Saint Agnes Academy - Interativa escrita por Beta23


Capítulo 7
San Francisco


Notas iniciais do capítulo

Olá, olha eu aqui, atrasada outra vez. Isso tá ficando chato, eu me odeio.
Espero que gostem desse capítulo, ele é o que tem mais zoeira até agora, eu acho. Eu gosto dele, acho que vai agradar.
Let's Start the Treta.
Até as notas finais.



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POV Stiles Hale

Acordei, ficando confuso nos primeiros segundos do meu dia, para depois, ficar completamente irritado por ter acordado tão cedo.

Sentei na cama, tonto. Olhei para o maldito despertador que tinha me acordado, e ainda eram seis da manhã.

– que maravilha – resmunguei – o horário ainda esta errado, eu devia ter colocado-o para as seis e meia.

Ainda estava muito cedo, eu poderia voltar para a cama e dormir os trinta minutos que ainda me restavam. Mas, eu sabia que se dormisse, não conseguiria acordar tão cedo. Levantei da cama, bocejando e quase tropeçando em Derek, meu lobo negro.

– não tinha outro lugar para deitar? – perguntei, bufando.

Derek rosnou, como se me repreendesse por estar mal humorado.

Entenda, eu fico assim quando acordo cedo.

– desculpe então, vossa alteza lupina – falei, revirando os olhos – você não deveria estar rodeando a propriedade, caçando pequenos animais, ou, apenas rodando em círculos em volta da piscina?

Deixei Derek para trás, meu lobo levantou, espichou-se, lambeu os lábios, comeu um pouco de sua ração, e saiu pela portinha de cachorro, para, provavelmente, fazer tudo o que eu tinha dito.

Porque eu tenho um lobo? Não sei, só tenho.

Entrei no banheiro, encarando minha própria cara sonolenta. Eu devia estar batendo todos os recordes da categoria “estudante sonolento em plena quarta feira”, beirando a categoria “adolescente com mutação genética que não dormiu o quanto gostaria”. Fiz minha higiene matinal, dando um jeito em minha carranca mal humorada, tomei um banho e retornei ao quarto. Revirei minhas roupas, pegando uma calça jeans e uma camiseta do Lanterna Verde, vestindo-as em seguida. Peguei minhas coisas, terminei de me arrumar e olhei no relógio. Mesmo com minha lentidão, só tinha passado meia hora, ninguém deveria estar acordado ás seis e meia da manhã. Resolvi sair do quarto mesmo assim, decidido á andar pela propriedade um pouco, talvez brincar com Derek.

O corredor estava vazio, como o esperado. Todos os quartos estavam silenciosos, deveras, os alunos deviam estar dormindo. Desci as escadas em silencio, ninguém lá em baixo também, mal sinal. Se ninguém tinha acordado ainda, isso só podia significar uma coisa.

Coisa que confirmei ao entrar na sala de jantar.

– droga! – praguejei, infeliz – como se não bastasse acordar cedo, ainda vou ter que ficar com fome.

A mesa estava vazia, não só de seres vivos, mas, de comida também. Respirei fundo, estava com fome. Fechei as portas do grande salão, olhando em volta. O que eu faço agora?

Fiz a única coisa que me ocorreu, fui até o saguão, em direção ás portas principais, e saí da casa silenciosa.

O ar fresco e puro da manhã adentrou em meus pulmões, o sol nascente ainda não esquentara completamente o ambiente externo da casa, deixando-me com um pouco de frio. Enfiei as mãos nos bolsos da calça, iniciando uma caminhada solitária pelo jardim da casa. Segui o caminho de pedras artificiais, rodeando a propriedade. Encontrei com Ash, o cão dos Parker, em uma parte do jardim. Ele latiu, incomodado com minha presença, e acho que sei o motivo. Digamos que ele estava em posição constrangedora, defecando.

– desculpe, cara – falei.

– au – reclamou.

Ri, mas resolvi deixa-lo aliviar-se em paz. Acabei varando no quintal, ou melhor, perto da quadra enorme dos Parker. Em uma casa enorme como aquela, a expressão “quintal” era um pouco medíocre. O lugar estava silencioso, calmo e tranquilo, perfeito para relaxar um pouco antes das aulas. Sentei em banco de mármore, tomei um choque com sua temperatura, mesmo estando de calça, a friagem me assustou. Quando me acostumei com a situação, respirei fundo, observando o contorno das arvores da floresta particular.

Um devaneio foi inevitável, acabei pensando na minha infância, nos meus pais.

Flashback on:

Sentei na cadeira, sorrindo da alegria. Minha mãe passou a mão em meus cabelos, sorrindo para mim.

– Stiles, meu filho – falou, sorridente – tenho uma noticia para você.

– o que é, mãe? – perguntei.

Ela riu de meu entusiasmo, sacudi meu corpo na cadeira, ansioso.

– seu pai e eu queremos dar a noticia juntos – falou – espere por ele.

Assenti, ainda ansioso, mas acho que meu pai não ia demorar, afinal, não deve levar muito tempo para arrumar as ferramentas no lugar certo da garagem.

Minha mãe começou á cozinhar, continuei sentado no banco da cozinha, colorindo meu desenho infantil.

Foi quando o barulho começou, só me lembro de ter visto o sorriso da minha mãe murchar, assim como o meu, ao ver meu pai tentar expulsar aqueles homens da nossa casa. Mas isso durou pouco, pois logo, meu pai jazia morto, no meio do chão da sala. Minha mãe gritou, eu estava em choque, tentando entender o que estava acontecendo.

– Stiles, corre! – mandou minha mãe.

Saltei do banco, já que ainda era pequeno demais para meus pés tocarem o chão. Os homens armados avançaram, passando por cima do cadáver de meu pai como se ele não passasse de uma caixa da papelão velha e suja. Minha mãe correu, pondo-se na minha frente, levando a bala que era para ser minha, recebendo o tiro que tiraria a minha vida, e não a sua.

– mãe! – gritei.

Ela também caiu, o sangue manchando o carpete, o barulho do disparo ainda ecoando em meus ouvidos. Eu não conseguia processar o que estava vendo, eram meus pais, mortos, bem na minha frente. Eram homens armados, vindo para cima de mim, como se eu fosse seu objetivo principal, e meus pais não passassem de peões em um jogo de xadrez, peças elimináveis. Não tive tempo de chorar, apenas fiz o que minha mãe mandou, corri. Pulei a janela do quarto, deixando minha família morta, e seus assassinos para trás.

Corri, por muito tempo, eu corri.

Flashback off:

Um barulho alto de coisa caindo despertou-me de meus devaneios, deixando-me um pouco confuso e assustado. Levantei do banco, olhando em volta. A porta da academia estava aberta, o que me deixou confuso, pois ela estava fechada á dez minutos atrás, quando eu cheguei aqui. Fui andando em sua direção, podendo escutar as duas vozes femininas que conversavam baixinho lá dentro.

– eu sabia que isso não daria certo – disse a primeira voz, familiar.

– achei que daria, precisamos de condicionamento físico – disse a segundo, também muito familiar.

– não sei porque eu concordei em vir – disse a primeira voz.

– porque eu invadi seu quarto ás cinco e meia da manhã, pulando e jogando meu cachorro na sua cara? – perguntou a segunda, rindo.

Entrei na academia a tempo de ver Bruna revirar os olhos, Karen ainda ria.

– você tem um modo muito sutil de chamar alguém para caminhar – disse Bruna.

– caminhar? – perguntei.

As duas se assustaram, deveras, estava tudo silencioso, e eu falei alto.

– Stiles! – guinchou Karen, espantada – achei que éramos as únicas acordadas.

