Sociedade Renegada escrita por Nynna Days


Capítulo 16
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Oi, queridos. Então eu já tinha programado esse capítulo á um tempo. Espero que ainda estejam aí e continuem acompanhando SR. Beijos. Ah, pra quem não sabe, Sociedade Carmim tem trailer. Se quiserem dar uma olhada...

Beijos.



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Meu pai teve prazer em ecoar as palavras de minha mãe ao afirmar que estava de castigo sem data para acabar. A única coisa que tive liberdade de escolher era onde ficaria isolada: Sociedade Carmim ou a Dark. E como eu não tinha planos de ficar sozinha com Drake por um tempo e ser obrigada a dar explicações que nem eu mesma conseguia entender, preferi ficar no castelo Carmim.

Quando perguntei o motivo por não poder ficar com Megan, minha mãe ainda teve a paciência de me explicar que graças ao meu ato impensado eu poderia estar na mira dos Renegados. Os Renegados malvados. Isso pôs uma pulga atrás da minha orelha e uma preocupação em meu peito. Minha madrinha ficaria bem?

“Vamos deixar Dimitri com ela por alguns dias, até termos certeza de que não está sendo seguida.”, Rose me tranquilizou. “E esse é outro motivo para você ter que ficar em aqui.”

Não adianta discutir. E eu nem poderia. Poderia brigar por muitas coisas, só que não quando estava errada ou depois de tomar um tiro. Isso conseguia desarticular qualquer argumento incrível que eu desse. Então tudo o que me restava era ficar em meu quarto olhando para as paredes, exatamente como há meses atrás. Quero dizer, isso só acontecia quando não tinha visitas.

Outro motivo para evitar Drake era que ainda estava esperançosa que minhas visões voltassem. Christina e minha mãe se revezavam em me ajudar á recuperá-las. Só que por mais que me concentrasse tudo o que vinha na minha cabeça era: Por que diabos eu pulei na frente de uma bala por Ethan? Éramos amigos. Ou estávamos tentando ser.

“Se concentre, Jô”

Pisquei focando no presente e o que acontecia naquele momento. Eu e Christina estávamos sentadas com as pernas cruzadas uma em frente a outra e ela me passava os conceitos básico do seu poder. Minha mãe estava resolvendo alguns problemas que deixou pendente para ir atrás de mim.

Corei, desviando o olhar de minha amiga enquanto seus olhos voltavam a ter a mesma coloração verde de sempre. Tinha um sorriso curioso em seus lábios e um brilho sapeca em seus orbes. Quase revirei os meus olhos sabendo o que ela diria. E para isso não precisei ter nenhuma visão. Christina ás vezes conseguia ser previsível demais.

“Se você parasse de pensar no meu irmão, iríamos acabar mais rápido.”, ela brincou rindo. Trombei o meu ombro no dela.

“Não sei se você notou, mas vocês são bastante parecidos.”, gracejei. “O que faz ficar difícil não me lembrar dele.”, analisei minhas palavras, corando mais ainda. “Não que eu estivesse mesmo pensando nele.”

Christina pegou seu cabelo curto e o prendeu em um rabo de cavalo, então estreitou os olhos estufando o peito e limpou a garganta. Não entendi o que ela estava fazendo até abrir a boca.

“Jordan, volta para mim.”, ela disse imitando a voz de Ethan. Meus olhos se arregalaram com a imitação quase perfeita. Claro, se a voz de Ethan fosse afeminada. “Sei que fui um estúpido no passado e me arrependo. Não consigo viver sem você e é por isso que fui atrás de você na casa de sua madrinha. Recomeçar com amizade uma ova.”

Me sobressaltei.

“Como você sabe disso?”

Ela soltou os cabelos e voltou ao normal, apontando para os olhos que mais uma vez estavam tingidos de azul celeste.

“Vidente, lembra?”

“Invasiva, sabe?”, retruquei. “Isso era particular e nós realmente queremos retomar a amizade.”

Ela bufou.

“Você quer me enganar, Jordan? Além de ser sua amiga, sou vidente. Posso te dizer o que vai acontecer no seu futuro com Ethan nesse exato momento, mas...”, deu de ombros. “... não quero afetar o andamento das coisas. O que tiver que ser, será.”, ela parou para fazer uma careta. “Se meu irmão parasse de ser tão cabeça dura pelo menos, isso seria mais fácil.”, saiu de suas divagações e balançou a cabeça sorrindo para mim. “Quer tentar mais uma vez?”

Só que eu não estava mais concentrada nisso.

“Christina, o que você acha de Drake?”

Ela franziu o cenho, estranhando minha pergunta súbita. Até eu mesma me surpreendi. Tinha sido um ato falho e saiu antes que pudesse impedir. Minha curiosidade estava falando mais alto que minha razão. Na verdade, se colocasse as cartas na mesa, poderia ver que tudo vencia a minha razão. Meu coração principalmente. E era sempre nocaute.

“Ele é uma boa pessoa.”, ela respondeu devagar como se estivesse medindo suas palavras. “E gosta bastante de você. Só acho que vocês dois não sirvam para ficar juntos. Você não se pega sonhando acordada com ele, igual faz com o meu irmão, não é?”, ela deu um sorriso sem graça.

Algo no que ela disse fez um alarme soar em minha mente. Repeti palavra por palavra, tentando entender o que era. Sonhar acordada. Meus olhos se arregalaram e eu dei um salto do chão. Christina tomou um susto e se levantou em seguida. Dei um tapa na minha testa pensando em como eu era burra. A lógica de minhas visões estampada na minha frente e eu nunca percebi.

