Troublemaker escrita por Pandaabakaa


Capítulo 3
Mashmallows




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– AEEH! Hinataaaa! Eu te... Te amo!

Não, não é o Naruto gritando isso no corredor do prédio, mas sim a Ino. Estava abraçando a coitada da Hinata, quase sufocando ela. Hn. Então tá. Ela é um caso sério quando está bêbada. Gaara ainda tentou arrastar ela para dentro do apartamento enquanto Naruto reclamava de dor de barriga.

Obviamente eu não vou ficar aqui vendo essa cena ridícula. O apartamento estava tão quente quanto lá fora. Acho que alguém devia comprar um novo ar-condicionado, só acho. Não aguento mais esse maldito calor que nunca passa. Decidi ir tomar um banho.

Sabe quando parece que tudo que está a sua volta não é real? Como se você estivesse sonhando? Não, né. É Sakura, pelo que parece você é a única anormal por aqui. Me sentei no sanitário e abaixei a cabeça por uns minutos. Mais uma vez, não me lembro de porcaria nenhuma que aconteceu noite passada. Palmas, palmas. Eu realmente tenho algum problema. Até porque nem bebi tanto assim. Bem, talvez eu não tenha certeza disso.

Depois do banho percebi que já eram quase uma da tarde. Me apressei, já que hoje ainda teria que ir para a faculdade. Vesti uma regata branca, um short jeans. Não sou obrigada a ir de jaleco certo? Calçei meu all star e juntei o material para colocar na mochila. Graças as minhas lindas e sedutoras olheiras eu tive que passar maquiagem para tentar disfarçar. É, não tá fácil pra ninguém. Prendi o cabelo e fui para a cozinha. Gaara, também já estava pronto então decidimos ir logo, já que ele teria prova nos primeiros horários.

Eu só acordei quando o carro estacionou em frente a Universidade. Eram dois prédios bem bonitos até. Não haviam tantas árvores por ali, apenas um gramado verde logo na entrada. Me despedi de Gaara, que me deu dinheiro para o lanche. Lindo ele.

– Sakuraaaa! - Ouvi alguém me chamando. Para estar gritando dessa forma, só poderia ser Lee. Terminei de subir as escadas e me virei, esperando antes de entrar no prédio. Tenten vinha logo atrás dele, com uma cara de poucos amigos. Ela era da minha turma, e foi a primeira pessoa com quem eu pude ter uma conversa além de "você conseguiu responder essa questão?".

– Oi Lee. - Ele me abraçou como de costume.

– Bom dia Sakura. - Tenten chegou logo depois. Ficou me olhando por um tempo. Já que não íamos falar nada, nos despedimos de Lee e fomos para a primeira aula.

Tenten passou um tempo falando de como seu relacionamento com Neiji estava ruim. Ele vivia viajando para outros países para resolver negócios da família, então o vi poucas vezes desde que cheguei aqui. E a única vez que nos falamos foi quando ele foi visitar Hinata, que é prima dele. Tanta coincidência. Depois de ouvir ela reclamar das chamadas não atendidas, apenas confirmei com a cabeça e entramos na sala.

Durante a aula, a professora Tsunade nos deu um tempo para estudar, enquanto ela cochilava em sua mesa. Isso é muito normal depois de um final de semana ou feriado, já que ela também costuma vir de ressaca para trabalhar. Eu também resolvi dormir um pouco, mas aí ela resolveu começar a aula.

Depois de muitas e longas explicações, veio nosso mínimo intervalo. Tenten e eu nos encontramos com Lee e fomos até uma lanchonete ali perto.

– Eu vou querer um x-bacon, batata frita média, um refrigerante de 500ml e... - Fiquei encarando o cardápio, a atendente parecia meio impaciente. - Eu quero também um sanduíche natural.

Assim que fomos para a mesa Lee ficou rindo de mim e do meu lanche desiquilibrado. Ah, qual é? Pelo menos algo tinha que ser saudável. Na verdade fiquei com vontade de pedir dois sanduíches desse, já que eles eram pequenos. Isso não mata a fome de ninguém. Tenten brincava com a batata frita enquanto eu apenas me servia.