– acordei mais cedo do que gostaria, esqueci de regular o maldito despertador – falei, tentando dar um sorriso.

Karen não parecia sonolenta, pelo contrario, ela esbanjava energia, como sempre. Já Bruna, ela não estava assim tão energética quanto Karen.

– que bom que chegou, eu já estava pensando em como conseguiríamos colocar aquilo no lugar – disse Karen.

Foi quando eu reparei, um aparelho de musculação estava caído no chão, em pedaços.

– er... Você sabe que está quebrado, não sabe? – perguntei, dando um sorriso sem graça enquanto fazia careta.

Karen gemeu.

– era o que eu temia – falou, desesperada – não tem como consertar?

Dei uma olhada, o estrago não era tanto, mas precisaria de uma mão.

– acho que pode, mas, não sei se só nós três poderíamos fazer isso – falei.

– podemos sim, somos fortes e robustos – disse Karen.

– sério isso? – perguntou Bruna, bufando.

Karen ficou sem graça, eu também. Bruna era um pouco cheinha, mas isso não era da minha conta, ela era uma boa pessoa, e isso era o que importava para mim.

– então, o que as duas estavam fazendo aqui? – perguntei, tentando quebrar o gelo.

– eu tive a ideia de acordar mais cedo para treinar os músculos, caminhar e malhar um pouco. Assim estaria pronta para a próxima aula de Defesa Pessoal – disse Karen, parecia agradecida por minha pergunta – mas não queria vir sozinha, e como o quarto da Bruna é na frente do meu...

– ela decidiu que seria uma boa ideia me acordar e me arrastar para cá – completou Bruna, dando um sorriso sarcástico – mas, ela deve ter esqueci de como se acorda alguém com decência, já que jogou Lohan na minha cara.

Comecei á rir, Karen me acompanhou, lançando á Bruna um olhar divertido.

– viu? – falou – eu não sou a única que acha engraçado.

Bruna revirou os olhos, socando aparelho de ginástica.

– porque não foram vocês que acordaram com uma língua molhada e esponjosa lambendo a cara de vocês – resmungou.

– e eu pensando que tinha acordado de um jeito ruim – falei, tentando parar de rir.

Bruna suspirou, dando um pequeno sorriso relutante. Karen riu, sacudindo a garota pelos ombros.

– vamos, você precisa se soltar mais – falou, sorrindo calorosamente – está entre amigos, todos aqui são legais.

– até mesmo Claire? – perguntou Bruna.

O sorriso de Karen murchou, eu sabia que elas não tinham se dado muito bem. Claire não me parecia muito o tipo de pessoa que aceita as diferenças das outras, pelo contrario, me parecia o tipo de pessoa que acha que todos devem ser magros e altos, assim como ela.

– eu tenho certeza de que ela não fez por mal, naquele dia no jardim – disse Karen, tentando apaziguar.

– acha mesmo? Pois eu não – disse Bruna – eu recebi aquele tipo de olhar durante a minha vida toda, e até já bati em uma patricinha nojenta que ficava me ofendendo. Eu sei bem quando caçoam de mim, e era o que ela estava tentando fazer.

Karen olhou para mim, impotente. Baixei o olhar, o clima realmente ficara um pouco pesado entre as duas no dia do Tuor. Karen colocou a mão no ombro de Bruna, sorrindo para a garota.

– não importa o que ela diga, ou te faça pensar. Bruna, você é uma garota muito legal, coisa que nem em 160 anos a Claire vai ser – disse, sua voz, sempre agitada, estava um pouco mais calma.

Bruna sorriu para Karen, que retribuiu seu sorriso, contente. Sorri com a cena. Bruna era realmente uma garota muito legal, e era minha amiga.

– obrigada – disse, ainda sorrindo para Karen.

O clima ruim dissipou-se, nós três voltamos á sorrir.

– vamos logo colocar esse aparelho no lugar – falei – daqui á pouco será sete horas.

Elas assentiram, juntos, colocamos o aparelho no lugar. O dano não era tão ruim, só precisamos colocar uma peça solta no lugar certo, e o aparelho estava novo em folha.

– pronto – disse Karen, espalmando a mão na de Bruna, e depois, na minha – fizemos um bom trabalho.

– fizemos – concordei, sorrindo.

Olhei no relógio da parede, eram seis e cinquenta.

– o café da manhã já deve ter sido servido – falei, enquanto minha barriga roncava – estou com fome.

Karen olhou para o relógio, antes de dar um gritinho agudo.

– eu preciso me arrumar, ou vou me atrasar – falou.

Bruna arregalou os olhos, as duas estavam suadas, provavelmente tinham caminhado bastante antes de virem para os aparelhos.

– vão logo, seria muito estranho chegarem atrasadas para a aula, já que moram na escola – falei, rindo.

Elas assentiram, Karen foi puxando Bruna pelo braço, acenou para mim, e as duas sumiram no quintal, provavelmente correndo. Sacudi a cabeça, rindo, Karen era uma maluca. Virei de costas para a entrada, percebendo que no fundo da academia, tinha uma porta. Fui em sua direção, abri-a e percebi que dava no corredor de acesso, bem no meio da casa.

– como chegou aqui tão rápido? – perguntou Karen, aparecendo ofegante, com Bruna atrás.

– essa porta aqui dá acesso á academia – respondi – vocês só precisavam passar por ela.

Bruna bufou, indignada.

– está vendo só? – perguntou á Karen, fazendo careta - você me puxou como um saco de batatas para cá por nada.

Karen fez uma careta, ambas infelizes. Abafei uma risada, logo, alguns alunos desceram as escadas. Rick, Daniela e Alex acenaram para nós, Karen e Bruna acenaram de volta, antes de correrem escadaria acima, a loira puxando a morena.

– o que houve com elas? – perguntou Daniela.

– bom dia para você também, Daniela – falei.

Ela bufou, Rick e Alex riram.

– bom dia, Stiles, se faz tanta questão do cumprimento – falou, bufando – quer me dizer o que houve com elas, ou não?

Recuei um passo, Daniela estava um pouco irritada hoje.

– que humor, e eu pensando que ficava ranzinza de manhã – resmunguei, colocando as mãos na frente do corpo no momento em que Daniela recebeu minha critica – já vi que você acordou irritada.

– o Godz defecou no meu travesseiro – resmungou – acordei de cara na merda, literalmente.

Alex e Rick faziam esforço para não rir, assim como eu. Daniela bufou, percebendo nossa reação.

– Godzilla é meio doidão – disse Daniela, arrumando sua franja – sim, o que houve com elas?

Dei de ombros, ainda cauteloso.

– acordaram cedo para fazer exercícios, mas acabaram quebrando um aparelho da academia – respondi.

– vish... – disse Rick.

– eu ajudei-as á colocar o bagulho no lugar – falei, franzindo as sobrancelhas – sorte delas que não quebrou muito.

Derek apareceu, socializando com outras dois lobos, um albino, e um cinzento. Já vi que a alcateia estava formada, e eles parecia também ver isso. Sorri.

– aquele lá não é seu lobo? – perguntou Rick, apontando para Derek.

Assenti, ele riu.

– ouvi o que ele disse, e foi um comentário engraçado sobre o quanto você fica estranho de pijama dos Vingadores – disse Rick, prendendo o riso.

– eu não uso um pijama dos Vingadores! – guinchei.

É claro que isso chamou a atenção de boa parte dos alunos que estavam no saguão, quase pude sentir seus corpos vibrando quando eles tentavam abafar a risada.

– preciso ensinar bons modos ao meu lobo hoje á tarde – resmunguei, enquanto Daniela escorava-se em Alex para não cair de tanto rir.

