The Real Effect escrita por LeoPG


Capítulo 3
Capítulo 2- Estou Aqui


Notas iniciais do capítulo

Bem, primeiramente me desculpem pela demora que tive para atualizar a fanfic, eu tive um enorme bloqueio criativo durante todo esse tempo mas mesmo assim eu tentei escrever e finalmente o bloqueio está indo embora uhuuuul o/ tentarei ser mais rápido para o próximo capítulo, prometo! Como eu disse, mesmo com o bloqueio eu tentei escrever mas o capítulo não ficou tão bom quanto eu queria mas espero que gostem mesmo assim. Quero agradecer a todos vocês que comentam e me ajudam em todos os capítulos, e aos que recomendam muito obrigado mesmo, vocês são demais mesmo. Bem, está ai, espero que gostem e aproveitem que o próximo tem algumas surpresinhas...



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NOTAS INICIAIS IMPORTANTE! LEIAM, POR FAVOR

Pov. Katniss

–Está tudo bem?- perguntei quando sua mão estremeceu enroscada contra a minha, seus olhos estavam fechados- Está tremendo...

–Está... Hm... Tudo bem- ele sussurrou tentando me acalmar, mas eu não acreditei em suas palavras já que a situação mostrava o contrario do que ele dizia.

Sua respiração estava ofegante, a pele de seu rosto estava ficando levemente avermelhada e algumas poucas lágrimas escorriam por seu rosto. Já faz alguns minutos que estamos andando pela floresta a caminho do lago, meus amigos já estão avançados e nem notam que paramos no meio do caminho. Há alguns segundos atrás Peeta estava conversando normalmente comigo, mesmo que seja a base de sussurros e agora está assim...

–Peeta...- ele abriu os olhos rapidamente.

Sua mão que estava entrelaçada a minha se soltou para limpar as lágrimas livres por seu rosto anguloso, o vermelho presente em suas bochechas agora eram causados por sua vergonha. Espera! Peeta tem vergonha de mim?! Se bom que ainda estamos no começo de nossas amizades, mas acho que não há motivos para ele sentir vergonha de mim. Como forma de reconforta-lo, passo minha mão por suas costas e o abraço de lado. Ele ficou surpreso com minha atitude mas logo retribuiu com a mesma intensidade e me puxou para um verdadeiro abraço enquanto eu escondi meu rosto na curvatura de seu pescoço inalando seu cheiro inebriante.

Seu abraço era reconfortante e me dava uma inexplicável sensação de paz e, assim como seu cheiro, fez com que eu me sentisse em um lugar seguro como se seus braços fossem meu refúgio. Com tanto pouco tempo de convivência, Peeta mexe comigo de uma maneira que simplesmente não posso explicar e isso me assusta. Sei que Peeta não faria algum tipo de mal contra mim ou então me magoaria, mas mesmo que eu esteja começando a confiar nele eu não poço simplesmente abaixar minhas barreiras.

Decidi não pensar nisso por ora, então apenas me limitei a continuar aproveitando o calor de seu abraço enquanto uma leve brisa batia contra nós e um cheiro natural invadia minhas narinas.

Nossa pequena "bolha" foi interrompida graças ao som de passos e galhos se quebrando, o que me fez soltar Peeta mesmo relutante e ficar atenta ao que estava acontecendo.

Alguém pode estar nos seguindo, mas o que especificamente?! Um dos monitores nos viu e veio nos levar de volta para dentro da escola para tomarmos uma advertência?! Ou será que é algum sequestrador ou coisa do tipo?! Bom, eu acho que preferiria os monitores ou até mesmo os seqüestradores do que as figuras que surgiram de trás das árvores. Marvel acompanhado de seus outros dois amigos, Brutus e Rodrick estavam rindo de alguma piada contada por algum dos imbecis quando nos viram. Peeta ficou tenso e seu rosto mostrou uma expressão dura ao ver de quem se tratava, Marvel sorriu irônico e arqueou uma sobrancelha com aquela expressão cínica que somente ele possuía.

