http://www.youtube.com/watch?v=4nIZJbRK9DU&hd=1

"Corro tentando escapar de algo que corre incessante atrás de mim. Estou com um vestido negro completamente rasgado e descalça. Meus cabelos, agora longos dançavam ao ritmo do vento.

Eu paro em meio a um jardim extenso de flores do campo brancas, lilases, rosas, azuis e viro meu corpo vendo ao céu a fumaça negra das chamas se aproximando de mim.

Vou chegando para trás trêmula e com o medo começando a se alastrar sobre mim. Até que ouço uma voz que a tempos eu não obtive o vislumbre de presenciar:

–Johanna?!-ouço-o meigo e tranquilo pronunciar meu nome com leveza e beleza.

Viro-me e encontro os olhos amáveis de Terence. Meu primeiro e único amor que um dia pude dizer que senti por alguém.

Sem pensar direito em meus atos saio correndo e me jogo em seus braços fortes que me enlaçam como um refúgio de todo o mal que me atormenta:

–Que saudade de você, Terence... De seus braços, do seu cheiro, se sua voz!-eu digo me apertando mais a ele:

–Eu também flor, eu também sinto sua falta.-ele diz:

–Não sabe como eu me sinto sem você. V-Você sabe q-que e-eu t-te amo...-eu murmuro olhando para baixo.

Ele segura meu queixo e me faz encará-lo, seu sorriso me faz ficar em paz, seus olhos me fazem sorrir, seus toques me fazem sentir viva:

–Eu sei... E me culpo! Eu queria senti-la pelo menos uma única vez, sentir seus lábios, mas meu coração pertence a outra! E eu estou com ela...-ele diz, e a navalha de suas palavras cortam meu coração:

–Por isso que por um breve momento, permito ficar feliz em saber que você está bem.-eu digo sentindo a dor alastrar-se pelo meu peito:

–Eu estou com você estressada! Nunca deixei de estar...-ele diz acariciando meus cabelos.

Eu olho para trás e vejo as chamas chegando a cada instante mais perto de nós, engolindo tudo o que é vivo e o transformando em cinzas...:

–O que é isso?-pergunto temerosa:

–As chamas da guerra, minha amiga! Precisará ser forte, e saiba que eu estarei com você! Nunca a abandonarei...-ele diz:

–Guerra?! Eu não compreendo... Como...?-começo a perguntar mas seus dedos deslizam pelos meus lábios:

–Não precisa compreender nada ainda. As chamas estão ao seu redor, as chamas irão engolir tudo novamente.-ele diz:

–Katniss...-sussurro:

–Precisará mantê-la a salvo, ela ainda não conhece a dor da perda por completo. E conhecerá em breve. Proteja o garoto, Johanna...-fala Terence:

–Eu não quero mais isso, por quê não posso entregar-me a morte?! Por quê não posso ficar em paz com você?!-eu digo:

–Porque no fundo você sabe que essa guerra também é sua, sabe que é a sua vingança, sabe que se morrer nunca ficará totalmente em paz!-ele fala.

O vento nos cobre, e sinto de leve seus lábios em minha testa e logo uma voz ecoando gritando meu nome enquanto ele desaparece se misturando com o vento:

–Johanna! Johanna! Johanna!-a voz continua a me gritar.

Eu giro e corro para todos os lados, vendo com pesar as chamas destruírem as flores do campo e vejo queimando uma em especial e outra permanecer em pé... A que queima é a flor primrose e a que permanece erguida é a flor de katniss... Meu coração se descompassa com a vaga ideia, até sentir as chamas começarem a me engolirem e escudo o grito estridente de alguém clamando por ajuda. Viro-me e deparo com Peeta sendo comido vivo pelas chamas, vou até ele e o seguro tentando siar, mas também me perco dentro delas...

O grito se fortalece, a dor aumenta e tudo o que eu faço e fechar os olhos. E querer que ninguém me fira, vendo o Sol se pondo entre as montanhas. E adormecer pensado que quando chegar a luz da manhã eu estarei sã e salva..."

Acordo com o rosto de Blight próximo ao meu, seus olhos desesperados de medo:

–O que aconteceu?-pergunto me levantando colocando a mão sobre a cabeça, sentindo-a pulsando. Ainda abalada pelo sonho estranho e tão real no qual minha mente me submeteu:

–Você caiu em um buraco, quer dizer... Você caiu tentando salvar Wiress!-fala Blight:

–Isso eu já sei, né jumento! Eu quero saber depois disso.-eu digo sem paciência:

–Bom, depois eu e Beetee tentamos voltar, mas ficamos temerosos pela névoa até que a mesma se desfez instantes depois que vocês duas caíram.-falou Blight:

–Então seu amigo se jogo lá dentro e te pegou no colo. Havia água ali, salgada, mas ainda sim era água e descobrimos que as bolhas que ficaram em nossos corpos devido a névoa se desfaziam com água...-falou Beetee:-Dói de início, mas depois o alívio se faz presente. Quando pegamos você e Wiress ambas já não haviam mais nenhum rastro de bolha pelo corpo.

–Obrigada por nos tirarem lá de baixo, claro que se eu não tivesse desmaiado eu poderia tirar eu e ela lá de dentro. Mas mesmo assim, agradeço.-eu digo me levantando. Blight revira os olhos e Beetee dá um meio sorriso:

–Pelo menos estamos todo vivos...-fala Blight:

–Wiress está bem?-pergunto:

–Sim, apenas desmaiou como você.-fala Beetee:

–Então vamos sair dessa floresta o mais rápido possível.-eu digo:-Que horas devem ser agora?

