Sociedade Renegada escrita por Nynna Days


Capítulo 9
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Novo capítulo. E obg pelos comentários. Leitores fantasmas, apareçam.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/443306/chapter/9

“Você está pálida”

Tirei os olhos do vestido lilás que eu terminava de alisar com pressa e encarei meu namorado. Assim que Ethan tinha ido embora, eu subi e tentei ficar o mais apresentável possível em dez minutos. Pelo sorriso que Drake me recebeu, sabia que tinha tido um bom trabalho.

Ou talvez ele só fosse bastante carinhoso.

“O que?”, perguntei, franzindo o cenho.

“Você está pálida”, ele repetiu.

Abri minha boca e tornei a fechá-la, sem argumentos contra aquilo. Afinal, eu já era pálida por natureza. Uma das coisas que havia herdado de Christian, além dos olhos cinza.

Além disso, Drake não era a pessoa mais bronzeada que eu conhecia no mundo. Quando o conheci, lembro-me de que sua pele era menos pálida. Mas parece que o tempo correndo atrás de mim – somado a minha aversão a praia – tinha o feito perder o tom dourado de sua pele.

Mas, no fundo eu sabia que o motivo pela minha palidez assustadora ia além de genética. A ideia de Drake encontrar qualquer resíduo que comprovasse a passagem de Ethan na minha casa estava me assombrando. Não sabia como ele ainda não havia escutado o meu coração atingindo quase 200 por hora. Ou talvez escutasse e pensasse que era por causa da sua presença.

Meu namorado era um metido, ás vezes.

“É que estou um pouco indisposta.”, confessei e o vi me observando de cima a baixo. Me contorci um pouco incomodada com aquele olhar. “Quase não consegui dormir. Megan e eu tínhamos muitos assuntos pendentes para colocar em dia.”

Agradeci mentalmente quando vi Drake apenas assentindo, sem me perguntar quais assuntos, de fato, eu e Megan tínhamos conversado. Estreitei os meus olhos, incomodada pelo fato de Drake manter uma barreira em seus pensamentos, impossibilitando que eu os visse.

Ele tinha me contado sobre essa barreira na primeira vez que ele me levou no campo afastado da cidade. Disse que esse era o único meio de ser ter privacidade desde que começou a morar e trabalhar com meu pai.

Eu o entendia.

Também não gostava quando meu pai invadia os meus pensamentos sem que eu desse permissão. Frustrava-me.

Me senti um pouco culpada por dar aquela desculpa, mas no fundo sabia que não estava com humor para sair de casa. Não depois da visita matutina. Mas, tinha que admitir que Drake estava bastante bonito. Os cabelos estavam mais alinhados do que o usual. Estava usando a jaqueta que eu o havia presenteado e uma camisa azul escuro, que destacava os seus olhos da mesma cor. Calças jeans escuras e tênis preto.

Não consegui deixar de suspirar com meu namorado. Ainda não sabia como tinha tido aquela sorte. Talvez tivesse sido o destino, me indicando que meu verdadeiro lugar era realmente ao lado dele, e não de Ethan. Mas só de pensar em não ver mais aqueles olhos verdes se misturando com o azul, ou de sentir o fogo tocando a minha pele como lava, me deixava enjoada.

Olhei para meu vestido simples de verão, com alças finas e lilás que tinha posto rapidamente. Na verdade, era a primeira vez que o vestia desde que o havia ganhado de minha madrinha. Há uns três anos. Era incrível que eu não havia crescido em nada e ele ainda coubesse em mim. Estava com sapatilhas pretas, que tinha encontrado no fundo do armário. E meu cabelo estava solto.

O que era um pouco irritante, já que tinha que ficar tirando alguns fios rebeldes de meu rosto. Peguei-me pensando na ideia de cortá-los. Era quase uma tradição fazer isso todos os anos. Cortava-os um palmo abaixo dos ombros, evitando que eles chegassem á um comprimento que me atrapalhasse. Megan odiava isso. Então eu parei de cortar a dois anos. Só que ele estava me atrapalhando realmente.

“Quer ficar em casa?”, Drake ofereceu.

