Chegando em casa no início da tarde de sexta-feira por seu turno no trabalho acabar mais cedo naquele dia, Leroy encontrou com uma Rachel devastada no sofá e logo correu para o lado da menina perguntando o que havia acontecido, recebendo apenas um “Q-Quinn” como resposta, mas aquilo foi o suficiente para o homem entender o que havia acontecido para deixar sua estrelinha tão tristonha, então ele levantou sua cabeça da almofada que ocupava cuidadosamente, se sentando no local antes ocupado pela almofada e repousando a cabeça de Rachel em seu colo, começando a fazer carinho em seus cabelos. Eles ficaram naquela posição até a morena se acalmar um pouco e cair no sono e Leroy prontamente a pegou no colo, levando-a para seu quarto como a criança que ela fora um dia.

Nos dois dias que se seguiram, Rachel se recusou a sair da cama, levantando-se apenas para usar o banheiro. Seus pais apareciam de hora em hora em seu quarto, revezando turnos para oferece-la comida, suco, água, abraços...qualquer coisa. Eles só queriam que sua estrelinha voltasse a sorrir.

“Estrelinha, você tem comer.” Disse Hiram preocupado, recebendo nada mais que um “Não estou com fome.” como resposta.

“Fiz seu sanduíche favorito e chocolate quente, querida. Que tal sair dessa cama e comer um pouquinho?” tentou Leroy uma hora depois, sendo prontamente ignorado pela menina, que se virou de bruços escondendo a cabeça de baixo do travesseiro.

“Rach, Finn ligou, ele está preocupado com você e pediu que atendesse seu telefone. Que tal ligar para ele e combinarem de sair?” ofereceu Hiram, recebendo um “não” como resposta.

Às 16h da tarde de sábado Leroy e Hiram se encontraram na porta da menina para chama-la para assistir a maratona de musicais que começaria naquele horário mas tudo que receberam foi um “Me deixem em paz!” irritado.

E assim o fim de semana se passou, até Rachel se cansar das tentativas de seus pais na noite de domingo e trancar a porta logo após Leroy passar para deseja-la boa noite e dizer que precisando de qualquer coisa, era só gritar, literalmente. A porta trancada só foi percebida por Hiram às oito e meia da manhã do dia seguinte, ao tentar abrir a porta da menina para acorda-la e falhar miseravelmente.

“Estrelinha! Abra a porta, nós só estamos tentando ajudar.” Disse ele, batendo na porta da filha, a tristeza evidente em sua voz.

“Então me deixem sozinha.” Respondeu ela entre uma fungada e outra, fazendo o coração de Hiram se apertar ainda mais.

“Destranque a porta.” Insistiu ele.

“Pai...” começou a pequena morena.

“Te deixaremos sozinha, apenas destranque a porta.” Pediu o homem uma última vez.

Com isso Rachel se levantou de sua cama, seguindo a passos preguiçosos até a porta, destrancando a mesma que logo foi aberta por Hiram e pela primeira vez desde o falecimento de Quinn, Rachel ficou frente a frente com um de seus pais. Antes que pudesse se conter se jogou nos braços do homem, quase derrubando-o no chão.

“Oh estrelinha.” Disse ele, ao ouvir o primeiro soluço da morena.

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Rachel não sabia quando ela havia ido parar no quarto de seus pais, deitada na cama entre eles, sendo abraçada pelos dois, ela só foi perceber onde estava ao sentir a movimentação em seus lados e seus pais a soltando, fazendo-a protestar.

“Onde vocês v-vão?” perguntou a morena, não querendo ficar sozinha.

“Estou apenas buscando meu celular para desmarcar meus compromissos de hoje, querida, relaxe.” Respondeu Hiram rapidamente, seu coração sendo esmagado ao ver quão frágil sua princesinha se encontrava.

E assim o homem fez, desmarcou todos os compromissos do dia e tornou a se deitar ao lado da morena, puxando-a para que ela se deitasse sobre seu peito, porém Leroy não teve a mesma sorte e teve que sair para o trabalho, não sem antes reclamar e se atrasar um pouquinho ficando agarrado na morena. Os dois estavam doidos de preocupação.

Às dez e meia o celular de Hiram tocou e ele atendeu rapidamente para cessar o barulho que cortou brutamente o silêncio em que o quarto se encontrava desde cedo.

“Alô.” Disse ele, sorrindo tristemente ao ouvir a voz preocupada de Kurt do outro lado da linha “Ela não se atrasou não, querido, ela não vai para escola hoje.” Informou Hiram e ele pôde ouvir a preocupação na voz de Kurt quando o menino perguntou como sua estrelinha estava. “Devastada...não comeu nada fora uma sopa sexta-feira à noite...pode deixar que aviso ela sim, obrigada por se preocupar...ok, ok. Beijo, tchau.” E com isso ele desligou o telefone, se virando para sua filha que encarava o teto com uma expressão vazia.

“Era o Kurt.” Informou ele, e como Rachel não demonstrou nenhum sinal de interesse no que ele estava falando ele continuou, sabendo que a menina não diria nada. “Ele está preocupado com você, Rach...todos eles estão.” O homem disse, esperando que Rachel se pronunciasse. Nada. “Ele pediu que eu te avisasse que o velório de Quinn será amanhã, eles finalmente liberaram o corpo.” E com isso Rachel se levantou como um raio da cama, deixando o quarto na mesma velocidade, descendo a escada rapidamente e seguindo até o jardim.

Velório. Ela repetia em sua cabeça.

Quinn. Velório. A morena permitiu que essas palavras ecoassem em sua cabeça enquanto ela se sentava na grama, apoiando as costas na grande árvore que se encontrava no canto esquerdo de seu jardim.

“Ela realmente morreu.” Rachel sussurrou para si mesma, permitindo que as lágrimas voltassem a cair e logo seu corpo todo balançava por conta do choro e soluços deixavam sua boca, cortando o silêncio ensurdecedor que o quintal se encontrava, Rachel estava focada nos próprios soluços, tentando colocar em sua cabeça que era real. Tudo aquilo era real. Então porque ela ainda tinha a impressão de que voltaria a ver a loira? De que ela estava viva?

Quinn realmente sofreu um acidente indo para seu casamento. Quinn realmente ficou em coma por mais de duas semanas até seus aparelhos serem desligados. Quinn realmente morreu. A pequena repetia essas frases em sua cabeça, sem parar, tentando acabar com qualquer resquício de esperança em seu corpo. Até que tudo ficou preto.