Troublemaker escrita por Pandaabakaa


Capítulo 2
Familiaridades




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Abri a porta com certa dificuldade, pois nunca acertava qual era a chave. Seria mais fácil se eu não tivesse tantas chaves. E na verdade eu não sabia o por quê de tantas. Nem sei se são minhas.

Assim que entrei no apartamento, vi Gaara em pé na cozinha. Tomando seu café calmamente e seu cabelo estava completamente bagunçado. Ele deveria ter acordado agora também. Então se virou para mim e com pouco interesse acenou com a cabeça. Seus olhos verdes estavam destacados pelas olheiras fortes.

Fui direto para meu quarto, mas antes que eu pudesse pelo menos fechar a porta, Ino entrou correndo. Ela ainda estava com sua camisola estampada de porquinhos. Um presente que ganhou de mim quando ainda tinhamos 17 anos - por isso, depois de tanto tempo, a roupa nem tampava metade de sua bunda.

Onde é que você estava?! - Ela de repente perguntou exaltada.

Hn. Na casa de um cara.

Como diabos 'na casa de uma cara'? Eu estou te ligando desde ontem Sakura! Meu Deus! Eu achei que você tinha sido sequestrada, quase não consegui dormir. Fiquei tão preocupada com você!

Ah, sim. Okay. Obrigado por me amar tanto. - Respondi enquanto olhava para a cara cínica dela.

Agora, continuando, quem foi dessa vez? - Ino na verdade não estava preocupada. Ela só falou aquilo para parecer uma boa amiga, mas em certos assuntos, ela não é.

Eu não sei o nome dele.

É sério isso? Você estava tão bêbada assim?

É, acho que sim. Mas pelo menos escolhi um bom rapaz. - Disse me lembrando dele. - Vou tomar banho.

Saí do quarto para o banheiro. Ino disse algo sobre ir dormir de novo.

Ela e Gaara já moravam juntos há algum tempo. Desde o colegial eles já faziam planos para isso. Muito bonito o amor deles, sabe? Parece até coisa de filme. Se conheceram aos 15 anos. Ino era a típica patricinha da escola e Gaara o menino problématico.

Ela odiava ele. Ele nem se importava com ela. E eu... Eu apenas ficava comendo batata frita enquanto ela insistia em dizer o quanto ele era irritante. Eu era amiga dos dois, por isso nunca manifestava nada, apenas ouvia. E foi quando fiz Ino perceber que ela estava apaixonada pelo ruivo estranho. Ela negou por um tempo, até que eles tiveram uma oportunidade de conversa.

Um belo dia, estava chovendo muito e eles se abrigaram na sacada de uma casa, conversaram, se conheceram melhor e descobriram que poderiam manter uma amizade. E foi aí que Gaara também se apaixonou por ela.

E estão juntos até hoje. Awn, que meigo. Seria uma pena se eles tivessem uma amiga que insistisse em morar com eles. Haha.

Vim para cá há alguns meses, depois de uma briga com meus pais. Sim, a briga foi feia a ponto de eu ter que vir morar com minha amiga. Os motivos podem parecer até sem importância, mas quando você é maior de idade é difícil aceitar alguém que quer controlar sua vida. Mesmo que seja seus pais.

Eu morava em uma pequena cidade no Texas. Também onde Ino e Gaara moravam, antes de se mudarem para Manhattan. Eu sempre quis estudar em uma boa universidade e cursar medicina, isso já estava decidido. Até eu completar meus vinte anos e meus pais simplesmente acharem que poderiam me prender em casa.

É compreensível que os pais não queiram ficar longe dos filhos, mas os meus já estavam passando dos limites. Eles não podiam simplesmente me proibir de alcançar meus objetivos e nem cuidarem de mim pra sempre.

Eu fiz uma prova para entrar na Columbia University - que por pura coincidência, ficava em Manhattan, onde Ino e Gaara estavam morando. Mentira, foi de propósito. Então, fui aprovada na universidade, e consegui uma bolsa de estudos. Meus pais continuaram não concordando e foi aí que eu resolvi sair de casa por conta própria. Tinha um dinheiro guardado e viajei para Manhattan. Por motivos óbvios eles não sabem onde moro. Sempre me ligam, e quando eu atendo o assunto é sempre "você tem que voltar pra casa". Então eu geralmente os atendo apenas uma vez no mês pra dizer que estou viva.

