Troublemaker escrita por Pandaabakaa


Capítulo 4
Sem tratamentos epeciais


Notas iniciais do capítulo

Gente, só queria lembrar que essa fanfic está sendo postada no SS também. Por Saaky-chan (EU)



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A noite estava fria. E eu não me incomodaria com isso caso estivesse com uma roupa adequada, mas não, eu tive que usar um short curto pra deixar à mostra minhas pernas magrelas. Seria tudo mais fácil caso eu ainda não estivesse parada em frente ao prédio do cara de cabelos negros. Na verdade seria tudo mais fácil se eu estivesse na ''minha casa''. Seria tudo muito mais fácil se meus pais não fossem loucos, então eu nem precisaria ter saído da casa deles.

Hun. Mais uma vez me sentei no degrau da escada da portaria. Era a décima vez que repetia esse ato. Minhas pernas já doíam e eu não sabia o que fazer. Olhei mais uma vez para a rua a minha frente. À essa hora, poucos carros passavam por ali, e caso eu avistasse alguma pessoa, eu certamente irei achar que é um bandido.

Claro que eu não estaria preocupada com isso se o cara de cabelos negros não tivesse desligado o interfone, sem me dar nenhuma resposta. Estou tão desesperada a ponto de ir dormir debaixo da ponte. Talvez os mendigos me aceitem por lá. Mas como vou saber se eles não vão me roubar? É. Eu acho que posso ficar aqui na escada mesmo. Caso aconteça algo eu vou acordar o cara de cabelos negros, tocando o interfone dele mais uma vez. É bem possível que ele não faça nada para me ajudar, mas não custa nada.

Me levantei mais uma vez da escada gelada e foi quando avistei dois caras que vinham da rua ao lado. Eles conversavam um pouco alto e quando me viram, abaixaram o tom da voz. Meu coração simplesmente parou e as minhas mãos gelaram de repente. Ok, respira Sakura. É completamente normal dois amigos estarem caminhando pela rua, em plena noite. Normal.

Ouvi um barulho atrás de mim e então me virei.

Agora me pergunto se é possível que eu seja a única com frio aqui. Porque... Gente.

O cara de cabelos negros estava parado em frente a porta aberta, trajando apenas uma calça de moletom azul. Ai, eu não suporto. Calma, me recuperando, percebi que ele segurava um cigarro acesso na mão esquerda. Quando notou que eu o encarava, ele resolveu quebrar o silêncio.

– Vai ficar parada aí? - Sua voz foi o bastante para me fazer subir o lance de escadas. Os dois rapazes passaram por nós sem ao menos nos olhar e continuaram conversando. Viu Sakura? Completamente normal. O cara de cabelos negros então passou a me encarar.

– Er, oi.

– Hm. - Ele deu uma última tragada no cigarro antes de atirá-lo no chão. - Vamos subir.

No elevador o silêncio foi bastante para me deixar inquieta. Assim que as portas se abriram, fomos em direção ao apartamento. Eu estava tão incomodada que até contei meus passos até a porta branca. Vinte e três.

– Então você não quer saber o motivo de eu pedir para dormir aqui hoje? - Perguntei enquanto ele me dava espaço para entrar no local. O apartamento continuava impecavelmente organizado.

– Não preciso saber. Você só vai ficar uma noite mesmo não é? - Ele respondeu num tom frio.

– Hm... É sim. - Olhei ao redor. - Você nem vai me perceber aqui ok? Não vou te pertubar, nem nada do tipo. Se precisar eu durmo até... - Olhei mais uma vez. - Durmo até atrás do sofá. Bem ali no canto, você nem vai me notar.

O cara de cabelos negros apenas me mostrou um de seus rápidos sorrisos de canto e se sentou no sofá, ligando a tv. Eu continuei ali parada, sem saber o que fazer. Bem, talvez ele esteja esperando que eu vá mesmo dormir atrás do sofá.

Fui com minha mochila até o local e ele apenas me olhou, sem dar muita importância ao que eu ia fazer. Me sentei no chão frio e limpo, e logo me encostei na parede. Não era um local muito confortável, mas ele já fez muito em me deixar passar a noite aqui. Claro que não vou exigir um tratamento especial só porque eu dei pra ele. Er, poisé. Eu não devia ter lembrado desse fato. Hun.

– Que droga você tá fazendo? - Ele se levantou e parou de frente para mim.

– Er, eu disse que se precisasse eu...

– Sério? É claro que você não precisa dormir aí. - Ele pegou minha mochila. - Vem.

