No que eu estava pensando? Uma caixa de música estranha iria mesmo me fazer ver um garoto que nem na cidade está? E se eu tiver sido enganada?

Olhei o relógio que marcava 22h15min do dia 25/12, eu ainda não dei corda na caixa e nem sei se pretendia fazer isso.

– Acho melhor eu ir dormir, amanhã eu faço meu pedido, eu já comprei mesmo.

Coloquei a caixa em cima do criado mudo e do seu lado a chave que servia pra abrir a fechadura, a outra chave desde aquele dia eu não tinha tirado do pescoço, mesmo que não acredite muito em que tipo de magia ela possa me oferecer.

Ouvi a portar do meu quarto abrir, era minha mãe que entrou e fechou a portar atrás dela devagar.

– Oi filha, já está indo dormir?

– Sim estou um pouco cansada depois de ter que receber tantos convidados.

– Haha é cansativo mesmo quando todos os membros da nossa enorme família resolvem nos visitar, hummm.

Minha mãe parou o olhar na caixa de música ,eu gelei iria começar um interrogatório sobre essa bendita caixa, o pior é pensar no que responder a cada pergunta, sem deixar minha mãe desconfiar que sair no meio da noite.

– Que caixa linda, você guarda algo nela? E onde você a conseguiu?

– É uma caixa de música, eu comprei em uma loja na cidade.

– Oh uma caixa de música! Eu adoro caixinhas de músicas, vamos abri-la.

Felizmente minha mãe se animou com a caixa e esqueceu sobre sua procedência, ela olhava o objeto encantada enquanto o pegava com as mãos, porém este não queria abrir, pois estava trancada.

– Que estranho ela parece estar trancada, como você abriu ela?

– Eu ainda não abrir, vou abrir amanhã e ela só tocará se você a der corda com essa chave.

– Abrir amanhã?! Não, amanhã tenho que trabalhar e não aguentarei trabalhar pensando em qual canção essa linda caixa toca, vamos abrir agora.

Minha mãe falou enquanto pegava a chave e encaixava na fechadura, eu ouvi um estalo simbolizando que a caixa havia sido aberta.

“Eu tenho que fazer meu pedido agora quando a música tocar, por que ela teve que ver essa caixa logo agora?”

Minha mãe terminou de dá corda e uma música começou a ecoar pelo meu quarto a canção era linda e parecia ter vindo de um verdadeiro conto de fadas, ela fez a atmosfera do meu quarto ficar totalmente envolvida com a melodia, em cima da caixa não havia uma bailarina como de costume dançando, mas sim um casal que tornava cada nota daquela música mais envolvente, minha mãe estava totalmente encantada com toda a atmosfera que a caixa proporcionava é como se ela nos prendesse ao ponto de perdermos o foco de qualquer coisas que estivéssemos fazendo naquele momento e nos esquecêssemos de quem estava ao nosso redor, percebi que a música estava diminuindo o volume como se já estivesse no fim.

Eu ainda não tinha feito meu pedido! Me lembrei depois de algum tempo sendo envolvida como minha mãe.

– Por favor, que eu encontre o Nathaniel nessas férias para podermos conversar um pouco e que...

A música acabou antes que eu pudesse terminar de falar.

–...E que a Ambre não nos atrapalhe...

Essa última parte não seria realizada, a música tinha acabado e não tocaria novamente... Por que eu demorei tanto...?

– Nossa, minha filha é uma linda canção, deveria guarda com muito carinho essa caixa, nunca ouvi nada igual antes. Boa noite!

Minha mãe falou enquanto se levantava, me deu um beijo na testa e saiu do quarto.

– Muito legal se eu realmente encontrar ele nas férias eu corro o risco de encontrar Ambre junto, ninguém merece.

Passei a madrugada em claro pensando em como eu iria encontrar o Nath nos próximos 10 dias, e se nos encontrássemos o que faríamos, eu não poderia apenas ficar olhando pra ele sem saber o que dizer feito uma boba.

Já se passaram cinco dias desde que minha mãe abriu a caixa, mas nada aconteceu, estou voltando de um dia de compras com a Rosa, ela ainda insisti que eu tenho alguns gostos ruins pra roupas, mas ela ainda não entendeu que não tenho intenção de mostrar minhas roupas íntimas pra ninguém fora o meu espelho (isso se ele fosse considerado humano) e desde que o Dake entrou no meu provador eu prefiro experimentar as peças em casa se caso não tiver alguém vigiando meu provador, espero que ele não volte tão cedo da Austrália.

Resolvi andar mais um pouco antes de ir pra casa, então fui pelo parque, estava cheio de crianças com seus pais brincando e podíamos ver também mais cachorros que o normal, devido a eles os gatos estavam todos escondidos. Lembrei de Salém, o apelido do gatinho de rua que Nathaniel sempre vinha dá comida, eu quem escolhi o nome.

Avistei Salém entre os arbustos e estava prestes a chamá-lo, mas a chave que eu estava usando como colar algum tempo começou a pesar no meu pescoço como se ela estivesse ganhando peso, tirei do meu pescoço rapidamente e está caiu fortemente no chão fazendo Salém correr pra longe, tentei pegar a chave do chão e percebi que na sua ponta saia uma luz azulada ou seria roxa...? Não sabia ao certo estava muito fraca pra poder enxergar.

Peguei a chave, mas não sabia o que fazer para apagar a luz que ainda estava saindo dela, outro gatinho chegou perto de mim e começou a brincar com o cordão da chave a fazendo cair da minha mão, mas desta vez ela caiu como se apontando pro norte e a luz começou a ficar mais forte, será que é algum sinal? Como que por instinto eu fui pro norte e segui as coordenadas que a luz da chave me indicava, nunca havia me sentido tão louca em toda minha vida, pois agora tudo era real, não teria como eu esta sonhando a mais de uma semana sem acordar, tudo bem que já sonhei com muitas coisas fora do comum, coelhos que falam, duendes, bruxas e até vampiros, mas desta vez se fosse um outro sonho eu com certeza estou de coma, pois já se passou mais de uma semana dessa minha loucura.

Eu pensava enquanto seguia a luz produzida pela chave.

Continua...