Sociedade Renegada escrita por Nynna Days


Capítulo 17
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente. Então, esse capítulo quase não saiu. Fiz quando estava caindo de sono na madrugada, só que era um capítulo que me obriguei a escrever por ser tão... fofo.

Então, vamos lá.



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“O que você está fazendo aqui?”, sussurrei alerta.

Ignorando totalmente minha pergunta, ele se aproximou e tocou meu rosto com a ponta dos dedos. Por um segundo sonhador, imaginei que ele fosse me beijar ou coisa parecida. Porém seus olhos estavam estreitos e sua expressão confusa, como se não estivesse entendendo alguma coisa. Tateei o meu rosto, achando que tinha alguma coisa grudada.

“Seus olhos.”, ele explicou. Foi a minha vez de ficar confusa. “Eles estão violetas.”

Contrariada me afastei de seu toque e fui correndo até o espelho. Ainda que fosse de noite, a luz da lua atravessando minha varanda e invadindo o meu quarto foi o suficiente para que eu constatasse a verdade nas palavras de Ethan.

Meus olhos brilhavam em um violeta claro, fazendo o cinza quase inexistente. Fiquei encarando meu reflexo em pânico. Se isso fazia parte das visões já deveria ter ido embora, certo? Eu estava acordada ou aquele era um daqueles malditos sonhos que insistiam em me perseguir noite a fora? Pisquei com força, me concentrando.

Quando minhas mãos se fecharam na madeira de minha cômoda, senti minha pupila formigando e vi o violeta se dissolvendo com lentidão angustiante. Fiquei aliviada e suspirei pondo uma mão em meu peito. Se a presença de Ethan não fosse tão perceptível e preenchesse tanto meu pequeno quarto, teria sido fácil esquecê-lo. Virei-me com as mãos ainda na penteadeira e o encarei altiva.

“O que está fazendo aqui?”, repeti com mais força em minha voz. Claro que não poderia fazer nenhum alarde com o castelo tomado de guardas. “E como entrou?”

Ethan apontou para a minha varanda com um meio sorriso sem graça nos lábios. Acompanhei o movimento de seu dedo percebendo que tempo não estava o mais aconselhável para se sair. O barulho da chuva preenchia o local, fazendo o ato de sussurrar quase tolo.

Meu peito se apertou. Tantos meses idealizando o dia em que Ethan iria pular aquela varanda pelo simples desejo egoísta de me ver dormindo ou poder dizer que estava arrependido de tudo o que tinha feito, pedir meu perdão e que pudéssemos recomeçar. Ele deu um passo na minha direção sem desviar os olhos dos meus.

Queria afastá-lo. Gritar que não. Que fosse embora. Era tudo confuso comigo desperta, ainda embargada pelo sono era ainda pior. Sentindo a apreensão que meu corpo exalava, ele parou a poucos passos de mim. Mesmo que seus olhos dissessem o quanto desejasse se aproximar ainda mais.

“Fiquei preocupado com você.”, ele admitiu em voz baixa. A intensidade de seus olhos verdes me dominou, fazendo-me ficar estática e incapaz de fugir. “Que ideia louca foi essa de se jogar na minha frente quando o maldito tiro era para mim? Sabe como eu ficaria se tivesse te atingido aqui...”, ele tocou em meu peito, no exato local onde meu coração batia acelerado. “Eu tinha que ver como você estava.”

Engoli a seco sem nenhuma palavra para responder aquilo. O problema não era o momento em si. Era só que tudo estava acontecendo rápido demais. Nara, Renegados, Ethan. Eu coloquei as mãos em minhas têmporas, sentindo minha cabeça latejar. Queria que o tempo parasse por alguns meses, só para que eu pudesse ter a chance de me reajeitar.

Não, queria que tudo voltasse á época onde meu maior problema era não ter achado meus óculos ao lado de minha cama. Onde não ficava sem ar apenas com a visão de Ethan atravessando o corredor, como um maldito filme adolescente. E que não tenha que mentir para o meu namorado dizendo que meus sentimentos por meu ex estavam enterrados e que estava disposta – além de pronta – para recomeçar.

“Eu não podia te deixar morrer.”, murmurei debilmente. “Você sabe que não podia.”

Ele fechou os olhos com força, como se sentisse dor.

“E se você tivesse morrido?”, ele me encarou e se aproximou. A chuva tinha feito os seus cabelos loiros e ondulados grudarem em seu rosto, deixando-o ainda mais bonito e jovial. “Tem muita coisa que ainda não entendo sobre você, Jordan. Só que eu mudei. E diferente daquela época, estou disposto á ouvir.”

Eu deveria ter ficado quieta ou tê-lo mandado ir embora. Esse era o certo á se fazer. Só que desde o meu desastroso retorno á Nebraska, a última coisa que tinha feito era o certo. Nunca foi certo começar um romance com Ethan. Nunca foi certo esconder a verdade dele. Nunca foi certo tentar engatar em uma coisa tão diferente e irreal. Nunca foi certo envolver Drake.

