The Real Effect escrita por LeoPG


Capítulo 2
Capítulo 1- amigos?


Notas iniciais do capítulo

Heye! Voltei! Um pouco atrasado mas voltei o/



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Pov. Katniss

–Claro que não!- resmungou Cato cansado.

–Então mexa essa bunda branquela até o chuveiro antes que eu mesma te arraste!- Clove pediu, lê-se obrigou.

–Eu não quero ir para escola hoje!- ele resmungou novamente ainda com a cabeça afundada no travesseiro.

Deixe-me explicar a situação em que nos encontramos. Eu e Finn acabamos acordando cedo demais e deu tempo para passarmos na casa de nossos amigos para irmos á escola juntos, mas não deu muito certo pois Cato ainda está dormindo. Ele veste um calção e uma camisa branca, ele está de costas com a cara no travesseiro enquanto eu, Clove e Finn tentamos faze-lo levantar mas ele parece recusar a isso.

–Vamos Cato! Anda se não vamos nos atrasar!- disse Finnick cutucando as costas do meu amigo com uma raquete de tênis.

–Eu já sei, me dê isso- Finn entregou a raquete a ela. Pelos meus cálculos isso vai dar merda- Vou contar até três para você levantar... Um, dois... Desisto- Clove puxou o calção de Cato deixando sua bunda branca a mostra e bateu com a raquete ali fazendo-o gritar de dor e dar um pulo da cama.

–MALVADA!- gritou ele- Não é porque você não tem bunda que precisa maltratar a dos outros!

–O que disse?- Clove disse com uma expressão ameaçadora batendo com a raquete na mão.

–Eu disse que vou tomar banho- ele pegou uma roupa e saiu correndo para o banheiro.

–Anda logo!- gritei.

–Vem me lavar então!- ele gritou de volta- Vem me ensaboar Clove!

–Olha o respeito!- gritamos juntas.

♡∞♡

–Segura essa bola, Katniss! É tão difícil assim?!- gritou o treinador.

–Mas é muito rápido!- gritei de volta.

Estamos na aula de educação física agora jogando vôlei, já disse que odeio isso?! Clove está no time oposto ao meu, ou seja elas estão ganhando de lavada enquanto o meu time só grita comigo quando deixo a bola passar. O treinador apitou, podia ver que ele estava com uma tremenda raiva de mim nesse momento.

–Fim de jogo! Agora o time masculino- ele anunciou, me sentei ao lado de Cato que resmungava algo como um "não quero escolher time" enquanto Clove se sentava do outro lado dele- Marvel e... Hm... Drake, tirem o time.

–Sim!- comemorou Cato, ele odeia tirar time porque nunca consegue tirar alguém bom.

–Ér... Drake não vem mais- comentou um dos alunos.

–Por que?

–O avô dele faleceu ontem- Clove explicou.

–E isso lá é motivo para faltar?! Cato, tira time com Marvel!- e o sorriso do meu melhor amigo morreu fazendo eu e Clove gargalharmos.

–Cato, não escolha o Peeta- disse-lhe apontando com a cabeça para o loiro sentado a alguns metros de nós- Não quero que Marvel tente fazer algo com ele.

–Tudo bem- ele respondeu e se levantou e começou a escolher o time.

Marvel escolheu primeiro seus amigos e Cato os seus até que sobrou somente Peeta que graças a Deus foi para o time de Marvel, ótimo pois assim tem menos chance do idiota do meu ex-namorado não tentar acerta-lo com a bola.

Falando no Peeta, ele estava até engraçado vestindo a roupa da aula de educação física. Uma bermuda azul meio folgada e uma camisa branca bem larga nele que o treinador o obrigou a usar, o que foi um pouco estranho já que nenhum dos outros trajavam o "uniforme" e segundo as palavras do treinador os novatos teriam que usar isso.

Para falar a verdade acho que ele fez isso só para humilhar Peeta de uma certa forma. Bom, eu não duvido de nada que esse velho possa fazer. Nosso treinador, Snow, é um velho barbudo que lembra muito o papai Noel. Sim é bem estranho ter ele como professor de educação física, ou como ele prefere ser chamado, treinador. Ele é muito estranho, há boatos de que ele tentou abusar de uma aluna do terceiro ano mas nada foi confirmado já que a garota se formou um tempo depois e saiu desse inferno, sorte a dela.

