Eu acordo com uma luz forte no meu rosto, e começo a me perguntar se eu esqueci de fechar a cortina. Quando abro totalmente os olhos percebo que eu não estou na casa do meu pai. Merda,merda,merda,merda. É a primeira noite em que eu passo na Califórnia, e já consigo me meter em confusão. O pior é que eu não lembro de nada. Olho pro lado e enxergo um garoto lindo que eu nunca vi na vida, só de cueca. PUTA QUE PARIU! QUE PORRA EU FIZ? Olho por debaixo do edredom e percebo que eu só estou de lingerie. “Pelo ou menos, não estamos nus.” – penso. Saio da cama bem devagar, pra não acordar o ser humano do meu lado. Agacho e olho por debaixo da cama a procura da minha roupa, e graças a Deus, eu consigo achar! O vestido estava meio empoeirado e fedendo a vômito. Vesti ele rapidamente e fiquei procurando meu celular. O quarto estava completamente cheio de gente dormindo. De repente avistei um gordo dormindo perto da porta, com ele na mão. Eu também não fazia de quem ele era. Fui em direção a ele, e cuidadosamente tentei pegar meu celular da mão dele sem ele acordar. Mas foi em vão.

– Bom dia fofa! – falou o gordinho meio animado, sussurrando. –Gostei muito de te conhecer. Deixei meu número no seu celular. O Mike também.

– Tudo bem, mas quem é Mike? – falei meio aflita sussurrando. Ele riu baixo. – Que graça tem?

– Você esta de ressaca não é?

– Claro que estou! Eu não me lembro de merda nenhuma da noite passada! Você pode me ajudar? – eu falei, sussurrando, mas era perceptível o desespero em minha voz. Ele bocejou, olhou pro meu rosto, pensou e se levantou.

– Posso te ajudar sim. Mas, vamos pra cozinha, lá tem remédio. – ele falou, eu senti um alívio imenso! Talvez ele me ajudasse a achar a Tiffany, e a me explicar o que aconteceu.

– Você conhece a Tiffany?

– A rainha mais popular da escola? Claro que sim! Querida, o recalque dela bate na minha bunda e volta! – ele falou. Eu comecei a rir do jeito que ele falou. Aí que eu comecei a raciocinar...

– Você é......você.....é.....

– Gay? – ele completou minha pergunta, enquanto descíamos as escadas.

– É.

– Não, eu não sou gay. Sou divo porque eu pego homens. – ele falou, todo sério. Eu não aguentei e comecei a rir de novo. Chegamos na cozinha e ele pegou uma aspirina e um sal de frutas. Tomei os dois rapidamente e meu enjôo passou, mas a minha cabeça continuava meio enevoada.

– Você sabe onde está a Tiffany?

– Ai, fofa! Você não está por dentro das últimas fofocas? Ela está pegando David! E hoje, dizem que ele embebedou ela, e levou ela pra cama. – depois que ele falou isso, minha memória começou a lembrar de alguma coisas.

FLASHBACK ONN*

Depois que a Tiffany percebeu que não seria possível achar uma roupa que ela chamasse de decente, ela desistiu, e saímos assim mesmo.

– Você chegou num dia ótimo! Vai ter a maior festa! Você precisa ir!

– Não sei não Tiffany, eu não conheço ninguém, e além do mais não quero me meter em confusão.

– Eu não aceito um não como resposta! É a oportunidade perfeita pra você conhecer o pessoal! Eles vão A – DO – RAR você! – ela falou mais animadinha do que o normal. Foi aí que eu percebi que nessa festa ia rolar....

Depois de experimentar quinhentos vestidos diferentes, ela encontrou vestido preto, bem justo, com um decote em V, e só tampava minha bunda. Eu pestanejei, reclamei, fiz birra, mas ela negou e continuou a pagar pelo vestido. Droga. Eu ia ficar parecendo uma prostituta da Califórnia.

– O Steve vai? – eu perguntei, tentando não parecer intrometida. Ela não pareceu se incomodar com a pergunta.

– Não, ele é todo antissocial, nerd, e rockeiro. – ela falou, como se tivesse nojo. Eu comecei a me interessar por esse Steve, que não parecia tão convencido.

– E o Ethan vai? – eu perguntei, desejando que ele não fosse. Eu não precisava de mais constrangimentos.

– Não sei, eu espero que não. – ela falou, do próprio irmão. Pegamos um táxi, pra voltar pra casa e nos arrumar pra festa de arromba.

– Eu não sei você já participou de festas assim, mas a gente sempre passa a noite na casa do anfitrião.

– Sério? Meu pai não te xinga?

– Não, eu falo que vou pra uma balada, e passar a noite na casa de uma amiga. – ela falou, com um sorriso malicioso. Foi aí que eu percebi que essa festa ia ser diferente de todas as outras que já participei na vida.