A viagem foi bem tranquila. Não que eu tenha gostado. Foi só porque a Margaret não conversou comigo, foi bem mais fácil assim. Mas, de vez em quando eu percebia os olhos de Steve em mim. Achei um pouco estranho ele ficar me encarando, mas não me importei. Ele não tinha nada a ver com a Margaret. Ele tinha cabelos pretos e espessos, olhos verdes, era muito musculoso, e a blusa branca regata ajudava muito a realçar seu bronzeado e seus músculos. Ele estava um pouco de lado, olhando pela janela, olhei para suas costas e percebi um começo de uma tatuagem. Eu também tinha duas tatuagens, uma águia na clavícula, e uma escrito "FUCK YOU" em cima da bunda. É. Isso aí. FUCK YOU em cima da B-U-N-D-A. Não me julgue, eu estava bem bêbada e com raiva do meu ex, e, digamos que raiva e bebida não é a melhor combinação. Então decidi mostrar que eu não me importava (mesmo me importando), com uma tatuagem. Tatuagem pra mim sempre foi sinônimo de liberdade, mas não recomendo ninguém a tatuar FUCK YOU na em cima da bunda, por causa do ex. Meu pai não sabe, muito menos minha mãe.

Chegamos na enorme mansão, do meu pai é claro. Ele é um cara bem rico. Entramos na garagem e tinha mais seis carros. Um pra cada dia da semana. Odeio isso, é tão fútil! Pra que sete caros? Se eu tivesse um, estaria dando pirueta até no teto.

Saí do carro e peguei minha mala. Logo um segurança se ofereceu pra ajudar, mas eu recusei. Eu sei me cuidar sozinha desgraça, era o que eu ia dizer, se não fosse interrompida.

– Filha - falou meu pai - Eu sei que você deve estar um pouco estressada por causa da viagem de avião, mas tente ser legal com eles. A Tiffany e o Ethan estão lá em cima, você não vai precisar dividir o quarto.Mas pelo ou menos vá cumprimentá-los. - ele terminou de falar. Eu não iria tentar ser legal. Porque eu faria isso? Fui andando bem devagar até a porta. Estava até curtindo a música do meu iPhone, (Young, Wild, & Free - Wiz Khalifa.) Eu me dou bem sozinha, me dou bem comigo mesma, obrigada.
Entrei na sala, e era a sala mais moderna que eu já tinha visto, tinha um sofá gigante vermelho,feito de couro em formato de L, uma tv de tela plasma enorme, e um tapete que parecia ser feito com pele de onça. Claro que isso foi ideia da Margaret, meu pai nunca faria uma coisa dessas com a sala. Subi pelas escadas, para achar meu quarto. Mas, assim que eu cheguei lá, vi que isso não seria possível. Tinha muitos,muitos, quartos. Todos com a mesma porta. Era impossível diferenciar um do outro. Saí pelo corredor tentando abrir as portas, mas todas que eu tentava estavam trancadas. De repente, consegui a abrir uma. Só que, quando eu abri tinha um garoto lá dentro. Um garoto muito sarado só de cueca.

– OH MEU DEUS! DESCULPA! - eu falei, envergonhada, e assustada ao mesmo tempo. Merda. Ele não pareceu nada envergonhado. Pelo contrário. Ele olhou pra mim, e sorriu maliciosamente. Eita porra. Eu tentava a todo custo não olhar pra 'aquilo'. Que pelo visto era enorme. Ele parecia se divertir com a situação.

– Você é a May, certo? - ele falou, sorrindo. Que sorriso perfeito.

– Ahn....Sou sim....er... Você é o Ethan?

– Sim, sou. Você deve estar procurando seu quarto. Ela é a duas portas daqui.

– Obrigada. - eu falei aliviada, saindo correndo do quarto dele e daquela situação constrangedora.

Cheguei em meu quarto e vi que ele era exatamente igual ao meu, na minha casa em Nova York. A parede esquerda pintada de preto, com um enorme símbolo da Avicii. Minha cama estava com um cobertor do Metallica. Uma janela enorme estava aberta, fazendo o quarto ficar mais fresco, e um pouquinho mais iluminado. Entrei, e fechei a porta atrás de mim. Sentei–me na beirada da cama e comecei a desfazer minha mala e a colocar no guarda-roupa todas minhas roupas. Estava totalmente entretida ouvindo música, quando eu ouço alguém batendo na porta. Desligo a música, e vou abrir a porta.

– Olá! – falou uma garota loira, com voz esganiçada e um sorriso exageradamente branco.

– Oi.. Você que é a Tiffany?

– Sim! Vamos ser irmãs!! – falou a Tiffany, animadinha demais. E me deu um abraço. Eu levei uns dez segundos pra retribuir. Ela era animada demais. Bronzeada demais. Loira demais. Não que eu tenha preconceito contra loiras, mas é que nessa cidade tudo é demais. Animados demais, bronzeados demais, quente demais. Ela finalmente me soltou e entrou no meu quarto.

– Nossa! – ela exclamou levando um susto.

– O que foi? – falei tentando enxergar o problema.

– Suas roupas! Precisamos de fazer compras! Temos que renovar isso aqui! – Tiffany disse, com aquela voz que a cada vez afinava mais. Ela olhava minhas roupas, e balançava a cabeça em sinal de negação. Os cabelos dela eram loiros bem lisos, quase brancos, a pele bronzeada, olhos azuis, sorriso incrivelmente branco, unhas vermelhas postiças, tudo nela chamava atenção. Diferente de mim.

Estava entretida em meio dos meus pensamentos, quando ouço outra batida na porta. Quando meu pai disse que eu ia ter um quarto só pra mim, achei que isso seria um símbolo de privacidade, mas parece que eu tava enganada. Abri a porta, e mais uma surpresa, era o Ethan.

– Oi... – falou ele, um pouco tímido. Não era o que parecia uns minutos atrás....

– Oi... – eu falei, mais tímida ainda.

– Posso entrar?

– Pode. – eu falei, abrindo passagem. Ele entrou, e pareceu um pouco surpreso ao ver a irmã revirando meu guarda-roupa inteiro.

– O que ela está fazendo exatamente? – ele perguntou, um pouco confuso.

– Ela está revirando meu guarda-roupa todo, porque de acordo com ela, eu não tenho nenhuma roupa bonita. Ela quer me levar pra sair, mas de acordo com os profundos estudos de moda dela, esta roupa que eu estou usando não é apresentável pra sair. – eu falei, ele riu, mostrando duas covinhas. Eu ri junto com ele. Ele não parecia tão ruim agora. Talvez as coisas melhorassem pra mim, se eu me acostumasse com essa vida nova.