Acordei de manhã bem cedo para arrumar minha mala, eu nunca arrumo um dia antes, minha mãe sempre diz que eu deixo pra fazer tudo em cima da hora, mas não é verdade, eu só faço isso pelo simples caso de esquecer algo, e assim eu posso ver cada detalhe.

Hoje começam novamente as aulas. Só de pensar que é essa foi uma das minhas últimas férias como estudante, é porque ainda tem as férias do mês de páscoa, me dar uma coisa no estômago. Meu último ano em Hogwarts. Depois daqui é seguir uma carreira, eis a questão. Eu quero ser Auror, como meu pai. Acho mais legal do que trabalhar no Ministério, como minha mãe. Se bem que os Aurores trabalham para o Ministério, mas eles participam da ação.

Mamãe não gostou muito da ideia quando eu comuniquei a ela. Já meu pai, ficou super orgulhoso. Talvez ele achasse que eu fosse escolher a mesma profissão da mamãe. Meu irmão que não quer seguir nenhuma das profissões dos nossos pais, ele quer ser MediBruxo.

Enquanto ficava lá imaginando minha vida futuramente, ouvi a voz de minha mãe vindo do corredor, ou seja, lá da cozinha.

– Crianças...

A mesma frase há sete anos. Tanto eu como Hugo já sabemos essa frase de cor e salteado. Assim que ela chamou, eu apareci do lado de fora do quarto, dei de cara com Hugo. Ele sorriu.

–... Desçam para tomar café. – Eu e ele completamos a frase juntos.

É eu acho que vou sentir falta disso daqui a alguns dias.

Descemos com as malas e sentamos à mesa para tomar café.

– Bom dia, mãe. Bom dia, pai. – Falei ao sentar-se à mesa.

– Bom dia. – Os dois responderam juntos.

Tomei o café da manhã em silêncio, como de costume. Assim que estava tudo pronto, partimos para a estação de Kings Cross.

***

Atravessamos a parede para a plataforma 9³/4. Hugo logo se afastou da gente, foi se juntar aos amigos dele. Já eu fui guardar minha mala no trem, depois voltei para a plataforma, esperar o pessoal.

Demorou alguns minutos, mas eles apareceram. De longe eu pude ver uma mistura de cabelos ruivos, loiros e pretos. Os Weasleys. Minha família tem uma miscigenação de cor de cabelos que eu vou te dizer.

Domi como sempre arrancando suspiros onde passa, ela sempre anda bem arrumada, num importa se ela vai à esquina, ou para uma orquestra. Albus com aquele seu jeito despojado, distraído, metido a palhaço, chama a atenção também. Sem falar da Lily, ela é uma versão da Tia Gina, só que mais nova, aqueles olhos verdes fazem meu irmão suspirar, é ele tem uma queda por ela. E ainda tem a Roxanne, que morena linda, puxou sua mãe, com aquele cabelos cheio de cachos descendo até as costas. Ia me esquecendo da Lucy, ela é um ano mais velha que meu irmão, enquanto a irmã Molly tem o cabelo liso que não dar uma volta, ela tem o cabelo ruivo igual o meu só que todo cacheado. Minha família tem um gene que eu vou te dizer.

Quando eles se aproximaram eu disse bom dia, o coral em resposta foi surpreendente.

– Mãe, vou entrando. – Lily deu um abraço em Tio Harry e Tia Gina e entrou no trem, Lucy e Roxanne acompanharam-na.

– Acho que está na hora, meninos. – Tio Gui sorriu para nós, quando eu falo nós, digo eu, Domi e Al. Todos eles sabiam como era aquela sensação, sabiam como estávamos nos sentindo.

– Albus Potter, vê se não me arranje confusões, entendeu? – Tia Gina falava bem séria, parecia até a vovó quando fazia essa cara. Ela agarrou o filho em um abraço apertado. – Juízo.

– Vou tentar não pôr fogo no refeitório. – Ele piscou o olho para o pai e saiu.

Foi a vez de Tia Fleur.

– Mon chérie bon voyage. – Deu um leve beijo na testa de Domi.

– Amo vocês. – Envolveu os pais num abraço apertado.

E por fim, só sobrou eu. Era minha vez. Eu olhei para minha mãe, os olhos delas já diziam tudo. Eu me agarrei aos seus braços. Ela afagou meus cabelos.

– Boa sorte, filha. Saiba que eu tenho muito orgulho de você. – Depositou um beijo na minha testa. – Boa viagem.

Eu me afastei dela, olhei para meu pai, ele me deu uma piscadela. Sorri e embarquei no trem.

***

– Onde diabos esse filhos da puta estão? – Albus revistava mais uma cabine.

– Eles devem estar naquela última, ali. – Domi tomou a frente.

– O.K – Nós dois seguimos a loira.

Foi dito e feito, eles dois estavam lá, Luke e Scorpius. Bem sentados.

– Hey bois, não tinha uma cabine mais perto, não? – Al se jogou no banco.

– Amor! – Scorpius ignorou totalmente o comentário do Potter. Veio em minha direção e me beijou.

***

Na metade da viagem Domi e Luke saíram para dar uma volta pelo trem. Albus caiu no sono. Eu fiquei com meu amor, bem sentada em suas pernas, eles acariciando meu cabelo.

– Teve chororo? – Ele perguntou meio distraído.

– Olhos cheios de lágrimas, conta? – Perguntou me virando para ele.

– É, vejo que teve.

– Eu já disse que te amo? – Eu sentei em cima do seu colo.

– Não. – Ele passou as mãos por volta da minha cintura.

– Pois eu te amo. – Falei dando um selinho nele.

– Eu não entendi. – Ele olhou para o teto.

– Eu te amo! Te amo! Te amo! – Cada eu te amo era um selinho.

– Minha ruivinha. – Ele agarrou meu pescoço e me deu um beijo.

Eu adorava esses beijos, eram inesperados, quentes. Eram os melhores. Eu passei as mãos nos seus cabelos e puxei de leve.

– Amor...

– Que foi? – Perguntei com um sorriso no canto dos lábios.

– Você sabe que isso dar...

– É, eu sei. – Sorri abertamente.

– Ai, é? – Ele apertou minha cintura. – Muito bonito pra essa tua cara! – Ele me mordeu de leve. Quando íamos começar a se beijar ele parou.

– Que foi, amor? – Ele olhava para fora da cabine.

Me virei para ver pra onde ele olhava, e então eu vi o que chamara sua atenção. Tinha uma menina parada do lado de fora da nossa cabine, nos olhando. Olhei do Scorpius para ela e vice-versa.

Ele parecia não entender nada, muito menos eu. A expressão em seu rosto era de curiosidade. Já a da moça era de espanto, ela parecia assustada.

Me levantei e fui até a porta, quando abri-a para falar com a moça. Ela saiu correndo.

– Espera... – Minha voz saiu quase em um sussurro.

Voltei para dentro da cabine meio aturdida. Scorpius me olhou.

– Que merda foi essa? Quem é essa menina? – Ele coçou o cabelo.

– Eu não faço ideia. – Sentei ao seu lado e tentei parecer conformada.

Mas a verdade é que eu não estava. Não entrava em minha cabeça. Quem era essa menina, não me lembro de já tê-la visto. Uma coisa era certa, ela estudava em Hogwarts, assim seria mais fácil descobrir quem é essa garota mistério.