Volto a minha atenção ao jogo que já começou, Cato saca e a bola vai em direção a Peeta que com sorte consegue fazer um bom passe para Marvel que deixou a bola cair no chão fazendo o treinador apitar e todos do outro time comemorar.

–Você não sabe pegar uma bola não, otário?!- grunhiu Marvel olhando ameaçador para o loiro que parecia confuso, estava enganada. Marvel pode sim fazer algo contra Peeta mesmo estando no mesmo time, como um dia me apaixonei por isso?!

–Continuando o jogo, ponto time do Cato- treinador diz.

O jogo recomeçou, dessa vez a bola foi em direção a Marvel que deu um passe para seu amigo que acertou com a bola na cabeça de Peeta fazendo-o cair no chão. Treinador apita e corro em direção ao loiro caído no chão, logo Clove e Cato estão ao meu lado enquanto me abaixo para ajuda-lo.

Me surpreendi ao encontrar seus olhos azuis intensos fechados enquanto suas mãos apertavam o tecido da bermuda de uma maneira tão forte que fiquei com medo de que a qualquer momento ela pudesse rasgar, só então me lembro do que Cinna me contou ontem. Ele está tendo um de seus flashes.

–Peeta- toco seu braço- Não é real, volta! Não é real- sussurro segurando seu braço sentindo seus músculos tencionados relaxarem aos poucos- Está tudo bem.

–Está tudo bem, novato?- Treinador pergunta quando Peeta abre os olhos, ele assente para a pergunta- Tem certeza?- ele confirma com a cabeça- Marvel e Rodrick, para a diretoria agora. Todos, duas voltas na praça da escola. Vai!

Começamos a correr em volta da praça da escola, corri ao lado de Clove e Cato e conversávamos banalidades. Percebi que Peeta estava estranho, ele estava a nossa frente e ele meio cambaleava. Depois de uns minutos Snow reapareceu dizendo para voltarmos para aula pois a sua já havia acabado. Felizmente a próxima aula era música com a professora Portia, mulher do professor Cinna.

–Esse ano estou trabalhando com o professor Cinna e a professora Effie de teatro para montarmos uma peça antes das férias do meio do ano, o que acham?- disse a professora depois que a aula já havia começado.

–Isso é sério?!- perguntou Clove com um grande sorriso no rosto.

Eu, Cato, Clove e Finn já fizemos teatro mas tivemos que sair por motivos pessoais e é evidente que nós ainda amamos atuar, geralmente quando ocorre alguma peça na escola nós nos inscrevemos de cara.

–Sim, ficou interessada?- pergunta a professora.

–Claro! Quando começam os testes?

–Semana que vem, no auditório- responde sorrindo- Será um musical, com direito a músicas e penteados maneiros... Será Grease!

–O que é isso?- perguntou Glimmer, revirei os olhos por sua falta de cultura.

–É um musical dos anos 80, estrelado por Jon Travolta e Olivia Nilton John- explicou Cato.

–Isso mesmo, Cato! Foi um grande sucesso, e agora nós vamos fazer isso. Mais alguém aqui conhece?- levantei a mão ao mesmo tempo que Cato, Clove e Delly. Peeta estava com a mão um pouco levantada- Peeta? Conhece?- ele assentiu sorrindo fazendo a professora Portia sorrir de volta.

–Eu não conheço esse negócio mais vai ser minha chance de brilhar- disse Glimmer- O papel principal é meu.

–Faça o teste e veremos isso!- diz a professora e a Glimmer sorri afetada.

–Claro, prof.- de longe era possível perceber a falsidade em sua voz irritante- Já que Peeta conhece ele podia ser meu par, não acham?

–Se ele se interessar...

♡∞♡

–Para! Me devolve!- grita Clove pulando tentando inutilmente pegar o chocolate que Cato segura no ar.

–Pula mais alto, baixinha!- Clove o encarou com raiva e parou de pular, quando pensei que ela iria desistir ela deu um simples chute nas partes baixas do loiro fazendo-o se arquear para frente deixando o chocolate da altura de Clove permitindo que a morena pegasse de sua mão sorrindo vitoriosa- Argh... Katniss! Não vai me ajudar?!

–Não! Você mereceu! Roubou o chocolate dela- respondi dando de ombros enquanto passávamos pelo portão. O loiro me olhou incrédulo e sorri- De nada.

–Katniss, aquele seu amigo é muito estranho- Finn apontou para um loiro distante de onde estávamos.