– e a Dani, ensinar á Godzilla onde deve-se fazer aquele montinho marrom que tomos sabemos bem o nome – disse Rick.

Daniela parou de rir na hora, Rick também, Alex e eu quase não podíamos respirar.

– meu camaleão é louco, não tem como ensinar nada á ele – disse Daniela, um pouco raivosa.

Engoli as risadas restantes, Karen e Bruna tropeçavam pela escada, ambas, devidamente arrumadas. Quando Karen terminou de puxar Bruna pela escada, as duas vieram falar conosco.

– valeu por nos esperarem – disse Bruna.

Dei de ombros, a maioria dos alunos também não tinham ido comer, a comida ainda não tinha sido servida.

– estavam rindo do que? – perguntou Karen, curiosa.

Daniela e eu trocamos um olhar, Rick e Alex prenderam o riso.

– nada, só coisas da vida – disse Daniela, tentando sorrir.

Rick engoliu a risada, assim como Alex. Karen e Bruna estavam voando no assunto, portanto, olharam para nós quatro, confusas.

– acho melhor deixar isso quieto – disse Karen, soltando o braço de Bruna – eu vou falar com a Sky e os outros.

Assenti, Karen caminhou até onde Lee, Sky, Cindy e Talita estavam conversando. Skylar sorriu e acenou para mim, acenei de volta, sorrindo. Ela parecia estar me evitando um pouco desde aquele café da manhã, quando ela alegou dor de cabeça e deixou todos nós confusos. Acho que tinha acontecido algo com ela, e acho que ela tinha receio de falar comigo, só não sei o motivo disso. Afinal, Sky e eu tínhamos ficado amigos naquele dia, pelo menos, é o que eu acho.

– vamos sentar, pelo menos – disse Bruna.

– está cansada? – perguntou Alex.

Bruna bufou.

– não foi você quem ficou sendo arrastado pela Karen desde as cinco e pouco da manhã – disse Bruna, enfezada.

Alex fez uma careta, depois Bruna sorriu para ele.

– desculpe, não quis ser grossa – falou, reprimindo um bocejo – é que, eu queria estar dormindo.

– somos dois – falei.

A porta da sala de jantar foi aberta, Leonardo Parker sorriu para nós, de dentro da sala.

– se alguém aí estiver com fome... – falou, dando o recado.

– se não era sem tempo – disse Sky, quase atropelando Lee.

Jully teve quase a mesma reação, achei melhor esperar até que ambas já tivessem sentado para poder me mexer. Sentei entre Bruna e Rick, Daniela e Alex sentaram de frente para nós, do outro lado da mesa. Apressei-me á pegar meu café, alem de mal humorado, acordar cedo me deixa faminto.

– Stiles nos contou o que você e Karen estavam fazendo mais cedo – disse Alex, olhando para Bruna.

– é, Karen pareceu ver em mim um pessoa que precisa de muito exercício – disse Bruna, sarcástica.

– e você concordou? – perguntou Daniela.

Bruna deu de ombros.

– digamos que eu não tive muita escolha, ela jogou o cachorro dela na minha cara – disse – se eu tivesse um animal, teria minha vingança.

Ri de nervoso, mesmo que não fosse comigo, aquilo não parecia muito animador. Tomamos um café da manhã calmo, depois de tudo aquilo, e acho que foi a refeição mais normal que já tivemos naquela casa.

O sinal tocou anunciando a primeira aula, biologia. Levantei devagar, bocejando, assim como Bruna. Karen não parecia estar cansada, pelo contrario, parecia ainda mais energética do que antes.

– onde que desliga? – perguntou Lee, enquanto Karen levantava com uma rapidez incrível.

– muito engraçado – disse Karen, fingindo uma risada.

Contive um riso, algo me diz que Karen não era nem um pouco inofensiva.

– alunos, venham – chamou Marco, o professor de biologia.

Seguimos o homem até a sala de biologia, sala que estava completamente equipada com muitos aparelhos e apetrechos para esse tipo de aula. Sentei ao lado de Karen, perto de Sky e Rick. O professor entrou na sala, as conversas cessaram quase que de imediato, aquele cara era grande e metia medo.

– bom dia – falou.

– bom dia – respondemos em um uníssono.

– meu nome é Marco Vicent, seu professor de biologia – disse, cruzando os braços e encarando toda a sala – podem me chamar de Sr. Vicent.

Lee bufou, assim como Henry e Edward, os três não pareciam ser o tipo que seguiam ordens e respeitavam regras.

– primeira aula, vou aliviar para vocês – disse Sr. Vicent – duplas, cada uma fica com um microscópio. Eu formo as duplas.

Karen, que já tinham pendurado-se no ombro de Sky, foi forçada á largar a garota, com uma carente infeliz.

– vejamos, você – disse Marco, apontando para Edward – forme com a ruivinha ali.

Lorena pareceu um pouco nervosa, mas tenho certeza de que uma garota tímida como ela ficaria assim com todos os outros alunos também. Edward deu um sorriso galanteador, tratou de postar-se ao lado de Lorena e cutuca-la com o cotovelo. A garota respirou fundo, e agora eu sei o motivo de seu nervosismo.

– continuando – disse o professor, indiferente á reação dos dois alunos – Lee, forme com aquele rapaz ali.

Lee ficou um pouco desapontado quando Marco apontou para Michael, acho que ele preferia formar dupla com uma garota.

– o cara ali se dá bem, e eu tenho que ficar com um marmanjo – resmungou, enquanto Michael e Sky riam.

– não se preocupe, tenho o mesmo gosto que você – disse Michael.

Lee pareceu mais tranquilo, tive que rir daquilo.

– você, risadinha – disse Marco, apontando para Karen – forme com o garoto do colar nota musical.

E com risadinha, a turma toda precisou prender as risadas. Marco não parecia estar brincando, mas tinha uma pitada de humor em cada apelido que ele colocava. Karen e Alex dirigiram-se para sua respectiva mesa, ambos um pouco sem graça.

– lanterna verde, forme com a alemã ali – disse o professor.

Arregalei os olhos, percebendo que ele falava de mim e de Daniela.

– lanterna verde – zombou Rick.

– calado – resmunguei.

Peguei Daniela pelo braço e fomos para nossa mesa, e assim foi pelos próximos dez minutos, apelidos e risadas, até que as dez duplas estavam formadas. O professor ignorava as piadinhas, e acabava com todas as tentativas de brincadeiras pela sala, prendendo nossa atenção.

– muito bem, duplas formadas, vamos começar – falou, sério – se olharem debaixo da mesa de vocês, vão achar varias laminas. Eu quero que digam, qual desses estados de mitose são da cebola, e quais deles são de blástula de linguado. Muito simples.

– com certeza – ironizou Lee.

Michael riu, o professor ignorou a piada, tornando a mesma, sem graça.

– vocês tem sessenta minutos – anunciou Marco – comecem.

Daniela e eu éramos rápidos, e com a ajuda do livro, ficou mais fácil. Tivemos certas duvidas á respeito da terceira lâmina, aí Daniela provou que era prófase da cebola, e acertamos por pouco.

– terminamos aqui – anunciou Daniela.

O professor veio até nós, olhou nossas anotações e deu um mínimo sorriso á nós.

– muito bem, acertaram todas – falou – um ponto para cada.

Fiquei feliz, um ponto em apenas uma aula. Daniela e eu trocamos um aperto de mãos, ambos felizes por nosso desempenho. Lorena e Edward, junto com Sky e Jost, tinham sido os primeiros á terminar. Ambas as equipes tinham garotas geniais, eu não sabia muito dos garotos, mas eles também devem ser inteligentes. Lee e Michael formavam a dupla mais engraçada de se assistir, Lee confundia todas as lâminas, dificultando o trabalho, Michael apenas ria e concertava tudo. Algo me diz que eles estavam virando amigos, e no final, eles conseguiram terminar a atividade.