Por isso que não hesitei em despejar tudo o que estava se passando comigo. Porque estava cansada de tentar fazer as coisas da maneira que todos queriam e me ferir. Só por uma vez queria me arriscar e ver como seria. Tantos estavam dispostos á me odiar sem que eu tenha feito nada. Pelo menos que fosse com algum motivo plausível.

“Estou tendo visões.”, revelei. Seus olhos verdes se arregalaram e sua boca se abriu em descrença. Minhas bochechas coraram e estufei o peito, determinada a não abaixar a cabeça diante de suas represálias. “Isso vem acontecendo desde antes do baile da Sociedade Carmim. Eu vi que você viria atrás de mim e que me veria com Drake.”, omiti minha última visão, lembrando-me do aviso de Christina: não mexa muito no futuro sem esperar alterações no presente. “Pensei que fossem sonhos. Só que eram reais demais...”

“Por isso os seus olhos estavam violetas?”, ele perguntou cauteloso.

Assenti devagar.

“Isso também é novo para mim.”, sussurrei e soltei o ar. “Acho que vou aceitar a oferta dos meus pais e me afastar dessa confusão por um tempo.”, dei um sorriso triste em sua direção. “Acho que vai ser bem menos desastroso.”

Pensei que ele simplesmente me questionaria sobre o que diabos estava falando, só que quando dei por mim estava sendo envolvida por seus braços e seu rosto estava a uma distância perigosa do meu. Minha sanidade gritou que aquilo era errado. Minhas mãos tocaram o seu peito e constataram que meu coração não estava sozinho naquela corrida. Tinha desespero em seus olhos e seu rosto tinha adquirido uma cor avermelhada, como se ele estivesse com raiva.

Não entendi de imediato o que estava acontecendo, por conta de como aquela aproximação estava me afetando. Mantendo-me consciente, minha metade Dark dizia que deveria me afastar e dar um fim naquela confusão. Já tinha feito isso antes. Era forte o suficiente para me manter sóbria daquele sentimento.

“Como assim eles vão te afastar?”, ele disse frustrado. Tremi, achando que aquela raiva era toda focada em mim. “Eles não podem te levar para longe de mim.”, havia um tom de súplica em sua voz. “Não agora. Eu preciso de você, Jordan. Sei que é egoísta dizer isso depois de todas as vezes que te fiz sofrer, só que eu ainda sou apaixonado por você. Nunca te esqueci, ok? Nem quando te mandava me esquecer. Achava que se você me odiasse seria mais fácil. Só que nunca foi.”

E foi nesse momento em que eu percebi que não adiantava lutar. Se eu desse três passos para longe de Ethan, aquele amor me puxaria com cinco passos dianteiros. Tentei seguir minha vida ao lado de Drake, me iludindo e me acomodando com algo que não me pertencia. Doía amar Ethan, porém era á aquele sentimento que eu estava fadada. Afinal, que princesa eu seria se não sofresse por amor?

“Eu te amo.”, sussurrei, ficando na ponta do pé para poder beijá-lo. Ele sorriu, me puxando ainda para mais perto. “Não consigo ficar longe de você, por mais que seja para o nosso bem.”

“Nosso bem é ficar juntos.”, ele retrucou. Ele soltou o ar. Seus olhos haviam mudado para o azul safira que tanto me fascinava. “Ah, Deus. Como estou cansado de lutar contra o óbvio.”

Sorri.

“Óbvio?”

Ele revirou os olhos.

“Eu te amo, Jordan.”

E naquele momento nada importou. Nem guerra, nem minhas confusões mentais, nem meus pais super protetores. Eu era dele e ele era meu. Estávamos nos reconectando de um jeito mais profundo e sincero que qualquer um poderia imaginar. E por que estivesse nervosa por ser minha primeira vez, meu coração estava leve por confiar nele e saber que tudo daria certo. Éramos um.

Não estava apenas entregando o meu corpo á sensações desconhecidas e deixando que ele entrasse em mim de uma maneira mais física do que antes. Estava entregando minha alma para que ele tatuasse sua presença em minha vida e o meu coração para que ele fizesse o que bem entendesse.

Simultaneamente sabia que ele estava fazendo o mesmo ao sussurrar o quanto me amava contra a minha pele nua, tendo apenas a lua como testemunha da consumação de nosso amor. E quanto mais minha pele queimava contra a sua percebia finalmente que não era as minhas metades lutando para conseguir o comando sobre mim. Eles estavam batalhando para amá-lo cada vez mais intensamente. Fazendo esse amor descontrolável e incompreensível até para humanos diferentes como nós.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem. Beijos. E não se esqueçam de comentar.



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