–O-o que faz aqui?- perguntei ao me recuperar do susto inicial, Marvel manteve a expressão irônica.

–Nossa, esperava uma recepção melhor, Catnip- ele disse com veneno perante sua voz- Vi vocês passando pela portinha do campo, não sabia desse lugar. Por que nunca me trouxe aqui, Catnip?! Ou só trouxe o novato ai para algum tipo de "tratamento VIP"?!

–Vai embora, por favor- pedi já de saco cheio de sua existência, como pude namorar com um cara tão idiota?!

–Assim você me magoa, amorzinho- ele disse, seus amigos riram enquanto eu revirava os olhos. Meu olhar caiu em Peeta que mantinha uma expressão dura, ele desviou o olhar carregado de fúria para me olhar alarmado, talvez ele tenha percebido que estou prestes a estourar.

–Mervel, não me faça perder a paciência se não eu...

–Se não o que, Catnip?! Acha mesmo que está com tanta moral de me ameaçar?!- ele disse- Se eu sair daqui, vai ser para contar ao diretor onde anda seus aluninhos preferidos e o novato. Isso não seria nada bom, não é mesmo?!

Não respondi nada pois vindo de Marvel eu não duvido de nada, apenas segurei o braço de Peeta e comecei a andar e posso jurar que Marvel está exibindo aquele seu sorriso maldoso e cínico de sempre se vangloriando e seus amigos imbecis dando uma risada baixa. Os músculos de Peeta que antes estavam relaxados ao me abraçar agora estão rijos feito pedra, a presença de Marvel o afetava de alguma maneira inexplicável como se a qualquer momento ele poderia se tornar uma grande fera e tentar atacar o loiro ou algo do tipo.

Finalmente chegamos ao lago, meu maravilhoso lugar que presenciou as altas zoeiras minhas e de meus amigos. Há tantos motivos para amar esse lugar, um dos principais dele é a beleza desse lugar. Tudo aqui me encanta e um sentimento gostoso envolve meu peito me fazendo até esquecer que Marvel estava aqui, olhei para o Peeta e ele admirava a beleza do lugar onde estamos e, pelo brilho diferente em seu olhar e o pequeno sorriso que brotou em seus lábios, pude notar que ele havia gostado até o Marvel interferir e estragar toda a beleza do lugar.

–Olha, é bem melhor do que pensei- Marvel disse passando entre Peeta e eu trombando de propósito no ombro do loiro ao meu lado me fazendo soltar seu braço.

–Marvel?!- indagou Clove surpresa- O que faz aqui?!

–Longa história, Clovinha- ele a alfinetou andando junto com seus amigos em direção a beira do lago- Acha que dá para afogar alguém aqui?

–Se essa pessoa for você- escutei Cato falar baixinho para que só eu, Clove, Finn, Annie e Peeta escutássemos. Ri minimamente olhando para o loiro ao meu lado que, apesar de estar com um sorriso, carregava um olhar preocupado.

–O que disse, Catito?- Marvel virou-se com uma sobrancelha arqueada para Cato.

–Que esse lugar é muito lindo- mentiu sorrindo irônico, Clove balançou a cabeça se negando a acreditar que ele realmente estava aqui.

–Ele é seu namorado?- Annie perguntou ao se aproximar de mim.

–Não mais- respondi me sentindo orgulhosa por dentro por ter, graças a Deus, terminado com esse imbecil mesmo sem um aviso formal.

Na maior parte do tempo ficamos sentados nos encarando esperando a infantilidade de Marvel e seus amigos resolver ir embora mas isso não aconteceu, para nossa total tristeza ele parecia determinado a ficar ali até conseguir nos irritar ao extremo. O mesmo se encontra ainda na beira do rio jogando pedras no lago como se isso fosse a coisa mais interessante do mundo enquanto faz piadas idiotas com seus amigos.