Medidas drásticas, eu sei. São meus pais, estão preocupados, me amam, querem apenas o meu bem. Já ouvi várias coisas assim, mas sei que um dia eles vão entender o quanto eu precisava dessa liberdade. Eu os evito, apenas pelo fato de que talvez eu ceda as pressões. Seria bem provável que minha mãe me fizesse desistir da faculdade. Me fizesse desistir de algo que eu quis minha vida inteira.

Ela tem esse poder, acredite.

Terminei meu banho e voltei para o quarto. Senti meu corpo dormente em algumas partes. Quando fui me vestir notei marcas roxas na região traseira. Não me lembro de os tapas do cara de cabelos negros serem tão fortes. Ui.

Fui até a sala e Ino realmente estava dormindo no sofá. Gaara, agora com uma roupa mais fresca, estava lendo um livro. Isso era realmente raro, mas então lembrei que estávamos na semana de provas. Isso explica tudo. Ele cursa advocacia, na mesma universidade que eu.

Me deitei no sofá pequeno que restava.

Suas provas são na quarta também?

São sim. - Ele baixou o livro para me responder. Gaara realmente não estava com nenhum ânimo para estudar. Muito menos eu.

Eu sempre fui motivo de inveja na turma. Minhas notas eram excelentes e muitos dos professores me elogiavam bastante. Mal sabem eles que em casa tudo que eu faço é dormir - e comer, e beber e outras coisas, menos estudar. Eu aprendo tudo em sala de aula, sempre. Nunca foi necessário que eu chegasse em casa e passasse horas lendo livros sobre anatomia ou outro, para responder os trabalhos. Era tudo muito simples quando eu prestava atenção nas aulas.

Gaara na maioria das vezes também era assim, então quando ele estava estudando em casa, é porque realmente era algo muito complicado. Ino, continua sendo Ino. Não estuda, não trabalha. Algumas vezes por milagre ela faz alguns cursinhos, mas só isso. Na verdade nenhum de nós trabalha. Tudo graças a família de Gaara ser rica.

Ele todo mês recebe uma boa quantia em dinheiro, algum tipo de seguro que sua mãe fez antes de morrer. E ainda é divido entre três filhos, só pra reforçar o quanto são ricos. Mas são pessoas bastante simples, por isso gosto tanto de Gaara. E gosto ainda mais por ele não reclamar de ter que sustentar alguém financeiramente além de sua namorada. Lindo ele.

Olhei para o relógio pendurado na parede da sala. Quatro horas da tarde. Tédio total, até que ouço baterem na porta. Batidas incessantes e irritantes.

Entra! - Gaara gritou com pouca vontade. Naruto entrou no apartamento com a camisa pendurada no ombro. Ele devia aprender bons modos, e não invadir as casas das pessoas assim.

Heeey! Quem tá afim de uma festinha? - Gritou enquanto agitava os braços pra cima. Ino acordou assustada, até perceber quem estava fazendo escândalo. Eu continuei encarando Naruto. Nenhum de nós três ali estava com tanta energia assim.

Cara, hoje é segunda-feira. - Gaara respondeu enquanto ia andando até a cozinha. Naruto ocupou seu lugar no sofá ao lado de Ino, que tampava a bunda com uma das almofadas. Não achei isso muito agradável não, vou começar a evitar essas almofadas daqui. Porque né.

Eu sei disso, mas ainda é feriado. E ainda são quatro horas! Não tem mais nada a se fazer! - Naruto era nosso vizinho da esquerda, e ele achava que isso o dava direito de sempre invadir o apartamento. Ele mora com a namorada, Hinata. Um fofa. Sempre que faz cupcakes ela deixa eu escolher os meus. Awn, amo ela.

Eu topo! - Ino disse, dando uma leve esperança a Naruto.

E quando é que você não aceita uma farra? - Gaara perguntou enquanto sorria para a namorada, que mostrou a língua pra ele. - Amanhã eu tenho aula, não sei se vou aguentar mais uma festa.

Nem eu. - Respondi bocejando.

Ah gente! Vocês são uns sem-graça. - O loiro ficou emburrado no sofá. - Só porque eu já tinha marcado com o Tio Jiraya.

Quando ele falou isso, nós três o encaramos.

Pera, a festa vai ser na casa do seu tio? E porque não disse antes? Que hora a gente vai? Espera, vou pegar minha mochila. - Saí correndo pro quarto e Ino fez o mesmo. Acontece que, o tio do Naruto é dono de uma mega mansão, e sempre dá festas enormes e badaladas. São simplesmente inacreditáveis. Ninguém resiste.

