Céu Selvagem escrita por Ariadene Caillot


Capítulo 18
Itália


Notas iniciais do capítulo

Gente, quanto tempo eu não postava mas nossa, a faculdade não largava do meu pé (na verdade ainda não largou uashua). Mas trago a vocês o novo capítulo e em desculpem pela demora >



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O tempo úmido deixava os vidros embaçados do avião. Passando a mão para ter alguma visão, Patrícia olhava pela janela a tediosa pista de decolagem. O único no avião era o piloto, que estava ocupado com a sua cabine, a deixando na completa solidão em seu confortável assento. Estava deprimida por não haver a possibilidade de despedir-se de suas amigas e ansiosa pelo que a esperava na Itália.

–Você está bem?- perguntou Biachi, assustando a loirinha. Refletiu por segundos como a mulher havia sentado ao lado dela sem perceber.

–Pensando em como sou azarada. Nem me despedir das meninas eu pude.

–Vai ter outra oportunidade de vê-las!

–Rezo por isso!

–Patricia-chan!!!

–Yamamoto-kun!!!

A loira levanta e vai correndo abraça-lo. Atrás dele, estavam os outros garotos.

–De nós quatro, só está faltando Yamamoto se acertar.

–Do que você está falando cabeça de grama?

–Eu vi tudo, cabeça de polvo. Estava beijando a Haru-chan.

–Sério Gokudera-kun!?-falava Tsuna abismado.

–O que!? Eles estão juntos serio!? Me conte!!! Me conte!!!- falava Patrícia.

–Não tenho nada para contar!- estava totalmente encabulado, andou e sentou em um assento ao lado da janela. Ficou de cabeça baixa para não ter que confrontar os olhares de todos.

–Eu também vi essa cena. – afirmava Bianchi apoiada no assento da frente.

Patrícia puxou Yamamoto, ela sentou ao lado de Gokudera e Yamamoto ficou em pé. Tsuna e Ryohei ficaram de joelhos nos bancos diante deles e viraram para trás, podendo vê-los.

–Conteeee!!! O que aconteceu que vocês se acertaram!?- Patrícia puxava o braço de Hayato.

–Nada!!!

–Então você escorregou e beijou-a, cabelo de polvo? – Ryohei ria.

–Me deixem em paz!!!

–Hahaha, temos até a Itália para te fazer contar!-chantageava Yamamoto.

–Afff!!!- ele toma ar. – A encontrei ontem, conversamos sobre o assunto e percebemos que sentíamos o mesmo.

–E...- foi um coro.

–O que mais querem saber!? Foi isso.

–Pare de nos tratar feito idiotas porque sabemos que tem mais!!!- afirmou Patrícia.

Suspirou. -Tomamos café da manhã aqui no aeroporto, eu a pedi em namoro e é isso.

–Ahhhhhh!- Patrícia o abraça apertado quase tirando o ar dele.- Estou tãoooooooooo feliz!!!! Finalmente!!! Finalmente!!!

–Parabéns Gokudera!!!-Entusiasmado, Yamamoto começa a aplaudir e os outros fazem o mesmo.

–Estou tão orgulhosa!- falava Bianchi divagando em pensamentos sobre casamento.

–E então, me conte como foi o primeiro beijo de vocês!-os olhos da loira brilhavam de empolgação.

–Xô!!!

–Ta bom! Ta bom! Eu dou um jeito de perguntar para a Haru-chan depois!!!

“Vai sonhando! Você não tem nem mais os contatos dela.” – pensava Gokudera.

–Sentem todos pessoal! Vamos partir!- avisava Dino entrando pela escada ofegante.

–Err...Então, vamos para a Itália né? Hehehe. – falava Tsuna nervoso, sentando ao lado de Gokudera.

–DÉCIMO!?- exclamou Gokudera como se tivesse ganhado na loteria.

–O quê!?

–Você sentou ao meu lado!!! – Tsuna tinha quase certeza que os olhos de Gokudera brilharam.

–Hã...Sim! Hehehe.