Quando finalmente chegamos a infeliz conclusão de que Marvel não nos deixaria em paz resolvemos apenas fingir que ele não estava ali a agimos naturalmente, Cato iniciou uma conversa sobre a nova professora "gata" de sociologia mas, para falar a verdade, eu não dava a mínima para o que eles falavam.

Meus pensamentos estavam ligados ao incrível garoto de olhos azuis que jazia ao meu lado distraído no meio da conversa e ouvia atentamente as besteiras proferidas por meu irmão e meu melhor amigo enquanto Clove argumentava o quanto os dois eram idiotas e Annie concordava rindo, eu realmente não me importei se estava parecendo um pouco estranha o encarando sem motivo aparente pois eles estavam tão entretidos na conversa que nem notaram meu silêncio.

Peeta tem um rosto angular que combinava com seus lábios finos rosados e incrivelmente convidativos, seus olhos azuis brilhavam em contraste com a luz do ambiente fazendo-me perder naquele mar calmo ao encara-lo. Toda vez que ele solta um sorriso- o mais pequeno que for- ele cora um pouco, não sei ao certo se é realmente por causa de seu sorriso ou pelas besteiras faladas durante a discussão que meus amigos estavam tendo naquele momento.

–Katniss!- Clove sussurrou cutucando minhas costelas discretamente me tirando do estado de "transe" a qual me encontrava- Para de encarar, já está ficando estranho!

–Não sei do que está falando- fiz-me de desentendida, o que pareceu não funcionar já que Clove me mandou um daqueles que só sua melhor amiga consegue dar- Não me olha assim! Estava apenas viajando, okay?!

–Viajando no sorriso do nosso querido Mellark, uh?!- ela murmurou me fazendo ficar extremamente envergonhada por sua falta de sutileza- Limpa aqui- ela fez um sinal para que eu limpasse o canto esquerdo dos meus lábios, porém não havia nada ali e ela sorriu ao analisar minha cara de confusão.

–O que?!

–Você estava babando- sorriu diabólica ao me fazer ficar vermelha novamente.

É incrível o quanto eu e Clove nos conhecemos e nos damos bem, ela sabe o que estou sentindo apenas por olhar em meus olhos e eu o mesmo para com ela. Bom, não é para menos já que nos conhecemos uma vida toda. Por isso sei que, por mais que ela tente negar, ela ama o Cato. Falando no mesmo resolvo prestar atenção na conversa dos meus amigos antes que fique mais estranho ainda o fato de eu estar encarando o Peeta como se minha vida dependesse disso.

–Podem dizer o que vocês quiserem, ela continua sendo gata- disse Cato ainda falando sobre a tal professora.

–Já está de olho na professora?!- indagou Finn sorrindo malicioso para meu amigo que revirou os olhos.

–Não sou safado como você, querido amigo- disse ele fazendo uma careta engraçada, Annie passou os braços ao redor do seu pescoço e deu um beijo estalado em sua bochecha.

Vi Finnick trincar o maxilar e encarar a cena diante de si com fúria exalando de seus olhos claros em uma óbvia expressão de ciúmes, Clove deixou seu sorriso irônico vacilar por alguns segundos mas logo se recuperou, porém seus olhos verdes tempestuosos mostraram sua raiva e diria que ela está se controlando para não voar tanto em Annie quanto em Cato.

–Concordo!- disse Annie sem se dar conta de que estava sendo fuzilada por dois olhares raivosos, Finn soltou um pigarreio e desviou o olhar para Peeta que olhava divertido a cena toda.

–E então, Peeta- ele disse tentando soar tranquilizador enquanto eu arqueava uma sobrancelha em sua direção, o loiro se virou e encarou Finnick sorrindo tímido- Está gostando da nossa escola?