Peeta estava sentado encostado em uma árvore do outro lado da rua, sua mochila estava jogada ao seu lado. Ele apertava as mãos sobre as orelhas e seus olhos estavam fechados, em seu rosto havia uma expressão de dor como se alguém estivesse espancando-o ou gritando injúrias em seus ouvidos.

Senti algo estranho, como se isso fizesse todo meu peito doer. Sua expressão terrível fazia com que eu tivesse uma vontade enorme de tornar sua dor minha só para não vê-lo sofrer como ele está agora.

Ms lembro do que Cinna havia me dito, ele tem vários flashs por conto do acidente e isso o deixa nesse estado. Corri até o outro lado da rua ignorando as buzinas e os restos de repreensão dos motoristas, me agachei ao seu lado e então consegui entender que ele sussurrava algo.

–Não é real... Não é real...- ele sussurrava.

Seu corpo todo tremia como se estivesse nevando sobre sua cabeça e ele vestisse apenas um cueca, sem saber o que fazer passei minhas mãos sobre seus cabelos sentindo o macio de seus cachos dourados. Pude ver seus músculos tencionados aos poucos relaxarem, com a outra mão eu afogava seu braço. Aos poucos ele parou de tremer e sussurrar as mesmas palavras, quando pensei que ele havia se recuperado ele começou um choro forte.

Meus amigos haviam atravessado a rua também e estavam ao meu lado, olhei para o portão só para ver os outros alunos com olhares curiosos sobre nós, alguns tinham pena no olhar e outros cara de descaso. Como a boa parte da minha escola não passa de filhinhos de papai prepotentes e idiotas, a maioria olhava com desdém.

–O que eu faço?- sussurrei para que meus amigos ouvissem.

–Eu não sei- Clove se abaixou também ao meu lado.

–Está tudo bem, Peeta- sussurrei- Está tudo bem, okay?! Não é real.

–F-foi minha... C-culpa- ele sussurrou.

–Não foi sua culpa, Pee...- digo para acalma-lo- Foi um acidente, você está bem- um carro parou do nosso lado na rua e vi a tia de Peeta e Annie descendo do carro, Finnick ficou babando.

–Peeta! Querido- ela abaixou ao seu lado- Está tudo bem?- ela sussurrou, ele concordou com a cabeça.

–Mãe, acho melhor levarmos para o carro- Annie disse- Oi gente- respondemos juntos um "oi".

–Mas Annie, e sua matrícula?!- a tia de Peeta perguntou.

–Eu posso fazer amanhã- ela responde-Meninos, podem ajudar a levar ele para o carro?

Cato e Finn o colocaram no banco de trás do carro, ele parecia inerte em pensamentos que nem parecia notar estar sendo carregado. A tia dele nos agradeceu e saiu com o carro porém Annie continuou ali.

–Eu gostaria de conversar com vocês, podemos ir a um lugar melhor?- ela perguntou com seu jeito doce, Finn pigarreou ao meu lado.

–Claro, tem uma sorveteria aqui perto- ele disse e seguimos até lá em silêncio.

Ao chegarmos na pequena sorveteria pedimos um sorvete cada um, eu apenas peguei um milkshake de chocolate, Annie estava conversando com Cato quando Finn que parecia explodir de ciúmes resolveu se pronunciar.

–Então, sobre o que queria conversar?- cutuquei suas costelas sorrindo maliciosa para ele que apenas me olhou feio, ri internamente.

–Sobre meu primo, Peeta- ela suspirou pesadamente- Vocês sabem sobre o que aconteceu com ele certo? Sobre o acidente?- assentimos, eu acabei contando a história de Peeta para meus amigos- Então, Peeta nunca teve amigos de verdade, ninguém que se importasse com ele.

–E o que nós temos com isso?- Finn perguntou ríspido, chutei sua perna por debaixo da mesa e ele fez uma cara de dor mas tentou concertar o que disse- Quer dizer... Por que está nos contando isso?

–Eu vejo como vocês são amigos e bem unidos, Peeta sempre teve amigos mas nenhum que fosse a casa dele e saíssem juntos- ela continua meio corada pela atitude infantil do meu irmão- Depois do acidente ele se fechou para o mundo, ele não confiava em ninguém. Quando ele começou o tratamento com a Dra. Everdeen ele começou a confiar mais nas pessoas que estavam ao seu lado, no caso eu, meus pais e a mãe de vocês.

–Desculpa mas... Pode chegar direto ao ponto?- dessa vez foi Clove, parece que ela também havia sentido ciúmes de Cato.