–Não se preocupe Décimo! Estou aqui para ajuda-lo em sua primeira viagem de avião. – ele apontava confiante para si com o polegar.

–Obrigado!!! EEEEEEHHHH...- Gritou Tsuna, quando o avião começou a se locomover.

–Calma Décimo! Ele apenas está se preparando para decolar.

–Ok!- ele tentava ficar calmo.

Quando o avião começou a aumentar potência, Tsuna agarrava-se a poltrona e cerrava os dentes. Quando ele decolou, o garoto simplesmente gritava como se estivesse em uma montanha russa. Reborn ria nostálgico, ele se lembrou do verdadeiro, e novamente, sentiu-se surpreso para tamanha perfeição do clone. Era como se Tsuna estivesse ali.

Reborn estava crente que Gokudera seria o primeiro a rejeitar o clone pela sua tamanha devoção; mas era um dos guardiões que davam o maior apoio. Talvez, até mesmo foi a sua devoção pelo Décimo que o fazia agir daquela forma. Yamamoto seguia sendo o amigo calmo e prestativo como sempre fora para Tsuna, e por mais absurdo que está situação era, Yamamoto tentava acalma-lo sobre o seu destino. Ryohei também continuou com a mesma compostura, e ao final, o fato dele ser um clone não estava influenciando no relacionamento da família.

–Então, qual é a sua finalidade aqui, Lorenzo?- indagou Claudio após um gole de chá.

–Creio que não cabe a você saber.- respondeu o Mestre após um pedaço de bolo.

–Moramos nesta casa e auxilio a chefe desta família. Cabe a mim sim!- o rapaz esforçava para manter o seu tom de voz frívolo.

–Não sabia que éramos casados, Claudio.

O jovem quase se engasgou com o bolo. Lorenzo percebeu rugas se formarem na testa do rapaz devido à frustação. Ele teve que segurar uma gargalhada.

–Não somos casados, mas somos irmãos nesta família.

–Fale por você. Sou apenas o mestre do futuro chefe.

–Canalha traidor.

Lorenzo não conteve um sorriso discreto de contentamento. -Falou o homem corrupto da família.

Jack suspirou enquanto mexia no seu chá com uma colher. Como aquilo era entediante para ele, sempre acontecia à mesma situação quando ambos estavam juntos. Aquela cena acabou tirando o seu apetite. Desejou profundamente estar livre daquelas pessoas um dia.

Os dois homens sequer perceberam a frustação do garoto. Blasfemavam ao vento com palavras sarcásticas que o irritam no fundo do seu ser. Jack desejou ter férias de tudo e seus pensamentos foram longe. Como ele queria ver sua mãe, ela apenas mandava algumas cartas para ele muito raramente, sempre justificando estar com muito trabalho. A letra dela era corrida, com muitos rabiscos tortos e letras quase indecifráveis. As cartas eram sempre coloridas e perfumadas. Ela nunca sequer citou o que ocorreu com o pai dele e sua amnesia, Jack realmente ficava em dúvida se a mulher sabia toda a verdade. Paola após aquele acontecimento deixou de vir na mansão visita-lo e sentia muita falta da sua pequena irmã. A cada dia sentia como se suas correntes que o prendiam ali estavam o sufocando e mal sabia ele se aguentaria a pressão.

–Jack! Jack! Está ouvindo?- era Adelina.

–Sim, Adelina.

–Me acompanha em um passeio pelo jardim?

–Sim, claro!

Lorenzo e Claudio observavam a cena, temerosos. Pelas expressões deles, Jack tinha certeza que se pudessem o impediriam de ficar a sós com aquela mulher.

–Não me olhem assim.- ela riu.- Parece até que vou machuca-lo. – enganchou o braço no garoto e saíram caminhando até o jardim.

Claudio aguardou o distanciamento de ambos, para indagar Lorenzo.

–Quais são os planos do seu grupo quanto a Jack?

–Por...

–Apenas me fale!

–Protegê-lo.