Depois de uns minutos, voltamos ao prédio para assistir o restante das aulas. O que foi um tédio total. Tivemos que responder um quiz rápido. Todas as minhas respostas foram corretas e tive que ouvir piadinhas de outros alunos como "A gênio da turma!". Não tenho culpa se eles são burros. É, esses são meus colegas de classe. Eu meio que sofro um certo preconceito aqui, não por ser bolsista, afinal isso é uma das melhores coisas que poderia acontecer com alguém. Mas todos me acham estranha.

Tudo inveja, isso sim. Desculpa se sou inteligente, apenas. E modesta também.

Assim que os horários se acabaram, me despedi de Tenten e fui para o estacionamento. Fiquei em um banco de madeira, esperando Gaara. Eu estava completamente acabada, imagine se ainda estivesse em curso de período integral. Eu fiz isso quando comecei a faculdade e quase morri de cansaço. Então resolvi mudar para apenas 5h de aula por dia, porque né. Mas isso ainda faz com que o meu tempo na faculdade seja maior, correto?

Depois de uns minutos vi Gaara chegando, com aquele estilo totalmente descolado de andar que só ele tem. Ino sortuda filha de uma mãe muito boa, viu? Sim, a mãe dela sempre foi bem legal. Mas, enfim, fomos até seu carro e ele disse que ainda iríamos passar em algum supermercado.

Não ficava muito longe dali, por isso chegamos em poucos minutos. Ele foi atrás de um carrinho de compras enquanto fui esperar na seção de doces. Sempre começavamos por aqui. Porque somos jovens, e jovens muitas vezes não saudáveis. E essa é a melhor explicação que consigo dar para duas pessoas que são loucas por doces e sempre compram mais que o necessário.

Caminhando pelo corredor, vi o último pacote de marshmallows. Eu amo essas coisas fofas e doces. E ali estava, aquele pacote colorido me seduzindo. Estavam na última prateleira, e assim que me abaixei para pegá-lo uma mão branca entrou no meu campo de visão. Putz! Como assim? Ninguém pode pegar o ÚLTIMO pacote de marshmallows assim. Não o MEU pacote de marshmallows. Me levantei numa raiva imensa, que tirei de um lugar bem obscuro do meu coração.

– Ei!

– Er, algum problema? - A resposta demorada veio do rapaz alto, vestia uma camisa social preta que mantinha desabotoado os dois primeiros botões. Sua pele era extremamente clara e seus olhos negros se estreitaram ao me encarar. Ele mantinha uma expressão confusa enquanto esperava que eu me pronunciasse.

– Sim... Tem um problema. - Apontei para o pacote que já estava em seu carrinho. - O último.

– Ah, entendi. Você o quer? - O rapaz o levantou em minha direção. Fiz que sim com a cabeça, tendo a esperança de que ele me entregasse. - Uma pena, mas isso é bastante especial para mim.

– Mas eu vi ele primeiro! - Respondi um pouco mais alto que o necessário. Agora olhando bem, ele era bem bonito. Se parecia bastante com o rapaz de cabelos negros com quem dormi. E de alguma maneira me fazia lembrar também de outro rapaz, mas desse eu tinha apenas imagens embaçadas em minha memória. Que também me lembrava muito o cara com quem dormi. Cada coisa. O que me encarava agora, tinha cabelos também escuros e compridos, presos elegantemente na altura do ombro.

– Me dê bons motivos para que eu desista dos marshmallows.

– Olha, eu sou dependente dessas coisas desde meus três anos de idade. Não pode simplesmente tirar isso de mim. E se não houver mais pacotes desse aqui? Vai mesmo fazer isso comigo? - Falei quase chorando. Parte disso era verdade, afinal desde criança tenho uma paixão especial por marshmallows.

– Realmente muito triste, mas não me convenceu. - Ele sorriu simpático e cínico ao mesmo tempo.

– Só me dá essa droga de pacote! - Sim, tenho várias táticas para conseguir isso. E agora estou pensando seriamente em derrubar ele no chão, pegar os marshmallows e sair correndo.

