Sociedade Renegada escrita por Nynna Days


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Oi, amores. Como prometido, aqui está um novo capítulo. Espero que acompanhem.



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Acordei com um sorriso que já era familiar para mim há um mês. Abri um olho, sentando-me rapidamente na cama, surpreendida.

Hoje fazia um mês que eu estava namorando Drake. Dei outro sorriso e meu olhar caiu em uma caixa que estava do outro lado do meu quarto. Era vermelha e tinha um laço cor de rosa, cortesia de Christina.

Passei o olho por meu quarto da Sociedade Carmim, enquanto pensava em tudo que tinha mudado em tão pouco tempo. As portas de vidro da varanda estavam abertas, fazendo com que as cortinas balançassem com o vento. Minha cama era tão grande que caberia eu e mais duas Jordan. Tinha um baú no pé da cama, onde guardava os vestidos que eu usava ali dentro. No armário do outro lado, estavam minhas roupas normais.

Entre o armário e a varanda tinha a uma penteadeira e um enorme espelho em que eu conseguia me ver de corpo inteiro. As paredes dos meus quarto eram pintadas em roxo claro, minha cor favorita. Aconcheguei-me mais um pouco nos lençóis de seda e suspirei, não querendo levantar.

Tanta coisa tinha mudado. Eu estava feliz. Não parecia nem a metade da Jordan de dois meses atrás. Acho que tinha desaprendido a chorar. Acordava todo dia com um sorriso. E quem diria que isso poderia mudar com apenas uma decisão certa. Mas, no fundo, eu sabia que meu coração ainda se agitava quando via Ethan.

Também não seria hipócrita. Afinal, tínhamos vivido muito. Mas, eu estava me convencendo que o estava esquecendo. Eu era quase obrigada a isso já que estudávamos na mesma escola.

“Princesa”

Levantei os meus olhos ao sentir os fluxos de pensamentos de Dara. Ali na Sociedade Carmim, eu evitava usar os meus poderes, já que eles estavam acostumados a terem a sua privacidade mental e eu não estragaria isso. E, por algum motivo desconhecido, minhas visões tinham parado desde que tinha começado a namorar Drake. Eu só não sabia se estava aliviada ou desapontada.

“Bom dia, Dara.”, cumprimentei a minha ajudante. Dara tinha os cabelos escuros presos em um coque alto e usando vestido branco. Seus olhos escuros se estreitaram na minha direção. “Está um belo dia, certo?”

“Se a princesa me permite dizer, está bastante alegre hoje.”, ela disse enquanto se aproximava da beirada da minha cama. “E sua visão está melhorando. Nem precisou colocar os óculos para me enxergar.”, ela se aproximou, examinando meus olhos cinza. Eu os fechei e senti seus dedos por cima das minhas pálpebras. “Eu estou muito agradecida que você ter me deixado curá-la novamente.”, abri os meus olhos e enxerguei tudo com bastante precisão. “Prontinho.”, Dara sorriu.

“Quem agradece sou eu.”, me levantei e fui até a varanda, sentindo alguns raios de sol tocando a minha pele. “Hoje irei de saia, Dara.”

“Sim, princesa.”

Eu fiz uma careta, mas ela não viu por eu estar de costas. Uma coisa que não tinha mudado ainda era a minha aversão contra eles me chamarem de princesa. Sim, eu era duplamente princesa, já que era a filha mestiça da Rainha Rosemary Carmim com o Rei Christian Dark. E meu nome real não era Jordan. Era Jordana Carmim Dark.

Ás vezes era quase impossível acreditar que há três meses, eu estava deitada na minha cama de solteiro no quarto que eu tinha na casa de minha madrinha Megan.

Dara arrumou meu uniforme, sempre puxando algum assunto e eu respondia sempre sorrindo.

As férias de verão estavam chegando e eu estava planejando passar com Megan. Meus pais não ficaram felizes, mas concordaram.