–Bom, ele me contou que vocês conversaram Katniss e eu vi agora pouco como vocês se preocuparam com ele enquanto as outras pessoas dó olhavam e...- ela corou antes de continuar- Quero saber se vocês estão interessados em serem amigos dele- nos entreolhamos em silêncio, ela continuou a falar- Não me entendam mal é só que... Não sobrou praticamente ninguém que se importe com ele de verdade, e eu vi a chance dele voltar a vida em vocês.

–Nós... Nem conhecemos ele direito, quer dizer a Katniss foi a única a falar com ele- Clove disse.

–Na verdade, eu tentei já tentei falar com ele umas semanas após o acidente- Cato disse- Vocês sabem, meus pais são amigos dos de Annie então eu já o vi várias vezes mas ele nem sequer respondeu meu "oi".

–Ele é assim mesmo, ele quer uma prova de que pode confiar em vocês- ela disse- Ele pode?

–Claro- respondemos em coro.

–O Peeta é uma pessoa muito gentil e as pessoas acabam abusando disso nele, eu não quero que ninguém faça ele sofrer mais do que já sofreu- ela disse e assentimos- Me prometam que se ele fazer ou disser qualquer coisa que possa ofende-los não saiam do lado dele, okay?!

–Como assim? Ele é bipolar?- Finn perguntou.

–Não é que... Quando ele tem os flashes ele acaba ficando fora de si, ele não consegue se controlar- ela explica calmamente- É como se um novo Peeta tomasse conta dele, e a gentileza e a bondade dele vai embora. É muito difícil isso acontecer, o máximo que acontece é o que vocês viram hoje mas ainda assim pode acontecer dele ficar pior.

–Está tudo bem Annie- garanto- Não vamos deixar ninguém incomoda-lo, pode confiar.

–Eu confio mas por precaução eu vou me mudar para a escola de vocês junto com ele, nos veremos mais- ela diz, Finnick tenta reprimir um sorriso mas acaba cedendo ao seu sorriso "galanteador".

–Será um prazer estudar com você- ele diz, eu olho para Clove revirando os olhos e Cato controla uma gargalhada, Annie corou intensamente.

–P-para mim também- ela gaguejou ao falar e corou mais, como se fosse possível.

–Vamos, Finn?!- perguntei me levantando, ele assentiu- Tchau Annie- dei um abraço nela.

–Tchau Annie- meu irmão deu um beijo no canto de sua boca e eu segurei uma risada, dei tchau para meus amigos e seguimos para casa.

#Pov. Peeta#

Fogo, tudo o que havia a minha frente era fogo. O calor fazia com que o suor escorresse por meu rosto, eu tentava inutilmente soltar minhas mãos da corda que me prendia na cadeira enquanto ele gargalhava olhando em minha direção. Do nada, minha mãe começou a gritar e ao olhar ao meu lado a vi pegando fogo assim como meus irmãos e meu pai, gritei com toda as minhas forças para que ele parasse com aquilo mas tudo o que ele fez foi sorrir diabólico.

–MÃE!- gritei até o ar faltar em meus pulmões, ao me recuperar notei em que não estava em um fogaréu e sim em meu novo quarto na casa da minha tia.

Um suspiro aliviado saiu de meus lábios ao notar que aquilo foi só mais um pesadelo, o mesmo que eu tenho todas as noites. Eu já acostumei com ele, uma versão diferente do acidente que provocou a morte dos meus pais e dos meus irmãos.

Olhei ao meu lado e tive uma surpresa ao notar que ainda eram cinco horas da manhã, geralmente esses pesadelos duram mais até a hora da minha "morte" lenta e dolorosa. Sem sono, me levantei e resolvi tomar um banho gelado para me recuperar. O contato com a água gélida faz meu corpo arrepiar em resposta, aos poucos fui entrando ali debaixo me acostumando com a baixa temperatura da água.

Depois de alguns minutos eu sai dali e terminei de me arrumar para a escola, ou como prefiro chamar de "meu inferno particular". Desci e não encontrei ninguém no andar de baixo e presumi que eles ainda estivessem dormindo, porém um barulho de passos descendo as escadas se fez presente quando estava terminando de comer minha maça e Annie apareceu com a mochila nas costas.

–Bom dia, primo- ela deu um beijo estalado em minha bochecha.

De todos os meus parentes eu acho que Annie é a mais carinhosa de todos, exceto pela minha falecida irmã Prim que exalava alegria por onde quer que fosse. Tratei de afastar esses pensamentos antes que as lágrimas escorressem em minhas bochechas.

