Sociedade Renegada escrita por Nynna Days


Capítulo 7
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

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“Agora estamos sozinha, mocinha”, Megan disse me lançando um olhar brincalhão, junto de um meio sorriso. “Pode me contar todas as novidades das Sociedades Carmim e Dark.”

Cocei a cabeça fazendo uma careta.

“Você realmente não vai querer saber de tudo o que aconteceu, Meg.”, alertei, suspirando.

Os olhos azuis de Megan ficaram confusos e espantados.

Eu não queria jogar a bomba de Nara nela daquele jeito, mas nenhum outro assunto passava por minha cabeça.

O jeito como minha mãe parecia confiar a minha vida a ela, era quase insano.

Suspirei, me recostando na cama e abraçando as minhas pernas.

Queria me levantar e vestir minhas velhas calças de moletom e meu suéter furado. Queria voltar no tempo e dizer a Megan para não voltarmos a esse lugar. Não era mentira quando diziam que os fantasmas do passado nos acompanhavam a vida inteira.

Sentia-me quase vazia, apesar de tudo de bom que tinha acontecido nesse mês.

Mas, em troca de que?

Olhar para Ethan todos os dias, rezando para que não o visse com outra na minha frente? Tratá-lo com indiferença e frieza, apenas para agradar a Drake? Eu não queria ser assim. Eu nunca fui assim. Levantei os meus olhos para minha madrinha, que esperava pacientemente as palavras que pareciam engasgadas. Fechei os olhos e relaxei os ombros.

“Nara está de volta, Meg.”, eu disse, escutando seu arfar imediato. Balancei a cabeça com seu pensamento. “Não, ela não fugiu. Minha mãe a chamou de volta.”

“Rosemary enlouqueceu?”, ela quase gritou.

Abri meus olhos, vendo o que eu estava tentando evitar.

Megan tinha o corpo tenso e os olhos arregalados. Ela parecia pronta para me sacudir e dizer que eu estava ficando louca. Hey, os que deveriam ser sacudidos eram os meus pais loucos.

Mantive a calma e agradeci a minha inteligência por ter esperado Dean sair.

Seria difícil explicar o ataque de Megan.

“Eu vou ligar para Rose agora.”, ela disse pronta para se levantar. Mas eu seguei o seu braço. “Jordan, eu não posso deixar aquela garota ficar perto de você depois de tudo o que aconteceu.”

Abaixei os meus olhos, mas não soltei seu braço.

“Eu sei, Meg, mas me escute.”, esperei que ela voltasse a se sentar e que seus pensamentos estivessem concentrados em mim e continuei. “Rose fez isso para me proteger.”, dei um meio sorriso amargo. “Sei que não foi o melhor jeito, mas foi esperto. Colocar o inimigo perto, para poder ficar de olho.”

“Plano arriscado.”, Megan disse estreitando os olhos.

Eu suspirei, cansada.

“Meg, Rose chamou Nara de volta por três motivos.”, passei a mão por meu cabelo, me levantando da cama e indo em direção ao meu armário. “Primeiro, o óbvio é para que minha mãe pudesse ficar de olho nela. Rose colocou até um guardião com Nara. Bem bonito, se quer a minha opinião. Pierre Castille. Francês.”

“Não tente me distrair, Jordan.”

Eu ri, enquanto puxava meu velho e tão desejado suéter do armário. Acompanhado de minha calça de moletom. Parecia que tinham se passado décadas desde que os usei. Troquei de roupa rapidamente, fazendo careta, e voltei a me sentar na cama.

“O segundo motivo é que os Renegados parecem estar chegando cada vez mais perto.”, peguei a mão de Megan e fiz com que ela olhasse no fundo dos meus olhos. “O meio irmão de Nara, Alex, é um Renegado. Rose acha que, se manter Nara a sua vista, vai impedir que ela trame uma vingança contra mim, dando minha localização. Além de nos ajudar com os Renegados.”

“E por que vocês acham que ela iria ajudar?”, Megan levantou uma sobrancelha.

Essa resposta era óbvia para qualquer um.

“Ethan”, eu e minha madrinha dissemos juntas.

