Sociedade Renegada escrita por Nynna Days


Capítulo 15
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoas.

Então me bateu uma saudade de SR e resolvi fazer um capítulo. Miiiiiil desculpas pela demora em atualizar, prometo ser mais rápida.

Ah, e o próximo capítulo é o meu favorito.

Beijos.



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Já havia imaginado a minha morte inúmeras vezes e de variados jeitos. Só que sempre pelo mesmo motivo. Morrer por alguém que eu amava. Ao contrário do que muitos diziam quando encontravam a morte, eu não sentia frio. Pelo contrário, meu corpo todo estava quente e esse calor se iniciava no meu ombro esquerdo e irradiava por meus outros membros. Poderia dizer que estava suando, se não fosse tão improvável.

Murmúrios me envolviam, atrapalhando a minha linha de pensamento e minha paz de espírito. Conseguia distinguir cada uma das vozes, por mais abafadas que estivessem. A que estava mais perto de mim era estranha, porém acolhedora. E do meu outro lado estava o dono da voz que poderia fazer todo o meu corpo reagir com um simples suspiro.

“Quando ela vai abrir os olhos?”, ele perguntou.

“Não seja tão impaciente, Ethan”, Christina disse e consegui sentir seus olhos fixos em mim. “Já disse que ela irá ficar bem. Eu vi.”

“Ok.”, ele bufou e escutei seus passos se distanciando.

Foi o que precisou para que meu corpo todo entrasse em estado de alerta. Não queria que ele se fosse embora e me deixasse aqui. Escutei os murmúrios aumentando consideravelmente enquanto meus olhos tremulavam antes de se abrirem. Do meu outro lado, senti dedos pressionando nos meus e reconheci esse toque de imediato.

Tremulei minhas pestanas, fazendo com que meus olhos se acostumassem com a claridade. A primeira coisa que reparei era que o quarto era pequeno e com paredes rústicas. Eu estava deitada em uma cama de solteiro com a estrutura tão frágil que rangia com qualquer movimento. Além de pequeno, o quarto estava lotado. Rostos conhecidos me observavam com apreensão e os desconhecidos, com curiosidade.

“Onde eu estou?”, perguntei tentando me levantar. Uma mão me impediu de levantar e virei meu rosto olhando para Drake. “O que?”

“Você ainda está se recuperando, Jodie.”, ele explicou com a voz cautelosa e com um tremor. Só não sabia se era de raiva ou de medo. “Você acabou de tomar um tiro.”

Por Ethan. Era o que estava implícito em sua frase.

Abaixei meus olhos.

“Desculpe-me.”, pedi com sinceridade. “Eu não poderia deixar que eles matassem Ethan. Foi mais forte que eu.”

“Eu sei.”, ele disse encerrando a conversa. Pelo menos por um tempo, sabia que ele iria continuar com aquilo quando estivéssemos juntos. Olhei ao meu redor novamente. “Onde estamos?”

Christina deu um passo, se destacando do grupo. Reparei na ausência de Pierre, Nara e Dimitri. Não sabia o motivo, porém isso me deixou inquieta. Tentei levantar mais uma vez, recebendo um olhar severo de Drake. Cruzei os braços, fazendo uma careta com a pontada em meu ombro.

“Essa é a casa dos Renegados.”, Christina disse.

Dei um pulo da cama e todos vieram na minha direção com os braços estendidos.

“Renegados?”, praticamente berrei. “Os mesmo que tentaram nos matar?”

Annice revirou os olhos escuros.

“Claro.”, ela disse com a voz carregada de sarcasmo. “Nós paramos o tiroteio e pedimos para eles darem uma ajudinha, já que você estava pesada demais para carregar até em casa.”

Dei um sorriso.

“Obrigada pela explicação coerente, Annice.”, eu agradeci. Ela sorriu também e Christina a cotovelou de leve. “Será que agora alguém pode me explicar o que aconteceu enquanto estive fora do ar?”

Sua presença ainda era perceptível para mim, só que não tinha a noção do quão perto estava. Por isso que quando sua voz ressoou ao meu lado, tive o prazer de ficar totalmente arrepiada e me sobressaltar novamente. Péssimo comportamento, Jordan. Ainda mais na frente de seu namorado ciumento.

“Eles nos resgataram.”, Ethan esclareceu. Contra a minha vontade, tive que olhá-lo. Era como se existisse um imã entre nós e seus olhos verdes faiscaram em um azul turquesa. Tudo dentro de mim se agitou imediatamente e minha mente reprimiu o alerta de que Drake também estava no quarto. Ao meu lado. “Escutaram os tiros e te viram no chão.”, tinha um desespero ocultado em sua voz, quase imperceptível. Só alguém que estivesse bastante concentrado em sua voz ou o conhecesse bastante notaria. Veja a ironia. Eu me adequava a esses dois pré requisitos. “Estamos na casa de um dos Renegados. O chefe deles, eu acho.”

Claro que ele não deixaria de fazer uma careta com essa situação. Na verdade, nenhum dos meus amigos parecia confortável com essa situação, porém não era como se tivéssemos muitas escolhas. Só que mesmo que tivéssemos a mesma opinião, fiquei parcialmente decepcionada com o desprezo na voz de Ethan. Se fosse em qualquer pessoa, eu entenderia. Só que nele era tão normal.