–Por que?

Lorenzo o observou por um longo tempo. Parecia estar escolhendo as palavras certas.

–Ele é importante para nós.

–Quando acabar o uso para ele, você vai elimina-lo?

–Não!-negou exasperado. - Vemos o garoto como pessoa, não um elemento para um plano.

–Esse foi o seu propósito aqui?

–Claudio...

–Imagino que não possa falar.- um curto silêncio permaneceu entre eles. Claudio pensava profundamente pelo seu olhar.- Lorenzo, você protegeria Jack até o fim?

–Até o fim da minha vida se for necessário!

–Posso confiar em suas palavras?

–Claro!!!

–Então, deixarei a segurança de Jack sob sua tutela. Quando tudo acabar, eu quero que você e ele desapareçam da vista da Céu Selvagem.

–Então Adelina quer executa-lo?

–Não cabe a você saber. Apenas o proteja.

–Eu prometo!

Ambos apertam as mãos selando o acordo.

–A algo engraçado em tudo isso.

–O que?

–Uma mulher no monastério pediu-me a mesma coisa acerca de Cielo.

“Marcela”. – Pensou Claudio.

–Qual é a razão de Cielo, Claudio? Em quê ele irá ajuda-los no plano que Adelina planeja?

–Assim como você não pode detalhar as intenções do seu grupo...

–Entendi! – Lorenzo encosta-se a cadeira e cruza os braços.- Eu já imaginei tanta coisa acerca de Cielo, chegando a conclusão que o garoto deve ter algum poder que mudará os acontecimentos.

–A única coisa que você deve saber é que Jack deve ser protegido.

–Você se apegou mesmo a ele.

–Eu acordei e vi quanto ele é injustiçado nesta história toda.

–E as memórias dele? Sei muito bem que aquela amnésia está sendo manipulada.

–Jack vai saber o que fazer, não se preocupe. Ele dará as instruções a você.

–Jack, está preparado para a Vongola?

–Sim...

–Não senti confiança em sua resposta.

–Eu temo que o décimo seja mais forte.

–Ele não é e nunca será. É melhor adquirir confiança para mostrar que todo o tempo investido em você não foi em vão.

–Acho que seria mais fácil com as minhas memórias.

–Pare de agir como um fracote. Seu pai era um homem de respeito e honra por enfrentar as mais diversas adversidades.

–Eu nem sequer lembro dele.

–Apenas não se esforçou o suficiente para lembrar. Sua psicóloga me contou que você não faz questão alguma para melhorar.

–Eu dou o meu máximo.

–Máximo? Eu não vejo isso em nenhuma postura sua.

–Você mal fala comigo.

–Eu sempre o estive observando! Chega. Irritei-me com o que vi por aqui. –e ela se retira.

Jack encosta-se frustrado a uma árvore. Uma raiva grande surgiu e o fez socar o tronco da arvore inúmeras vezes. O garoto não conseguia enxergar muitas chances para escapar a sua frente e a agonia e desespero começaram a infiltra-se em seus sentimentos, mas não era como das outras vezes. A sensação era sufocante, descendo pela sua coluna, pernas e pés. Suas veias saltaram e pulsavam fortemente. Sentiu-se uma forte desconhecida nos seus membros.

Quando enxergou Claudio e Lorenzo correndo em direção a ele, sua frustação aumentara e a sede por brigas apareceu. Decidiu que aquele seria o momento para descontar todas as suas frustações que ambos lhe causaram. Sem pensar duas vezes, disparou sua lança em mãos e caminhou em direção aos homens, suas bocas se mexiam, mas Jack não conseguia entender, sua adrenalina estava extremamente alta e seus pensamentos por violência sequer deixavam ele pensar.

