Familia Caixão escrita por Deuzalow


Capítulo 7
Tortura na prisão


Notas iniciais do capítulo

Ta ai mais um capitulo. Espero que gostem. Esse a Cassandra vai sofrer um pouquinho.



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Visão Cassandra:

Nunca imaginei que fosse ser presa. Isso ia acabar com o meu currículo e há essas horas eu já tinha perdido o meu emprego e minha dignidade. Isso não me importava tanto, eu estava mesmo era preocupada com Alex e Roger sozinhos na mansão. Eu não queria dar muito trabalho para Roger já que ele tinha que cuidar das coisas da herança, mais tudo aconteceu tão rápido que fora inevitável que tais fatos acontecessem. Ele devia me achar uma fracassada por ter sido presa e sem nem ao menos revidar. A verdade era que não ia adiantar gastar saliva discutindo com um policial. Os poucos policiais que enfrentei na vida, no caso foram dois simplesmente abusavam do seu poder e se sentiam superiores a nós simples civis. Esse policial metido a esperto que invadiu minha casa tinha sido o pior dos dois. Ele era rude e petulante, tinha sempre sua cara fechada e parecia idolatrar a Dina, pois toda vez que falava nela seus olhos brilhavam. Não sei o que aquela cascavel tem mais não vai durar para sempre.

Assim que chequei na delegacia me liberaram para fazer uma breve ligação para a mansão. Foi bem rápida mesmo não durou nem dois minutos, o que me deixou bem triste e apreensiva. Roger havia me contado que tentaram levar Alex, mais ele tinha conseguido reverter a situação. O que me deixou mais aliviada, porém não menos preocupada. Agora eu estou em minha sela deitada em uma cama muito dura por sinal. Estou dividindo uma cela com mais duas mulheres. Uma se chama Siara. Ela é uma brutamontes que deve pesar quase sem quilos e é uma ex- lutadora de box e lutas marciais. Ela tem um pouco mais de dois metros de altura não sei dizer ao certo e eu um metro de sessenta e três pareço uma anã perto dela. Acho que era quase meio metro de diferença. Confesso que isso me intimidava muito, sendo uma completa sedentária não teria chances numa luta corpo a corpo com ela. Ela tem uma boca torta, provavelmente de uma luta mal resolvida. Ela usa um moicano na cabeça e tinha tatuagens espalhadas por todo o seu corpo, sem falar nos “piercins” que ela usa e faz questão de exibir. Seus músculos aparecem até mesmo quando seus braços perecem estar relaxados e suas veias estão sempre aparentes. Está em sua segunda detenção. Na primeira foi acusada de bater duas vezes no marido e agora está sendo acusada de porte e uso ilegal de arma. Se eu falar que gostei dela estaria mentindo. Ela realmente da muito medo e adora estralar seus dedinhos. Me olha como se eu fosse uma formiga e ela um pé gigante prestes a me nocautear.

Minha outra companheira não deixa nada a desejar para Siara, porém não era tão assustadora assim. Bem ainda sim é maior que eu pelo menos uns trinta centímetros. Tinha sido condenada por vender mercadorias roubadas no centro da cidade. Também parecia que tinha tomado anabolizantes, porém com menos intensidade que Siara. Seu nome era Jana. Ela era bem forte e indicava que fazia musculação. A diferença entre ambas era que Jana não era do tipo peso pesado, está em um meio termo. Ainda sim muito maior que a magricela aqui. Nesse momento me recriminei por detestar exercícios físicos e ser uma completa sedentária, me sentia deslocada ali e bem vulnerável era como se eu fosse a carne elas fossem... Bem vocês sabem. Meus reflexos com uma bola já tinham se provado uma total negação para mim. Minha resistência física era pequena e sempre me faltava ar rapidamente. Resumindo era uma negação no mundo dos esportes. Coordenação motora até tinha um pouco, mais ainda sim era um fracasso total. Na escola fazia Educação física por obrigação, porém só tira notas baixas. A única coisa que eu pratiquei de verdade foi xadrez que só depois de muitos anos foi considerado um esporte da mente. Estava de boa deitada em minha cama quando uma delas resolve puxar papo comigo e tinha que ser logo a lutadora de boxe, sumo ou sei lá o que. Estranhei um pouco, mais resolvo me sentar na cama para não dar uma de indiferente.

