Minha mãe não para de falar, pedindo pra mim ligar pra ela, pra eu não me vestir de preto todos os dias, pra eu não aumentar meu alargador sem avisar, pra eu não fazer mais tatuagens.... Ah! Isso cansa!

– Querida, por favor, me ligue quando chegar lá. - minha mãe falou, com um sorriso melancólico.

– Tudo bem, mãe. - eu disse, tentando parecer convincente.Ouvi a última chamada pro meu voo. - Agora eu tenho que ir. - eu falei, com um sorriso forçado. Eu odiei a ideia de ter que sair de Nova York só pra ir visitar meu pai. Abracei minha mãe pela última vez e fui em direção à sala de embarque.

A viagem de avião não foi tão ruim quanto eu pensei, eu fiquei ouvindo música no meu iPhone, comendo tudo que as aeromoças ofereciam.Tinha um garoto lindo me encarando o voo todo.Eu até olhei no espelhinho pra ver se tinha alguma coisa no meu rosto. Mas até que eu estava bonita. Meu cabelo é muito preto, e um pouco ondulado nas pontas, meus olhos são azuis cristalinos, minha pele é branca, e eu tinha um alargador branco de 10mm na orelha.

Quando desci do avião, já senti uma grande diferença.

Estava muito,muito quente.

Tirei meu minha blusa de frio e fiquei apenas com uma blusa regata do Nirvana. Peguei minha mala gigante, e entrei no aeroporto da Califórnia. Lá dentro o ar era gelado, por causa do ar condicionado. Procurei por todos os lados, e finalmente vi meu pai. Um grandalhão, com cabelos pretos, olhos verdes, barba meio rala. Ele pareceu surpreso quando me viu, mas logo abriu um sorriso. Ele veio correndo em minha direção, e me abraçou.

– May! Você está tão diferente! - falou meu pai, enquanto me abraçava. - Vamos, Margaret e os meninos estão no carro. - ele falou, pegou minha mala enquanto andamos em direção ao estacionamento. - E então querida, como sua mãe está?

– Está bem, muito bem na verdade.

– Que bom! Acho que você vai adorar Margaret, ela é um doce de mulher.

– Acho que não. Você traiu minha mãe com ela. - eu falei com raiva. Ele pareceu confuso, mas depois percebeu o que eu quis dizer, respirou fundo e parou por um momento.

– Querida, eu sei que é difícil, mas você vai passar um ano aqui. Então é melhor aceitar logo. - ele falou, olhando diretamente nos meus olhos. Eu respirei fundo, contei até dez e voltei a andar. Ele foi logo atrás de mim.

– Você ainda tem aquela BMW x6?

– Tenho. Ali está - ele falou, apontando pra BMW branca. Fui correndo em direção à ela.

– Olá! - falou uma mulher loira bronzeada no banco da frente. Ela parecia ter uns trinta anos.

– Oi. - eu falei, com sorriso muito forçado. - Você deve ser a Margaret.

– Sim! E você a May, certo?

– É. - quando eu falei isso, ela saiu do carro e abriu a porta traseira. Eu quase que levo um susto. Um garoto muito gato, que devia ter a minha idade, estava mexendo no celular.

– Steve, diga oi pra sua futura prima. - ela falou com o gatinho. Ele desviou os olhos do celular e olhou pra mim. Ele pareceu um pouco surpreso, deu um sorriso bem sedutor e disse:

– Oi, você deve ser a May, não é?

– É. - falei bem seca.

– Eu sou primo do seus futuros irmãos. - ele falou sorrindo. Eu entrei no carro, e Margaret também. Meu pai chegou e olhou pra mim, eu estava jogando Temple Run, então não dei atenção.

– Querida, você já conheceu os dois certo?

– Aham.

– Ótimo! Vai ser um ano muito bom. - meu pai falou, muito animado. Eu duvidava muito disso. Enquanto eu jogava, Steve não parava de olhar pra mim. Droga. Era o que me faltava. Esse ano ia ser um ano muito, muito longo.