia feito Ami desmaiar e agora avançava atrás de Lita. Rei havia chegado, enfim, mas parecia presa com alguma arma que o youma usara contra ela.

 

-Temos que soltar a Sailor Mars! – gritei, apontando em sua direção, - Se você for com bastante calma, talvez não chame atenção desse bicho.

-Tenho uma idéia melhor, Sailor Moon, - falou, de olho no monstro, que não devia ser muito mais alto que ele próprio, mas estava prestes a matar minha amiga.

-Como assim?

 

  Darien pôs a mão por dentro de seu blazer e sorriu-me:

 

-Você nem me perguntou como pude acreditar tão rápido na sua história de ser a Sailor Moon, mas aqui está a minha. – E tirou uma rosa vermelha de lá de dentro.

 

  Em poucos segundos, no lugar onde aquele rapaz alto e moreno estava, Tuxedo Mask havia aparecido. Pisquei algumas vezes tentando absorver a informação. Darien era realmente ele? O príncipe encantado que sempre aparecia para salvar a Sailor Moon? Mesmo que sua fantasia houvesse aparecido magicamente eu só acreditei quando o vi lutando com o youma da mesma forma que Tuxedo Mask me protegia todas as vezes.

 

  Em pouco tempo, Darien conseguira proteger Sailor Jupiter e ainda soltara Sailor Mars, ganhando companhia para a batalha. Por isso, derrotar o rival não foi tão difícil, tendo em vista que os dois pareciam descansados e o outro bastante esgotado.

 

  Suspirei quando o youma virou uma poeira brilhante, como se fosse purpurina e Tuxedo Mask pulou em cima do galho da árvore, ao lado da qual eu observava o desenrolar.

 

-Tuxedo Mask, espere! – Sailor Mercury gritou, antes que ele pudesse sumir, como o usual seria, - Precisamos de ajuda para levar Jupiter até o hospital! Se formos esperar a ambulância será tarde demais.

-Sim, ela está muito mal! – Sailor Mars aproximou-se da amiga caída no chão e tentou acordá-la.

 

  Lita estava pálida e bastante arranhada. Ainda assim, normalmente, nós a levaríamos para casa ou para o templo do avô da Rei, e não para um hospital. Toda aquela preocupação me soava exagerada e Darien devia pensar o mesmo, ou assim eu achava até ele descer do galho.

 

  Ajoelhou-se ao lado da menina e disse para qual hospital a estava levando, antes de carregá-la nas costas e sair pulando pela cidade. As demais olharam ao redor antes de cancelar a transformação e correram para a rua à espera de um táxi. Aproveitei a carona e sentei no banco da frente, enquanto elas conversavam sobre o estado da Lita. Foi pelo semblante delas que entendi o motivo daquelas medidas: não só minhas amigas, mas Darien também devia estar pensando na minha própria morte ao decidir levar minha amiga ao hospital daquela forma.

 

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

 

  Não demoramos muito para encontrar o quarto da Lita, já em sua forma humana. Sua caneta estava junto com suas roupas, as mesmas usadas no meu velório, mas não havia sinal de Tuxedo Mask, ou de Darien. Estava pronta para voltar para o apartamento dele quando o encontrei na virada do corredor.

 

-Que susto! – reclamei, ao topar com ele.

-Estava te esperando sair de lá... Não faria sentido pras suas amigas eu vir ao hospital e a roupa de Tuxedo Mask chamaria muita atenção.

-Mas como tirou a transformação da Lita? – perguntei, franzindo o cenho.

-No meio do caminho, quando olhei para ela, já estava em roupas normais. Talvez tenha acordado brevemente e percebeu que antes eu descobrir sua identidade do que os médicos acharem que ela faz cosplay...

-O que você tem contra os cosplayers!? – Mostrei-lhe o punho.

-Isso não importa. É melhor voltarmos pra casa.

-Pelo menos, agora você parece acreditar que eu não sou alucinação, né?