Saiu correndo em disparada e só não acertou o braço de Claudio, porque o rapaz foi mais rápido. Apenas levou danos quando Jack usou seus poderes para criar explosões perto dele. Lorenzo tentou segura-lo, mas o garoto havia adquirido uma habilidade incrível para se desviar de ataques. O mestre tentava deter a rápida lança com sua espada até conseguir tirar a arma das mãos dele. Prendeu o garoto contra o chão, segurando pelos braços e pernas. O jovem remexia-se para todo o lado na tentativa de livra-se de Lorenzo, apenas se acalmou, quando Claudio retirou uma das luvas dele e utilizou-se dos seus poderes para envia-lo a um sono profundo. Foram por meros instantes, que arabescos se formaram no braço de Jack, graças aos poderes do rapaz. Os olhos de Claudio saltaram de medo, estava pálido, suava frio e tremia, enquanto observava Jack inconsciente.

–O que houve com ele? Por que você está com essa cara!?

–A alma dele...- Claudio respirava com dificuldade. – estava se corrompendo.

–O que Adelina fez!?

–Nada demais, caro Lorenzo.- ambos viram assustados ao escutarem a voz da mulher. – Apenas tivemos uma conversa civilizada.

–Percebe-se. – respondeu ironicamente. – O meu aluno parecia muito “calmo”.

–Ele parece estar nervoso e frustrado consigo mesmo. É normal possuir este comportamento nestas situações, então peço que resolvam.

–Tenho cara de psicólogo? – indagava Lorenzo sarcasticamente.

–É o MESTRE dele e cabe a você resolver o problema de confiança do seu aluno. Até mais!!! – e ela retira-se.

Quando o mestre voltou seu olhar para o aluno, ele estava nos braços de Claudio. O rapaz o observava pesarosamente. Algo realmente não estava bem.

–Você disse que a alma dele está... Se corrompendo?

–Estava...

–O que está causando isso, Claudio?- o silêncio permaneceu. – Claudio?

–...Possivelmente...As intrigas do cotidiano podem ter causado esta situação...- O rapaz parecia exausto pelo seu tom de voz.

–Minha intuição diz que é algo a mais neste história!

–Pois a minha me disse exatamente o que falei antes!

–Eu vi Claudio. Vi quando saiu energia de suas mãos e foram para o corpo de Jack, formando aqueles arabescos. E notei sua recente palidez. Seus poderes demandam muita força.

Ele ria quase sem forças. –Você me pegou no flagra, Lorenzo! Mas, entre você tomar conhecimento do meu segredo ou salvar a vida dele, eu escolhi o Jack. –ele toma fôlego. – Como percebeu estou cansado, poderia levar ele até o quarto?

–Claro!

Lorenzo tomou o jovem desacordado em seus braços. Ele era pequeno e leve, totalmente fácil para ser carregado. Claudio os acompanhava logo atrás, apoiando-se nas paredes e respirando com dificuldade. Optaram por um caminho mais longo, mas sem muito movimento da casa.

Quando chegaram ao quarto, Lorenzo repousou Jack suavemente na cama e o cobriu. Pelo rabo do olho, pode ver Claudio sentado em uma das poltronas com visão para o futuro chefe, parecia estar febril pela sua face. O mestre sentou a beira da cama, ao lado do garoto.

–Então realmente você tem poderes. Poderia ter me contado.

–Não sou mais ingênuo como antes, para contar aos quatro ventos sobre minhas habilidades...

–O que você é? Um feiticeiro?

Ele riu cansado.- Muito mais que isso.

–Usarei a minha imaginação. O que você fez no garoto para deixa-lo exausto?

–Uma magia de purificação.- ele pegou um lenço e enxugou o rosto. - Elas demandam muita energia para serem eficientes. Ele é muito jovem para ter sua alma corrompida pelos desejos egoístas dos adultos.

–Logo ele vai ser adulto. Está quase completando 18 anos e se tornará chefe da máfia. Ele deve saber como enfrentar estas coisas.

–Não, ainda é cedo.

Lorenzo havia ficado pensativo.

–No que está pensando?

–Há minutos atrás, me pediu para protegê-lo, então... Eu posso ver a face dele?

–Não...

–Você o confiou a mim, Claudio! Por que...

