Apenas confie escrita por Tyuxui


Capítulo 3
Capítulo 2 - Curiosa


Notas iniciais do capítulo

Obrigada à quem está acompanhando esta fanfic - apesar de ser muito pouco quem está lendo -, realmente fico feliz que não tenho abandonado-a.

Quem acertou a pergunta anterior foi: Nana FT
Boa leitura.



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Curioso: adj. 1 Que tem desejo em ver, aprender, saber, etc. 2 Indiscreto.

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Voltaram de trem, e como todo bom cavalheiro acompanha sua dama, Kiba decidiu levar Hinata até sua casa. Caminharam lentamente até uma esquina, onde havia um pequeno salão de beleza chamado Kurenai’s Look. A rua estava deserta, talvez pelo horário tarde da noite. Hinata parou de andar. O pé esquerdo enfaixado. Kiba parou também. Ela pediu um minuto de descanso e logo percebeu o que ele ia fazer ao notar que ele estava se colocando a sua frente.

– Tem certeza do que está fazendo? – Ela perguntou. A voz saia divertida.

– Sim – Respondeu – Pode subir.

Ele agachou-se em frente a ela, pouco se importando se era pesada ou não. Apesar de já achar a jovem leve só de olhá-la.

– Não tenho escolha. Você não consegue andar direito e se continuar caminhando assim, tão lentamente, vamos acabar chegando a sua casa no meio da madrugada – Explicou - E, sinceramente, eu não estou nem um pouco a fim de dormir no sofá a convite seu. – Disse indiferente, seco – E mesmo assim, só vai estar curada pela manhã.

Ela pareceu pensar por uns minutos, e chegou à conclusão de que ele estava certo. Com certeza, o convidaria para dormir em seu humilde e desconfortável sofá, se caso chegassem muito tarde. Bondosa como era, não o deixaria ir para casa tão tarde e insistiria que ficasse.

Apesar de todo esse pensamento, ela deu um meio sorriso, desafiadora.

– Ainda acho que vai se arrepender. – Mais uma vez ela riu baixo – Se fizer algo estranho, já sabe. – Alertou-o, mostrando seu pequeno alarme de plástico que, quando acionado causa um barulho ensurdecedor aos tímpanos.

Apenas confie.

Com a mão direita posta bem a sua frente, procurou pela cabeça do rapaz. Os dedos finos de porcelana tocaram os fios lisos castanhos claros, bagunçando-os um pouco, e logo desceram até os ombros largos – com músculos fortes – e inclinou-se sentando assim, nas costas do rapaz que, levantou-se ajustando a menina em suas costas e seguindo caminho.

No trajeto, ele podia sentir a respiração quente dela em seu pescoço, assim como seus batimentos cardíacos no meio das costas. O perfume dos cabelos sedosos escuros lhe invadia as narinas em um doce cheiro de frutas. Ele adorava frutas. Hinata apertava os ombros dele com força, para segurar-se ao mesmo tempo em que procurava por apoio. Sentiu o pulmão dele subir e descer com a respiração fraca e cansada. Mais uma vez ele a ajustou em suas costas.

Parou de andar. Respirou fundo. Ela percebeu sua decepção e com uma risada divertida, disse:

– Eu disse que se arrependeria...

Ele revirou os olhos. A enorme escada que se encontrava em sua frente o deixava mais cansado só de olhar. Suspirou pronto para o desafio. Começou a subir bem lentamente, Hinata estava ficando pesada, apesar de ser leve e, convenhamos, ele já estava a carregando a um bom tempo. Parecia que estava subindo aquelas escadas de templos, que parecem não acabar mais. Poderia desistir ali mesmo e voltar, mas não podia deixar ela daquele jeito. Ignorou os pensamentos negativos e concentrou-se em seguir em frente. Apressou os passos.

Estava quase dando graças a Deus quando avistara os últimos degraus, porém sua felicidade acabou ali. Teria de subir mais uns quarenta degraus até o apartamento da jovem, que morava em um prédio velho que não possuía elevador. Quando finalmente chegou, desceu Hinata de suas costas e sentou ofegante no primeiro degrau. Ela destrancou a porta velha de alumínio e o convidou para um copo d’água.

– Obrigado. – Disse, lhe entrando o copo vazio.