Siara: Seja bem vinda Mosquito.

Ela fala isso e aperta minha mão com força impedindo a circulação do sangue, me fazendo engolir um grito seco de dor. Olhei para minhas mãos e notei que estavam vermelhas e com marcas de unhas espalhadas por todo o canto. Fingi não ligar para o gesto indelicado de Siara e retornei a falar.

Cass: Obrigada, mais meu nome é Cassandra. Falei no tom mais amigável possível.

Siara: Agora não é mais. Tenho dificuldade de gravar o nome de todo mundo aqui e já que você é magricela e se parece com uma vareta vai se chamar mosquito a partir de agora copiou? Ela falou me encarando com os punhos fechados.

Cass: Sim comandante. Falei de forma bem rápida batendo continência. Falei tudo sem pensar e quando me dei conta tinha sido irônica com ela.

Siara: Você está de onda com aminha cara mosquito? Vou te mostrar quem é a líder dessa cela então.

Engoli em seco e comecei a suar frio. Não era a minha intenção irritá-la eu só estava tentando ser engraçada, quebrar o gelo da situação. Ela levantou rapidamente como se eu fosse uma pena em sua mão e me puxou pela camisa me fazendo ficar frente a frete com ela. Minha cabeça ficava um pouco acima de sua barriga. Para olhar em seus olhos tinha elevar minha cabeça ao máximo para trás e ainda sim tinha certa dificuldade em vê-la por completo. Ela me puxou pela gola da camisa me arrastando pela cela até o banheiro. Bem o banheiro de lá não era um exemplo de limpeza já que toda essa tarefa ficava por conta dos detentos e elas não tinham cara de donas de casa. Tudo fedia muito e parecia que nunca tinha sido lavado. O espelho se encontrava rachado caindo aos pedaços. O chuveiro não tinha boxe e não tinha janela no banheiro. O piso estava todo rachado e cortado em pequenos pedaços pelo chão. Em seguida ela agarrou suas mãos bem forte em torno do meu pescoço, abriu a tampa do vaso e começo a me afundar na privada.

Siara: Ei ai mosquito? Como está se sentindo? Ela fala tirando minha cabeça da privada por alguns instantes. Logo depois volta colocar minha cabeça lá dentro, deixando minha cabeça submersa por quase trinta segundos na água ou no xixi não dava para identificar. Assim ela retira e torna a falar.

Siara: E ai descobriu quem é que manda no pedaço? Mosquito não tem chances, a menos que respeitem os seus superiores.

O intervalo entre uma afogada e outra não passava muito dos três segundos. Meu folego era bem pequeno eu era uma completa sedentária e essa situação era completamente desfavorável para mim. Se ela continuasse com isso não ia resistir muito tempo. Depois de fazer isso umas cinco vezes. Ela parou deu uma risada forçada e me mergulhou novamente na privada, porém dessa vez fazendo muito mais força e empurrando minha cabeça até encostar no fundo. Eu tinha batido com tudo a minha cabeça, em seguida ela tampa a privada fazendo a mesma bater em minha cabeça novamente. Tento levantar o mais rápido possível dessa situação, porém não consigo. Estou quase tirando minha cabeça da água, quando ouço o som de um estralo do lado de fora. E a voz dela novamente.

Siara: E que isso sirva de lição para você.