Vesti-me e sentei-me frente à penteadeira. Passei a escova por meu cabelo negro que eu tinha herdado de minha mãe e pisquei meus olhos cinza que tinha herdado de meu pai. Eu ainda não sabia de quem eu tinha herdado a pele pálida. Ás vezes, aquilo me dava uma aparência fantasmagórica. Ajeitei a minha gravata e fechei minhas botas.

Tinha acabado de pegar o pacote com o presente de Drake quando escutei a buzina do carro de Dimitri. Desci as escadas de dois em dois, vendo minha mãe sentada à mesa, tomando seu chá e lendo as notícias.

Vê-la assim já era rotina, assim como quando eu morava com Megan e via minha madrinha correndo de um lado para o outro procurando alguns objetos perdidos. Minha mãe levantou os olhos tingidos de mel, sinalizando que ela estava tentando ver o futuro.

“Bom dia, querida.”, ela sorriu. Os seus olhos voltaram ao tom de castanho escuro normal. Ela notou o pacote em minha mão e seu sorriso aumentou. “É hoje?”

Assenti.

“E eu estou atrasada.”, afirmei e escutou a buzina tocando mais impaciente. Rose e eu rimos. Aproximei-me de minha mãe e lhe dei um beijo na bochecha. “Prometo que chegarei o mais cedo possível.”

“Eu conto com isso, querida.”, ela disse.

Eu corri para a porta e a abri, com um pouco de dificuldade com aquele pacote em minhas mãos. Vi Dimitri encostado em seu carro, de braços cruzados mostrando o quanto estava impaciente.

Quando ele cruzava os braços, os músculos se destacavam. Os cabelos castanhos enrolados estavam um pouco bagunçados e seus olhos castanhos estavam estreitados. E não era por conta do meu atraso.

“Você não gosta mesmo dele, não é?”, eu disse enquanto entrava no carro.

Dimitri fechou a porta e se inclinou na janela.

“Não.”, ele suspirou. “Mas, se Drake te faz feliz, eu aceito.”

Dei-lhe um beijo na bochecha e Dimitri sorriu.

“Vamos, estamos atrasados.”

****************************

Fechei a porta do meu armário depois de me assegurar que o presente não ficaria amassado. Dei outro sorriso. Daqui a pouco Drake chegaria.

Dimitri tinha ficado no estacionamento, esperando Ethan e Christina. Respirei fundo, encostando minha cabeça no armário frio.

Estava me preparando mentalmente para encarar Ethan e cumprimentá-lo.

Pelo menos nisso tínhamos melhorado. Conseguíamos falar educadamente um com o outro, o que comparado há alguns meses trás, isso já era um avanço.

Mas claro que não éramos melhores amigos, a tensão ainda existia ali, além dos ciúmes de Drake.

Meu namorado nunca dizia nada, mas era fácil ver em seus olhos que ele não gostava nada daquilo.

“Jordan”

Virei-me, preparada. Então, pausei vendo a expressão de Christina.

Christina era uma das minhas melhores amigas. Quando eu voltei para a escola no mês passado, encontrei-a diferente de quando a conheci. Por exemplo, o seu cabelo loiro que era longo e liso tinha sido cortado nos ombros.

Atualmente, ele estava passando do ombro e ela o tinha amarrado em um rabo de cavalo. O que não era um bom sinal, já que ela nunca o prendia.

Além de ser minha amiga, Christina era irmã gêmea de Ethan.

Eles tinham os mesmo cabelos loiros e os olhos verdes. Mas só que ela via o futuro e Ethan controlava mentes. Quando eu descobri que, além de ler mentes, eu via o futuro enquanto dormia, quem me ajudou foi ela, mesmo que sua experiência fosse limitada.

Dimitri estava parado atrás de Christina com a expressão preocupada. Eles eram ex-namorados, o que fazia que a mesma tensão que eu tinha com Ethan refletisse neles. Mas desde a festa Carmim, o clima tinha amenizado. O que os fazia terem conversas em áreas seguras. Isso queria dizer qualquer assunto que não incluísse o relacionamento deles.