–Porque o que está escondido por detrás desta máscara é muito importante e mudará o destino desta batalha.

Lorenzo ficou de boca aberta. Mil perguntas e respostas passaram pela mente, mas apenas uma delas era coerente.

–Está máscara está selando as memórias e os poderes dele não é? Ou algum poder monstruoso!!! Claudio, ele conseguirá controlar!?

–Meu caro amigo, o que a por detrás da máscara é um segredo forte, que apenas será revelado na batalha.

–Não! Será revelado agora! – Lorenzo rapidamente coloca suas mãos na máscara do jovem, mas é repelido por uma barreira de raios.- Você a enfeitiçou!!!

–É a magia, Lorenzo. Não é qualquer um que pode retira-la.- ele ria ironicamente, fazendo algumas veias do Mestre ficarem a mostra.

–Espere! Uma vez que entrei no quarto de Jack, você o cobriu rapidamente porque estava sem mascara. Ele não sela nada, é para esconder o rosto dele!

–Sempre foi à intenção! Desculpe decepciona-lo. Achou que andou lendo fantasias demais, Lorenzo.

–Por que não posso ver?

–Não seja impaciente! A batalha está chegando e poderá saciar sua curiosidade.

–Apenas não consigo entender...

–Bem Lorenzo, a única coisa que entendo por aqui é que provavelmente você conheça Jack.

–O quê!?

–Você não teria essa obsessão por apenas curiosidade. Não sou idiota. Conte-me!

Para a sorte do mestre, Jack desperta um pouco confuso e Claudio distraia-se em ajuda-lo, esquecendo sobre o assunto. Lorenzo não permaneceu por muito tempo e na primeira oportunidade, se rastejou porta a fora. Temia que qualquer ação ou palavra, revela-se as intenções do seu grupo.

Mais tarde Claudio ia para o quarto descansar. Andava se apoiando nas paredes, com tonturas e a visão turva. Seu corpo estava pesado, suava frio e um cansaço permanente. Quando se deu conta, sua face havia encontrado o tapete vinho empoeirado do corredor. Ele devia ter desmaiado ali. Ouvi distante, ecos de salto vindos em sua direção. Apenas viu um par de pés dentro de um sapato feminino na cor roxa.

Claudio, Claudio... – parecia ser a voz de Adelina.- Por que você foi purificar a alma do garoto? Agora está neste estado deplorável.

–Como disse, ele é apenas um garoto... Não conseguiria me perdoar...

–Salvou Jack, mas colocou sua família em risco.

–Eu vou me recuperar...

–Tss!- e Adelina saiu.

Sentiu seus olhos fecharem contra sua vontade. Sentia suas mãos formigarem e o suar escorrer pelo rosto, não fazia ideia de quanto tempo havia ficado ali.

–Claudioooo...- ele escutou Lorenzo chama-lo. Com muito esforço, abriu os olhos e apenas tinha uma visão turva do homem.- Eu vou leva-lo para a Enfermaria!!!

–Por que... – Perguntava enquanto o Mestre o colocava sobre os ombros. - Está me ajudando...

–Você pode ter errado, mas ainda é um jovem rapaz. A muito futuro pela frente.- Lorenzo caminhava com o jovem pelo corredor.

–Eu não...sou uma pessoa boa... Lorenzo...

–Ainda pode corrigir seus erros!

–Obrigado...

E Claudio é vencido pelo cansaço.

No final da noite, a Vongola finalmente havia chegado à Itália. O jato desceu nos fundos da Mansão Vongola e seus passageiros cansados desembarcaram. Tsuna sentia seu corpo tremer inteiro de pavor, ele concluiu que deveria adicionar voar de avião a sua lista de medos. Quando seus pés tocaram a pista de decolagem, ele quase beijou o chão de alivio.

–Deveríamos ter feito o garoto dormir. – sugeriu Bianchi.

–Não, é bom para o treinamento dele. – Finalizou Reborn.

–Você ainda está treinando um clone?

