Ain't No Way We're Going Home escrita por snowflake


Capítulo 21
Felicidade


Notas iniciais do capítulo

~oi~

Tem um hiperlink ali na primeira frase (a palavra em azul). É só clicar que você vão ouvir a música do capítulo.


Espero que gostem ¬U¬



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— Boa tarde. Com que posso ajudá-los? – a enfermeira com uniforme roxo que estava na recepção nos pergunta assim que entramos no Hospital Central de Kingsland.

— Viemos ver Charles Moon, por favor. – Eu, que era a que estava mais calma no momento, peço a mulher.

— Só um minuto. – ela pede, procurando alguns papéis.

Assinto e vou em direção de Austin que andava de um lado para o outro, esfregando as mãos, nervoso.

Meu coração se apertava em vê-lo daquela forma.

Trish estava sentada roendo suas unhas, e Dez trouxera um copo de água para Austin, que tremia enquanto bebia o líquido.

O ruivo teve que vir dirigindo pelas três horas que passamos na estrada. Austin não estava em condições, e chorava, chorava, chorava, desesperadamente, enquanto eu o acolhia em meus pequenos braços.

Eu pedia para ele se acalmar, e ele só repetia as mesmas palavras.

Você não entende. Ninguém entende.”

Durante um tempo, Austin dormiu em meu colo, e eu consegui escrever mais alguns versos da música.

I know exactly how you feel
It doesn't matter what you say
I see the sun begin to set
And we've gotta get away

— Austin. – tento acalma-lo. – A enfermeira já vai nos dizer o quarto em que ele está. Não se preocupe.

Ele assente, desistindo de discutir.

Esperamos por um tempo.
Trish roía suas unhas, Dez andava de um lado para o outro, Austin estava de olhos fechados, respirando fundo.

— Acompanhantes de Charles Moon? – a mesma enfermeira que falou comigo antes nos chama.

Austin corre – literalmente – em direção a mulher, que se assusta de início.

— Não temos um diagnóstico sobre Charles ainda, mas ele está estável. – ele tranquiliza Austin. – Porém ele teve algumas esfoliações. E um braço quebrado. – ela avisa, entregando aquelas etiquetas de visitante para nós entrarmos nos corredores.

— Nós podemos vê-lo? – o loiro questiona ansioso.

– Charles ainda está desacordado. Ele está no quarto D315, crianças. Podem ir. – ela fala, mas nos barra, antes que possamos andar. – Ah! E tentem arrancar alguma informação de como o acidente ocorreu.

Ela termina sua fala, voltando para trás do balcão onde se encontrava.

Sorrio esperançosa para Austin, e o mesmo está com os olhos avermelhados de tanto chorar.
Nos dirigimos até a porta que vai para os corredores, com as salas e tudo mais.

D309, D310, D311... E fomos seguindo até chegar à sala onde o irmão de Austin se encontrava.
Conseguimos ver pela persiana que Charles estava deitado, com poucos aparelhos conectados a seu braço.

Somente aquele, que eu não me recordo o nome agora, que mede os batimentos cardíacos, e uma agulha de soro fincada em sua veia.

Antes que eu perceba, Austin já está dentro da sala, ao lado do irmão, segurando sua mão.

O loiro e Charles realmente são parecidos.

Char tem cabelos pretos, e a pele bem branca. O rosto parecido com o de Austin, e os lábios finos do mesmo.

São duas cópias.

Se eu não tivesse uma queda por loiros, diria que eu me apaixonaria por Charles, sem dificuldades.

— Ally? – ouço uma voz feminina conhecida em minhas costas, enquanto eu observo a linda cena irmão-irmão.

Viro-me, deparando com a última pessoa que eu esperava encontrar.

— Sophi?

— O que está fazendo aqui? – ela se aproxima, colocando um copo branco de café na mesinha da sala. – Dallas está com você?

Eu continuo parada no mesmo lugar.

— Sophi? – repito ainda não acreditando no que meus olhos estavam vendo.

— Sim, sou eu. – ela me olha confusa. – O que está fazendo aqui?

Austin levanta-se, e fica ao meu lado, segurando minha mão.

— Você traiu meu irmão com Charles? – falei o que deveria ser somente um pensamento, xingando-me por dentro.

— Espere aí! – Austin interveio na conversa. – Você é a namorada de Char?

— Ahm... – ela faz uma cara de dúvida. – Sim. E você, quem é?

— Eu sou o irmão dele! – o loiro exclama, voltando a sentar-se ao lado do moreno, segurando sua mão.

— Irmão? – ela questiona. – Charles nunca me falou de nenhum irmão. – ela cruza os braços, desconfiada.

Reviro os olhos, já perdendo a paciência.

Sophi sempre foi querida comigo. Ela sempre conversou comigo, foi atenciosa, me ajudou quando tive alguns problemas... Entretanto, seu pior defeito é a desconfiança.
A mesma chegou a desconfiar de mim quando me conheceu, achando que Dallas estivesse traindo-a.

Incrível como o mundo gira, não é mesmo?

— É uma longa história. Nós não temos tempo para isso. – corto o que pode levar a uma longa conversa. – O que aconteceu com Charles? – pergunto, e ela respira fundo.

— É complicado... Nós estávamos indo de Ohio para Miami. – ela começa, bebericando o café que estava no copo branco de isopor. – Quando, no meio do caminho, o carro começou a falhar, e a gasolina estava quase em seu final. – ela continuou falando e bebendo.