– Que grosseria. Você devia tentar agir como uma garota pelo menos. - Isso mesmo. Agir como uma garota. Comecei a rir descontroladamente.

– Bem, se é isso que quer. Você é bem bonito sabia? Eu não ligaria de sair com você, caso me desse os marshmallows. - Sério que estou me vendendo? Hehe.

– Muito obrigado, você também é muito bonita, se me permite dizer. Não acredito que está fazendo isso, mas já que é assim, posso aceitar essa sugestão. - Ele me entregou o pacote e logo depois tirou seu celular do bolso. - Qual o seu número?

Assim que passei meu número para ele, o rapaz foi embora sorrindo sem ao menos me dizer o nome. E me deixou o pacote de marshmallows coloridos. Gaara finalmente chegou, achei até que tinha se perdido no meio do caminho, mas na verdade ele apenas chegou mancando.

– O que aconteceu?

– Eu fui atropelado enquanto atravessava a rua com o carrinho. - Ele respondeu. Tudo que consegui fazer foi rir, enquanto ele explicava que teve que esperar os guardas deixarem ele sair de lá. Disse à eles que tinha uma médica em casa, então não precisaria ser levado ao hospital. Quanta confiança.

Depois de pagar a conta, voltamos ao carro. Eu tive que dirigir até nosso prédio, enquanto o ruivo continuava dizendo "Que tipo de pessoa consegue atropelar alguém na faixa de pedestres de um supermercado?".

Depois de colocarmos todas as sacolas no carrinho do prédio, subimos até nosso apartamento. Assim que destranquei a porta para Gaara, Ino de repente apareceu.

– Ai miserável! Assusta outro pra lá!

– Foge!

– O que? - Foi então que eu a vi. Mebuki Haruno, parada logo atrás de Ino. Eu até tentei correr, mas acabei esbarrando em Gaara, que caiu no chão e disse mil palavrões. Alguns que eu nem conhecia. Até desisti de fugir, somente para ajudar o ruivo a se levantar.

Entramos no apartamento e foi então que percebi meu pai também sentado no sofá da sala. O que está acontecendo aqui eu não sei, mas espero que dê tempo o suficiente para que eu pegue minha mochila e saia correndo daqui - tomara que o Gaara não resolva me atrapalhar novamente. Ino acabou levando o ruivo para o quarto enquanto eu continuei na sala com meus queridos pais.

Minha mãe passou as finas mãos pelo seu cabelo loiro, sinal de algo estava errado, ela com certeza iria reclamar sobre alguma coisa.

– Sakura, querida, o que aconteceu com seu cabelo? - Ela perguntou com um pequeno sorriso em seu rosto, notando o tom mais rosado dos meus fios.

– Oi mãe. Ah, eu estou bem, obrigada por perguntar. Acabei de voltar da faculdade, acredita que eu sou a melhor da turma? Então. Legal né. - Ela me encarou por alguns minutos, em desaprovação. Meu pai, que até agora permanecia calado, apenas me pedia pelo olhar para que eu tivesse paciência. - Hn, eu pintei mãe. É isso que se faz quando você quer mudar a cor do seu cabelo, sabe?

– Sim Sakura, eu sei. Mas você não deveria fazer algo assim. Já não bastava essas suas tatuagens? Você me decepciona cada vez mais. Fico envergonhada cada vez que nossos amigos perguntam sobre você. O que vou dizer a eles? Que minha única filha se tornou impura?

– Veio aqui para repetir o mesmo discurso mãe?

– Filha, o que sua mãe quer dizer é que você está muito diferente do que imaginávamos. - Agora meu pai quem falava. - Te criamos de uma forma totalmente diferente, e olha no que você se tornou querida! Não era isso que queríamos para o seu futuro e...

– E nhe nhe nhe. Por favor, eu já tenho idade o suficiente para saber o que quero da minha vida.

– Sakura Haruno, preste bem atenção em como fala conosco! Somos seus pais! - Minha mãe se levantou de onde estava e apontou o dedo para mim. Sua voz havia se tornado mais alta.

– Mebuki, se acalme. - Kizashi sempre foi mais calmo do que minha mãe. - Então, Sakura, o que viemos fazer aqui hoje é te levar de volta.