O bebê mafioso ficou sem palavras. Por instantes ele foi pego pelo esquecimento de quem realmente era aquele garoto tão semelhante à Tsuna.

–Estamos na Itália!!! Estou extremamente empolgado!!!

–Hahaha, eu também.

–Ei Maníaco do beisebol e Cabeça de grama, não se esqueçam de que estamos aqui por uma missão especial!

–Hahaha, Gokudera aproveite um pouco a viagem!- Yamamoto passa o braço por cima do ombro de Ryohei e Hayato.

–Não estamos de férias, idiotas!

Os três calaram-se quando o guardião da Tempestade do nono apareceu acompanhado de outros membros para os recepcionarem. O guardião levou Reborn, Tsuna e Patrícia diretamente para a sala do Nono. Quanto aos outros, foram dispostos na sala de jantar para consumirem a refeição preparada especialmente para eles.

–Nono! – falou Reborn ao adentrar na sala.

–Reborn, há quanto tempo. – o velho homem enxergou Tsuna.- E você...- o atual chefe o analisou em segundos. - É a cópia exata do décimo!-arregalou os olhos.

–Patrícia é a sua mestra e criadora. - Completou Reborn.

–Incrível sua habilidade garota!

–Obrigada.

–Então,- Ele fez sinal para sentarem nas cadeiras a frente da sua mesa. - O resgate será amanhã?

–Provavelmente Nono, quando todos estiverem descansados. Não sabemos como será depois de resgatarmos o Tsuna.

–E ele irá junto? – Nono se referia ao clone.

–Sim.

–Reborn, você tem certeza que ele está...Está vivo?

–Segundo o nosso novo aliado.

Nono observou o clone de Tsuna por alguns segundos. – Realmente, ele é uma cópia perfeita. Eu sinceramente, não saberia dizer a diferença entre eles. Senhorita Patrícia, como funciona a existência de um clone?

–Bem, após a clonagem, eles devem ser alimentados constantemente com algum tipo de energia. Quando não servirem mais, apenas corta-se o laço dele com a fonte e desaparecerá.

–Então ele nunca será autossuficiente?

–Neste caso sim.

–Neste caso? Quer dizer que a outra possibilidade?

–De fato, é possível a criação de clones independentes. Mas demandam muita energia do mestre e para desfazê-los é um processo difícil.

–E quanto a sua forma?

–Bem o clone que fiz de Tsuna é estático em relação à aparência. Mas no outro caso, eles envelhecem. O raciocínio que podemos utilizar para compreender, é que o clone seria a pessoa em outro recipiente.

–Poderíamos usar ele?- Nono apontou para o clone de Tsuna. -Ou teria que ser feito um novo?

–Posso transforma-lo, mas como estou com minha energia baixa por manter ele, eu não conseguira neste momento. Eu precisaria de alguma fonte de energia.

Reborn amarra sua face para o Nono e o chefe entende o recado.

–Senhoria Patrícia e... – Nono ficou confuso de como chama-lo. – Bem, poderiam se retirar por um momento da sala?

–Claro!- ambos se retiram.

–Nono não me diga que você está pensando em...

–Colocar um clone no lugar do verdadeiro décimo? Sim! Mas seriam apenas em medidas emergenciais. Não sabemos qual a situação dele, Reborn! Não podemos ficar sem um chefe. Claro que eu torço para que ele esteja vivo.

–Temos quase certeza que sim! – Havia uma raiva interna em Reborn.

–É o que o aliado diz. Ele não conhece Tsuna-kun para dizer se é realmente a pessoa. Pode ser apenas para despistar os inimigos.

–Iremos comprovar no resgate Nono!- Reborn levantou-se.

Para ele, este assunto era absurdo de se ouvir e sequer pensar em executa-lo. Ele não tinha nada contra o clone, mas em só pensar em colocar um substituto, não descia pela garganta. Os planos do Nono eram algo que o clone jamais deveria saber, já que era de conhecimento do arcobaleno que o mesmo não queria desaparecer. Afinal, se o clone usava as lembranças e ideologias de Tsuna, ele não ia querer desaparecer mesmo. Porém, Tsuna possuiu senso de justiça e ele jamais atrapalharia algo para beneficio próprio. Seria o clone capaz de ultrapassar o seu forte desejo e dar o devido lugar ao verdadeiro décimo?