Karen e Alex eram geniais, ambos muito inteligentes, terminaram rápido. Talita e Bruna demoraram um pouco, mas logo tinham terminado. Larissa e Matheus tinham terminado com tranquilidade, e agora conversavam calmamente, ambos com sorrisos gentis. Christopher e Rick riam e discutiam sobre algum assunto que não pude distinguir, mas a conversa deles estava animada, e eles quase esqueceram de entregar a atividade no prazo. Anah e Cindy focaram em realizar a tarefa, e assim que conseguiram, ficaram falando algo sobre o poder feminino. Henry e Jully faziam a atividade sem olhar nos olhos um do outro, pelo que pude compreender, Jully estava um pouco zangada com Henry por ter trocado suas lâminas “sem querer”, e ambos precisaram refazer a atividade, ambos irritados um com o outro.

– ouço sinos de igreja – cantarolou Karen, lançando um sorriso malicioso aos dois.

– ouço tiros de escopeta – retrucou Jully.

Karen riu, mas ergueu as mãos em rendição, fazendo com que Jully quase risse.

– todos terminaram? – perguntou Sr. Vicent.

Todos assentimos, o professor passou de mesa em mesa, recolhendo os papeis.

– só avisando, isso aqui vai valer a primeira parte da nota de vocês – falou, guardando os trabalhos em uma gaveta de sua mesa – espero que tenham dado tudo de si.

Lorena ficou nervosa, Edward abraçou-a de lado.

– não se preocupe, ruivinha brilhante – falou, dando um meio sorriso – você foi incrível, e vai tirar a melhor nota da história da biologia mutante.

Lorena corou, saiu do abraço de Edward, ainda vermelha.

– obrigada – gaguejou, tímida e nervosa.

Edward deu outro meio sorriso, fazendo a garota quase correr de volta para seu lugar, assim como todos os alunos também fizeram.

– ah, lembrete – disse Marco, sentando na mesa para corrigir as atividades – melhor memorizarem suas duplas, pois vocês ficarão assim durante todo o ano letivo.

Jully fez um muxoxo, olhou para Henry e ele olhou para ela, ambos com expressões quase enojadas.

– ótimo – disse a garota, piscando os olhos – eu preferia formar dupla com o Cezar do Planeta dos Macacos a Origem.

– eu preferia formar dupla com a Lessie, aposto que ela é mais esperta do que você – retrucou Henry, sem nem ao menos olhar para Jully.

– posso ser a madrinha de vocês? – perguntou Anah, lançando um olharzinho malicioso para os dois.

– nem pensar, nem cogite essa hipótese – reclamou Jully.

– qual é? Eu juro que faço um bom chá de panela – disse Anah, fazendo um biquinho.

Henry bufou, Jully fez uma careta.

– isso vai dar casamento – disse Karen – estou quase prevendo.

– nem vou me meter – disse Sky, passando a mão nos cabelos ruivos.

– melhor mesmo – resmungou Jully.

Sky sorriu, Karen e ela trocaram uma piscada.

– já terminaram com a operação cupido aí atrás? – perguntou Cindy, sorrindo – o professor está tentando corrigir as atividades.

– eu já terminei – disse Sr. Vicent – e acho melhor alguns de vocês pararem de se preocupar com bolos de casamento e começarem á correr atrás de uma nota melhor.

E assim, Marco distribuiu as atividades. Daniela e eu, tiramos a pontuação máxima, assim como ele tinha dito. Lee expirou pesadamente ao ver sua nota, depois sorriu para Michael.

– valeu, parceiro de laboratório – falou.

Michael sorriu, me pareceu um bom garoto.

– não foi nada – respondeu.

Lee pensou um pouco, depois deu um grande sorriso.

– sabe onde seriamos ótimos parceiros? – perguntou – em um clube de striptease.

A maioria dos alunos riu, Michael riu, mas foi uma risada baixa e controlada.

– foi mal, amigo – falou – mas, prefiro me concentrar nas aulas.

Lee não pareceu decepcionado, apenas sorriu mais.

– um dia, iremos á um desses clubes – falou – você vai ver como a vida é bela, vista de um ângulo inferior ao palco.

Sky bufou, revirando os olhos.

– eu já vi o quanto você adora curtir a vida – disse Michael.

– aí está a beleza, camarada – disse Lee – devia ver por esse ângulo.

– Lee, cala essa boca – mandou Sky, irritada.

– pobre Sky – comentou Daniela, falando baixo, enchendo meu ouvido de sotaque alemão – não deve ser fácil para ela aturar o Lee.

Assenti, Daniela tinha razão. Mas eles pareciam se entender bem, e Lee devia ser responsável, bem lá no fundo.

O sinal tocou, indicando o fim da aula de biologia. Marco levantou, assim como todos os alunos.

– nos vemos na próxima aula – falou – espero que ela seja mais produtiva do que detalhes de um casamento e planejamento para uma despedida de solteiro.

– vendo por esse ângulo – disse Lee, rindo – faz sentido. Eu cuido da despedida de solteiro, deixem comigo.

Jully bufou, passando por Lee e saindo da sala, irritada.

– não se preocupa não, querida – gritou Lee, colocando as mãos em volta da boca, como um megafone – a gente devolve seu noivo inteiro. Só espero que você não se importe em vê-lo coberto de marcas de batom.

Rimos, Jully não voltou, e Henry entrou na brincadeira.

– se fosse em outra situação, seria bem engraçado – comentou.

– que hospício – disse Karen.

– concordo, querida – disse Lee.

Ri, levantei e recolhi minhas coisas.

– pronto para mais aulas com esses loucos? – perguntou Karen, piscando para mim de forma amigável.

– claro – falei.

Ela riu, saímos da sala, todos juntos. Lee e Edward tiravam brincadeiras com as meninas, Sky e Jost conversavam baixo, algo que não pude ouvir. Bruna reclamava de sono, enquanto Karen pendurava-se no ombro da garota.

Sim, um hospício.

Mas, com loucos muito divertidos.

POV Anah Days

talvez eu devesse pedir desculpas – falei.

– só talvez? – perguntou Larissa, ainda sorrindo pela conversa com seu parceiro de laboratório, Matheus.

Revirei os olhos, tinha tirado uma brincadeira com Jully, e ela não parecera muito feliz com aquilo. Mas não pude evitar, era uma piada boa, e seria um crime desperdiça-la.

– a amiga de vocês parece ser bem esquentada – comentou Matheus, andando ao lado de Larissa, eles deviam ter ficado amigos.

– ela é um doce – disse Lorena, falando baixo, como sempre – mas não gostou da brincadeira.

– sinceramente, isso foi um exagero – disse Edward, andando ao lado de Lorena, como sempre – já vi e fiz brincadeiras bem piores do que aquela.

Larissa assentiu, todos olhamos para ela.

– por favor – falou – quem nunca brincou com um amigo, que atire a primeira pedra.

Edward deu de ombros, Lorena parecia pronta para atirar uma pedra.

– acho que sei o que faria a Jully ficar animada – disse Edward, dando um sorriso malicioso – e vocês podem ajudar.

– se estiver pensando em algum tipo de “bacanal”, eu to passando – falei.

Larissa tossiu, rindo. Matheus riu, mas ficou um pouco cauteloso, eu não podia culpa-lo, era a primeira vez que ele andava conosco, e já soltávamos piadinhas desse tipo. Lorena ficou tão vermelha que eu pensei que ela explodiria. Edward riu, mas negou com a cabeça.