Peeta maneou a cabeça de um lado para o outro mostrando que não estava odiando muito menos amando a nossa escola, coisa que entendo perfeitamente.

–Depois de um tempo você acostuma- meu irmão sorriu para Peeta que mantinha a expressão tímida.

–Meu Deus!- reclamei depois de uns minutos em silêncio- Alguém tem algo para comer?! Estou morrendo de fome!

–Depois reclama que está gorda- disse Cato e o fuzilei com o olhar fazendo os outros rirem, até mesmo Peeta- Tem bolacha na minha mochi...

–EU QUERO!- gritei, meus amigos riram mais ainda da minha cara- Estou com fome, okay?!

–Isso é percebível- disse Clove.

♡∞♡

A infantilidade de Marvel hoje parece ter triplicado e ele definitivamente não está afim de deixar ninguém em paz, muito menos a mim e a Peeta que ele insiste querer provocar. Enquanto ainda estávamos conversando o idiota e seus amigos resolveram se intrometer no meio da conversa falando coisas totalmente ridículas, nós simplesmente nos levantamos e cada um foi sentar em algum lugar.

Fiquei conversando com Clove e Annie sobre coisas aleatórias enquanto Finn e Cato tentavam uma aproximação com Peeta cujo estava sentado em um tronco de madeira observando o lago mexendo as mãos como se estivesse impaciente com alguma coisa, no começo achei que era por causa do meu amigo e do meu irmão mas quando parei para ouvir a conversa que os dois tentavam ter com o loiro e percebi que falavam de Marvel.

Sorri ao ver que Peeta estava perdendo a timidez com os dois, ele ainda não respondia sonoramente mas balançava a cabeça, o sorriso tímido e rosto corado sumiram dando lugar a uma expressão amigável e resolvi me aproximar.

–Oi- eu disse me sentando ao seu lado no tronco entre ele e Finn- Sobre o que conversam?

–Sobre seu ex-namorado filho da...

–Olha o respeito, Catito- disse Finn- Não que ele não seja, claro! Mas vai acabar assuntando Peeta- o mesmo soltou uma risadinha e negou com a cabeça mostrando que estava tudo bem.

Começamos a conversar sobre o lugar e Cato disse que sentia saudade de vir aqui já que fazia um certo tempo que não matávamos aula e vínhamos nos divertir e que agora nosso paraíso secreto foi descoberto pelo idiota do Marvel e seus seguidores, Cato e Finn deixaram eu e Peeta a sós por um tempo e foram tentar impedir Brutus e Rodrick de mexerem em um cacho de abelhas.

–Então... O que achou desse lugar?- perguntei depois de um tempo.

–Legal- ele respondeu simplesmente, seu olhar virou em direção a Marvel que zoava de alguém para seus amigos. Voltou seu olhar para mim antes de dizer- Até certo ponto.

Concordei com um aceno de cabeça leve enquanto ele desviava o olhar para o lago um pouco a frente de nós, alguns feixes de luz se espalhavam por entre as árvores que cercavam o lago deixando o ambiente um pouco misterioso e bonito ao mesmo tempo.

–Eu adoro esse lugar- comento sem desviar o olhar do lago cristalino- Se eu pudesse fugiria para cá para sempre.

Sentia seu olhar sobre mim porém ele não disse nada, quando o olhei de volta ele desviou sua vista de volta a bela paisagem a nossa frente corado. Percebi que Marvel nos olhava interrogativo talvez se perguntando o porque de eu estar falando com o loiro ao meu lado e não lambendo o chão onde ele pisava, talvez ele pensa que logo estarei correndo de volta atrás dele. Espera sentado.

–Peeta, está tudo bem? Quer ir embora?- Annie apareceu, ele negou com a cabeça sem desviar o olhar do lago.

–Então... Peeta, certo?- Marvel apareceu ao nosso lado, pronto! Ai vem merda! Peeta concordou com a cabeça e apertou a mão estendida de Marvel para ele- Então, Peeta, queria pedir desculpa por ter feito aquilo com você.

