Sociedade Renegada escrita por Nynna Days


Capítulo 4
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Novo capítulo. Amores, comentem. Estou sentindo falta das suas palavras inspiradoras *---*



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A probabilidade de minha mãe ter utilizado drogas quando era mais jovem e isso a estar afetando agora, aumentou consideravelmente em minha mente.

Quer dizer, por que, por todos os motivos do mundo, ela tinha trazido a mulher que tinha tentado me matar de volta para Nebraska? Claro que eu não disse esses pensamentos em voz alta.

“Bem, se o bate papo já acabou”, eu disse me levantando e passando a mão por minha saia. “Eu tenho um namorado e um piquenique me esperando.”

Escutei Ethan rosnando ao meu lado, mas não o encarei. Nara estreitou os olhos, confusa. Seus pensamentos estavam inquisitivos. Ela imaginava chegar aqui e ver eu e Ethan juntos. Ela pensou realmente que estávamos juntos pelo jeito que nos movíamos um em volta do outro. Como se fôssemos atraídos. Franzi o cenho. Nunca tinha reparado isso.

“Jordan tem razão.”, Dimitri disse se levantando também. “Temos que voltar para a escola.”, ele olhou para Ethan. “Você vem?”

Ethan passou a língua pelos lábios e pareceu divagar. Eu não podia ler a mente dele, mas eu poderia ler a de Christina. Já que eles eram gêmeos, ela deveria saber o que se passava pela cabeça do irmão. Hesitei. E se eu não gostasse do que ele estivesse pensando? Pior. E se eu gostasse?

Então, preferi escutar a resposta em alto e bom som.

“Vou sim.”, Ethan suspirou e senti seus olhos em mim. “Vou apenas trocar de roupa.”

Dimitri assentiu e pousou seus olhos escuros em Nara.

“E você?”

Nara se levantou e Pierre fez a mesma coisa. Agora eu estava entendendo o que ela tinha dito sobre eu e Ethan parecermos atraídos. Ela passou a língua pelos lábios e voltou a me encarar de cima a baixo, vendo o quanto eu tinha mudado em tão pouco tempo. Passei os dedos pela ponte do nariz. Esquecendo por um momento que não estava de óculos.

“Não.”, ela balançou a cabeça. “Eu vou cumprir ordens e ir avisar a Rainha sobre a nossa chegada.”, ela olhou para Pierre, que assentiu. “Depois, eu devo me matricular novamente na escola e voltar a freqüentar as aulas normalmente.”, ela deu de ombros.

Engoli em seco. Nara estava voltando de vez.

*****************************

“O que você acha sobre a volta de Nara?”

Tirei os olhos da janela com a pergunta de Dimitri. O rádio tocava It Will Rain. Passei a mão por meu cabelo enquanto pensava em uma resposta. Vi a BMW azul de Ethan passando por nós e suspirei.

“Não sei.”, admiti. “Eu acho que ainda estou em choque. E estou com medo.”, respirei fundo. “Tinha noites que eu acordava suando lembrando-me do quão perto ela chegou de me matar. E também...”, me calei.

Dimitri me observou pelo canto dos olhos.

“Também...?”, ele insistiu.

Hesitei.

“Quem garante que ela não irá tentar novamente?”, eu disparei, fugindo do assunto.

A verdade era que eu não queria dizer a Dimitri que estava com medo de mim mesma. Do que senti naquele dia em que a esfaqueei. Eu sabia que se a polícia humana se envolvesse nessa história, quem iria ser indiciada por tentativa de homicídio, seria eu.

E eu também tinha outro medo. Medo de que Nara e Ethan tivessem uma recaída. Mesmo não tendo mais nada com Ethan, eu era egoísta o suficiente para desejar que ele não tivesse mais ninguém depois de mim.

Sabia que isso era quase impossível.

Ele era bonito e mesmo sendo fechado; as garotas da escola morreriam para ficar com ele.

“Jordan”, Dimitri me chamou, cortando meu raciocínio. “Você não escutou ela dizendo que se encostasse um dedo em você, seria expulsa.”, ele respirou fundo e seus olhos se escureceram. “No fundo, eu tenho pena dela. Conheço Nara há um tempo, mas nunca imaginei essa história de seu irmão Renegado.”

Isso me trouxe a questão que também estava me incomodando.

“Dimitri, seja sincero comigo.”, eu pedi e pensei como faria aquela pergunta. Ele esperou. “Se eu tivesse ido em frente...”, engoli em seco, nervosa. “Se eu tivesse matado Nara, ao invés de só esfaqueá-la? Eu seria uma Renegada hoje?”

Eu já tinha conversado isso com meu pai. Ele disse que, como eu tinha apenas me defendido, não seria acusada de nada. Ethan e Christina eram testemunhas. Mas, e se eu tivesse seguido o instinto que estava me levando? Se tivesse matado Nara? Seria defesa ainda? Ou seria assassinato?

“Jordan, você só tentou se defender e...”

“Só responda a pergunta, Dimitri.”, eu disse rude.

Ele me encarou por alguns segundos. Antes que ele dissesse em voz alta, eu já sabia a resposta. Dimitri pôs seus olhos de volta na estrada e seus dedos se apertaram em volta do volante. Esperei.