Eu estava desnorteada, minha cabeça latejava de dor. A preção da água sobre minha cabeça doía de mais. Meu coração batia descompassado e acelerado, já não tinha mais controle sobre minhas ações mais simples como respirar e andar. Minha cabeça estava molhada ao estremo e parecia que tinha meleca no meu cabelo, ou era xixi? Hum não dava para saber ao certo. Olho novamente para a privada e abro a boca deixando cair uma porção generosa da água, eu tinha bebido bastante e tentei botar para fora o máximo de liquido que conseguia. Eu tossia feito uma louca e estava sem ar. Levanto-me de vagar quase que tremendo de frio e me lembro que não tinha feito uma muda de roupas, ou seja ia ter ficar com a roupa molhada assim mesmo. Pegar uma gripe ou uma pneumonia era o menor dos meus problemas, agora eu só pensava em como sobreviver nesse lugar sem levar muitas pancadas. Quando olho para o lado vejo meus óculos no chão, devia ter caído enquanto ela me afogava na privada.

Eles estavam molhados. Tentei examinar mais de perto, porém minha visão ficava embasada sem eles. Eu tinha uma visão bem ruim por sinal, usava cerca de quatro graus ou mais em cada olho. Mesmo tenho uma visão ruim consegui reparar da onde tinha ouvido aquele estralo. Uma das lentes do meus óculos estava trincada e para meu azar ia de uma ponta a outra da lente. Ele estava bem riscado e sua armação estava bem torta. Depois que vi sua situação comecei a ligar os pontos aquela lutadora de uma figa tinha pisado nele. Pequei uma fita adesiva que estava perdida no banheiro e passei em algumas partes do óculos que estavam prestes a arrebentar. Era o máximo que dava para melhora-lo. Assim que o coloquei em meus olhos o desconforto logo veio. Não era mais confortável de vestir e me dava dor de cabeça toda vez que desviava o olhar para um dos remendos.

Nunca gostei de usar óculos, porém não podia usar lentes de contato, o medico tinha me proibido. Bem, eu também não gostava delas. Ser chamada de quatro olhos agora nem parecia tão ruim depois do que ela me fez passar. O problema era que agora volte e meia meu olho direito ai direto para a trinca que tinha ali. Se eu ficasse estrábica aquela vagabunda me pagava. Assim que terminei de me arrumar ou ficar mais apresentável uma sirene toucou a uma mulher começa a gritar.

Policial: Hora do rango detentos, quem passar da hora fica sem janta.

Voltei para minha cama para descansar ao menos uns minutos. Minhas colegas de cela já não estavam mais ali o que eu agradeci mentalmente, porque não queria ser mais torturada. Resolvi olhar para baixo da minha cama por curiosidade e saber se tinha algo útil ali. Foi quando percebi que tinha um macacão laranja. Olhei a etiqueta e estava escrito M, era meu número. Entrei novamente no banheiro para me vestir. Realmente ali não era um ambiente muito agradável e eu estava com medo e muito tensa. Eu tremia nas bases e juro que quase urinei nas calças. Ir ao banheiro nunca mais seria a mesma coisa para mim. Um enjoo tomou conta de mim e não deu outra me ajoelhei em frente à privada e vomitei tudo o que tinha, parecia que minhas tripas estavam indo ralo a baixo. Eu estava me sentido enjoada e fraca. Provavelmente estava desidratada. Não comia e não bebia nada desde o café da manhã e já eram nove horas da noite. Tentei me recompor o que era difícil, toda vez que tentava me manter em pé minhas pernas fraquejavam.

Quando consegui me recompor, o que demorou um pouco fui direto para o refeitório a fim de fazer uma refeição calma e tranquila. Chego lá e dou de cara com uma policial fazendo ronda perto da entrada do refeitório.

Policial: Ei mocinha. O horário de entrada já acabou. Sua próxima refeição agora é só amanhã.

Cass: Mais já? Eu vim o mais rápido que pude.

Policial: Sério?? Pois, então se apresse mais da próxima vez. A tolerância máxima é de cinco minutos após a sirene tocar compreendida?

Cass: Sim, mais é meu primeiro dia aqui eu não sabia.

Policial: Certo, vou te ajudar somente dessa vez entendeu? Que isso não se repita.