Por um momento eu pensei que ele estivesse dizendo a verdade mas então me lembrei que estávamos falando de Marvel, a figura mais cínica da face da terra.

–Pensei em uma forma de me redimir- é agora que vem a bomba- Que tal darmos um mergulho, a temperatura do lago me parece agradável, uh?!

O único momento da minha vida em que vi Peeta ter os olhos cheios de pavor foi ontem durante seu surto mas me surpreendi ao encontrar sua expressão aterrorizada, Annie tinha um olhar de desconforto.

–Marvel, não acho que isso seja uma boa idéia- eu disse séria e assustada com a possibilidade de algo ruim acontecer com Peeta.

–Relaxa, Catnip- ele disse divertido, segurei no braço de Peeta como se minha vida dependesse disso.

–É melhor deixar ele quieto... Ele não gosta muito de...- Annie tentou argumentar mas foi interrompida com Rodrick que parou ao lado de Marvel assim como Brutus.

–Pode deixar, ele vai gostar sim- Marvel puxou Peeta para ficar de pé, o loiro tentou se afastar do toque mas foi impedido.

Brutus chegou por trás dele segurando seus braços atrás de seu corpo, tentei impedi-lo assim como Annie mas fomos seguradas por Marvel. Rodrick segurou suas pernas puxando-as para cima fazendo Peeta tentar se debater e se soltar em vão, fiz de tudo para me soltar de Marvel mas ele segurou meu braço bem apertado me fazendo estremecer de dor e fez o mesmo com Annie que gritou chamando atenção dos meus amigos que conversavam alheios ao que estava acontecendo.

–Ei! Deixem ele em paz!- meu irmão se aproximou segurando Brutus que mesmo com meu irmão o empurrando não soltou Peeta que ainda se debatia dando um pouco de trabalho a Rodrick.

Em um movimento rápido, Peeta se livrou de Rodrick e com uma cabeçada se soltou de Brutus que caiu no chão com sangue escorrendo por suas narinas. Rodrick segurou em sua blusa o puxando em direção ao lago, tentei me soltar de todo o jeito do aperto de Marvel para evitar que aquilo acontecesse.

–Katniss! Faz alguma coisa, ele não sabe nadar!- Annie disse ao meu lado, ela estava desesperada assim como eu.

–Solta ele!- disse Cato tentando puxar Peeta, ele o segurou pelo braço enquanto Clove tentava segurar meu irmão que ameaçava voar em cima de Marvel- Já chega dessa brincadeirinha sem graça!

–Por favor, deixa ele em paz- Annie estava apavorada, dava para ouvir a suplica em sua voz.

–Marvel, por favor- eu disse chamando a atenção do meu ex-namorado- Já deu.

–Pode solta-lo- assim que Rodrick o fez, Cato puxou Peeta para atrás de uma maneira defensiva.

Ao me soltar de Marvel corri ao lado do loiro que estava assustado, minha mãe agarrou a sua a qual tremia levemente. Ele me olhou, seus olhos pareciam mergulhar em dor e então pude perceber que ele estava a beira de um colapso.

Silenciosamente Marvel e seus amigos saíram do nosso campo de visão voltando pela pequena trilha entre as árvores de volta a escola, Annie puxou Peeta para sentar-se no toco e o abraçou enquanto eu assistia tudo calada.

Nunca me senti assim tão agitada e chocada em toda minha vida, nunca pensei que veria tanta dor no olhar de uma pessoa como vi nos olhos azuis de Peeta. Senti um braço passar sobre meus ombros e logo em seguida acariciar meu braço, Finn deu um beijo de leve em minha cabeça enquanto eu ainda encarava toda cena a minha frente assustada.