Ela deu um sorriso triste, parecendo que isso havia aliviado a tensão. Talvez para ela sim. Peguei algumas mechas do meu cabelo e comecei a trançá-lo, no intuito de me distrair. Todos, inclusive minha mãe sabiam do passado de Ethan e Nara. E no fundo, isso me incomodava.

Eu tinha medo.

Medo de que tivesse a possibilidade de vê-los juntos novamente.

“A terceira razão”, continuei, querendo expulsar aquelas imagens da minha mente. “É que Nara está me ajudando.”, os olhos de Megan se arregalaram, mas eu ignorei. “Ela está me dando algumas aulas de luta. E Christian se inspirou e pediu para Annice me ajudar também.”, coloquei um dedo no queixo, divagando. “Sabe, o treinamento de Nara é mais voltado para o ataque, enquanto o de Annice é mais defensivo.”, sorri. “Acho que estou aprendendo tudo na medida certa.”

Megan balançou a cabeça e por um segundo pensou que eu estivesse pegando a loucura de meus pais. Na verdade, eu tinha essa dúvida comigo também. Para distraí-la, contei sobre a semana de prova e assuntos sem muito interesse.

Minha madrinha parecia absorver cada palavra como se fosse a essência da vida. Sentia-me uma tagarela, querendo desconversar.

Fiquei aliviada quando Meg me interrompeu. Mas esse alivio se dissipou assim que escutei a sua pergunta.

“Por que você não está passando as férias com seu namorado?”, ela me questionou e franziu o cenho. Por mais devagar que Megan fosse com os assuntos do trabalho, quando se tratava de mim, ela sempre foi alerta. “Vocês brigaram? Ou você está em dúvida...?”

Interrompi.

“Nada de brigas.”, mas fiquei em silêncio sobre a dúvida. “É complicado.”

Megan cruzou os braços.

“Eu tenho a tarde toda. Só irei trabalhar amanhã.”

Suspirei.

“Acho que Drake está bloqueando as minhas visões.”, passei a mão por meu rosto e segurei meu cabelo por um momento, com a vontade de puxar a raiz, mas me impedi. “É uma teoria, mas tem lógica.”

Expliquei a teoria de Dimitri sobre Drake bloquear as minhas visões. Isso atiçou a atenção de minha madrinha cada vez mais.

Era incrível a facilidade que eu tinha de contar assuntos pessoais para ela. E ela sempre me escutou, apenas assentindo, enquanto sua mente tentava processar tudo o que despejava.

“Então.”, Megan concluiu após eu terminar a explicação. “você vai ficar longe de Drake, até as suas visões retornarem?”

“Não.”, pressionei os lábios juntos. “Vou ficar distante dele só por essa semana. É como se eu fosse me desintoxicar,estou apostando em todas as teorias, mas quero que minhas visões voltem.”

*Quero sonhar com ele.*

Balancei a cabeça com esse pensamento. Isso chamou a atenção de Megan.

“E Ethan?”, ela murmurou.

Tive que engolir a bile que subiu. Passei a mão pelo rosto novamente.

Geralmente quando alguém me perguntava sobre Ethan, eu era vaga, vazia, e as vezes, fria. Mas eu estava em meu refúgio com a minha protetora e confidente, então, deixei que a tristeza habitasse os meus olhos e que o buraco tomasse conta do meu coração.

“Sei que fui eu que decidi assim, Megan, mas olhá-lo me faz mal.”, balancei a cabeça e mordi o lábio inferior. “Na verdade, olhá-lo me faz bem. Ás vezes, me pego observando o corredor, apenas esperando ele passar. E esse traidor,”, coloquei a mão em meu coração. “começa a acelerar e quase me denuncia. Eu queria que tivesse uma cura, madrinha, mas até agora a única cura que eu encontrei foi arrancar meu coração e dá-lo de presente a Ethan.”

Respirei com força, como se tivesse corrido a maratona e vi o sorriso de Megan. Fiquei confusa. Há um mês, ela era Team Drake. E agora, com meu relato apaixonado – quase uma declaração – ela sorri. Realmente eu estava cercada de doidos. Ela pôs uma mão em meu rosto e acariciou minha bochecha.