O segui até onde eu lembrava ser o quarto. Colocando minha mochila em cima da cama, ele logo se pronunciou.

– Você dorme aqui no quarto hoje. - Meus olhos quase lacrimejaram. Tão... Tão educado e cavalheiro. Mas é claro que ele não deixaria uma dama dormir no chão da sala. Claro que um cara tão lindo assim não cometeria uma maldade dessas. Até me senti amada. - Ali, naquela porta do guarda-roupa, tem um colchão. Acho que ainda dá pra dormir nele. Pegue ele e escolha um lugar pra colocá-lo.

Sabe aquela frase? "Alegria de pobre dura pouco." Então, ela define todos os momentos da minha vida. Primeiro porque se eu fosse rica, eu não precisaria morar com Gaara e Ino. Mas a gente supera. Difícil, claro que é. Mas tudo bem. A vida é assim né. Como eu disse antes, não posso querer tratamento especial. Claro que não. É.

Fui até o local que o cara de cabelos negros havia me indicado. A porta do guarda roupa era enorme, e dentro dele totalmente organizado. Logo vi um colchão enrolado, em uma prateleira muito mais alta que eu. Bem, o jeito é improvisar, já que ele não está aqui pra ajudar. Peguei uma cadeira de madeira que estava no canto do quarto. Logo subi em cima dela e alcançei o colchão. O problema real era o peso do colchão, portanto não consegui me equilibrar por muito tempo enquanto o segurava.

Ai. Não achei que essa cadeira fosse tão alta. E também espero que o barulho da queda não tenha sido tão alarmante, até porque estou numa situação bem constrangedora.

– Aconteceu alg... - O cara de cabelos negros entrou no quarto e me encarou por um momento. - Que droga você tá fazendo?

É a segunda vez que ele me pergunta isso.

O colchão em cima da minha barriga me impedia de levantar, enquanto minha perna estava presa na cadeira, de alguma forma.

– Oi?

Ele me ajudou a sair daquela posição desagradável e me levantou.

– O que você tava fazendo?

– Hun... Pegando o colchão que você falou. - Respondi enquanto arrumava meu cabelo.

– Não era esse colchão. - Ele apontou para o que estava caído no chão. Logo depois retirou um que estava abaixo das gavetas, na mesma porta do guarda-roupa. Bem, eu deveria ter visto ele ali? Escondido no canto mais profundo e escuro do guarda-roupa. Obviamente uma pessoa com problemas visuais assim como eu, não iria vê-lo ali. Poisé. Ele tem que entender isso. - Você se machucou?

– Er, não. - Awn, como ele é meigo, não? Apesar de me fazer dormir no colchão. Mas é bem melhor que o canto da sala. Não seria legal dormir atrás do sofá, de maneira alguma.

– Mas você tá sangrando.

– Oi? - Com certeza ele deve me achar uma lesada. Ok. Conversar com um cara sempre acaba com minha imagem na cama, é. Pareço mais uma daquelas garotas fúteis. Muitos se surpreenderiam com o fato de eu ser a melhor da minha turma na faculdade. Hehe. Esses fubazentos. Nem preciso dessas reles mortais, posso conseguir alguém a minha altura. Do que eu tô falando mesmo? Ah sim. Depois que o cara de cabelos negros me informou que eu estava sangrando, foi que percebi meu braço ralado.

– Espera lá no banheiro. Tem uma caixa de primeiros socorros dentro do ármario.

Ele que manda né.

Achei a caixa de primeiros socorros exatamente onde falou que estava. Não foi como quando a Ino me pediu pra pegar a caixa de maquiagem dela no banheiro e na verdade estava na estante da sala, guardada junto com os livros do Gaara. É, eu realmente não sei porque estava lá. Mas ela me fez ficar procurando aquilo por 1h, e ainda me culpou, dizendo que eu tinha pegado a maquiagem dela.

Limpei o ferimento e fiz um curativo rápido, com algumas gase. E então lá vem o galã da estória. Ele olhou para o meu braço, e depois de certificar que eu já havia feito o trabalho, saiu do banheiro sem dizer nada. E fiquei ali, em pé, brincando com as agulhas. Talvez eu deva ir dormir, mesmo sem vontade, pois ainda tenho que ir pra aula amanhã. Então voltei para o quarto e vi que o colchão já estava em seu devido lugar e totalmente arrumado. Minha mochila ainda continuava em cima da cama. Fiquei dividida entre vestir o pijama ou mais uma vez tentar conversar com o cara de cabelos negros. E agora surge a pergunta: quem diabos iria dormir quando se tem a oportunidade de conversar com um cara lindo daqueles?