Nem mesmo eu, que geralmente só vou para festas depois de estar bêbada. Isso é algo bem anormal, mas só ignoremos esse fato. Na verdade eu quase nunca aproveito nada da festa também, sempre fico bêbada o bastante para não lembrar de nada. Percebe-se isso.

Nossas festas sempre são resolvidas assim, de última hora. E ninguém se importa se vai ter aula no outro dia.

Peguei minha mochila e tirei de dentro o material da faculdade. Coloquei roupa de banho, outro short, camiseta e outras coisas. Voltei até a cozinha e peguei um pacote de salgados no ármario, só pra eu não passar fome durante a viagem.

Dentro de dez minutos eu, Ino e Gaara já estávamos no corredor esperando Naruto e Hinata. Resolvemos ir todos no carro do ruivo e descemos. No banco de trás, Naruto insistia em ficar com as pernas abertas, ocupando espaço e espremendo Hinata e eu.

De nosso prédio até a casa de Jiraya, levava no mínimo uns quarenta minutos. Tempo o bastante para ouvir Naruto reclamando sobre sua prima. Hn.

Ah! E também teve uma vez que ela pegou meu peixinho Castênio e deu de comida para o gat...

Naruto! Quer calar a porcaria dessa boca? - Hinata se exaltou de repente. Todos nós depois disso permanecemos em silêncio, mas foi realmente hilário ver a cara de sofrimento do loiro. Ficar em silêncio para ele é tipo uma tortura.

Depois de um longo tempo, quase cinco horas da tarde, chegamos ao setor de mansões e logo vimos Jiraya na entrada. Duas garotas, que estavam de short e parte de cima do biquini estavam abraçadas com ele.

Oee! Tio Jirayaaaa! - Naruto estava quase saindo pela janela do carro.

Narutoooo!

UHHHHH!

UHHHHH! - Os dois pareciam idiotas gritando. Na verdade são idiotas, e isso acontece toda vez que eles se encontram. Ele foi quem cuidou de Naruto, após a morte de seus pais e também sempre foi muito legal conosco. Desde um almoço que Naruto deu em seu apartamento e acabou nos convidando. Foi aí que conhecemos o tão famoso Jiraya.

Depois da conversa com o tio, Gaara estacionou o carro. Logo depois de um bonito gramado que havia em frente a casa, uma enorme piscina estava cheia de bolas coloridas e balões. Ao lado, no que era para ser uma churrasqueira, tinha um bar montado e com muitas pessoas por ali.

Resolvemos entrar na casa e deixar nossas coisas por lá. Um dos quartos era do Naruto, o único que permanecia trancado. E então, como sempre acontece, Ino e Gaara foram para um lado, Naruto e Hinata para outro. E eu, linda, maravilhosa e solteira resolvi ir tomar alguma coisa.

Prendi meu cabelo e fui para a cozinha. As coisas estavam pouco animadas por ali, e a música que vinha do lado de fora estava abafada. Normalmente, as festas sempre começam lá fora, por causa da piscina e depois, quando fica mais tarde eles entram na casa e recomeçam a farra.

Algumas pessoas estavam conversando, acho que poucas estavam sóbrias. Abri o refrigerador e peguei duas latinhas de cerveja. Depois voltei para o lado de fora. Me manti distante da piscina, e sentei no gramado, perto de uma árvore. Bem bonitinha a árvore. Tomei um gole da primeira cerveja e fiquei ali no tédio, esperando que algum garoto que valesse a pena resolvesse falar comigo. Sim, sonho mesmo.

Oi? Posso me sentar aqui? - Percebi um garoto com cabelos brancos ao meu lado. Mas assim, apesar de toda anormalidade - e dentes afiados - em um ser só, ele conseguia ser atraente. Ele mantinha um sorriso foraçado no rosto e segurava uma garrafa de vodca. - Meu nome é Suigetsu.

Hn, oi Suigetsu. Eu sou Sakura. Pode sentar aí. - Fiz gesto com a mão e ele sentou na grama. - Tá sozinho?

Na verdade, vim com uns colegas, mas acabei perdendo eles.

Te entendo. - Continuamos em silêncio. E eu acabei com minhas cervejas. Suigetsu então ofereceu sua bebida pura. Dei uns goles rápidos.

Algum tempo depois uma garota ruiva veio até nós. Até Suigetsu na verdade, porque eu não a conhecia. Ela estava reclamando algo sobre ligar para alguém, ou sei lá.