– Kiba – Chamou – Que tipo de coisa você gosta? – Perguntou, parada no batente na porta da cozinha minúscula, curiosa. O copo nas mãos.

– Não gosto de muita coisa...

– Gosta de teatro?

– Nunca fui a um.

– Que tipo de música gosta?

– As que tocam no rádio são legais.

Ela sorriu.

– Então, quer ir a um teatro musical comigo? – Tirou de dentro do bolso da blusa que usava um par de ingressos, e lhe ofereceu um. – Eu estava pensando em convidar o Shino, mas parece que ele vai estar ocupado no dia.

Ele não disse nada, só pegou.

– Será nesse sábado, às oito. Pode passar aqui uns dez minutos antes. – Ela pediu.

Na volta para casa, um sorriso se formou em seus lábios. O motivo parecia ser bem simples, mas para ele era algo incomum, talvez, tivesse conseguido um encontro com uma garota que mal conhecia mas que era cativante ao seu ver, ou estivesse prestes a viver uma grande amizade com a mesma, tão frágil.

[...]

“Kiba, como está se saindo no novo emprego? Espero que já não tenha sido despedido – Riu – Ah, esqueci de avisar que todas as noites uma moça aparece para assistir animes. Ela é deficiente visual, então tome cuidado, mas é bem inteligente. Enfim, se cuide, cara.” – Anunciou a secretária eletrônica.

– Cretino. – Sussurrou para si.

A voz já era conhecida por ele. Aburame Shino era seu amigo desde a infância e sempre o ajudava a arrumar empregos ou pelo menos se fixar em algum. Juntos, foram boxeadores no passado, o que rendeu bastante lucro para ambos na época. Shino abandonou o boxe logo após fraturar a clavícula, e se dedicou a outros trabalhos. Kiba deixou o boxe após sofrer um acidente. Desde então, começou a trabalhar como entregador de gás pelas manhãs e fazer bicos à noite.

Olhou o relógio. 22:00 horas. Caminhou até a cozinha, avistando a pequena tigela transparente que a Hyuuga lhe dera. Abriu a tampa e apanhou um bolinho, levando-o até a boca apreciando o sabor. Realmente é como ela disse, pensou consigo, sorrindo de leve. Olhou os dois bolinhos restantes na tigela, e riu de novo, eram mesmo de aparência feia, mas o gosto era um tanto saboroso demais.

[...]

Sábado, 14:00 horas.

Kyoto, Japão, Ásia.

Salão de beleza Kurenai’s Look.

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– Ah, Hinata, querida, seu cabelo cresceu bastante desde a última vez. – Elogiou a dona do local, mexendo nos fios escuros e lisos.

– Obrigada. – Sorriu, mantendo sua visão fixa no espelho enorme.

– O que aconteceu para aparecer tão de repente, Hina?

Quando ia responder, fora interrompida pela amiga, Tenten, que ajudava Kurenai no trabalho com cabelos e maquiagem.

– Ah, já sei! – Animou-se a morena mais nova – Vai ter um encontro, não é? – Disse, com um sorriso enorme no rosto de traços finos.

– Ah... N-não é i-isso..! – Advertiu, perdendo-se na própria fala, corando bruscamente.

– Ah! Então tem mesmo um homem no meio! – Concluiu a mulher mais velha dos olhos rubi avermelhados e fortes.

Vendo que não teria chance de convencer que aquilo não passava de um engano, deixou passar essa. As mãos ágeis de Kurenai começaram a trabalhar no permanente que ilustraria o rosto tão angelical de Hinata, moldando-o conforme os cachos caíssem sobre seus ombros e costas, dando um aspecto um tanto de meiga e fofa ao mesmo tempo. A maquiagem fora produzida ali mesmo, por Tenten, que tagarelava sem parar sobre o suposto homem que sairia com a amiga sortuda. No fim, Hinata ganhara um lindo vestido de seda branco, com alças finas e todo rodado da cintura para baixo até à cima dos joelhos. O modelo moldava a cintura perfeita, e o tecido leve dava um certo charme para as belas pernas leitosas, dando uma breve realçada nas panturrilhas definidas estando em cima dos saltos aquamarine de dez centímetros. A pele pálida sobressaía no vestido de ar infantil que acompanhava um enorme laço gracioso da mesma cor que os saltos, atrás, na cintura. Os cabelos cacheados levemente, pouco volumosos, foram presos, duas mechas, com uma presilha aquamarine brilhosa no centro da cabeça, atrás. As bijuterias foram vestidas, sendo um colar de prata com um belo pingente de gota transparente que acompanhava brincos do mesmo estilo, e uma pulseira com diversos pingentes diferenciados, todos com algum tipo de brilho.