–Hora do almoço.-fala Blight:-Meu estômago já está começando a dar sinal de vida...

–Antes disso precisamos de água urgente. Ao contrário não aguentaríamos mais dois dias aqui.-fala Beetee:

–Tik tok, tik tok, tik tok, tik tok!-murmurava Wiress sem parar:

–O que deu nesse aí agora?-pergunto:

–Está falando isso desde que acordou.-falou Blight:

–Ainda não entendi o que se passa com ela.-fala Beetee:

–Simples... Ela é louca!-eu digo colocando o machado nos ombros e voltando a andar. Porém paramos assim que ouvimos o som do canhão:

–Mais um.-fala Beetee:

–Glória!-eu digo:

–Quem poderá ser?-pergunta Blight:

–Que se dane, não sendo eu...-eu digo, todavia estava preocupada com a mesma coisa. Não poderia ser nem Finnick, Peeta e muito menos Katniss!

Voltamos a andar e Wiress a todo momento repetia tik tok. Ela parecia mais alarmada do que antes com isso, fazendo-nos pensar que é algo importante. Mas vindo de alguém que não parece estar em dia com suas faculdades mentais não importa para mim...

Andamos durante mais algumas horas e sem nenhum sinal de comida, o fim daquela maldita floresta e muito menos água. Começo já a sentir minha cabeça rodando com mais frequência, eu deveria está muito desidratada a essa altura:

–Não é possível não haver água aqui!-eu digo batendo o machado com força em uma árvore de raiva:

–Estou começando a me preocupar.-fala Beetee:

–Agora você está se preocupando?-pergunta Blight em ironia:

–Mas que maldição!-eu digo entre dentes com ódio nas veias:

–Tik tok! Tik tok! Tik tok! Tik tok!-repetia Wiress incansavelmente:

–Alguém faça ela calar a boca, antes que eu faça isso do meu jeito!-eu digo com ódio:

–Ela deve ter batido a cabeça, não está falando coisa com coisa...-fala Blight:

–Wiress! Por favor, pare com isso. Nós não entendemos, eu não entendo...-fala Beetee acariciando o rosto nervoso de Wiress.

Encosto a testa na árvore tentando assim me acalmar, e pedir mentalmente aos céus que nos envie água! Patrocinadores que é bom, não aparecem... Esses malditos perus coloridos que não servem para bosta nenhuma!

Fico perdida em meus pensamentos até ouvir o estrondo de um trovão. Olho rapidamente para o céu e vejo mais atrás de nós algo caindo repetidas vezes:

–Aquilo...-eu começo sentindo uma pontada de esperança:

–Chuva?! Aquilo é chuva?!-berra Blight com o rosto tão radiante quanto o meu:

–Graças à Deus!-fala Beetee se levantando, mas depois ficando com a expressão séria olhando atento a chuva que estava começando a chegar perto de nós.

Porém noto a mudança de cor das folhas ara um vermelho. E quando a suposta "chuva" chega em nós que eu percebo que se tratava realmente de chuva, porém não se tratava de água e sim sangue:

–Ah meu Deus!-berra Wiress:

–Vamos fugir daqui!-berra Blight:

–Mas que maldição do inferno!-eu grito:-Era só o que me faltava!

–Tik Tok!-berra Wiress.

Saímos correndo, porém a quantidade de sangue caindo do céu nos cegava. O vermelho reinava ao nosso redor. O sangue entrava em minha boca e eu fazia de tudo para cuspi-lo enojada.

Até que eu escutei o barulho das ondas muito forte e fui seguindo-o:

–Por aqui!-eu grito:-Temos que sair dessa floresta!

Continuamos a correr, Blight agora ao meu lado até ouvirmos um grito estridente e um canhão em seguida. Não me importava que era, eu só queria sair daquela tortura o mais rápido possível.

Eu estava correndo e podia ver o azul do oceano a frente, até perceber a parede de campos de força a minha frente, eu não conseguia parar, o sangue escorregava e estava caindo com ainda mais intensidade:

–Pare Johanna!-berra Blight:

–Não consigo!-eu grito:

–Parem! Campo de força!-berrou Beetee se segurando em uma árvore junto a Wiress.

Quando estava próxima da parede de choque, eu estava prevendo o meu fim. Porém o que veio, fora um empurrão forte ma fazendo cair de costas ao chão e em seguida meu próprio grito ecoar pela arena ao ver Blight sendo eletrocutado:

–AHH! NÃO!-eu gritava vendo seu corpo se contorcer:-NÃO! BLIGHT!

–Corre! Vamos, Johanna! Não temos tempo!-berra Beetee me puxando junto a Wiress.

Eu com lágrimas em meus olhos, não dando para ver por causa do sangue em minha face, olhava Blight dando seus últimos suspiros agarrado aos choques ainda. Ele me olha uma última vez e sorri para mim piscando o olho direito e então seus olhos se fixam no chão e o canhão soa:

–Não...-murmuro:

–Corra!-berra Beetee.

Corremos mais alguns metros até nós nos jogarmos na areia da praia, e a maldita chuva acabar. Porém meu coração martela de dor. A dor da perda de um amigo...