Ah Karin, essa é a Sakura. - Suigetsu disse de repente.

Oi.

Eer, oi. - Continuei quieta, até aparecer outro amigo deles, que se chamava Juugo. Resolvo compartilhar meu lugar com uma pessoa e de repente, aparece trinta amigos ali. Mentira, apenas dois. Mas acabei ficando avulsa, mesmo assim. Quando ia me levantar, Karin me chamou.

Ei, menina! Caso você encontre com um cara de cabelos negros por aí, pode nos avisar?

Acho meio difícil eu saber quem ele é. Há vários caras de cabelos negros por aqui.

Ele vai ser o mais bonito. - Karin disse quase num tom apaixonado.

Karin, por favor né. - Suigetsu deu um tapa na cabeça dela. - Na verdade Sakura, ele vai ser o com o penteado mais estranho.

Hn, ok. Vejo o que posso fazer. - Voltei para dentro da casa e já havia muitas pessoas ali dentro. A mesa do Dj foi posta no final da sala e as pessoas dançavam alegremente. Outras já subiam para o andar de cima - casais e grupos. Porque aqui é ousadia e alegria.

Hinata e Naruto estavam sentados em um sofá e conversavam. Ino e Gaara estavam se agarrando perto da escada, provavelmente seriam mais um casal a subir para o andar de cima.
Casais. E mais casais. Isso realmente é um trauma para mim. Por isso nunca consigo um relacionamento sério.

Voltei para a cozinha e peguei um copo em cima da bancada. Nem reconheci o que era, mas estava bom. Continuei por ali perto, até ter virado pelo menos uns dez copos. Até ganhei dinheiro. Um garoto mais bêbado que eu, apostou que conseguia virar cinco copos antes de mim. Haha, otário. E junto com o dinheiro, tambéanhei coisas extras.

~

Me sentei ao pé da enorme escada. Já era tarde e a única iluminação que havia por ali, era do jogo de luz colorido. Minha cabeça já rodava e eu tinha uma enorme vontade de rir. Eu realmente não sirvo para ser médica. Que tipo de médica fica por aí, se embebedando e usando substâncias inapropriadas? Hoho. Eu.

Acho que alguém sentou do meu lado. Mas as luzes estavam piscando muito, e eu tive que forçar minha visão um pouco. Um cara estava sentado bem ali. Cabelos negros, um penteado bem peculiar. Onde já vi isso antes? Acho que alguém me falou sobre isso. Hn, vai saber. Ele estava acendendo o cigarro e depois da primeira tragada percebeu que eu estava o olhando.

Aceita? - Ele perguntou. Sua voz era rouca e bastante sexy. Fiquei o encarando por mais tempo e aceitei o cigarro. Encostei minha cabeça na parede e fiquei observando a fumaça que saía da minha boca.

Meu nome é Sakura. - Não sei porque disse meu nome a ele. Talvez porque fiquei com vontade de que ele se tornasse meu futuro marido. Sei lá. Talvez ele me lembrasse alguém. Está tudo tão confuso.

Talvez eu devesse mesmo desistir de ser médica. Já que eu sou quase uma dependente química. Ok. Exagero meu, só faço isso em momentos necessários. Como estar completamente carente e precisar de algum cara. Se eu estiver sóbria, eu definitivamente não vou conseguir me relacionar com ninguém. Ah, isso é tão complicado.

O meu é Sasuke. - Ele respondeu enquanto eu continuava rindo de mim mesma por ser tão ridícula. Estar traumatizada por relacionamentos anteriores é realmente ridículo. E achar que outros caras vão me ajudar a superar isso é completamente anormal. Culpa das drogas. Devia começar a ouvir meu professor, quando ele nos adverte sobre as drogas.

Eu e o tal Sasuke, permanecemos ali. Sem pronunciar uma palavra, apenas observamos as pessoas. E foi quando ele se levantou e disse que precisava ir.

Foi um prazer te conhecer Sasuke! - Eu respondi. - Mas acho que vai ser difícil lembrar o seu nome.

Ele então apenas sorriu de canto e saiu. Sorriso bonito. E bastante familiar.

Algum tempo depois, quando eu achava estar sóbria, fui atrás das chaves do quarto que estavam ainda com Naruto. Eu realmente precisava dormir.

Ocupei uma das duas camas que tinham ali e em questão de minutos apaguei. Apesar do barulho, apesar da estranha dor de cabeça. Me senti em casa.


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