Vendo aquela cena, mais uma coisa me veio à mente.

Cafeína.

A primeira droga legalizada dos Estados Unidos. Seria ela tão viciante assim? Nunca provei café puro. O cheiro me repugnava, e a tal bebida nunca me chamou a atenção.

Mais uma coisa adicionada à lista de coisas que eu devo fazer.

— Foi quando o carro parou de vez, quando chegamos a esta cidade no meio do nada. Kingsland. Que para mim, nem existia. – ela gesticula com uma mão, e segura a bebida escura com a outra.

Você não me parece muito boa em Geografia mesmo. – ouço Austin, que se encontrava ao meu lado, murmurar, e seguro uma risada.

— Nós conseguimos empurrar o carro para o acostamento, e iríamos caminhar até algum posto, para conseguir gasolina, quando... – ela parou um pouco, e olhou para o moreno deitado na maca.

— Quando ele me empurrou. – ela concluiu, olhando diretamente meus olhos.

— Te empurrou? – questionei, chegando mais perto dela, que parecia mais instável e abalada que antes.

— Nós íamos atravessar a rua, e eu fui à frente, sem olhar para os lados. – ela larga o copo branco de isopor perto de sua bolsa na mesinha ao lado da maca, e se senta na cadeira.

— Eu senti suas mãos nas minhas costas, me empurrando para frente, me fazendo cair na calçada à frente. – ela junta as mãos, e olha para cima, para impedir as lágrimas que se formavam de rolarem pelo seu rosto. – E quando eu olhei para trás, só consegui ver seu rosto de pânico murmurar algo como “Me desculpe”. E o carro jogou seu corpo para longe.

A garota abaixa a cabeça deixando as lágrimas correrem.

Olho novamente para o loiro sentado ao lado da maca e tento colocar-me no lugar de Sophi.

Como eu me sentiria se Austin arriscasse sua vida por mim?

Tento deixar esses pensamentos de lado e ando até a ruiva de cabeça baixa.

Agacho-me para ficar quase a sua altura e afago suas costas com a mão.

— Calma... – tento tranquiliza-la. – Ele vai ficar bem... Tudo vai se resolver... – digo, e tento acreditar em minhas próprias palavras.

—————————————————————————

Horas depois, ainda estamos no hospital. Já se passaram torno de três ou quatro horas desde eu chegamos aqui.

Austin não saiu do lado de Charles até agora. Eu nunca pensei que apesar da distância e de todas as diferenças e rixas, ele continuasse ao lado do irmão.

Pouco depois da conversa que tive com Sophi, a enfermeira disse que só uma pessoa poderia ficar com Char na sala, e Sophi nem discutiu. Ela deixou que Austin tivesse seu tempo ao lado do irmão. Enquanto isso ela foi resolver os problemas do carro de Char.

No momento Trish, Dezmond e eu estamos sentados no corredor do hospital, esperando por notícias positivas (ou na pior das hipóteses, negativas).
E quando eu digo corredor, é literalmente no corredor, e não na sala de espera.

Nós três resolvemos nos sentar bem a frente do quarto D315, para não sairmos de perto do loiro. Ainda mais que o chão está sendo mais confortável do que aquelas cadeiras duras e desconfortáveis da sala de espera.

— Eu estou com fome... – Dez reclamou, passando a mão sobre a barriga.

— Eu também. – Trish concordou, olhando para a parede branca a sua frente. – Vamos à lanchonete? – ela pergunta ao ruivo, que concorda. – Quer alguma coisa, Ally? – ela questiona.

— Não, eu estou bem. – e volto a ficar na mesma posição. Abraçada aos joelhos, de frente a sala D315.

Os dois se levantam me deixando sozinha no final do corredor D.

Mais alguns minutos se passam, e eu já estava ficando angustiada.

O que está acontecendo com esse mundo, meu deus?

Há algumas horas estávamos todos bem. Sorrindo, brincando. Sendo felizes.
E agora estamos num hospital, esperando pela morte.

Afinal, se nós viemos aqui foi por esse motivo. Ninguém resiste a um choque daqueles.

Como eu me sentiria se Austin arriscasse sua vida por mim?

Esse pensamento rondava minha mente desde que ficamos sabendo do ocorrido com Charles.

E se eu e o loiro estivéssemos passando por algo assim, ele se arriscaria por mim?
Eu não aguentaria viver sem Austin ao meu lado. Ainda mais sabendo que a causa da sua morte, seria eu mesma.

Mas será que ele também se sentiria assim se eu arriscasse minha vida por ele?

Tantas perguntas incertas.

Meu pensamento é cortado por um loiro abrindo a porta do quarto D315.

Tudo parece acontecer em câmera lenta.
Ele está chorando, e procurando por uma enfermeira, ou alguém que possa ajuda-lo.
Ele nem olha para mim.
Ele ignora a minha existência naquele momento.
E eu vejo o quanto Charles é importante para ele.

Junto de sua fala entrecortada por causa do choro, consigo ouvir as palavras “respiração” e “parou”.

Olho para o lado e vejo Trish e Dez chegarem conversando com copos de café na mão. Os dois param ao verem a cena que ocorre.

Pelas suas caras, os dois já entenderam o que aconteceu.

Abaixo minha cabeça entre meus joelhos, deixando algumas lágrimas correrem.

Como podemos ficar tristes pela tristeza dos outros, não é mesmo?

Mas agora era oficial.

Charles Moon estava morto.


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Notas finais do capítulo