–Então... Se o verdadeiro não existir mais, a possibilidade de eu ficar no lugar dele? – indagava Tsuna. Ele e Patrícia estavam de pé ao lado da porta.

–Não se agarre nisso.

–Eu sei, mas a chance de eu não desaparecer!

–Concentre-se! Você tem uma missão especial Tsuna-kun. O medo e o desejo que você está sentindo é vindo do verdadeiro, eles não são seus.

–E quais são os meus sentimentos?

–Clones são cascas vazias.

–Isso é horrível!!!

–Sim, mas é como funciona.

–Pensando melhor, se eu tiver que ficar no lugar dele, sempre saberei que sou um clone. Não seria nada agradável.

–Eu apagaria suas memórias, para sempre pensar que é o verdadeiro. Posso fabricar memórias também. Como disse... Não se agarre nisso.

–Eu não quero sumir, mas, eu também desejo que esteja tudo bem com o verdadeiro.

–É engraçado. Sempre achei que chefes da máfia deveriam ser malvados, grossos e sem coração. O décimo é o oposto de tudo. Consigo conhecê-lo um pouco graças a você.

–Ele é um cara estranho! – ria. – Mas eu gosto de ser ele. E apesar de tudo, gosto da vida dele. Dos seus amigos, da namorada, do colégio...

–O verdadeiro não gosta do envolvimento com a máfia. - Patrícia o encara. – Ou ele passou a gostar?

Ele sorri. - Em partes. Tsuna escondeu alguns segredos no canto mais profundo do seu coração, para não se dar por vencido.

–Reborn ficaria feliz de ouvir.

–Sim. Tsuna reconheceu afinal que se não fosse pela máfia, ele não teria os seus amigos de confiança e sua vida seria monótona. Ele sempre imaginou seu futuro como uma nuvem obscura do fracasso, mas a máfia lhe trouxe esperanças.

Ela suspira.- Não sei você, mas eu estou muito ansiosa para conhecê-lo.

–Idem. É estranho, eu possuo todas as memórias, sentimentos e poderes dele.

–Vocês possuem um elo de ligação. É como se algo estivesse faltando.

–Será que ele mudou? Afinal se passou quase um ano.

–Talvez não muito.

–Seria complicado para ele explicar quando voltar para casa.

–A Vongola com certeza dará um jeito.

A conversa deles é interrompida por um dos membros que os orienta a juntarem-se aos outros na sala de jantar.

–Que estado deprimente.

–Adelina! – exclama Lorenzo.

A mulher referia-se a Claudio onde se encontrava desacordado na cama. Estava muito pálido e sua face revelava o extremo cansaço que o rapaz estava.

–Ficando neste estado justamente agora!

–Ele salvou a vida do garoto.

–Jack nem se importa com ele! Não possuía obrigação alguma de desperdiçar energia.

–Claro, para você é preocupante ele ficar sem energia. Após tudo que eu vi por aqui, a minha conclusão é que a amnésia de Jack é manipulada por ele.

Ela ria. – Perdeu seu tempo para concluir algo sem fundamento algum. Por que traria tamanho sofrimento para Jack?

–Porque simplesmente ele deve saber de algo que te coloca em perigo. Boa noite. – ele se retira.

Ela observa a saída com desprezo e volta-se para Claudio. Toma uma das mãos dele nas suas e riscos de luzes se formam.

–Eu preciso de você vivo Claudio. Espero que seja a última vez que eu lhe dou energia.


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Notas finais do capítulo

Estava com muita saudades de vocês gente, vocês não tem noção. Com certeza vou terminar Céu Selvagem, e já tenho planos para a continuação da fanfic. Até nome já possuiu. ;) Bjuss seus lindos!



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