“Sonhos.”, repeti com cuidado e me virei para encarar a loira. “Sonhos, Christina. Lembra-se que todos me perguntavam se eu não estava confundindo minhas visões com sonhos porque sempre estava dormindo? E se o meu poder de ler mentes desligar durante o meu sono, já que estarei presa no meu subconsciente e dê espaço para as visões. Já que um poder anula o outro.”

A boca de Christina pendeu aberta enquanto ela tentava acompanhar a minha lógica. Sua mente estava bagunçada enquanto colocava todas as minhas declarações em ordem. Até que ela viu o fio de razão ali e sorriu.

“Parabéns, Jô. Finalmente está entendendo o seu dom.”

********************

“O quê!”, berrei.

Meus pais trocaram olhares compreensivos como se já soubessem que essa seria a minha reação. O que mais eles esperavam depois de me dizer que estavam pensando em me afastar da cidade até os meus dezoito anos? Não poderia simplesmente ir embora por três meses. Tinha que terminar a escola.

“Terá uma professora particular.”, meu pai respondeu aos meus pensamentos.

Pare de entrar na minha mente, merda!

“Olha esse palavreado, Jordana”, ele me repreendeu.

Os guardas que estavam ao nosso redor na divisa pressionaram os lábios juntos, retendo o riso. Minha vontade foi de testar todo o curto período de treinamento chutando a bunda de cada um. Os olhos cinza do meu pai tão semelhante aos meus estavam estreitos. Tinha que aprender com Drake a como manter a barreira mental por mais tempo.

“Isso é para o seu bem, querida.”, Rose disse tentando me abraçar. Dei um passo para trás me afastando de seu toque. “E será por pouco tempo. Seus amigos não irão á lugar nenhum, manteremos todos protegidos.”, ela deu um pequeno sorriso. “Todos irão esperar por seu retorno, Jordana.”

Todos?

“Ah, então é por isso?”, Christian perguntou. Bati o pé, furiosa e ele ergueu as mãos em sinal de inocência. “Não tenho culpa se seus pensamentos praticamente gritaram para mim. É por isso que você não quer ir, Jordana? Por causa dele?”

Minha mãe suspirou.

“Querida, se ele realmente te ama...”

Levantei uma mão a interrompendo.

“Olha mãe, já tivemos essa conversa antes e você sabe como terminou.”, disse mais rude do que gostaria. Só que Rosemary Carmim não se deixava abalar facilmente. “Posso ter o benefício da dúvida, pelo menos? Ou vocês planejam me arrastar quando eu estiver dormindo?”

Eles trocaram olhares novamente e eu exclamei. Não por haver essa dúvida se eles iriam me arrastar a força para um lugar deserto e sim pela paixão que ainda existia ali. Tanto amor reprimido por anos e ainda que tivessem se reencontrado, não poderiam se tocar. Tudo por serem de raças diferentes.

“Jordana...”, meu pai disse arrastando os olhos até mim e vi suas bochechas corando levemente. “Minha vida e de sua mãe não é uma novela para você ficar acompanhando. Já dissemos o que queríamos, agora você pode voltar ao seu castigo.”

E assim eu tive a certeza. Por mais sangue real que meus pais carregassem, eles ainda agiam como pais normais. E nunca esqueciam uma mancada com facilidade.

*****************

“Ethan, pare de me molhar.”

Levantei as mãos em uma tentativa falha de proteger o meu rosto dos pingos de água que me eram jogados. Ethan aproveitou a minha distração e me puxou para o círculo seguro de seus braços, me dando a oportunidade de escutar o seu coração se acelerando. Pena que ele ainda não alcançava a velocidade do meu. Ele passou os dedos por meu rosto, afastando os fios molhadas das minhas bochechas e ficou me olhando daquele jeito que faziam minhas pernas tremer.

“Nunca vou conseguir me perdoar por ter sido um idiota com você.”, ele sussurrou com a voz pesada pela culpa. Seus olhos se fecharam por um segundo e seu rosto se retorceu, como se ele estivesse sentindo dor. “E pensar que estivesse tão perto de te perder, Jordan.”

Rocei a ponta de meus dedos por seus ombros largos até tocar sua nuca. Aproximei o suficiente para que nossas respirações se misturassem ao ponto de quase se tornar uma. Ele abriu os olhos sorrindo por meus lábios estarem tão perto do seu. Tive que ficar na ponta dos pés para que isso fosse possível.

“Você nunca me perdeu.”, garanti beijando o canto de seus lábios. “Eu sempre fui sua e sempre te amei.”

“Eu também te amo, Jordan. Por mais que isso me assuste.”

Pisquei um pouco, corando.

“Me assusta também. Mas só por pensar que um dia posso te perder de novo. E perder para mim mesma. Para uma coisa que está dentro de mim e...”

Ele me beijou antes que tivesse a chance de terminar a frase. A fria água da praia tocava nossos pés e o som do mar enchia os nossos ouvidos. Era assim que iríamos recomeçar. Nos juntando e reconstruindo pouco a pouco. Nos moldando até formamos uma só peça.

“Ethan...”, sussurrei presa entre a realidade e o sonho.

Senti lábios quente tocando minha orelha que entorpeceu automaticamente. Meus pelos se arrepiaram respondendo aquele toque tão familiar. Seus dedos passaram suavemente por meu rosto, afastando o meu cabelo e roçando em minha têmpora.

“Estou aqui, Jordan. Abra os olhos.”

Aquela voz era real demais. Dei um salto na cama encarando os olhos apreensivos de Ethan.


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