Suspirei, me sentindo aliviada por ele ter proposto isso e eu não ter que ser a estraga prazeres. Não completamente. Pensei que me fingir de namorada compreensiva e dizer que não precisava, mas o medo dele aceitar a mentira foi maior. Então apenas assenti e o vi sorrindo, enquanto me puxava para o círculo de seus braços.

Respirei fundo, sentindo o seu cheiro doce. Sorri de volta, percebendo que existia alguma força que me fazia ficar atraída por Drake, mesmo que meu coração pertencesse a Ethan. Drake me fazia bem, e com toda essa história de “vamos ser amigos”, eu só precisava de algo para me segurar. E agradecia á Deus que Drake estivesse ali.

“Quer ver um filme ou algo do tipo?”, ele ofereceu e pressionou os lábios em minha testa. Assenti, concordando. “Posso escolher?”, ele pediu.

Levantei a cabeça, para poder encará-lo e sorri. Ele sorriu de volta e me beijou. Era casto e calmo, me dando confortos e me fazendo suspirar. Era realmente daquilo que eu precisava. Algo constante e seguro. Que não me fizesse ter dúvida em nenhum momento. E que me fizesse esquecer como a minha vida estava uma loucura.

Mesmo que não me fizesse esquecer Ethan.

****************************

“Ainda não acredito que estou assistindo Jogos Vorazes.”, disse e vi meu namorando sorrindo. “Sabe, se Megan estivesse aqui, iria me chamar de traidora. Ela é viciada na Saga Crepúsculo e todo aquele triângulo amoroso de Bella.”

Drake havia tirado a jaqueta, por estar uma temperatura confortável ali dentro. Estávamos jogados no sofá terminando de ver Jogos Vorazes. Eu estava deitada em cima dele, com as costas em seu peito e seu queixo estava no topo na minha cabeça.

Nossas mãos entrelaçadas em minha barriga.

“Não tenho nada contra a Bella.”, ele disse tentando se justificar. “Só acho a Katniss mais quente e perigosa.”, ele riu e senti seu peito tremendo. Não pude me impedir de sorrir. “Gosto de garotas que sabem se defender e se acham independentes. Acho sexy.”

Isso me fez lembrar automaticamente de Annice e seu treinamento de luta. Não me incomodava o fato deles já terem tido algo – mesmo que Drake afirmasse que havia sido apenas um beijo sem sentimentos – mas me incomodava que eles tivessem mais coisas a ver do que eu e Drake.

Como eles sabiam como lidar um com o outro e sempre faziam brincadeiras internas.

Resolvi que era hora de mudar de assunto. Algo que não envolvesse Ethan e nem Annice. Não queria parecer a namorada psicótica e ciumenta.

Me desencostei dele e ele me encarou preocupado, vendo que eu estava séria, de repente. Meus olhos se desviaram para o outro canto do sofá, onde Ethan tinha se sentado mais cedo, mas apaguei esse pensamento rapidamente de mim.

“Drake, tem um motivo para que eu tenha vindo para cá, além de passar um tempo com Megan.”, eu abaixei os meus olhos, encarando minhas mãos. Senti seu olhar queimando em minha pele. “Dimitri e eu conversamos no dia em que fui treinar com Nara e criamos algumas teorias sobre os meus poderes. E uma dessas teorias é que você bloqueia as minhas visões, assim como eu bloqueio o poder de Ethan e visse versa.”

Meu namorado ficou em silêncio absoluto o que me deixou amedrontada. Não deveria ter sido tão rude com ele. E nem ter comparado a relação dos nossos poderes, com a relação dos meus poderes com Ethan. Isso sempre me causava problemas.

Sem que eu esperasse, ele se levantou e pegou a jaqueta nas costas no sofá. Demorei uns dois segundos para perceber que ele estava indo embora. Antes que ele alcançasse a porta – ou qualquer lugar, na verdade – me pus na sua frente, o impedindo. Seus olhos estavam negros, demonstrando a sua emoção intensa, que no momento era apenas raiva.

“Drake me desculpa...”

“Não, Jordan”, ele me interrompeu e eu me calei. “Você quer se manter afastada de mim para ter os seus poderes de volta.”, ele estreitou ainda mais os seus olhos. “Não quero ser uma interrupção na sua vida, como Ramirez.”