Calma Sakura. E o papo de "eu não quero correr o risco de me apaixonar." Hehe. Claro que não quero me apaixonar. Eu com certeza vou dormir, é o melhor a se fazer. Uhum.

O cara de cabelos negros entrou no quarto. Ainda sem camisa. Oh. Seria estranho pedir que ele vestisse uma camisa?

– Você tá com fome?

– Não, tô não. - Na verdade estou morrendo, mas ninguém precisa saber.

– Vou fazer alguma coisa pra gente. - Ele ignorou minha resposta, então saiu do quarto. É tão óbvio assim que eu esteja com fome? Ah, e que se dane. Eu não vou dormir. Vou lá puxar assunto com ele, poisé. Se eu me apaixonar, pelo menos ele tem dinheiro. Até porque ele mora em um bairro bem sofisticado, ok. Fui até a cozinha, de onde mais uma vez vinha um cheiro extremamente bom. Parei logo na bancada enquanto observava aquelas costas másculas e os braços fortes. Esse com certeza é o cara mais bonito com quem eu já dormi. Acho que é bom demais pra ser verdade.

Ai meu coração.

Assim que terminou de preparar nosso pequeno lanche, fomos para a sala. Bem, ele não me convidou pra sentar no sofá com ele, mas tomei liberdade pra fazer isso.
Na televisão passava um filme bem estranho de ficção científica. Acredito que um polvo gigante seja muito assustador, claro, mas só acho que ele tem tentáculos demais. É, muitos tentáculos. E ele invade uma cidade... Hm, por que ele está atacando um prédio?

– Você realmente gosta de filmes assim?

– Não muito.

– Hm... - As respostas dele sempre eram curtas.

Então o filme acabou e eu ainda estava tentando entender o porquê de alguém ter coragem de filmar aquilo. Ficamos em silêncio enquanto os comerciais sobre bicicletas passavam um atrás do outro. Eu tentava pensar em algum assunto mais isso era a única coisa que eu poderia perguntar no momento.

– E então... Você anda de bicicleta? - O cara de cabelos negros me encarou por uns momentos e então sorriu. Eu já disse o quanto o sorriso dele é lindo? Acho que já né? Mas digo de novo... Ele tem um sorriso lindo.

– Prefiro motos. É bem mais prático sabe?

– Mas você precisa gastar dinheiro com combustível. Não acho que isso seja prático.

– É prático no sentido de poupar esforço físico.

– Hm, entendi. - E acabou o assunto. Começou outro filme e pá... Sharknado. Ok. Que tipo de pessoa cria um filme, em que um tornado contém tubarões? Sinceramente... Eu não sei o que pensar além de que essa pessoa não deve ter uma vida muito agradável, sei lá. E já que tudo que tenho pra fazer é assistir um filme idiota, é o que vou fazer. O querido cara de cabelos negros parece bem interessado em filmes assim. Talvez tenha um ponto chave, alguma coisa incrível, que só eu não consigo ver nesses filmes.

É, com certeza é um filme horrível.

~

Acordei com alguma coisa vibrando na minha região traseira. Sim, isso é realmente estranho. Mas foi então que percebi que era meu celular. Assim que atendi, percebi que era a Ino.

– Em que inferno você está? Me fale logo, porque vou mandar sua mãe pra ele.

– Sério que eles ainda estão aí?

– Sim, é sério. Pra você ter ideia, eu estou na casa da Hinata. Gaara já saiu pra faculdade e é claro que eu não ia ficar lá sozinha com...

– Como assim o Gaara já saiu? Que horas são?

– Exatamente... 12:45.

– Ai meu coração. Te ligo depois. - Levantei às pressas da cama. Sim, da cama. Percebi que eu estava no quarto, e havia dormido na cama. O colchão estava perto da janela, junto com umas cobertas dobradas. Eu não me lembro de ter vindo para o quarto antes de dormir. Se me lembro bem, eu dormi antes do tubarão sair voando do tornado e atacar um mulher loira. Enfim, peguei minha roupa dentro da mochila e saí correndo do quarto. O cara de cabelos negros estava na sala, finalmente vestido, com uma camiseta preta, jaqueta, calça jeans e tênis. Ui. Mas isso não é hora pra pensar em coisas como tirar a roupa dele.

– Você pode me emprestar uma toalha?

– A minha tá no banheiro.