–Bom dia- me limitei a responder.

–Hoje é meu primeiro dia de aula na sua escola, já tem algum amigo?- ela perguntou começando a fazer café.

–Eu estava começando a fazer uma amiga, mas duvido que depois da minha cena de ontem ela queira falar comigo- eu disse.

–Katniss?!- perguntou e eu assenti- Se ela realmente quer ser sua amiga ela n vai se afastar.

Dei de ombros e ficamos mergulhados em um silêncio confortável, apenas os sons de Annie que fazia o café poderia ser ouvido. Quando ela finalmente terminou se sentou a minha frente bebendo em sua xícara azul, continuamos em silencio até minha tia passar correndo por nós pegando uma torrada e saindo correndo para o serviço.

–Vamos ter que ir a pé- Annie comenta e eu assinto.

Saímos de casa com Annie conversando com seu namorado por mensagem e eu ouvindo Skillet no último volume em meus fones de ouvidos, não sei porque mas esse tipo de música me acalma. Olhei ao meu lado ao tempo de ver Annie digitando freneticamente com uma cara de dar arrepios, provavelmente o namorado disse algo.

Chegamos a escola e como previsto os olhares se viraram para nós, mais especificamente para mim. Os olhares só evidenciavam meus pensamentos sobre mim mesmo, sou um garoto estranho. Vejo ela andando em minha direção e cara, como ela é linda! Seus cabelos caem em cascatas em seus ombros, sua calça jeans escura apertada evidencia suas coxas torneadas, uma blusa cinza da GAP está em seu tronco me impossibilitando de ver suas curvas. Droga, estou parecendo um pervertido.

–Oi Peeta, Annie- ela abraçou minha prima e me deu um beijo na bochecha, o que eu achei estranho mas não deixei de me arrepiar com seu toque singelo ali.

–Oi Katniss, bom já que está aqui eu vou para a secretaria fazer minha matrícula- minha prima se despediu de nós e saiu mas não antes de gritar- Vejo vocês depois.

Annie é uma ano mais velha que eu, estuda no segundo ano do ensino médio e é bem inteligente. Minha prima era tipo o orgulho da família, apenas notas altas, prêmios como de vencedora de uma olimpíada de matemática, sempre elogiada por meus parentes e essas coisas. Seria mentira dizer que nunca senti inveja disso, porque eu sinto pois eu também queria ser reconhecido porém com a morde da minha família os outros parentes pareciam pensar que eu havia morrido. No velório em que não pude ir pois meu trauma ainda estava muito recente, Annie me contou que apenas meu tio Alfred perguntou se eu estava bem.

–Peeta- sou tirado de meus devaneios com Katniss estalando os dedos em frente ao meu rosto- Viajou foi?!- me limitei a dar de ombros.

Não que eu não queira conversar com ela, acredite eu quero muito ser amigo dela. Eu só... Só não sei se ela vai aceitar ser minha amiga quando eu a qualquer momento posso surtar e faze-la se afastar de mim e a última coisa que quero é fazer as pessoas se afastarem de mim mais do que já afastei, eu também tenho medo do que as pessoas vão pensar dela se ela começar a andar com o "novato louco" que é como ouvi me chamarem pelos corredores.

–Hey! Achei que tínhamos combinado de sermos amigos- Katniss disse chamando minha atenção, olhei para seu rosto delicado e a encontrei sorrindo- Não é hora para voltar atrás, certo?!

–Certo...- murmurei baixo mas ciente de que ela escutou, tirei meus fones de ouvido deixando-os pendurados em meu pescoço- Podemos... Ér... Ir em um lugar mais... Reservado?- perguntei ainda com a voz baixa.

–Claro- ela sorriu timidamente e começou a andar em direção a um lugar desconhecido por mim de forma que eu apenas a segui calado.

Chegamos no campo de futebol onde não havia ninguém, nos sentamos no topo da arquibancada apoiados na grade de ferro. A vista dali não chegava a ser linda mas ainda sim era agradável ao meu ver, dava para ver todo campo e logo atrás uma pequena floresta com árvores não muito grandes.

–Sabia que aquela floresta- apontou para onde eu já olhava- faz parte da nossa escola mas ninguém sabe disso?!

–Sério?- perguntei interessado, ela sorriu e continuou explicando.