Saiu daquele salão como uma verdadeira dama, extraída de livros de princesas e bela como um ser do paraíso. Em casa, terminava de ajeitar-se finalizando com um perfume fraco no corpo. Ouviu a campainha tocar suavemente do seu quarto, logo pegou sua blusa branca de tricô feita pela mãe há alguns anos e a pendurou na bolsa mesma cor, passando a alça pelo ombro.

A porta se abriu em um baque, surgindo a figura da jovem bela.

– Desculpe a demora. – Disse, virando-se para trancar a porta.

Ele a olhou de baixo a cima espantado. Mesmo não percebendo um sorriso se formou em seus lábios finos. Ainda mantinha a mesma postura de sempre: mãos nos bolsos da grossa blusa. O pescoço pouco inclinado, talvez, pela estatura inferior que tinha a ela.

– Você parece bonita. – Elogiou.

Mesmo corando um pouco, ela lhe atingiu um sorriso de gratidão. Estava sem graça, e convicta de que estava bonita. Acreditava nos dons de Kurenai e Tenten.

– Tem ido ao salão de beleza recentemente? – Perguntou ele, olhando-a novamente.

– Ah! Ficou estranho?! – Assustou-se, passando as mãos nos cabelos caracolados.

Ele riu.

– Não. – Respondeu – Só achei diferente.

No caminho, ela andava agarrada ao braço esquerdo dele, sempre muito sorridente e animada. Kiba realmente gostava daquela atmosfera alegre ela transmitia ao seu redor. Era reconfortante e acolhedor. Ela parecia nunca estar triste, e a invejava por isso.

– Podemos parar em uma lanchonete na hora da voltar? Tem uma que não vou há muito tempo... – Ela pareceu pensar – Eu costumava frequentar com meu antigo amor.

Kiba franziu o cenho. Não havia entendido e mesmo assim sentiu um desconforto ao saber que outro já ocupara aquele mesmo lugar que estava agora. Abaixou a cabeça calado, fitando o chão enquanto andava.

Manteve-se assim, até chegarem ao teatro. Talvez não quisesse admitir, mas estava com ciúme de um desconhecido.

Lá dentro, assistiam silenciosamente à peça musical que, não passava de uma história simples: Um amor proibido entre duas pessoas. Normalmente peças teatrais de romances não são muito comuns quando se transformam em música, mas esta era exclusiva.

Hinata cutucou Kiba com o cotovelo direito.

– Como é a atriz?

Ele fitou a jovem no palco pouco iluminado por alguns segundos para depois, voltar-se para a morena.

– Têm os cabelos cumprido e loiros, olhos azuis claros e é bem pálida. – Sussurrou ele, perto o bastante de seu ouvido.

– E a roupa?

– Um vestido longo como de princesa, roxo com lilás.

Hinata sorriu.

– São de família nobre. – Ela disse. – Adoro as histórias de Willian Shakespeare, são tão cativantes.

Assim como você, pensou ele, a olhando nos olhos. Os olhos perolados tão claros, com cílios pintados de rímel preto se fixavam em um ponto qualquer do palco, como se estivessem prestando atenção – E estavam. A boca pequena e pouco carnuda levemente pigmentada de rosa, se entrava entreaberta. Viu que ela havia fechado os olhos. Imitou-a. Podia sentir a música entrando em si e era até mais interessante do que assistir de olhos abertos. Sentiu algo em sua mão, abriu os olhos procurando o que lhe segurara e encontrou a mão pequena da Hyuuga. Subiu o olhar para o rosto dela e a viu encostar o topo da cabeça em seu ombro, relaxando.

Ele quase sorriu, mas pouco o bastante para seu rosto voltar a ser grave.

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*Qual era a peça teatral que eles assistiam?


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Notas finais do capítulo

DICA:

— Um amor proibido entre duas pessoas
— Família nobre
— Willian Shakespeare

LEMBRANDO: Quem acertar terá créditos ao fim de toda a fanfic. Boa sorte!
Até o próximo capítulo, amores ;33