 

  Darien mostrou-me uma expressão de cansaço para encerrar logo o assunto e puxou-me pelo pulso através dos corredores do hospital. Tentei ao máximo correr, ainda que trôpega. Meu pulso doía um pouco, apesar de ser uma sensação estranha, afinal, tecnicamente, meu pulso não estava ali. De repente, o rapaz parou em frente a uma porta de vidro bem grande que me parecia familiar, mas não conseguia nomear o motivo, eu nunca fora fã de passear em hospitais para conhecer algum.

 

-Acho que já estive por aqui... – comentei, talvez para acordar o jovem daquela demora imprevista.

-Você morreu em um daqueles quartos, atrás da porta.

 

  Ergui uma de minhas sobrancelhas:

 

-Então, talvez eu ainda consiga me lembrar como morri! – Já havia andado alguns passos em direção à porta antes de olhar espantada para meu acompanhante: - Eu não fui atropelada!?

-Sim, mas chegamos a te trazer para o hospital. – Darien virou o rosto e disse bem baixo, mas imponente: - Vamos logo, Serena.

 

  Assenti e voltei a segui-lo. Ainda olhei para trás, para o corredor eu morrera dois dias antes.

 

-Sabe, eu ainda não estou de bem contigo, - tentei quebrar aquele silêncio, - Por você ser o Tuxedo Mask. Eu não acredito que um sujeitinho insuportável e convencido possa ser o herói corajoso que sempre veio me ajudar! E... deve ser estranho para você aceitar que eu seja a Sailor Moon, né? Mas... O que eu quero dizer é que... – Olhei para baixo, consciente de que conseguira ganhar sua atenção. – Ainda que não te perdoe por ser o Tuxedo Mask, eu achei muito legal da sua parte ao ajudar minhas amigas naquela hora e ainda trazer a Lita até aqui, sã e salva.

 

  Darien, que me encarara com uma expressão confusa até então, abriu um sorriso cansado por trás de suas olheiras:

 

-Isso quer dizer que está me devendo uma, cabeça de vento. – Deu um soco de leve na cabeça e correu para a frente do hospital para chamar o táxi que passava.

-Ei, eu nunca pedi isso como um favor! – Corri atrás dele.

-E ainda tem isso de você se hospedar no meu apartamento. Vou cobrar aluguel, viu?

-Eu nunca pedi para ficar naquele cubículo! Mas você não pode mais retirar o convite agora, tá sabendo?

 

  Darien entrou no carro rindo levemente. Percebi o olhar estranho que o taxista lançou ao perguntar o destino de seu passageiro e optei por apenas ficar jogando caretas para o meu mais novo companheiro de apartamento. Este se esforçava para fingir que não estava vendo, mas conservava o sorriso em seus lábios.

 

  Era estranho como vê-lo sorrir, por fim, trazia-me um alívio inominável dentro de mim. Eu diria que era um calor dentro do coração se ele ainda estivesse batendo.

 

Continuará...

 

Anita, 14/02/2009

 

Notas da Autora:

 

Minha queridíssima fic nova de Sailor Moon já está no seu primeiro capítulo, caminhando para o segundo! Não é uma felicidade!? E, pela data, você podem ver que a comecei no clima do dia dos namorados japonês, né? Eu até considerei dar esse tema à fic, mas pelo menos por enquanto, não vai ter nada a ver ^^ Até porque, acho que o ambiente da fic é de outono... Bem, depois vem o inverno e fevereiro, mas essa fic, definitivamente, não se passa no inverno. Pelo menos, não ainda xD

Um avisozinho, mais como um agradecimento, esta fic é irmã de outra escrita pela Nemui, meu ídolo, minha veterana, minha inspiração xD Na verdade, eu tinha essa idéia de fazer uma fic com alguém morto há algum tempo e, bem, a Nemui-senpai me deu altas idéias e dessas idéias nasceu a fic do Jen. Infelizmente, a fic irmã de O Que Restou ainda não tem nome, mas por favor, dêem uma força à minha senpai e façam-na continuar!!

E eu sei que eu meio que criei uma expectativa e de repente parei de falar nesta fic. Eu sinto muito!! Mas fevereiro e março foram meses complicados, saí do estágio, me estressei com a faculdade e etcs da vida. Eu realmente precisei de algo como um retiro. Então, agradecimentos especiais a Dumpliing e a Kurai Kiryu pelo incentivo para publicar esta fic! Espero que tenham gostado do resultado!