– foi uma boa ideia também, mas eu não estava pensando nisso – falou, antes de me dirigir um sorriso sensual – mas, já que você deu a ideia...

– pode parar – falei, afastando-me dele.

Edward riu, Lorena ficou ainda mais vermelha, só por presenciar uma cena louca como aquela.

– está vermelhinha por que, ruivinha genial? – perguntou Edward, abraçando-a de lado.

Pobre Lorena, ele vivia fazendo aquilo, não sei como ela suportava.

– por que voce vive fazendo isso? – perguntou Larissa, tomando minha curiosidade para si, tão incomodada quanto eu.

Edward deu de ombros, Lorena aproveitou o movimento para escapar dele, e esconder-se atrás de mim no corredor. Edward que andava na minha frente, parou de andar, me esperou passar, para poder agarrar Lorena de novo.

– quer parar com isso? – perguntei, puxando Lorena para mim, livrando-a de Edward.

– vão ficar fazendo cabo de guerra com a menina mesmo? – perguntou Jully, aparecendo atrás de nós.

– Jully, minha cara amiga – disse Edward, deixando Lorena em paz por um segundo, para ir agarrar Jully.

– hey cara, ela é comprometida – brincou Lee, passando por nós no corredor.

– não liga – disse Sky, passando logo atrás do irmão.

Percebi o quanto nosso grupo tinha crescido, Lee, Sky, Karen, Talita, Cindy e Michael andavam junto conosco agora, como se tivéssemos ficados todos amigos.

– Henry escolheu uma bela noiva – disse Edward.

Todos nós rimos, Jully bufou, mas não fez mais nada.

– todos nós devíamos escolher noivos – disse Karen, brincando.

– tem razão – disse Lee, puxando Talita para um abraço – eu já escolhi a minha, uma morena linda.

– sai, capeta – guinchou Talita.

Talita soltou-se de Lee, Cindy revirou os olhos, andando ao lado da colega. Edward lembrou de Lorena, e não perdeu tempo, puxando-a para um abraço.

– também escolhi, minha ruivinha genial – falou, sua voz cheia de afeto.

Lorena fazia caretas atrás de caretas, tentando afastar Edward, que era muito mais forte que ela.

– hey, a moça não quer brincar disso – disse Michael, percebendo o desconforto de Lorena.

Edward trincou os dentes, Lorena conseguiu escapar, respirando fundo e dirigindo um olhar de agradecimento á Michael, que dirigiu-lhe um sorriso simpático.

– não era da sua conta, sabia? – perguntou Edward, sério.

– não ligo para isso, sendo ou não da minha conta, eu não deixaria que a moça ficasse desconfortável – disse Michael, levando Karen á loucura.

– isso aqui está parecendo novela mexicana, dois noivos brigando pela noiva – disse, vibrando.

As vezes eu tenho a impressão de que Karen é meio maluca. Lorena ficou vermelha, esgueirou-se para dentro da próxima sala com rapidez, furtiva. Entramos também, sentei ao lado de Jully, que estava calada e tensa, talvez porquê Henry estava ao seu lado, nada feliz com essa divisão de cadeiras. Fizeram isso de propósito, Karen piscou para mim, rindo com Lee. Sacudi a cabeça, rindo. Edward sentou na minha frente, virando a cabeça para trás, olhando para mim.

– duas da tarde, no portão principal – falou – vista um casaco, o dia promete esfriar.

Assenti, um pouco confusa, mas já sabia o motivo daquilo tudo.

O dia passou se arrastando depois do que Edward me disse naquela parte da manhã, eu estava curiosa para saber o que ele estava aprontando, mas as aulas me ocuparam bastante. Fui para o meu quarto depois do almoço, arrumei a bagunça que Lupi, minha loba tinha feito.

– mais que droga – cantarolei, colocando meu abajur no lugar – droga.

Lupi sentou no chão, me encarando. Revirei os olhos e servi sua ração.

– eu estava na aula, e coloquei comida para você hoje de manhã – falei – faminta.

Entrei no banheiro, tomei um longo e demorado banho, pensando no que Edward estaria aprontando. Terminei o banho, vesti roupas normais, nada que fugisse do meu estilo. Peguei um casaco, decidindo acatar o conselho do meu amigo, arrumei meus cabelos e saí do quarto.

– hey, Anah – chamou-me alguém.

Virei, era Larissa.

– oi Lary – cumprimentei, com um sorriso simpático.

Ela retribuiu meu sorriso, ainda que de um modo hesitante.

– você vem? – perguntei, indicando as escadas.

– não, obrigada – respondeu, um pouco hesitante – eu vou ficar no quarto um pouco, preciso revisar algumas coisas.

– nem tivemos assunto até agora – falei, arqueando uma sobrancelha – você está bem?

Ela assentiu, eu teria discutido, mas Matheus apareceu.

– oi – falou.

Acenei para ele, Larissa deu um sorriso pequeno. Tinha algo errado com ela, Larissa estava sendo gentil com todos, e agora, parecia que estava á beira de um ataque de nervos.

– está tudo bem? – perguntei, aproximando-me dela – você parece diferente, o que houve?

– nada – gaguejou Larissa, recuando um passo – eu estou bem. Você pode me fazer um favor?

Assenti, ela respirou fundo.

– diga á Edward que eu estou ocupada, okay? – perguntou

– claro, eu faço isso – falei – mas, você vai me explicar o que houve com você?

Ela ia falar, mas Matheus deu um passo á frente, ficando perto dela.

– vai nos explicar? – corrigiu – eu também sou seu amigo, não sou?

Ela pareceu hesitar, teríamos ficado ali o dia todo, mas Edward apareceu, segurando Lorena pelo pulso.

– sim, você vem – brincou, sem reparar em nossa presença – eu não podia fazer a surpresa sem a presença da minha ruivinha.

– eu não sou sua ruivinha – gaguejou Lorena – e posso chegar no jardim com minhas próprias pernas.

– conversa... – disse Edward, prendendo o riso.

Só então, ele foi reparar em nós, todos de sobrancelhas erguidas.

– oi gente – falou, descontraído – vamos lá?

Assenti, Larissa negou com a cabeça.

– eu não vou, preciso fazer umas coisas no meu quarto – falou, cabisbaixa.

– não, venha conosco – disse Edward, largando uma aliviada Lorena e indo agarrar uma surpresa Larissa.

– ei, o que você está fazendo? – perguntou Larissa, desvencilhando-se de Edward.

– tentando animar uma amiga que está para baixo – respondeu, sorrindo – anda, vem com a gente.

Ele a puxou escadaria abaixo, Lorena ainda estava recuperando-se, mas logo desceu também, Matheus e eu descemos por ultimo, acompanhando os outros. Edward parou de caminhar no jardim, soltando Larissa devagar, e virando-se para encarar-nos.

– cadê a Jully? – perguntei.

– estou aqui – disse Jully, saído de trás de um arbusto grande, parecia um pouco enfezada – demorou um tempão, sabia?

– sabia, culpe a ruivinha genial e a bonequinha punk ali – disse Edward, dando de ombros.

– bonequinha punk? – perguntou Larissa – sério?

Rimos, Larissa revirou os olhos.

– e eu que pensei que teria um pouco de paz e sossego hoje – resmungou, eu só pude ouvir porque estava ao seu lado.

– desembucha, projétil de galã – disse Jully – por reuniu todos nós aqui?

– calma, noiva irritadiça – disse Edward, fingindo pompa – eu só quis ser amigável e convida-los á um passeio.

– passeio? – perguntou Matheus.

– exatamente, um passeio – disse Edward, satisfeito consigo mesmo – San Francisco é á uma hora daqui, e sei onde pegamos o ônibus. Quem topa?