– Como assim me levar de volta? Por acaso vão me sequestrar? - Perguntei com sarcasmo.

– Se for necessário, pois não vamos sair daqui enquanto não levarmos você!

– Ok então. - Saí em passos rápidos até meu quarto, peguei algumas roupas e coisas necessárias para uma noite. Quando voltei para a sala apenas as coloquei em minha mochila e fiz menção em sair do apartamento. - Bem, eu realmente queria que vocês entendessem que nada do que estou fazendo é porque quero desagradar vocês. Mas sim porque é o que EU quero para a minha vida. Não sou obrigada a seguir o sonho que vocês planejaram para mim, então entendam que vai ser melhor dessa forma. Vocês não querem que eu seja feliz? Pois então, seria legal se vocês aceitassem isso.

– ...Depois falo com você Ino. - Disse assim que vi a loira saindo de seu quarto. Ela apenas concordou com a cabeça, ciente de que eu só voltaria quando tivesse certeza de que meus pais haviam ido embora.

– Sakura, você não vai sair daqui!

– Eu não vou voltar com vocês mãe, acho melhor entender isso. - Fechei a porta deixando meus pais para trás.

Sequei a pequena lágrima que caía, algumas pessoas me encaravam na rua. Já estava começando a fazer frio, e já era tarde da noite. Eu realmente deveria ter pensado aonde ir, antes de fugir de casa. Não tenho tantos amigos, e mesmo assim, não sei onde a maioria mora. Estou me sentindo como se tivesse apenas dezessete anos, fugindo dos pais para ter a própria vida. Mas agora o problema é que eu não tenho mais dezessete anos, e mesmo assim meus pais querem me controlar. É realmente constrangedor ter de fugir, eu poderia apenas dizer não para eles.

Mas não é tão fácil assim ir contra seus pais, já que eles são alguém que sempre querem o seu bem. Na maioria das vezes pelo menos.

Enfim, o tal motivo de eu estar fugindo é da minha própria fraqueza. Definitivamente eu não sou forte o suficiente para dizer 'não' tantas vezes a eles, assim, é melhor evitá-los. Não quero desistir de tudo o que tenho agora e voltar ao interior de Texas.

Fiquei parada algum tempo, olhando os carros passarem. Pensei em como meus pais poderiam ter me encontrado, nem o pai de Ino tinha total certeza de onde estávamos morando. Ou eles simplesmente ligaram para a mãe dela, ou podem ter conseguido o endereço na Universidade. Talvez, não tenha sido nenhuma das possibilidades, mas eu simplesmente quero ficar longe. O máximo possível. Evitando qualquer tipo de contato com eles, e com pessoas que eles possam encontrar. Parece até que sou investigadores, tá doido.

Foi então que me veio a mente, alguém que eles não conhecem. Alguém impossível de achar, creio eu. Esperei passar o próximo táxi e sinalizei.

– 5th Avenida por favor.

Com certeza seria a pior coisa que eu poderia fazer. Realmente disse que não voltaria até lá, nem teria nada relacionado ao cara de cabelos negros, mas essa me pareceu a única solução.

Assim que paguei o táxi, desci em frente ao enorme prédio branco. Estamos aqui mais uma vez. Não tenho a mínima ideia de que horas sejam. Pensei em desistir várias vezes, mas aí me lembrei de que não paguei o táxi a toa. Apertei o botão do interfone que havia ali, pelo menos espero que eu tenha acertado o número do apartamento.

– Oi? - Reconheci a voz rouca depois de vários minutos. Bem, eu não ficaria contente caso alguém me acordasse.

– Oi. Hn... - Nem sei por onde começar. Porque já não é nada normal você acordar a pessoa e muito menos se vocês não se conhecem. E muito menos normal é você falar "Ei, a gente se comeu, lembra?" - Então, não sei tá lembrado, mas eu sou a garota de cabelo rosa, que dormiu com você. É bem estranho eu estar fazendo isso, mas será que você poderia me fazer um favor?

– Hn, fala.

– Eu posso dormir na sua casa hoje? - Perguntei meio receosa. Só espero que ele não desligue na minha cara.


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