Senti uma grande necessidade de fazer Peeta se sentir melhor mas me controlei e deixei que Annie fizesse isso por mim, mas não parecia adiantar já que o loiro mantinha a mesma expressão olhando para o lago como se fosse a coisa mais interessante do mundo. Em seus olhos não havia mais a dor, mas era possível ver a sua angústia pelas lágrimas insistentes que desciam por suas bochechas e pela constante tremedeira em seu corpo.

–Peeta...- disse baixinho me sentando ao seu lado, segurei suas mãos e as apertei contra as minhas sentindo-o apertar de volta- Olha pra mim.

Seus olhos azuis focalizaram os meus a procura de apoio e o fitei com ternura, um suspiro sôfrego escapou de seus lábios enquanto seus braços me envolviam em um abraço assim como eu fazia com ele. Annie me olhou sorrindo agradecida e lhe devolvi o sorriso.

Eu perdi a noção do tempo a qual eu me permiti ficar envolvida no calor confortável a qual seus braços me proporcionavam, era uma incrível sensação ser apertada contra seu corpo. Seu rosto estava enterrado na curvatura de meu pescoço e sua respiração quente fazia cócegas em minha pele fazendo-me sentir leves e gostosos arrepios.

Quando nos separamos lentamente notei que meus amigos não estavam mais próximos a nós e sim sentados do outro lado do lago conversando sobre as rochas que haviam ali, encarei Peeta que parecia um pouco tímido e sorri para ele.

–Está se sentindo melhor?- indaguei.

–Sim- ele respondeu simplesmente.

–Me desculpe por Marvel- eu disse suspirando, encostei minha cabeça em seu ombro e sorri involuntariamente quando seu braço direito envolveu meus ombros.

–Não tem que pedir desculpas- ele disse- O grande idiota é ele, então não tem que se sentir culpada por ele.

Não disse mais nada, apenas ficamos ali aproveitando aquele momento em silêncio o que parecia estar se tornando minha atividade favorita.

–-(Pov. Peeta)--
2 semanas depois

Sentei-me na desconfortável cadeira do consultório da Dra. Everdeen me sentindo aliviado por estar sozinho naquele enorme consultório, não exatamente sozinho já que suas secretárias estavam a poucos metros de distância verificando papéis e atendendo telefonemas rápidos. Annie resolveu me acompanhar hoje mas é como se eu estivesse sozinho já que ela trocava mensagens rapidamente em seu celular.

Fiquei fitando aquele chão branco como a maioria dos consultórios possuíam até chamarem meu nome, o que não demorou muito já que logo eu pude ver o rosto conhecido da doutora me chamando sorrindo simpática em minha direção.

–Então, como está indo na escola, Peeta?- perguntou ela assim que me sentei.

–Bem, já acostumei com os professores e os alunos são bem legais- eu respondi sincero- Pelo menos a maioria.

–Entendo- disse ela- Como vai suas amizades?

–Vão bem.

–Já confia neles?

–Sim, Cato e Finnick são bem legais assim como Clove e sua filha- eu disse- Vamos no cinema essa noite.

–Katniss me contou- ela sorriu- Como vai os seus machucados? Está cuidando deles como o médico receitou?

–Está tudo bem, já estão quase cicatrizados- eu respondi.

E assim nossa seção de perguntas e respostas se iniciou. Contei a ela que Finnick e Cato me levaram ao jogo de vôlei que teve semana passada. Falei também sobre meus tios e minha prima, falei sobre Clove e Katniss e de como nos tornamos bem amigos e ela somente sorria. Mas havia uma pergunta que martelava em minha mente sem parar e perguntei quando já estávamos acabando.

–Dra. Everdeen, você sabe se já descobriram como começou tudo?- perguntei- Quero dizer, o incêndio- ela suspirou pesadamente.

–Não, ainda não descobriram nada- ela respondeu- Bom... Nós já acabamos por hoje.

Ela parecia estar escondendo algo, porém não parecia querer me contar o que era então apenas dei de ombros e sai de sua sala assim que ela disse que eu estava finalmente liberado.