Não demorei muito no banho. Na verdade foi o banho mais prático da minha vida. Logo depois, vesti a roupa enquanto tentava escovar os dentes. Obviamente eu caí no chão e bati a cabeça na parede. Saí do banheiro ainda abotoando a calça e fui buscar a mochila no quarto. Calçei meu tênis sem antes colocar a meia. Quem precisa de meia? Ninguém. O cara de cabelos negros estava na porta do quarto, me encarando como se eu fosse um bicho estranho.

– Eu estou atrasada.

– Hm.

– Tá, dá pra ver que não é do seu interesse.

– É, não é. - Sinceridade é tudo. Estou pronta. Minha camiseta branca tinha uma estampa infantil, e foi aí que percebi que era minha blusa do pijama. Ah, que se dane. O Pooh é fofo, não importa que idade eu tenha, eu sempre vou achar isso. A calcinha estava torta e me incomodando bastante. Seria estranho enfiar a mão dentro da calça pra arrumar ela? Claro que sim né. Hm. Ok, os tênis estão certos. Tudo pronto. Peguei minha mochila e parei em frente ao cara de cabelos negros.

– Eu realmente agradeço por me deixar dormir aqui hoje. Você tem um bom coração. Mas agora preciso ir.

– Uhum.

E isso é tudo que ele diz. Lindo não. Saí apressada do apartamento e esperei alguns minutos pelo elevador.

– MAS QUE DROOOOGA! - Elevador lento. Porcaria. Só me atrasa mais. Que bunda. Oi? A porta abriu e dentro tinha uma garota com uniforme escolar. Ela era bonita, loira, alta e tinha peitos muito avantajados. Isso só piora o meu dia. Sabe como é trágico saber que uma garota de 16, 17 anos tem seios maiores que o seu? É extremamente constrangedor. Mas não tenho tempo pra isso. A elevador se abriu e então corri desesperadamente pra fora do prédio.

Uma senhora estava saindo de um táxi logo ali na frente. Preciso dizer que ela demorou um século pra tirar todas as sacolas dela que estavam no banco? Não né? Poisé. Tirei logo as 5 restantes e empurrei ela delicadamente para o lado.

Os dez minutos dentro do carro, me pareceram uma eternidade. Eu com certeza iria ouvir um discurso de meia hora do Kabuto, sobre não chegar atrasada nas suas aulas. Ele era o único professor que realmente tinha uma matéria complicada, e eu não poderia perder suas aulas. É, muita sorte. Hoje ele é meu primeiro horário e ainda não estou pronta pra perder minha bolsa por discussões com professor. Assim que chegamos na universidade, paguei o motorista, deixando um troco de três dólares pra trás. Isso Sakura, você irá a falência dessa forma.

Corri mais um pouco até a entrada. Provavelmente perdi bastante calorias essa manhã. Quando entrei no prédio - ainda correndo - acabei esbarrando em algo, ou alguém, não importa. Mas era alguém, bem forte na verdade, que me segurou. Pelo menos não saímos rolando no chão. Olhei para o salvador da pátria no momento.

– Isso só pode ser brincadeira né? - Fiquei encarando aqueles olhos escuros por um instante.

Ok destino. Você realmente quer que eu me case com o cara de cabelos negros né? Você quer que eu passe minhas madrugadas assistindo filmes japoneses mal feitos junto com ele? Você realmente quer que eu tenha filhos tão lindos quanto o pai, porque é o que está parecendo. Eu só acho isso.

– O que faz aqui? - Ele perguntou de repente.

– Eu estudo aqui.

– Ei Sakura, que demora fo... Sasuke? - Ouvi a voz de Gaara chegando até nós. E como assim "Sasuke?". Ele não estava falando comigo?

– Você conhece ela? - Então o cara de cabelos negros me soltou e se virou para Gaara.

– É minha amiga. Mora comigo e a Ino.

– Ei, porque vocês se conhecem? Não, pera. Eu nem deveria estar aqui. Tchau pra vocês - Subi as escadas correndo, quase deixando uma perna pra trás. Assim que encostei a mão na maçaneta da porta, ouvi o sinal tocando, indicando o final do horário. Então Kabuto abriu a porta, nem se deu o trabalho de olhar para mim e saiu.

Eu só vou fingir que nada disso me deixou indignada. Por que eu estaria indignada? Não tenho motivos pra isso. De forma alguma.

– Ei Sakura, por que não assistiu o primeiro horário? Acabou de perder uma prova de cinco pontos. - Tenten informou enquanto eu me sentava ao seu lado. Ok, isso é demais. A notícia me abalou, claro, mas ninguém precisa saber. Calma Sakura, só respira.


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