Cendrillon escrita por Sweet Pandora


Capítulo 6
Capítulo 5 - Don't want to say goodbye




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Chapter V - Don’t want to say goodbye

 

Inacreditável. Toda aquela situação era absolutamente inacreditável. Antes tudo em sua vida era tão simples e ligeiramente tedioso... Quando as coisas fugiram de seu controle de forma assim tão inesperada?

Maldito o momento que cedera aos insistentes convites de Kaya e decidira ir ao tal baile de máscaras. Maldito o momento em que conhecera Kamijo. Maldito momento que se apaixonara por ele!

Se nunca tivesse o conhecido, neste momento, ele com toda certeza estaria...

- Hizaki. - A voz de Kaya o chamou suavemente, quase como um suspiro, de uma forma que raramente acontecia - É um milagre, Hizaki!

- O que? - A mente do outro enrolara-se ainda mais ao ver um sorriso e lágrimas cristalinas brotarem na face da “princesa” - Você quer dizer que...

- Kamijo e Teru estão vivos! Eles ficarão bem!

Um silêncio dominou a sala de visitas, onde os dois se encontravam. Pela primeira vez em várias horas, era um silêncio de pura alegria e felicidade divina. Um sorriso, tão grande quanto o de Kaya, surgiu no rosto de Hizaki e os dois compartilharam um abraço aliviado.

Repentinamente, fadas madrinhas, amor verdadeiro e felizes para sempre... Toda aquela besteira dos velhos contos de fada... Tudo parecia fazer sentido!

Quase sem pensar, ele correu pelos corredores do palácio buscando aquele quarto de hóspedes, onde, numa bela noite, conseguiram conversar pela primeira vez. Ah... aquela noite... Se a vida fosse perfeita, ela jamais teria se findado!

“Espero que isso não o tenha decepcionado...”  

Uma das primeiras coisas que disse a ele retornou à sua memória, como um flash.

“E que você não tenha se apaixonado por mim.”

Teria sido bom... Muito melhor, por sinal, se Kamijo o tivesse escutado. Se ele desistisse daquela besteira, Hizaki não sucumbiria, como estava prestes a fazer, a um pecado bizarro e condenável. Mas, a pior parte disso tudo, é que nada daquilo parecia importuná-lo de forma alguma.

Abriu a porta do quarto de hospedes, em uma quase desesperada alegria. Precisava vê-lo, tocá-lo, falar com ele. Queria tirar de seu coração a terrível sensação de quase perdê-lo.

 No entanto, seu amado estava adormecido. Juka, Yuki e o pequeno e ainda ferido Teru, encarregados de escoltar o repouso do rapaz, olharam para a porta, todos esboçando um sorriso exausto. Ah, que noite!

Não fora necessário trocar uma palavra sequer. Ao que Hizaki adentrou o quarto, os três se encaminharam para fora, encontrando Kaya no corredor. Estavam todos decididos a dar ao casal ao menos um momento de privacidade após o ocorrido.

Caminhavam, todos eles, para algum lugar do palácio, o qual ninguém decidira. Pareciam caminhar sem rumo, centrados cada qual em seus pensamentos.

- O casamento será adiado. - Kaya comentou, de súbito, fazendo com que os outros se virassem, surpresos - Não me sinto... emocionalmente disposto no momento.

- Kaya! - Juka o repreendeu, cabisbaixo - N-Não adianta tentar fugir! Se não quer casar-se, cancele o casamento!

As lágrimas do rapaz começaram a cair. Por duas ou três vezes, ele tentou falar mas a voz traiu-lhe.

- P-Por favor... Eu lhe peço! Eu imploro! Cancele! - Ele arranjou forças para continuar falando, ainda incapaz de encarar seu gentil amado - Depois disso, será adeus... pela eternidade. Eu não vou agüentar, Kaya, viver um único dia sem você!

- Se eu estou adiando qualquer coisa... é por sua causa. - Kaya sorriu, corado, e balbuciou em palavras gentil, erguendo o rosto de seu confidente com uma de suas mãos - Temo que não aja jeito para nós dois, mas... Enquanto pudermos aproveitar o tempo que resta...

- Aproveitemos então!

Dessa forma, ambos desapareceram por entre corredores, em passos, desta vez, com destino certo. Eles riam... Mas nem os mesmos saberiam dizer o porque.

Yuki e Teru encararam-se longamente... Estavam sozinhos, coisa que não acontecia desde a manhã. Um sentimento ligeiramente desconfortável percorreu o âmago de ambos.

- Vai demorar um pouco até que tenhamos companhia outra vez, Yuki. - Teru sorriu, tentar destruir tal sensação de desconforto - Que tal... Jogarmos algumas partidas de xadrez?

- Xadrez... - O servo riu baixo, acariciando a cabeça do mais jovem - Parece uma ótima idéia.

~o~

Eis que, num repente, ele podia ver tudo... Tudo que, quando ainda era muito jovem, o alegrara e o ferira.