Levamos alguns segundos para compreender, e quando o fizemos, tivemos quase a mesma reação.

– você ficou maluco? – perguntou Larissa.

– fumou mais do que um cigarro? – chutei.

– isso é contra as regras, não podemos fazer isso – disse Lorena, entrando em desespero.

– calma, madames – disse Edward, como se não fosse nada demais – vai ficar tudo bem. A gente sai, passeia por uma das cidades mais bacanas da Califórnia e volta em algumas horas.

– você ta falando serio? – perguntou Jully.

Edward assentiu, Matheus estava estático, e não dizia uma palavra.

– qual é? Essa escola anda muito parada – disse Edward – nem temos espaço para zoar, sair daqui vai ser ótimo. Confiem em mim, eu sei o que estou fazendo.

Ele olhou para todos nós, fazendo uma cara quase seria, tentando convencer-nos.

– eu não tenho nada á perder – disse Jully, dando de ombros – mas, se a gente se ferrar, eu acabo contigo.

Edward sorriu, em seguida, olhou para mim.

– tudo bem, tudo bem. Eu vou – cedi, bufando.

– certo, só falam três – disse Edward, olhando para Matheus, Larissa e Lorena.

– não obrigado, não quero sair da escola tão cedo – disse Matheus, dando dois passos para trás – prefiro ficar aqui, e jogar um pouco de vídeo game.

E saiu andando, sem olhar para trás.

– quando foi que ele juntou-se á nós mesmo? – perguntou Edward, confuso.

Larissa fez uma carranca zangada, Edward parou de brincadeira.

– e você, bonequinha punk? – perguntou, gentilmente – vem conosco?

– de jeito nenhum – respondeu Larissa, afastando-se um pouco – eu prezo minha matricula, obrigada.

Edward revirou os olhos, segurou Larissa pelos ombros e olhou bem no fundo dos olhos dela, com aquele jeitinho que só ele tem.

– eu prometo que vamos ficar bem, voltamos logo – falou, sua voz saiu firme – vamos, eu assumo toda a culpa. Confie em mim, Lary.

A ultima parte foi a pior, sua voz saiu tão encantadora e atraente que até mesmo Jully e eu ficamos balançadas. Larissa hesitou, respirou fundo e livrou-se de Edward.

– tá, eu vou – falou, relutante – mas, você vai me deixar em paz depois, não vai?

Edward abriu um sorriso largo, contagiando todas nós.

– eu sabia, ninguém resite ao meu olhar de cachorro pidão – falou, rindo.

Larissa revirou os olhos, Edward riu e fitou Lorena.

– agora só falta uma – falou, encantadoramente.

– nem pensar! Eu não vou fazer isso! – gaguejou Lorena, sacudindo a cabeça para recuperar a firmeza, sumida pelo tom de voz usado por Edward – isso é contra as regras.

– mas, você concordou em espionar os Parker – interpôs Edward.

– isso é diferente, e muito – disse Lorena, séria – eu topei entrar em uma sala, não fugir da escola. Vocês podem ir, eu não vou impedir, mas não contem comigo nessa expedição fora da lei.

Lorena virou-se e foi embora, pisando forte. Edward piscou, um pouco atordoado.

– eu levei um fora da menina mais quieta da escola? – falou, conversando consigo mesmo – é um sonho?

– talvez, mas está sendo um pesadelo para a Lory – disse Larissa – e talvez ela esteja certa.

Edward recuperou-se de seu entorpecimento, sacudiu a cabeça e voltou á ficar com aquela expressão firme.

– vamos, antes que a ruivinha exerça mais do seu feitiço contra vocês – falou.

– beleza, mister fuga – disse Jully, cruzando os braços – só tem um probleminha, como vamos sair?

Edward deu um sorriso de canto, caminhando lentamente em direção ao portão.

– você verá quando for a hora – falou, fingindo seriedade.

Revirei os olhos, mas segui-o até o portão da frente. Edward fez uma mesura com as mãos, come se fizesse um truque de mágica, e empurrou a grade do portão, abrindo-o com muita facilidade.

– sério isso, Harry Houdini é você? – perguntou Larissa.

Edward riu, franzi as sobrancelhas.

– Claire saiu hoje mais cedo, eu a vi – disse Edward – eu á claro que eu vi conferir se ela tinha trancado o portão, o que, logicamente, ela não fez.

– tipo, quer dizer que podíamos ter saído antes – disse Jully.

– é isso ai – disse Edward, sorrindo de forma radiante.

Troquei um olhar com as meninas, um tanto incrédula com a facilidade da nossa fuga.

– vamos? – perguntou Edward – eu prometo um passeio de primeira para as jovens e lindas damas.

Revirei os olhos, dando o primeiro passo para fora da casa.

Espero que o passeio valha á pena.

POV Michael Rogers

Peguei outro livro da estante cheia, adorando aquela biblioteca. Sentei em uma das cadeiras confortáveis e admirei o exemplar de A Cabana em minhas mãos.

– me parece um bom livro – comentou Sky, sentada na janela grande da biblioteca.

– também me parece um bom livro – falei.

Lee deu uma olhada no livro em minhas mãos, depois fez uma careta.

– sei não, livro para mim é Cinquenta Tons de Cinza – falou.

Ri, Sky jogou um exemplar de Viajem ao Centro da Terra na cabeça do irmão.

– ai! – protestou Lee.

Ri de novo, as brigas entre os irmãos me divertiam muito.

– Michael, você já leu Comer, Rezar e Amar? – perguntou Talita, de pé de frente para uma estante de livros.

– ainda não – respondi – mas soube que é um bom livro.

Ela tirou o exemplar da estante, estudado-o cuidadosamente.

– eu vou ler – decidiu, sorrindo.

– faça isso – falei, cortes.

Ela sorriu para mim, era uma bela garota. Fixei minha atenção no livro á minha frente, li varias e varias paginas, apreciando a obra literária.

– ei, já faz duas horas que você está lendo – disse alguém, acima de mim – não quer parar um pouco?

Olhei para cima, decididamente era uma garota bonita.

– poxa, já faz tanto tempo – falei, dando um sorriso educado.

– o tempo passa rápido quando estamos fazendo algo que gostamos – disse, com um sorriso encantador – seu nome é Michael, não é?

– isso mesmo – confirmei – desculpe, mas ainda não fomos apresentados. Qual é seu nome?

– Lorena, Lorena Lower – falou, dando um sorriso simpático.

Ela parecia tímida, eu já havia reparado nela antes, mas nunca tão de perto. Seus cabelos ruivos caiam com graça atrás de suas costas, seus olhos azuis e gentis fitavam-me. Suas faces coraram, eu a olhava fixamente.

– nos conhecemos no corredor hoje mais cedo – falou – você me ajudou.

Assenti, tinha sido um bom encontro.

– aquele rapaz costuma te perturbar? – perguntei.

Ela suspirou, sentando em uma cadeira ao lado da minha.

– quase sempre – falou – confesso que Teddy é um bom garoto, mas eu agradeceria se ele me agarrasse tanto.

Ri, ela corou, mas deu um sorriso tímido.

– eu vi que você não estava gostando muito da brincadeira – falei – não foi um incomodo para mim defendê-la, isso é o que eu faço.

Ela fitou o chão, tímida.

– gosta de livros, Lorena? – perguntei, educadamente.

Ela assentiu, peguei o exemplar de A Cabana que tinha nas mãos e estendi para ela.

– é um bom livro – falei – leia-o

– mas, você estava lendo ele – falou.

Sorri, entregando o livro em suas mãos.

– eu não me importo, já li esse livro antes – falei – leia-o, e depois, me conte o que achou.