A menção do nome dele em seus lábios me deu a certeza que o motivo da sua raiva não era o fato de que ele bloqueava. Mas por tê-lo comparado com Ethan. Segurei para não revirar os olhos. Realmente aquele ciúme de Drake estava me deixando maluca. Dei um passo a frente e toquei seu peito. Ele não se afastou.

“Não estou te comparando, Drake.”, tentei meu justificar. Seus olhos começaram á clarear e eu suspirei, aliviada. “É apenas uma teoria idiota, ok?”

Ele assentiu e me abraçou. Levantei minha cabeça e nossos lábios se encontraram. No começo foi calmo, apenas para que ele tivesse uma segurança em minhas palavras, como eu tinha com as dele. Mas logo as suas mãos deslizaram para a minha cintura e a apertaram, trazendo o meu corpo junto ao dele.

Sua boca desceu para o meu pescoço e eu gemi, segurando seus ombros fortes. A jaqueta já esquecida no chão. Ele me encarou, com os orbes totalmente negros. Então voltou a me beijar, pegando em meu cabelo. Minhas mãos deslizaram pelos seus, sentindo como os fios eram macios e lisos, escapando por entre meus dedos.

Ele começou a se mover para trás, onde estávamos no sofá. Então nos virou, trocando de lugar comigo e me deixando por baixo de seu corpo. Um gemido escapou de seus lábios e eu sorri, me sentindo satisfeita por ser a responsável por isso. Suas mãos tocaram minhas coxas exposta e eu dei um salto, me livrando de seu aperto.

Passei a mão por meus cabelos emaranhados e puxei meu vestido para baixo, sentindo meu rosto assumir uma colocação rosada. Drake respirava com dificuldade e pegou a jaqueta, recolocando-a no sofá. Ele piscou algumas vezes, até que seus olhos voltaram ao azul escuro usual.

“Drake, eu acho melhor a gente...”

“Eu sei, desculpe.”

Encarei-o.

“Não vai embora.”

Ele sorriu e me puxou, dando um beijo em minha testa.

“Não irei.”

******************************

“Foi a esposa.”, eu e Megan dissemos juntas.

Dean nos encarou, divertido e franziu o cenho. Mas vi que ele estava segurando o riso. Nós três estávamos assistindo CSI e comendo pizza de calabresa – um vício de Dean, eu percebi. Estava aliviada por estar fazendo uma coisa normal com pessoas normais. E incrivelmente, estava preferindo passar a noite segurando vela a mais um dia com a tensão de hoje.

Não contei o que aconteceu hoje para Megan. Não que estivesse escondendo sobre as minhas visitas na sua ausência. Apenas não havia tido oportunidade por conta da atração que Dean tinha sobre ela. E que os fazia não se desgrudar. Então, só teria chance no café da manhã, ou quando Megan viesse ao meu quarto, sozinha.

Meus olhos começaram a pesar, indicando que a adrenalina do dia tinha sido totalmente drenada de meu corpo. Megan, percebendo isso, desligou a televisão e passou as mãos pela calça do pijama, se levantando. Dean levantou-se logo em seguida e me estendeu a mão para que eu também ficasse de pé.

“Quer fazer alguma coisa especial amanhã, Jô?”

Não ser visitada por dois garotos seria um bom programa matutino.

Dei de ombros, realmente não ligando para o fato de ter ficado em casa. Isso já havia se tornado um fato banal para mim. Ficava presa nas Sociedades, não faria diferença se ficasse ali. Mas, no fundo eu sabia que fazia diferença. Eu queria ir para algum lugar. Fazer alguma coisa. Afinal, era sábado a noite e eu era uma adolescente. Tinha direito de curtir.

Mas apenas dei de ombros.

“Ok.”, Megan sorriu e me deu um beijo na testa. “Se mudar de ideia, me avise. Boa noite, Jô.”

“Boa noite, Megan.”, abracei minha madrinha. Olhei para o seu namorado. “Boa noite, Dean.”

Ele sorriu.

“Boa noite, Jordan.”

Subimos as escadas e nos separamos no corredor. Arrastei-me até o meu quarto, aliviada só de pensar que aquele dia finalmente havia acabado. Só que, quando acendi a luz do quarto e percebi que não estava sozinha, vi que aquilo era só o começo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sociedade Renegada" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.