“Sim, Jordan.”, ele disse e voltou a me encarar. “Se você tivesse matado Nara, mesmo que tentando se defender seria uma Renegada.”

******************************

“Você está calada.”

Virei minha cabeça e olhei para o rosto de Drake. Estávamos na campina que ele tinha me mostrado há um mês, deitados em uma toalha de piquenique xadrez. Quase não tinha comido meus pensamentos me deixando sem fome.

Eu estava em silêncio divagando se contava ou não a Drake sobre a volta de Nara.

Aconcheguei-me ainda mais no corpo de Drake e viu seu sorriso crescendo. Ele beijou o topo da minha cabeça.

Eu me sentia tão confortável perto dele. Mas quando eu ficava com a guarda baixa, a lembrança do meu encontro com Ethan voltava a minha mente. O jeito como o ar a nossa volta parecia tenso. Segurei o impulso de balançar a cabeça e beijei a bochecha de Drake.

“É que esse lugar é tão quieto, que eu não quero quebrar o clima.”, eu disse e sorri. Minha mão escorregou até o meu cordão novo e meu sorriso aumentou. “Adorei o presente.”

Drake pôs a sua mão por cima da minha.

“É para que você sempre se lembre quando as pessoas te julgarem.”, ele virou seu corpo, de um jeito que ficasse de frente para mim. Então pegou meu colar e o abriu, lendo a frase que estava ali, do lado de uma foto nossa. “Não importa o que você é, mas quem você é.”

Estiquei minha mão e toquei a jaqueta de couro que tinha dado a ele. Sabia que iria cair bem. Afinal, tudo que era dark, ficava bem em Drake.

Quase ri de minha piada sem graça. Drake pôs a mão em minha bochecha e a observou enquanto eu corava. Então, ele aproximou nossos rostos e me beijou.

Eu segurei sua jaqueta de couro com força e o puxei contra mim. A mão que estava em minha bochecha foi para o meu cabelo, fazendo com que nossos rostos ficassem o mais junto possível.

Eu não sabia como respirar, eu não queria respirar. Mordi seu lábio e o senti me puxando para cima de seu corpo. Eu arfei, separando nossas bocas.

“Muito rápido?”, Drake perguntou.

Eu assenti, vendo como seus olhos tinham ficado negros. Engoli em seco e me levantei. Drake se levantou logo em seguida e começou a catar as coisas do piquenique. Eu fiz uma careta, ficando de costas para ele. Eu nunca tinha avançado tanto com alguém que não fosse Ethan. E mesmo assim, nem tínhamos chego tão além.

“Você está bem?”, Drake perguntou colocando um braço ao redor dos meus ombros. “Desculpe-me, eu não deveria ter ido tão rápido.”, ele abaixou os olhos. Eu me senti culpada. “É que você me faz me sentir tão diferente.”

Dei um meio sorriso.

“Tudo bem”, dei de ombros. “Só não estou preparada pra isso.”

***************************

Drake me deixou na divisa e Dimitri me levou até em casa. Eu entrei no castelo, determinada a enfrentar a minha mãe.

Afinal, eu queria explicações muito boas sobre a volta de Nara. Entrei batendo o pé, mas minha determinação foi diminuindo, conforme eu me aproximava. Comecei a captar um fluxo de pensamentos conhecidos.

“Ah, não.”, eu reclamei.

“Querida, que bom que você chegou.”, Rose sorriu, se levantando com a elegância de sempre.

Mas, meus olhos não estavam focados em minha mãe louca. E sim, em seus dois convidados que ainda permaneciam em minha casa. Nara estava parada atrás da minha mãe e Pierre a alguns passos deles. Limpei a garganta e pensei em começar a gritar que ela era lunática, mas preferi guardar aquilo para quando fosse reclamar com meu pai.

“Você ainda está com convidados?” perguntei.

Rose olhou por cima dos ombros e me encarou.

“Sim, estávamos te esperando.”, ela disse e gesticulou para que eu me aproximasse.

Hesitei, mas parei ao seu lado. Rose colocou os braços em meus ombros.

“Jordan, querida.”, ela começou. E sempre que a frase começava assim, eu sabia que não ia gostar do final. “Eu sei que você deve achar que sou louca, mas depois dos ataques que você sofreu, eu não acho que tenha outra opção.”

Comecei a ficar assustada.

“O que você está querendo dizer, mãe?”, estreitei os meus olhos para ela.

Rose pigarreou e me soltou, andando pela sala com as mãos cruzadas nas costas.

“Tomei uma decisão importante e já conversei com Nara.”, ela pausou e me olhou com os olhos tingidos de mel. “Você terá aulas de autodefesa. Preciso saber que, mesmo quando está sozinha, você tem como se defender. Mesmo que eu e seu pai estejamos considerando redobrar a sua guarda.”

“Autodefesa?”, foi a única parte que eu peguei.

“Sim”, minha mãe assentiu e olhou para seus convidados. “Com Nara. Sobre supervisão de Pierre.”

Oh, droga. Minha mãe realmente deve ter tido problemas com drogas.

E das pesadas. Quando encarei Nara, vi que a mesma possibilidade estava passando na mente dela. Suspirei, por saber que não tinha como discutir.

Teria que aprender a lutar com a pessoa que tinha tentado me matar.


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Notas finais do capítulo

Comentem, babies



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