Ela sorriu, sorri também.

– obrigada, Michael – falou.

– Mike – corrigi – pode me chamar de Mike.

Ela assentiu, levantei da cadeira.

– nos vemos outra hora, tudo bem? – falei.

Ela assentiu novamente, sorri de forma educada e saí da biblioteca, dirigindo um ultimo olhar á garota ruiva antes de fechar as portas.

– meu parceiro, você se deu bem! – exclamou Lee, saindo de uma sala vazia e me assustando no corredor.

– Lee! – falei, assustado.

Ele riu, respire fundo, o cara tinha realmente me assustado.

– deu uns pega nela? – perguntou, dando um sorriso malicioso.

– o que? Não! – respondi, ainda surpreso.

– vish, você tá muito fraquinho, compadre – disse Lee, rindo da minha cara – se quiser eu te dou umas aulinhas.

– dispenso, obrigado – respondi, estranhado suas atitudes – mas, se quiser, eu ligo para o manicômio mais próximo.

– ainda usam essa palavra? – perguntou Lee, fazendo careta – é por isso que não consegue dar uns pega em ninguém.

Sacudi a cabeça, Karen apareceu correndo no corredor, puxando Sky, que estava com sua gata no colo.

– se quiserem ver uma briga, venham comigo – disse Karen.

Franzi as sobrancelhas.

– outra briga? – perguntei.

– qual é o motivo dessa vez? – perguntou Lee.

– ainda não sei, a briga ainda não começou – respondeu Karen – mas, pela cara da Johanna, vai começar em breve.

– outra vez brigando? – perguntei.

Karen assentiu, Lee deu de ombros.

– vamos – falou.

Fomos juntos até a sala de estar, onde Johanna parecia impaciente e agitada. Leonardo apareceu, um pouco estressado.

– eu estava procurando você – falou, encarando a irmã.

Johanna virou-se para encarar o irmão, tensa.

– viu a Claire? Eu procurei em cada canto dessa casa, e dessa vez, eu acho que ela saiu – falou.

– eu não me preocuparia com a nossa prima, já que o carro dela não está na garagem, e meu cartão de crédito não está na minha carteira – disse Leonardo, ainda estressado – eu me preocuparia com o fato de, quatro de nossos alunos não estarem em canto algum da casa e os portões estarem abertos.

Johanna parou, ligeiramente seria.

– quem são? – perguntou

Á essa altura, todos os alunos já haviam chegado á sala de estar, e assistiam a discussão, que tomava um rumo realmente serio.

– Edward Howard, Jully Blake, Anah Days e Larissa Rayssa – respondeu Leonardo, tenso.

Todos os demais alunos ficaram um pouco espantados, surpresos com a noticia. Lorena engoliu em seco, tensa.

– alguém sabe algo á respeito disso? – perguntou Johanna, séria demais para o meu gosto.

Ninguém manifestou-se, ninguém mesmo. Matheus e Lorena olharam para baixo, um pouco tensos. Johanna expirou pesadamente.

– e que eu vou dizer para as famílias deles? – perguntou ao irmão – que perdi seus filhos? Que não tivemos segurança suficiente?

Gabriel apareceu na sala, parecia ter ouvido tudo, pois foi direto em direção á Johanna, afagando o ombro da mesma.

– calma, Jo – falou, baixo, mas pude ouvir – vamos ver o que descobrimos.

Os vinte minutos seguintes foram tensos para todos, principalmente, para os alunos. Leonardo e Johanna, junto com os outros professores, fizeram um tipo de interrogatório. Ninguém afirmou saber de nada, mas, na vez de Lorena, pude ver que ela ficou tensa.

– muito bem, vamos ver as filmagens das câmeras de segurança – disse Marco, o professor de biologia.

– isso, deve ter algum indício da fuga – disse Bianca, a professora literatura.

Lorena ficou ainda mais tensa, ela respirava rápido, quase em pânico. Lee bateu no meu braço, chamando minha atenção.

– isso tá me cheirando á expulsão – comentou.

Assenti, e vi Lorena ficar ainda mais nervosa com essa afirmação. Johanna, Leonardo e alguns dos professores subiram as escadas, indo ver as filmagens.

Olhei para Lorena outra vez, ela parecia ainda mais nervosa. Respirei fundo, dei passos calmos em sua direção. Parei ao seu lado, Lorena baixou a cabeça, como se estivesse evitando contato visual.

– quer me contar alguma coisa, Lory? – perguntei, educadamente – eu sei que você sabe algo sobre isso, são seus amigos.

Ela ficou vermelha, engoliu em seco umas três vezes seguidas. Suspirei e abri a porta da sala de jantar. Fiz um sinal com a cabeça, pedindo para que ela entrasse. Lorena atendeu ao meu pedido silencioso, entrei na sala de jantar, e pude ver Lee fazendo sinais com as mãos antes de fechar a porta. Contive o riso, precisava concentrar-me em um assunto mais urgente. Encarei Lorena, a garota olhava para o chão, nervosa.

– vai, conta – pedi, de modo gentil.

Ela hesitou, respirou fundo e me encarou por um segundo. Pude ver, bem no fundo daqueles olhos azuis encantadores, que ela sabia a verdade, mas tinha receio em conta-la. Dirigi-lhe meu melhor olhar persuasivo, dando a entender que aquilo era o certo. Lorena não cortou o olhar, só depois de alguns segundos, quando corou e fitou intensamente o chão.

– San Francisco – gaguejou, depois respirou fundo e engoliu em seco outra vez – eles foram para San Francisco.

Assenti, sentindo parte da sua tensão dissipar-se. Lorena ainda estava nervosa, mas parecia bem melhor depois de ter dito a verdade.

– precisamos contar aos professores, antes que eles vejam as filmagens e culpem você de alguma forma – falei, de forma convincente.

Ela entrou em pânico outra vez.

– eu vou ser expulsa – falou, nervosa demais.

Suspirei, olhando no fundo de seus olhos outra vez.

– a verdade não é um crime, eles não podem expulsar você – falei – você não foi junto.

– eles pediram para que eu fosse – confessou – mas, eu não achei uma boa ideia.

– você está certa, e não tem culpa de nada – falei, tranquilizando-a – mas, precisamos contar a verdade logo, isso é muito grave, Lory.

Ela assentiu, um pouco menos apavorada, mas, ainda com medo. Levantei seu rosto com as pontas do dedos, encarando seu rosto.

– não fique assim, vai ficar tudo bem – falei, dando um pequeno sorriso – eu vou com você, não estará sozinha.

Ela assentiu, respirou fundo e pareceu ficar mais calma. As portas foram abertas, era Karen, e parecia curiosa.

– ah! Me desculpem! – pediu, arfante – eu não sabia que estavam aqui, quer dizer, o Lee falou, mas eu não queria interromper nada. Eu sinto muito.

Lorena ficou muito vermelha, soltei seu rosto, um pouco constrangida.

– aí garoto! – disse Lee, rindo – gosta duma ruiva, não é?

A ruiva ao meu lado podia ter desmaiado de vergonha, seu rosto ficou ainda mais vermelho.

– é um mal entendido, não houve nada – falei, acalmando um pouco Lorena.

Olhei para ela, que evitava contato visual com quem quer que fosse.

– vamos? – perguntei.

Ela assentiu, dei um pequeno sorriso. Passamos por Karen na porta da sala de jantar, ela dava um sorriso malicioso, assim como Cindy, Sky, Lee e vários outros, até mesmo, a doce e gentil Talita. Revirei os olhos, subindo as escadas, com Lorena logo atrás de mim. Cheguei na porta do escritório de Johanna, olhei para Lorena.

– pronta? – perguntei.