“É incrível depois de tudo o que você sofreu que seus olhos ainda brilhem quando fala dele.”, ela disse e eu me surpreendi, corando. “Você me lembra muito a sua mãe quando eu a conheci e ela me contou sobre o relacionamento dela com seu pai. Mesmo sendo tão complicado, ela nunca desistiu. E os olhos dela brilhavam exatamente assim.”

Eu fiquei ainda mais corada, mas sorri.

***************************

Acordei me sentindo mais leve depois da conversa com Megan.

Tínhamos passado a noite inteira vendo filmes melosos e comendo a pizza que Dean tinha trazido consigo. Ele era bastante interessante.

Ainda mais seus pensamentos.

Era incrível.

Toda vez que ele olhava para Meg, era como se visse o sol pela primeira vez.

E a velocidade em que ele pensava sobre pedi-la em casamento.

Estava feliz por Meg.

Depois de tantos relacionamentos mal-fadados, finalmente tinha encontrado alguém que valia a pena. Queria que minha vida tivesse sido assim tão fácil.

Escovei os meus dentes e desci as escadas lentamente, esperando encontrar a mesma cena de sempre.

Minha madrinha correndo pela casa feito uma doida atrás de objetos perdidos.

Mas o que eu vi; me fez ficar desconcertada.

Megan e Dean estavam sentados a mesa, lendo seus jornais e comendo o café da manhã calmamente.

O único som eram das xícaras e o farfalhar das folhas de papel. Por um segundo, imaginei que aquilo fosse uma dimensão paralela. Ou que minhas visões tivessem voltado.

Parei nos últimos degraus da escada e me dei um beliscão.

Meu salto e minhas reclamações alertaram o casal da minha presença.

“Bom dia, Jô”, Meg sorriu.

“Bom dia, Jordan.”, Dean me cumprimentou.

Eu apenas assenti ainda tonta.

*****************************

Depois do choque de ver minha madrinha sendo pontual, tomei meu café da manhã e os escutei indo para o trabalho no carro de Dean.

Olhei a minha volta, tentando retomar aos meus antigos hábitos de quando morava ali. Primeiro arrumei a mesa, depois subi e tomei um banho. Não sabia se Drake iria querer me fazer uma visita, então era melhor estar apresentável.

Desci novamente alguns minutos depois e resolvi ver um filme para passar a hora.

Fui até a pilha de DVDs românticos de Megan e fui passando de um em um de acordo com o grau de melação.

Por fim, escolhi “Um Amor Para Recordar”.

Para melhorar a auto estima nada melhor que uma história de amor pior do que a sua.

Estava precisando me sensibilizar.

Fui até a cozinha, enquanto passava a abertura do filme. Já tinha visto ele umas vinte vezes quando Megan estava em estado pós-término.

Perder os dez minutos iniciais não iria me matar de vez. Coloquei a panela no fogo, esperando o óleo esquentar enquanto escutava o diálogo e os carros acelerando.

Fui até o armário da cozinha e peguei o milho, colocando-o na panela e encostando-me na bancada de mármore.

Esfreguei os meus olhos, impaciente. Assim que escutei o primeiro milho estourando, dei um sorriso. Mas esse sorriso logo se apagou quando escutei a campainha tocando.

Revirei os olhos, abaixando o fogo e rezando para que não fosse cobrador e nem um vizinho chato.

Talvez fosse Drake, afinal o meu celular estava no quarto e Ele poderia ter tentado ligar e como eu não atendi, então ficou preocupado e resolveu me checar com os próprios olhos. Ou talvez Dimitri. Sempre super protetor. Christina e Annice estavam na minha lista de possibilidade. Elas poderiam estar querendo companhia para ir ao shopping.

Na verdade, eu esperava qualquer um.

Atravessei a sala com passos preguiçosos, passando os olhos rapidamente pela cena do filme enquanto abria a porta.

Desviei os olhos da televisão para a minha visita.

E arfei.

“Ethan?”

E meu pensamento imediato foi: Ai, droga. Vou queimar a pipoca.


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Notas finais do capítulo

Espero que estejam gostando.

O que será que Ethan foi fazer na casa da Jô?



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