“Ah, Deus”, eu gemi. Christina tinha os olhos arregalados e com pontos azulados em sua pupila. Isso queria dizer que ela tinha acabado de ter uma visão. “Aposto que você não viu que eu tiraria uma nota boa no teste, não é?”

“Christina, o que houve?”, Dimitri disse, parando ao meu lado. Sua voz carregada de preocupação.

Christina respirou fundo e fechou os olhos.

“Nara está de volta.”

Meu coração quase atravessou o meu peito e minha boca pendeu aberta. Todos os meus músculos ficaram tensos.

Minha respiração tinha parado.

Depois de três meses após a tentativa de me matar Nara estava de volta.

A última vez em que falei com minha mãe sobre isso, ela tinha me garantido que ela estava no Alasca. Enquanto tudo isso passava em minha mente, percebi que tinha mais alguma coisa que Christina queria me falar.

“Jordan”, ela disse em um tom suplicante. “Ela vai lá em casa. Ethan está lá. Estou com medo do que pode acontecer se eles se encontrarem. Por favor, vá comigo.”

Se eu tivesse em meu estado normal, teria dito não na mesma hora. Afinal, era o dia em que eu fazia um mês com meu namorado. Além disso, eu queria ficar longe de Nara o máximo possível. O que poderia acontecer se eles se encontrassem? Uma recaída? Não. Senão Christina não estaria tão aflita.

Então, eu percebi. Eles iriam brigar e feio. Não por Nara acusar Ethan de ser culpado de tudo o que lhe aconteceu. Essa culpa iria recair em mim, mas Ethan poderia estar com raiva do que Nara tinha feito, mesmo que na época ele tivesse dado razão a ela. Eu sabia que o seu jeito de pensar tinha mudado. E se Nara dissesse alguma coisa errada...

“Vamos.”, eu disse respirando fundo.

Se eu tivesse que enfrentar Nara para proteger Ethan dele mesmo, eu o faria.

Quando eu estava me aproximando do carro de Dimitri, vi o Audi prata de Drake entrando no estacionamento.

Senti-Me enregelar. Como eu iria explicar essa história a Drake? Ele iria querer ir junto. Tinha que dar um jeito.

E, pela primeira vez, percebi que teria que mentir para meu namorado.

Não comentei nada sobre a ausência de Ethan naquele dia específico. Drake e Annice, minha prima Dark, saíram do carro com sorrisos.

Drake estava com um suéter preto que destacava sua pele pálida e os olhos azuis. Os cabelos negros estavam despenteados e um meio sorriso. Abraçou-me e cheirou o topo da minha cabeça.

“Feliz um mês.”, sussurrou em meu ouvido.

“O mesmo para você.”, sorri e inclinei minha cabeça para trás.

Drake passou um dedo por meu rosto, tirando alguns fios e me beijou. Eu me sentia tão bem beijando Drake, era como se eu não tivesse que me esconder para que ele gostasse de mim.

Eu sabia que mesmo se eu fosse só Carmim ele iria gostar de mim. Ele mesmo tinha me dito e eu acreditava nele. Por isso me senti tão culpada em ter que mentir pra ele.

“Hey, procurem um quarto.”, Annice reclamou.

Encarei minha prima, que tinha uma careta no rosto. Os olhos escuros se abaixaram e seus lábios estavam franzidos. Seus cabelos castanhos tinham grandes cachos. Ela não era a minha prima de sangue, e antes de me encontrarem, ela seria a próxima herdeira do trono Dark. Ela já estava treinada. Ela era filha de um grande amigo de meu pai que morreu.

Ela desviou os olhos dos meus e eu voltei a olhar para Drake. Sabia que eu tinha pouco tempo.

“Amor, vou ter que voltar em casa.”, eu disse vendo-o levantar uma sobrancelha. Pensei em uma coisa rápida. “Esqueci seu presente. E não, eu não vou ignorar isso. Eu prometo que vou e volto rápido. Nem vai sentir a minha falta.”