–Sim, era para ser construído um auditório ali mas acabou sobrando um grande espaço dentro da escola e acabou que eles deixaram aquele espaço intocável- ela diz sem desviar o olhar do pequeno verde- Apenas eu e meus amigos sabemos disso, e o diretor Albernarth claro. Foi ele que nos contou sobre isso, ele já foi amigo dos pais de Clove então temos uma certa amizade.

–Nossa... Já entraram lá alguma vez?- perguntei apreciando a vista assim como ela, uma coisa me surpreende quando ela encosta sua cabeça em meu ombro. Corei violentamente mas não permiti que ela percebesse e parece ter funcionado já que ela responde minha pergunta prontamente.

–Já sim, e posso dizer que é lindo lá- olhei pelo canto do olho ao tempo de ver seu sorriso, sorri involuntariamente- Tem um lago, qualquer dia desses se você quiser podemos matar aula para irmos até lá. O que acha?

–Matar aula? Mas mal começou o ano- eu digo divertido e ela revira os olhos, volto a admirar a vista.

–O que acha que estamos fazendo?!- ela indaga divertida- Estudando é que não- solto uma risada fraca- Mas é sério, podemos mesmo ir lá.

–Claro- digo- Parece ser legal.

Ficamos mergulhados em um silêncio confortável ainda sem desviar nossos olhares da bela vista que nos era proporcionada, do nada Katniss se desencostou de mim e começou a revirar sua mochila atrás de algo que não era de meu conhecimento. Ela colocou uma mexa do cabelo atrás da orelha e mordeu o lábio inferior, uma mania que eu pude notar ao observa-la durante as aulas, não que eu fique olhando para ela o tempo todo mas... Enfim, ela finalmente achou o que tanto procurava dentro de sua mochila, e me surpreendi ao ver o que era.

–Segura- ela me entregou a carta e depois guardou todo o material que ela tirou de volta na mochila, logo após isso ela voltou ao meu lado, dessa vez ela entrelaçou suas mãos em meus braços cheios de cicatrizes cobertas por minha blusa verde, olhei para ela curioso- Leia.

–Tudo bem- eu disse abrindo a carta e começando a ler.

"Querida Katniss, eu sei que não vou durar muito tempo por isso estou escrevendo essa carta para você, minha querida. Saiba que eu te amo muito, você e Finnick são como filhos para mim. Saiba que eu me senti honrado por ter passado toda minha vida ao lado de vocês e da sua mãe.

Nunca se esqueça, pequena Catnip, eu sei que não sou seu verdadeiro pai mas saiba que eu te considero com a filha que eu nunca tive. Do seu eterno "papai", Darius"

–Darius, ele era meu padrasto- ela encara a carta ainda em minhas mãos de uma forma triste- Meu pai se separou da minha mãe alguns meses após eu ter nascido e ele nunca ligou de fato para mim, um ano depois minha mãe conheceu Darius no consultório dela e logo eles estavam se casando, ele tratava eu e Finn como filhos dele e crescemos como se ele fosse o nosso pai verdadeiro. A um ano atrás ele descobriu estar com câncer já em estado terminal e morreu nove dias depois de ter escrito essa carta.

–Eu sinto muito- digo tentando limpar suas lágrimas, seus soluços se tornaram intensos e foi inevitável não começar a chorar junto.

Tentando de uma forma consola-la a abracei apertado enquanto chorávamos juntos, ela soluçando e eu em silêncio. Depois de um tempo nossos choros cessaram e ela me encarou confusa.

–Por que está chorando?

–Não gosto de ver ninguém chorar- respondo sorrindo torto, ela retribui.

–Mellark! O que está fazendo com a minha garota?!- um grito do baixo da arquibancada é ouvido, olho exasperado para Katniss que da risada da minha expressão- Maninha- Finnick, o irmão de Katniss aparece. E eu achando que era Marvel- Peeta, estamos combinando de ir lá na floresta, topam?

–Claro- antes que pudesse protestar, Katniss respondeu por mim- Peeta também vai.

–Eu sei, Annie também vai- ele disse- Já estamos indo, vamos?- ele apontou para o começo da arquibancada onde estavam minha prima e os amigos de Katniss.

–Claro, só um minuto- ele desce e me levanto seguindo Katniss, ela se vira para mim e estende a mão, mesmo curioso a seguro- Amigos?

–Amigos- respondo sorrindo.


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Notas finais do capítulo

Quinze reviews para o próximo! Se quiserem recomendar eu agradeço huehuehue