 

Agora, digam-me o que estão achando através do meu e-mail Anita_fiction@yahoo.com e visitem o meu site http://olhoazul.here.ws todos os comentários são bem-vindos e tento sempre dar alguma resposta! Comentem! Comentem! Comentem! *___*

 

 

Alguém Apresenta:

Omake

 

Capítulo 1 – E Mais de Um Mês Depois...

 

Anita: Peraí, o que é isto? Este capítulo já está fechado!

Serena: Ah, eu achei que valia a pena dar algo a mais para os leitores que esperaram tanto tempo por esta fic!

Anita: E por isso eu tenho que escrever mais? Não é como se eles soubessem quanto tempo eles esperaram...

Serena: Tadinhos. Eles sabem ler a data! E poxa, eles esperaram muito mais que aqueles amiguinhos seus que só ficam lendo esta história para pôr abobrinhas na sua cabeça, como me matar (de novo!) e coisas assim.

Anita: Eu sou uma escritora muito ocupada, não posso ficar escrevendo omakes...

 

  Serena sorriu com todos os seus dentes de uma forma tão brilhante que me ofuscou completamente. Eu realmente não sabia em que estava me metendo quando disse aquilo. A loira correu até minha cadeira e me empurrou no chão pedindo que confiasse o trabalho a ela. Ergui minha sobrancelha – porque eu tenho mania de apenas erguer uma – e tentei respirar. Não podia me esquecer de respirar.

 

Serena: Muito bem. Cena número um!

 

  Seus pequenos dedos começaram a digitar freneticamente enquanto esta autora que vos fala tentava acompanhar as letras a aparecerem na tela branca do processador de texto. Aparecer e desaparecer, já que os erros eram constantes.

 

  “Cena Um. Serena, uma loira fenomenal de corpo escultural caminhava extasiante pelas ruas de Tóquio quando um monstro de mais de dois metros de altura e cabelos negros surgiu com seu aparelho de visão especial, compactado na forma de óculos de sol, e sua armadura superpotente, escondida em um blazer horrendo de cor burro-quando-foge. Aliás, isso sequer é uma cor!?

 

  A menina ainda tentou passar por ele. Era uma pacifista e também sabia manter a calma quando era necessário, por isso apenas inflou o peito e continuou a andar normalmente, ignorando o terrível monstro. Todavia, muito para o seu desprazer, Darien Chiba não era um monstro qualquer. Ele era seu arquiinimigo e não deixaria aquela frágil garotinha aproveitar seu dia feliz traquilamente com seus amiguinhos, como ela tanto desejava.

 

  Com um movimento tão rápido que nossa própria super-heroína não pudera prever, Darien Chiba, o terrível, levantou uma pedra da calçada de forma a fazê-la tropeça com os dois pés, voar e ainda pousar em supervelocidade com a testa na calçada. Com um toque de perversão, ele ainda usou de seu poder mental para que sua saia levantasse e estampas de coelhinhos surgissem em sua roupa íntima.

 

  Era um golpe embaraçoso e fatal na nossa heroína. Como ela poderia se defender após a hemorragia em seu rosto e a tontura em sua visão – também coberta pela cascata de sangue. Serena sequer conseguia juntar a coragem para arrumar sua saia.

 

  E Darien Chiba, o terrível, não estava satisfeito ainda. Moveu-se, pronto para o golpe final: estendeu a mão para a pobre moça e começou a gargalhar de maneira vil. Sim, ele pretendia fingir que usaram todos os seus superpoderes naquele ataque tão baixo. Após quitar com as gargalhadas, novamente estendeu a mão e sorriu:

 

-Você está bem?

 

  Serena sabia, como grande heroína que era, ser aquela a forma de seu arquirrival inquirir se ela desistia ou não. A dor era tanta e tão profunda que mesmo toda sua alma sendo contra sua próxima ação, seu corpo agiu por si. Ajoelhando-se na calçada. Sangue pingando por todo seu alvo uniforme. Serena chorou. Alto.