– pronta – respondeu, gaguejando.

Assenti, bati na porta duas vezes. Esperamos por uns dez segundos, Leonardo abriu a porta, e parecia muito preocupado.

– senhor Parker, temos informações sobre os alunos – falei.

Ele assentiu, dando espaço para entrarmos na sala. Os professores estavam apinhados por cima do computador de Johanna, todos tensos. O primeiro á reparar em nós foi o professor Marco, sendo seguido pelos outros.

– sim? – perguntou Johanna.

Lorena e eu trocamos um olhar, assenti de leve, encorajando-a. A garota respirou fundo, encarou o chão e engoliu em seco.

– eu sei onde eles estão – confessou, sua voz fininha.

Agora sim, as atenções redobraram-se sobre nós.

– onde? – perguntou Leonardo.

– San Francisco – disse Lorena, num fio de voz, ainda olhando para baixo – eles acharam que seria legal.

– eles contaram isso para você? – perguntou Jasmine, a professora de astronomia.

Lorena assentiu, Johanna respirou fundo.

– por que não disse antes? – perguntou Bianca.

Lorena ficou nervosa, ela quase tremia.

– eu... – gaguejou.

– quando amigos fazem uma burrada, devemos contar a verdade – disse William – eu mesmo já disse a verdade aos professores que tive.

Gabriel, o professor de historia, olhou para William.

– foi você que disse que eu traficava chocolate para dentro do campus?- perguntou, ultrajado.

– meninos, não é hora para isso – disse Johanna, ríspida – Lorena, você devia ter dito logo, evitaria toda essa confusão.

Lorena começou á tremer ainda mais, encarando o chão.

– com todo respeito, senhorita Parker. Ela não tem culpa – falei, colocando-me um passo á frente de Lorena – ela devia ter contado, mas não errou.

– sim, errou – disse Marco, sério – ela devia ter dito assim que soube.

– desculpe discordar, mas eles são amigos dela – falei, firmemente – não há um ser humano, ou mutante, que nunca tenha feito isso ou algo pior por um amigo. A culpa não é dela.

Leonardo e Gabriel trocaram um olhar, ambos deram pequenos sorrisos antes de ficarem sérios outra vez. Soltei o ar de forma pesada, senti os dedos de Lorena segurarem meu braço, como se eu fosse o seu defensor, o que, no caso, eu era.

– tudo bem, isso não vai levar á nada – disse Johanna – temos que acha-los.

– deixa comigo – disse William – eu posso chegar á San Francisco em dois segundos.

Johanna assentiu.

– como podem saber onde eles estão? – perguntei.

Todos se olharam.

– isso é um problema – disse Bianca.

– ou não – disse William – Johanna, você poderia me confiar o seu cão?

***

Três horas depois, William materializou-se no meio da sala de estar, onde todos nós estávamos preocupados e nervosos. Como ele fez isso? Alguns minutos depois da confissão de Lorena, descobri que a mutação do professor era: teleporte, acompanhando ou sozinho, de distancias enormes ou curtas.

Voltando, Edward, Jully, Larissa e Anah, estavam um pouco enfezados. Todos traziam consigo, sacolas cheias de coisas, e vestiam camisetas com os dizeres: “Lembranças de San Francisco”. A situação seria engraçada, se não fosse séria.

Todos os quatro, junto com William e o cão dos Parker, subiram as escadas em silencio, talvez soubessem o quão errado estavam. Lorena, que tinha ficado um pouco mais aliviada depois da confissão, ficara nervosa outra vez. Ela estava sentada ao meu lado, no sofá da sala, aguardando os amigos descerem.

Quando o fizeram, Edward foi o primeiro á encarar Lorena.

– você contou, dedurou a gente – falou, irritado – estávamos bem, até o professor aparecer e interromper nosso passeio na roda gigante da cidade.

– Edward, eu... – gaguejou Lorena.

– não foi ela quem contou, fui eu – falei, encarando Edward – ela não queria, ela mentiu por vocês, isso prova que ela é uma boa amiga. Eu a convenci, eu a fiz contar a verdade. Então, se quiserem culpar alguém, culpem á mim.

Edward me encarou, irritado. Sustentei seu olhar com firmeza, sabia que não estava fazendo amizade com ele no momento em que ele eu ficamos nos encarando. Lorena ainda estava nervosa, olhava de mim para Edward, tensa.

A porta principal foi aberta com um estrondo, um furacão cor de rosa, cheio de sacolas, entrou na sala de estar.

– cheguei! – disse Claire, radiante – San Francisco estava ótima hoje.

Todos ficamos olhando para ela, a tensão dissipou-se. Leonardo desceu as escadas, encarando a prima.

– tem uma mulher furiosa querendo falar com você lá em cima – falou, sério – acho bom você correr, a menos que queira ter todo o seu closet queimado.

Claire revirou os olhos, jogando as inúmeras sacolas nos braços de Leonardo.

– sabe onde deixar, e toma aqui seu cartão – falou, jogando o cartão no peito do primo.

– valeu – disse Leonardo, irônico – vou colocar lá em cima, sim senhora.

– ridículo – resmungou Claire, subindo as escadas – estourei seu limite de compras.

Leonardo ficou ultrajado, a loira desapareceu no andar de cima, rebolando no salto alto que usava.

– era só o que me faltava – resmungou Leonardo, depois olhou para nós – acho melhor vocês irem jantar.

Assentimos, Jully e Anah levaram Lorena, quase carregada, para a sala de jantar, contando todos os detalhes de sua viajem breve á cidade vizinha. Edward me encarou uma ultima vez, depois, seguiu as garotas e sentou-se ao lado de Lorena.

– desculpa – falou, encarando-a.

Lorena assentiu, depois deu um breve sorriso. Edward apertou sua mão, deixando a garota corada. Sentei no meu lugar, ao lado de Sky, em silencio.

O jantar passou rápido, comi o que pude, e subi as escadas. Estava no corredor quando ouvi passos apressados atrás de mim.

– espera! – falou.

Virei, era Lorena. Ela viera correndo, segurando uma camiseta e um chaveiro de San Francisco, deu um pequeno sorriso.

– obrigada – falou – pelo que fez por mim.

Sorri também.

– não foi nada – falei.

Ela sorriu e estendeu o chaveiro para mim, peguei-o devagar.

– Anah trouxe isso para mim, mas você merece mais do que eu – falou, corada por seu próprio comentário.

– obrigado – falei – Lory.

Ela sorriu, depois virou-se e entrou em seu quarto. Sorri para o nada, entrei no meu quarto e sentei na minha cama, girando o chaveiro nos dedos.

Talvez, convencer alguém á dizer a verdade, fosse algo bom. Ainda que uma amizade tivesse ficado em risco, Lorena tinha me recompensado. Não com o chaveiro.

Mas, com seu sorriso.

IMAGENS DO CAPÍTULOS (PERSONAGENS DOS POV'S)

Stiles Hale

Anah Days

Michael Rogers

Marco Vicent - Biologia

Imagem Bônus

San Francisco


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Notas finais do capítulo

Pronto, postado.
Música de hoje: Vamos fugir, deste lugar, baby...
Zoeira não tem limites.
VERDADEIRA música de hoje: http://www.youtube.com/watch?v=voS1wrD7NP4
Eu escrevo outras Fic's, deem uma olhada
1: http://fanfiction.com.br/historia/467775/Troubled_Minds/
2: http://fanfiction.com.br/historia/432227/The_Fallen_Angel/
3: http://fanfiction.com.br/historia/418832/Os_Sobreviventes/
4: http://fanfiction.com.br/historia/468016/Sweet_Travel_-_Interativa/
Beijos, até o próximo capítulo.