Drake deu um sorriso rápido.

“Já estou sentindo sua falta e você ainda está aqui.”, ele pressionou os lábios nos meus e a culpa me bateu mais uma vez. “Vou te esperar chegar para irmos para o nosso piquenique.”

Assenti e me virei para Dimitri e Christina que tinham as expressões aflitas. Corri e entrei no carro no carro de Dimitri, Christina iria voltar na BMW.

Fechei os olhos e encostei a cabeça na janela fria.

Suspirei.

Novamente, eu tinha largado tudo por causa de Ethan, e eu pensando que estava curada dessa doença.

********************************

“Jordan”, Christina gritou do carro.

Abaixei a janela do carro.

“Toma.”, ela me jogou a chave de casa. “Vá para a casa vermelha. Eu e Dimitri vamos estacionar os carros. Não sei ao certo se vai dar tempo. Então, você tem que ir na frente.”

Assenti saindo do carro.

Antes que eu pudesse dar as costas para os carros, eles aceleraram. Andei apressada por entre as casas mantendo meus olhos atentos a primeira casa vermelha que aparecesse.

Quando pensei que estava perdida a encontrei. Ela era pequena, mas bonita. As paredes eram pintadas de um vermelho gasto pelo tempo e com uma varanda feita de madeira.

Aproximei-me hesitando com as chaves na mão. Então, lembrei que estava sem tempo e subi a varanda depois de respirar fundo e abri a porta. Tive que piscar algumas vezes para que minha visão se acostumasse com o novo ambiente.

Vi os sofás pretos todos em volta de uma televisão. Um arco de pedra que dava para um corredor escuro. Do outro lado da sala vi uma bancada que dava para a cozinha. Era tão pequena, mas, ao mesmo tempo, eu sabia que iria gostar de morar ali.

“Christina é você?”

Parei de respirar e vi Ethan aparecendo pelo corredor. Seus cabelos molhados e uma toalha enrolada na sua cintura. Ainda tinha algumas gotas de água em seu peito. Caramba, eu nunca o tinha visto sem camisa. Minha boca secou e ele parou, com os olhos arregalados. Meu coração acelerou e senti meu rosto corando.

“Jordan?”, ele perguntou, como se para ter certeza que era eu mesma.

Eu não acreditava que estava caindo naquele encanto novamente. O ar ficou carregado de alguma coisa e eu engoli em seco. Ethan deu um passo à frente. Mordi o lábio.

Tinha me esquecido totalmente até do motivo que tinha me levado até ali. Eu estava tentando justificar aqueles sentimentos por estarmos sozinhos em um lugar.

Eu tentava ao máximo não ficar sozinha com Ethan, para evitar... Bem... Aquilo.

Desviei meu olhar, e vi que Ethan estava a dois passos de mim. Meu Deus, eu tinha que assumir o meu controle, mas o calor que irradiava da pele dele estava me envolvendo assim como a sua voz que fazia minha pele arrepiar.

Senti os dedos de Ethan em meu rosto e voltei a encará-lo. Seus olhos verdes estavam tingidos de um azul escuro. Eu comecei a respirar fundo.

A porta se abriu e nós pulamos para longe um do outro. Virei-me, encarando os olhos de Christina. Dimitri vinha atrás dela.

A realidade do que estava acontecendo voltou a me tocar. A preocupação e a tensão dominaram a sala. Christina nem hesitou e se aproximou de seu irmão, determinada.

“Nara está de volta.”

“O que?”

E antes que qualquer um de nós pudesse explicar o que, de fato, estava acontecendo, a porta se abriu novamente.

Eu não precisava olhar para trás para saber quem era. A expressão raivosa de Ethan e os olhos arregalados de Christina diziam tudo.

Mas, mesmo assim eu me virei, encarando os olhos escuros de Nara Jazz.


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Notas finais do capítulo

É, agora pegou fogo. Nara está de volta.

E o que será que ela vai aprontar?



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