Ele podia ver o corpo abatido de sua mãe, em seu último suspiro de vida.

Ele podia ver a expressão de seu pai ao perder sua doce amada.

Ele podia ver a segunda esposa de seu progenitor que, com um pequeno bebe nos braços, exigia que as empregas o vestissem com roupas de mulher.

Tudo aquilo doía, no fundo de sua alma, e fazia os momentos felizes parecerem tão... efêmeros. Contudo, naquele momento em que todas as suas dores antigas se acumularam, ele viu o doce sorriso de Teru, a voz gentil de Yuki, a voz firme de Juka e o gracioso risinho de Kaya.

Por último, pôde ver todos os momentos ao lado da pessoa que mais amou em toda a sua vida. Viu sua face pálida, a pele gelada e os olhos imóveis... Um semblante de morte. Não! Aquela última parte era um delírio de sua parte... Tinha que ser! Tudo ia ficar bem, não ia?

 A visão se desfez e Hizaki sentiu seu corpo se erguer... Um sonho! Pelos céus, fora tudo um sonho bizarro. Ainda coberto de insegurança, direcionou o olhar a seu amado. Para sua surpresa, Kamijo estava desperto e o encarava, com um fio de preocupação fugindo-lhe pelos olhos muito azuis.

- Hizaki... Esteve sonhando? - Ele balbuciou, com algum esforço, possivelmente graças ao dano físico - Era... algum pesadelo? Algo que você pode me contar?

- Kamijo! - As lágrimas rolavam descontroladamente dos olhos de Hizaki, que jogou-se sobre o peito do outro -  Eu estive tão preocupado! Achei que nunca mais fosse te tocar! Achei que... tudo estaria... e logo agora que eu... eu... Eu te amo tanto, Kamijo... Tanto que chega a doer!

Mergulhado em um poço de alegria, o rapaz ferido tomou os lábios de seu amado de forma súbita e apaixonada. Ah, se momentos como aquele pudessem durar para sempre... Infelizmente, a necessidade de oxigênio fez com que se separassem, ofegantes.

As mãos de Kamijo puxaram o outro delicadamente para a cama, fazendo-o deitar sobre si.

- Você ainda está ferido... - Hizaki protestou - Talvez devêssemos esperar pelo casamento!

- As feridas não doem mais. - O rapaz replicou, beijando-o, calmamente, desta vez - Eu não posso suportar essa espera mais um único instante.

Não foram ouvidos mais protestos ou contestações. Precisavam desesperadamente um do outro e nenhum dos dois conseguia esperar mais um segundo sequer.

~o~

Já fazia um certo tempo desde que amanhecera. As empregadas empenhavam-se em manter tudo limpo e arrumado, o que, num lugar daquele tamanho, parecia impossível.

Yuki mirou a paisagem pela ampla janela da sala de estar. Apesar de ter passado a madrugada inteira acordado, não tinha um pingo de sono... Nem sequer pensava nisso, seus pensamentos estavam mais distantes: na vila.

Àquela altura, os nobres convidados da festa da madrugada anterior já deviam ter começado a espalhar os curiosos acontecimentos para seus empregados, que logo ajudariam a tornar tal noticia famosa à todos.

Sim... Logo os nomes de Teru, Hizaki, Kamijo e, infelizmente, o dele próprio percorreriam as bocas de todos das redondezas. As pessoas, certamente, o bombardeariam com perguntas idiotas que ele não saberia responder... Pensar sobre isso o aborrecia.

Sentiu, subitamente, um par de bracinhos delicados a envolvê-lo pela cintura. Não era necessário que se virasse para saber que eles pertenciam a Teru.

- No que está pensando, Yuki? - O mais jovem usou um tom de voz sério, como raramente fazia - É... No que aconteceu esta madrugada?

- De certa forma... - Respondeu, ainda pensativo - O povo há de ouvir falar a respeito disso em breve... Estava imaginando as perguntas que teremos de aturar.

- Nee... Yuki... - A voz do pequeno retornou a seu costumeiro tom manhoso, enquanto ele acariciava o curativo em seu braço - Por que atiraram em mim? E em Kamijo? Nós não... fizemos nada!

- Eu não acho que qualquer um de vocês dois era o alvo, Teru. - Yuki expôs seus pensamentos quase que por acidente - Mas não é como se eu pudesse afirmar muita coisa. Tudo que eu tenho é uma ou duas hipóteses a respeito.

- Conte-me!

- Por alguma razão... - O servo continuou, vendo o interesse de seu jovem mestre - Ao repetir a cena em minha cabeça, não consigo retirar a impressão de que o atirador queria atingir... Hizaki.

Yuki pensou em continuar seu pensamento, mas não havia nada muito bem formulado em sua mente a não ser por aquilo. Teru, num compreensivo silêncio, não cobrou qualquer outra explicação.


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Notas finais do capítulo

uhuu, agora ninguém mais quer matar a autora, né? 8D

Espero que tenham gostado õ/



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