Cass: Obrigada policial. Até mais.

Quando cheguei para jantar vejo que todos os olhares estão sobre mim já que estava atrasada. Pego uma bandeja e me preparo para comer. Eu não estava com fome de verdade principalmente depois de ter vomitado, mais sabia da importância de me alimentar adequadamente mesmo que só um pouco. Olho para moça que estava pronta para me servir a comida. Ela era uma senhora de cabelos grisalhos. Era gordinha e usava um avental todo sujo de comida ou algo do tipo. Seu rosto indicava que odiava o seu trabalho. No seu crachá estava escrito Tânia.

Cass: Boa noite Tânia.

Senhora: O moça pare de tentar ser legal, ninguém aqui liga para uma cozinheira. Vamos logo com isso apenas escolha seu prato.

Eu já estava cansada de ser maltratada na prisão. E tinha aprendido uma lição do dia de hoje fique na sua para não tomar sopapo.

Cass: Bem vou querer..

Senhora: Escolhe logo moça. Só temos duas opções, não pode ser tão difícil assim. Ou você que sopa ou purê de espinafre.

Cass: Vou querer uma sopa. Obrigada.

A senhora se espantou assim que eu agradeci pela refeição. Acho que a maioria não tinha costume de dirigir a palavra a ela e ainda mais tentando ser educado. Procurei um lugar o mais afastado possível de minhas colegas de cela para sentar. Acabei por optar por uma mesa bem afastada do resto do povo. Fiquei sozinha na mesa e era assim que eu queria ficar, apenas só refletindo sobre meu dia. Peguei a colher e comecei a mexer em minha sopa sem muita vontade. Estava mesmo era pensando em como as coisas estavam na mansão. Estava com muitas saudades de Alex e Roger. Uma lágrima involuntária quase cai em minha sopa. Eu a retiro com rapidez usando a mão que ainda tinha as marcas de Siara. Não pude deixar de pensar em meu pai e em tudo o que estava me acontecendo. Meu coração doía de mais, muito mais do que qualquer tortura que recebesse de Siara. Eu nunca tinha sido tão humilhada em toda a minha vida.

A tortura física também me doía. Estava com a cabeça doendo e tinha um corte na testa devido à batida da cabeça na privada, só tinha percebido agora quando coloquei a mão sobre a testa e senti minha pele arder. Perecia que o corte estava queimando. Ele tinha certa profundidade, pois senti o vento entrar e sair me fazendo bufar de dor. Eu não tinha gazes, esparadrapo e nem álcool para usar então resolvi limpar com a manga do macacão. Tudo meu esforço era em vão, o sangue não queria estancar de jeito nenhum e eu já estava cansada de mais para lutar contra meu próprio corpo. Resolvi tomar uma colherada da sopa para tentar me animar. Só que não tinha sido uma ideia muito boa, a sopa esta fria e intragável. Cuspi a primeira colherada e suspirei pesadamente. A minha única opção era pensar que esta tomando um remédio. Sabia que não podia ficar mais sem comer, meu corpo estava fraco de mais e pedia por um pouco de energia. Se eu não me alimentasse nem que fosse um pouco iria desmaiar e se tratando de uma prisão ninguém estava nem ai.

Tomei apenas metade da sopa, pois estava me dando vontade vomitar e tinha prometido a mim mesma que sempre que possível ia tentar evitar usar o banheiro. Em seguida fui para minha cela. Ao chegar tive que trocar de cama com Siara dormindo na parte superior do beliche, porque a cama não aquentava o peso dela. Tudo naquela cela era velho e estava caindo aos pedaços. A única coisa que a prisão forneceu para nos foi uma kite com escova e pasta de dentes. Escovei meus dentes e capotei na cama. Estava tão cansada e dolorida que não demorei muito para pegar no sono.


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Notas finais do capítulo

Valeu pessoal que leu até aqui. Comentem sobre esse capitulo, assim vou saber o que tem que ser melhorado.



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