Cendrillon escrita por Sweet Pandora


Capítulo 7
Capítulo 6 - Sweetness




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Chapter VI - Sweetness

 

Yuki tombou ao chão graças a um tapa desferido violentamente em sua face por um severo homem de certa idade. O servo ergueu o corpo rapidamente, mas não se atreveu a encarar seu mestre.

- Eu não me lembro de ter permitido qualquer casamento! - O homem bufou, irado - Vocês não pretendiam me contar, é isso? Aproveitaram-se de minha ausência para arranjar problemas e desobedecer minhas ordens!

- Perdoe-me, mestre. Foi minha culpa. - Yuki balbuciou, antes de ser atingido por outro tapa, este forte o bastante para, além de derrubá-lo, cortar o canto de seus lábios - Não é necessário castigar Hizaki, a culpa é toda minha. Eu mereço ser punido.

Antes que o subordinado pudesse se levantar, o senhor se aproximou, desferindo-lhe chutes fortes por todo o corpo, fazendo-o rugir de dor.

Teru, no canto da sala, chorava e tremia. Estava em choque. Queria fazer alguma coisa, mas fazer o que? Sentia-se impotente, apenas um observador da violência cruel que seu pai aplicava ao servo.

Por um segundo, o garoto agradeceu aos céus por Hizaki não estar ali naquele momento. Ele viu seu pai apanhar a xícara onde tomava chá a minutos atrás e atirá-la na direção de Yuki, não atingindo-o por pouco.

- Como eu pude confiar meus filhos a você?! - O homem urrou, atirando sobre o rapaz o bule com chá fervente - Eu deveria arrastá-los para Paris, conforme havia planejado, e confinar Hizaki naquele convento, goste ele ou não!

- Por favor... - Yuki suspirou, ainda sem coragem de erguer os olhos - Mate-me se quiser, mas não tire de Hizaki a felicidade que ele tanto demorou para alcançar. Deixe-o casar-se.

O homem bufou e nada disse, simplesmente desapareceu escadaria acima, amaldiçoando o universo em resmungos indistinguíveis. Longe do alcance dos olhos de seu pai, Teru correu na direção de Yuki, com os olhos úmidos e o coração em desespero.

- Yuki! - Ele abraçou o servo, imerso em preocupação - Está tudo bem, Yuki?

- É claro... - O outro forçou um sorriso e correspondeu ao abraço do mais jovem, docemente - É preciso muito mais que uns tapas e chutes de um velho rabugento pra me derrubar, Teru.

Riram, apesar de lágrimas ainda escorrerem pelo rosto de Teru. Este, observando um filete de sangue que escorria da boca de Yuki, aproximou-se suavemente e depositou-se um beijo sobre a ferida.

Encorajado por tal atitude, o servo tocou os lábios do mais jovem com os seus, segurando o ímpeto de aprofundar tal caricia.

Encararam-se. Yuki pode perceber que o corpo de Teru, agora, estava tão sujo de chá e sangue quanto o seu. Diante dessa constatação, sentiu-se tanto consolado quanto culpado.

- Vocês dois! - a voz de Hizaki ecoou pela sala de estar, ele havia acabado de chegar, sempre escoltado por Kamijo, e corara fervorosamente ao dar uma boa examinada na cena - S-se vocês querem fazer esse tipo de coisa, façam em outro cômodo, por favor!

- Eu tenho más noticias... - A voz de Teru saiu fraca e entristecida - ... para vocês dois.

~o~

- Chegou com um mês de antecedência?! - Kaya escovava os cabelos, perplexo com o que ouvira sair dos lábios de seu confidente - Bem... De certo modo, não é tão ruim. Isso vai acelerar os planos de casamento daqueles dois!

- Acha mesmo? - Juka suspirou, preocupado - Você sabe que desde a morte de sua primeira esposa, o pai de Hizaki anda um pouco... desequilibrado. Imagine o estado de sua sanidade agora que a segunda fugiu com uma trupe de atores!

- Fugiu?!

A “princesa” não pode conter um riso alto. A imagem de uma dama fugindo com atores lhe soava absurda e tentadora ao mesmo tempo. Luzes... As pessoas com os olhos fixos no palco improvisado... Ver o mundo, viajar por ele inteiro, sem restrições... Parecia maravilhosamente patético.

- Nee, Juka... - A idéia lhe ocorreu num súbito - Vamos fugir daqui... juntos?

O outro o encarou, sem palavras. Era sério? Aguardou uns instantes, mas Kaya não ria, apenas anseava por uma resposta, armado de seu sorriso mais gracioso.