Sua careta vacilou ao ver meus pensamentos refletidos em meus olhos e por um segundo pensei que ele se desculparia ou diria algo para se justificar. Entretanto só bruscamente interrompido quando a porta – ok, não era uma porta de fato, era como uma cortina de conchas. – foi aberta e Dimitri, Nara, Pierre e um desconhecido entraram.

Irmão de Nara. O pensamento de Christina me esclareceu a me ver confusa.

“Princesa.”, o irmão de Nara se aproximou e se ajoelhou ao lado de minha cama por curtos momentos até erguer seu corpo e beijar minha mão. Ele tinha os mesmo olhos escuros que Nara, porém seu cabelo era mais claro e enrolado, como cachos de anjos. “Espero que esteja melhor. Sei que não sou o melhor curandeiro, mas fiz o meu melhor.”

Cura. Era por isso que tinha sentido meu ombro ficando quente.

“Obrigada.”, disse me sentando. Ignorei todas as represálias. “Onde estamos? Exatamente, por favor.”

O irmão de Nara sorriu, evidenciando seus vinte e poucos anos. Chutaria vinte e cinco. Sua pele era mais escura que a de sua irmã, fazendo-a possuir um tom achocolatado.

“Estamos a alguns quilômetros da Sociedade Carmim.”, ele contou e se sentou na ponta da cama que rangeu como se reclamasse. Sua boca pendeu aberta. “Me desculpe por ser tão mau educado. Me chamo Alexander Jazz.”, sorriu novamente. “Pode me chamar de Alex.”

É, seu humor era totalmente diferente do que Nara. A mesma estava encostada do outro lado do quarto com os braços cruzados e a expressão raivosa. Dimitri estava ao lado de Christina com a cara semelhante á de Nara. Pierre permanecia ao lado da cortina, com os olhos azuis fixos do lado de fora.

“Acho que temos que conversar.”, eu disse. Ele assentiu, fazendo com que seu sorriso diminuísse. “Vamos começar com essa história de ter dois tipos de Renegados.”

Ele assentiu sem muita surpresa.

“Odeio o fato de nunca terem contato as histórias completa dos Renegados. Sempre a mesma. Somos maus e queremos raptar alguém da realeza para nos vingar e assumir o trono. Só que tem pessoas que admitem seus erros e querem a redenção.”, ele gesticulou para o espaço ao seu redor. “Nós queremos o perdão da Rainha e faríamos de tudo para conseguir, só que não partimos para medidas desesperadas. Construímos nossas vidas aqui com esperança de poder voltar para casa. Os outro...”, ele balançou a cabeça. “Eles estão desesperados e com raiva. Não admitem que a culpa seja deles por estarem nessa situação.”, pegou a minha mão e fitou-me. “Princesa Jordana, não me entenda mal. Somos culpados de nossos crimes. Se não fosse verdade, não estaríamos aqui. Mas não planejamos nada contra a Vossa Alteza nem contra seus amigos.”

Mordi meu lábio inferior, analisando suas palavras.

“Eu acredito em você.”, disse por fim.

Ele soltou o ar, parecendo aliviado.

“Seus amigos disseram que a iniciativa de vir atrás de nós foi sua.”, ele franziu o cenho. “Posso saber o motivo?”

Senti minhas bochechas cocarem ao me lembrar da minha decisão súbita. Deveria ter planejado melhor, aí não estaria naquela situação constrangedora. Então, assumindo minha herança da realeza, estufei o peito e lhe lancei um olhar altivo. O sorriso retornou aos seus lábios.

“Eu cansei de ser perseguida. Estou cansada de correr de uma raça que já foi como a minha. E quero paz entre nós.”, olhei ao redor mais uma vez. “Isso não é o jeito que vocês deveriam viver. Desprotegidos, sem ver a própria família. Isso é muito cruel até para as raças que se dizem boas.”, o vi concordando com as minhas palavras com os olhos escuros brilhando. “E quero garantir que o tenham quando for Rainha. Só que preciso escutá-los.”

Alex iria começar a dizer tudo que se interasse ao meu discurso, porém foi cortado por uma voz familiar e carregada de urgência. Fechei os olhos, já prevendo o que viria em seguida. Minha mãe entrou como um furacão no quarto já lotado e praticamente expulsou todos que estavam sentados na minha cama.

“Jordan, você está bem, querida?”, ela perguntou com os olhos escuros marejados. Um pouco exagerado, se querem saber minha opinião. Assenti. Então todo o desespero foi substituído pela raiva e repreensão. “O que estava passando na sua cabeça, Jordana? Você tem noção de como fiquei quando soube que você levou um tiro? Um tiro!”, ela pausou olhando para Alex. “Tudo bem, Alex?”

Já sabia de quem tinha herdado as mudanças de humor.

Alex sorriu, educado.

“Tudo, Rainha Rosamarie.”, respondeu.

Ela voltou seu olhar para mim.

“Espero que esteja feliz. Se nem Alex ou Dimitri ou Nara tivesse o poder da cura, o que iria acontecer com você? Está de castigo, Jordana. Está escutando? Cas-ti-go. E isso vale em todas as suas casas, então não adianta fugir.”

Tudo o que pude fazer era me encolher e sentir minhas bochechas se esquentando cada vez mais.


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Notas finais do capítulo

Comentem se ainda estiverem aí, hein.

Beijos



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