 

  Darien Chiba, o terrível, deu uma nova gargalhada:

 

-Então, parece que está bem sim. Passe bem o dia, cabecinha de vento. – E continuou sua caminhada, com o ar daquele que venceu uma batalha facilmente.

 

  Serena, nossa heroína, continuou a sentir aquele golpe em seu orgulho, e a chorar bem alto, na esperança de causar danos permanentes nos ouvidos de seu adversário, sem que, contudo, este ainda permanecesse na cena de batalha. Sim, ela havia perdido feio, mas a guerra ainda não acabara!

 

Continuará...

 

Serena Tsukino, 30/03/2009”

 

Serena: Ah! Um capítulo pronto!

Anita: Por que pôs “Cena Um” se o capítulo apenas tem uma cena?

Serena: Mas ela foi tãaaaao dramática! E aquele Darien foi tão malvado com a pobre Sereninha!

Anita: Você fez ele ser malvado. E, mesmo assim, qualquer um riria de um tombo tão grande desses.

Serena: *ELE* me derrubou!

Anita: Novamente, você escreveu isso. Favor controlar melhor seus personagens. Por que não faz um romance da próxima vez?

 

  E eu sabia quando Serena me devolveu um novo sorriso com todos os seus dentes de uma forma tão brilhante que me ofuscou mais uma vez que eu cometera um erro ainda maior que o primeiro. Sim, pois há sempre uma primeira vez para tudo, mas eu acabara de, não simplesmente “sugerir”, mas “aceitar” que ela teria sua próxima história.

 

Serena: E com isso inauguramos nosso primeiro omake!

Anita: Errr, eu realmente não quis dizer que sua próxima história será tão cedo, tá?

Serena: Que isso! Eu tenho que fazer meu segundo omake no segundo capítulo desta história, antes que minha alma vá para o além!

Anita: Por que não damos a chance de outros personagens aparecerem no omake, já que na história principal você já está tão ocupada com a narração? Alguém menos atarefado como... o Andrew! Sempre gostei dele e tenho certeza de que os leitores não sentirão tão tristeza em vê-la ceder seu lugar no omake para um personagem tão charmoso como ele!

Serena: Só se você me deixar escolher o título desta fic!

Anita: Isto não é uma negociação!

 

  E uma terceira pessoa surgiu em nosso diálogo. Cabelos curtos, alto, com um sorriso simpático e convidativo.

 

Anita: Andrew!!

 

  Eu estava babando. Ele era ainda mais bonito pessoalmente.

 

Anita: Andrew, quero que saiba que eu realmente esperava que sua participação na série fosse maior. Quem sabe até você se tornasse o... Sailor Sun!

 

  Mas seu sorriso com todos os seus dentes de uma forma tão brilhante que me ofuscou de maneira familiar e meu coração parou com a decepção de conhecer um ídolo pessoalmente e percebê-lo como tão humano quanto um personagem em duas dimensões poderia ser.

 

  Meu lugar em frente ao processador de texto fora novamente tomado. Como ficaria nosso próximo omake? Conseguiria Andrew realmente se tornar Sailor Sun!?

 

Anita: Ei, eu não escrevi esse último parágrafo, não escreva como se fosse eu.

Serena: E aquele segundo omake é MEU! Eu preciso continuar meus relatos acerca das tiranias de meu arquiinimigo Darien, o terrível!

 

  Mas o destino deste espaço estava mudado para todo o sempre.

 

  Ho, ho, ho.

 

Continuará...

 

Andrew Furuhata, 30/03/2009

 

Notas do Autor:

 

Ooooh, é tão bom ter o controle de algum lugar pelo menos! Nunca achei que isso seria possível, mas aqui estou, sendo o chefe de meu próprio destino! E aproveitando este espaço, eu gostaria de anunciar que o Games Crown está com uma promoção imperdível! Leve uma cópia desta história para eu autografar e jogue cinco vezes o mais novo game da Sailor-V pelo preço de apenas quatro fichas! Não percam!! É por tempo limitado, hein? Vejo vocês lá no Games Crown eeeeeeee no nosso próximo capítulo! Até mais ^_^


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