- Por favor, não me peça esse tipo de coisa! - O confidente respondeu, corando levemente, após um longo instante - Você sabe o quão impossível isso é!

- Não... Nada é impossível, Juka. - Os olhos da “princesa” direcionaram-se profundamente aos dele - O amor pode fazer até o mais insano milagre acontecer... Afinal, ele, em si, já um grande milagre, não?

- Kaya...

- Eu amo você, Juka.

Um silêncio delicado os dominou. Palavras não eram necessárias e, de certo, arruinariam aquela atmosfera maravilhosamente indescritível que os envolveu.

O confidente sentia-se cruelmente tentado em aceitar tal proposta e levar seu amado para longe de tudo e todos. Ah, tê-lo só para si... Não teria de dividir seu amou com mais ninguém, nem mesmo com Kamijo!

Juka suspirou, afastando tais pensamentos possessivos de si. Era insensato retirar uma pessoa que sempre fora docemente mimada e bem tratada de seu lar e atira-la na fria e cruel realidade mundana.

- Eu também te amo, Kaya. E você sabe disso. - Ele, por fim, respondeu, encaminhando-se para fora - Mas, é impossível.

O som da porta a se fechar fez ecoar pelo palácio uma solidão densa e, de certa forma, triste. Aquela era a solidão de dois amantes separados por uma espessa parede composta de dogmas e regras sociais... Por que o destino precisava ser assim tão cruel?

~o~

Mesmo que Hizaki implorasse mil vezes, Kamijo não o escutaria. Decidira, simplesmente, desafiar o pai de seu amado e insistir em seu amor, não importava realmente o preço.

Tolo! Não vira o estado de Yuki, que queria tão somente informá-lo? Insensato! Idiota! Já estava trancado na biblioteca com o homem a várias horas, e, até aquele momento, nenhum sinal de que tudo estava indo bem.

O coração de Hizaki palpitava a cada minuto que seu querido noivo passava ali dentro... E sua alma se contorcia com a idéia de que talvez ele não saísse. Seu pai, quando provocado, tornava-se uma criatura bizarra e imprevisível.

Teru compartilhava de sua aflição, passando pelo corredor de minuto em minuto, ansioso e preocupado. Algumas vezes, Yuki também passava casualmente por ali, tentando inutilmente esconder o quão preocupado estava.

Após cerca de quatro horas e vinte e três minutos a porta da biblioteca se abriu. Seu pai saiu, furioso, isso pouco o surpreendeu. Num súbito de violência, o homem agarrou o pulso de Hizaki e o atirou sobre Kamijo que, ligeiramente desorientado, saia às pressas do aposento.

- Você o quer?! Leve!

- Hizaki! -Teru, acompanhado por Yuki, veio às pressas, quase tropeçando nos próprios pés - Pare de tratá-lo assim!

Com um urro irado, o homem atirou seu filho mais novo escada abaixo. O servo apressou-se em socorrê-lo. Lágrimas de ódio escorriam dos olhos de Hizaki enquanto ele encarava seu pai. O homem, correspondendo o olhar de seu filho mais velho, fez menção de atirá-lo na escada também, mas Kamijo impediu-o habilmente.

- Leve-os. - O homem mais velho balbuciou - Fique com eles! Leve-os embora desta casa! Não apareçam aqui nunca mais!

Kamijo, mais do que depressa, agarrou o braço de seu amado e o guiou para longe daquele velho violento, antes de um outro ataque de ira. Yuki, com Teru em seus braços, seguiu o casal silenciosamente.

Adentraram uma carruagem que, convenientemente, aguardava clientela ali perto. Assim que a mesma começam a se mover, puderam ouvir o pai de Hizaki urrar algumas palavras.

O cocheiro franziu o sobrolho, mas nada comentou, de certo temendo certa... intromissão. Demorou um certo tempo até que os gritos desaparecessem por completo.

- Enquanto estivermos todos juntos... - Teru comentou, rindo um pouco - ... tudo vai estar bem.

Os outros três se mantiveram em silêncio, mas desta vez era um silêncio concordante. Haviam sorrisos enfeitando seus rostos e, pela primeira vez, Hizaki pode sentir o sabor absoluto da liberdade.

Por um instante, pairou uma certeza no ar: o “felizes para sempre” havia acabado de se iniciar.

 


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Notas finais do capítulo

~
Capitulo pequeno que pouco acrescenta na história... Sinto muito por isso! ._.



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