Eu e Annie seguimos de volta a sua casa conversando sobre o filme que possivelmente veríamos essa noite, eu estava um pouco receoso já que o cinema pode desencadear novos flashbacks de momentos com minha família. Apesar de não lembrar de metade das coisas que fizemos juntos.

Quando anoiteceu seguimos para o shopping e nos encontramos com meus amigos e Katniss, nos dividimos para comprarmos ingressos e coisas para comermos. Eu e Kat ficamos encarregados de comprar pipocas e refrigerante, estávamos na pequena fila entre um cara com um rabo de cavalo e uma mulher que segurava uma garotinha no colo.

–Qual filme vamos ver?- indaguei.

–Alguma coisa relacionada a explosões e zumbis- ela respondeu tentando arrumar o cabelo- Advinha quem escolheu...

–Cato?

–Exato- respondeu e gargalhei, Cato tinha uma fixação por zumbis e Katniss adorava implicar com ele por isso- Acho isso tudo uma grande baboseira.

–Eu acho divertido- eu disse- Seria legal se isso acontecesse.

–Qual é, Peeta?!- ela disse me encarando incrédula.

–Você seria uma zumbi linda- eu disse lhe encarando divertido, ela revirou os olhos e me deu um leve soco no braço.

–Obrigada por me chamar de pedaço de carne podre- ela disse fazendo um biquinho fofo, senti uma súbita vontade de morde-lo mas ignorei isso.

–Um pedaço de carne podre que é bem fofo e emburrado- eu disse e ela corou desferindo um outro soco em meu braço que doeu dessa vez- Esqueci de falar que o pedaço de carne podre fofo e emburrado é bem forte também.

–Dá para parar de me irritar?!- indagou revirando os olhos, ela se virou de costas para mim e a abracei por trás.

Eu e Katniss havíamos nos acostumado a viver abraçados um ao outro, aos poucos conseguimos perder a timidez que tínhamos um com o outro no início. Vivíamos enrolados um com o outro sempre que estávamos juntos, o mais estranho era que por mais que eu quisesse- o que não era o caso- eu não sentia a mínima vontade de solta-la. Nem mesmo quando Clove, Cato ou até mesmo Finn diziam que estávamos tendo algo. Por mais que eu sinta vontade, eu não posso me dar ao luxo de pensar em Katniss assim. Ela é aopenas uma amiga.

–Olha mamãe!- a voz aguda da garotinha ecoou- Eles são namolados!

Katniss com toda certeza estava corada ao extremo, eu podia jurar com todas minhas forças que ela estava vermelha como um pimentão apesar de não poder ver seu rosto. Sorri quando ela se virou e se "escondeu" na curvatura do meu pescoço, dei risada ao ouvir a mãe repreender a criança.

–Está tudo bem- eu disse virando um pouco o rosto para falar com a mulher, ela sorriu tímida.

–Me desculpe, sabe como são as crianças...

–Sem problemas- eu disse, quando notei Katniss me encarava parecendo um pouco surpresa- O que foi?

–Você conversou...

–O que?

–Peeta! Você conversou com uma pessoa desconhecida- ela disse então minha ficha caiu, eu havia conversado com alguém que nunca vi na minha vida- Meu Deus, isso é ótimo!

Estava tão distraído e inebriado com o abraço de Katniss que não notei tal ato, isso já é uma melhora significante. Katniss me abraçou de verdade dessa vez e retribuí respirando o delicioso aroma de seu perfume. Nem notamos que havia chegado nossa vez, só quando a atendente pigarreou fazendo nos separarmos e sairmos de nossa "bolha".

Fizemos nossos pedidos que em menos de cinco minutos ficaram prontos, três baldes de pipoca e três refrigerantes grandes para que todos pudessem dividir. Nos encontramos na entrada das salas onde veríamos a filme e entramos, sentamos na ultima fileira de cadeiras. Fiquei entre Katniss e Finnick.

O filme começou uns cinco minutos depois após termos entrado na sala, no começo estava tudo bem até que surgiram os zumbis. Eu pulei de susto quando um deles pulou sobre o protagonista, mas o que realmente me surpreendeu foi quando uma casa explodiu e teve fogo por todo lado.

Comecei a apertar o encosto da cadeira bem forte sentindo as juntas dos meus dedos doerem pela força exercida por mim, eu parecia sentir a ardência e o calor. Eu podia ouvir meus pais e meus irmãos implorando por socorro... Era como se eu estivesse vivendo tudo aquilo novamente, como se eu tivesse voltado a alguns meses atrás quando... Quando tudo aconteceu.

Fechei meus olhos e tapei meus ouvidos com minhas mãos tentando ao máximo fazer as vozes pararem mas eu não conseguia... Por mais que eu tentava parar as vozes mais elas ficavam fortes e mais audíveis. Tentei pensar que aquilo não era real, que era algo implantado em minha mente por conta do ainda recente trauma... Mas não adiantava fingir que aquilo não havia acontecido, porque realmente aconteceu.

Não sei ao certo como consegui sair daquela sala, acho que se não fosse por Katniss eu teria mais um surto dentro daquela sala o que seria ainda pior. Apenas senti suas mãos segurando as minhas e me levando para algum lugar longe dos gritos e do fogo, eu não sentia mais o calor ocasionado pelas chamas e sim o calor de seus dedos enroscados aos meus enquanto ela me salvava.

Percebi que havíamos parado em algum lugar sem movimentação e senti seus braços me agarrarem me puxando contra seu corpo de volta a minha sanidade, aos poucos consegui fazer as vozes pararem e o calor das chamas sumir apenas deixando o calor do corpo de Katniss que estava junto ao meu.

Não percebi quando eu fiz isso, mas meus braços a apertavam contra mim como se eu fosse nos fundir em apenas um só. Suas mãos estavam em meus cabelos fazendo um singelo carinho naquele local enquanto seu rosto estava escondido contra meu pescoço.

Eu estava chorando baixinho quando dei por mim e Katniss tentava de algum jeito me reconfortar dizendo palavras doces em meus ouvidos, eu odiava ser assim. Agir como uma criança cheia de cuidados que as outras pessoas não precisam... Eu só queria ter uma vida normal como qualquer outro adolescente da minha idade, mas parece que a vida já havia tirado esse meu direito de ser uma pessoa normal. Por mais que eu quisesse, eu nunca seria assim...

Em seus braços me permiti chorar, chorar como uma criança que se perdeu em um supermercado.

–Calma, Peeta- disse ela baixinho em meu ouvido- Está tudo bem, eles estão bem agora...

–Não... Foi tudo culpa minha- murmurei contra seus cabelos sentindo as lágrimas e os soluços aumentarem de intensidade.

–Não foi não, Peeta- ela disse sem parar com a caricia em meu cabelo- Foi só um acidente, não gosto de te ver assim...- ela puxou meu rosto para encarar suas orbes cinzentas como um céu em uma tarde de tempestade- Eles estão bem, eles te amam... Não foi culpa sua, fica tranquilo... Eu estou aqui...

"Eu estou aqui" as palavras ecoaram em minha mente... Apenas me encostei na parede e me abaixei até estar sentado no chão gelado do lugar a qual eu não fazia idéia de onde estávamos com Katniss entre minhas pernas. A apertei ainda mais contra mim... Eu precisava dela, e agora sabia que ela estaria lá para mim quando eu precisasse... Parece que isso é o que eu mais preciso. Dela.


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Notas finais do capítulo

E então, gostaram? Deixe ai nos coments o que achou do capítulo, o que acha que faltou que tentarei ser melhor no próximo. Beijos, até mais