Ain't No Way We're Going Home escrita por snowflake


Capítulo 14
Charles


Notas iniciais do capítulo

Olá meus gergelins adocicados ♥

Aqui vai o capítulo 14 pra vocês, sweethearts ♥

E qualquer erro, me desculpem, e me avisem! É que eu não revisei xD



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– Ally... – assusto-me com ele me chamando. – Está acordada?

– Sim. – respondo sem me virar. – O que foi?

– Bem... – ele começa, sentando-se na cama. – Tipo...

– Austin. – falo, imitando seu movimento. – O que foi?

Ele respira fundo. Seus olhos castanhos grudados nos meus.

– Posso te contar minha história agora?

Eu estava tentando prolongar esse assunto com Austin.

Eu tinha uma imagem formada dele.

Um garoto meio arrogante, mas engraçado. Meio ‘galinha’, mas fofo. Talvez um pouco estranho, mas tão.. Apaixonante.

Não sei. Sinto que se ele me contar, eu posso ou me decepcionar, ou me comover, a ponto de achar melhor ficar longe dele.

– Austin.. Eu.. Acho melhor não...

– Ally. Eu não quero prolongar isto mais. Eu preciso lhe contar. – seus olhos marejavam.

– Ok. Então... Comece. – falei, passando as mãos sobre minhas pernas. Eu não deveria, mas eu estava mais nervosa que ele.

Austin respirou fundo novamente, com os olhos fechados desta vez.

– Eu.. Posso fazer uma coisa antes? – o loiro perguntou.

Assenti meio receosa. Ele se aproximou, e me abraçou. Puxou meus ombros e juntou nossos corpos num abraço forte.

Passei minhas mãos em volta de seu corpo desnudo, e minha cabeça ficou encostada no seu peito, bem a frente do coração. Ouvindo sua batida constante, até um pouco acelerada de mais.

Sua respiração também estava acelerada. Ele suspirou, e se afastou o suficiente para me olhar nos olhos.

– Saiba que você será a primeira pessoa sóbria que saberá do que aconteceu. – ele fala, com pequenas lágrimas rolando por suas bochechas.

– Sinto-me lisonjeada, então. – lanço um sorriso terno a ele.

Juntamos nossos lábios num simples toque.

Ele se separa de mim, e começa a falar.

– Antes de tudo, não quero que me julgue. Não quero olhares de piedade, dó, ou compaixão. Tudo bem? – Austin pergunta, segurando minhas mãos.

Concordo com ele.

– Vamos começar do... Bem... Do começo. – o loiro aperta minhas mãos, suspirando. – Minha família nunca foi normal. Meus pais se conheceram num show do Black Sabbath. Eles me falavam que foi durante a música Paranoid que eles deram seu primeiro beijo.

Ele sorria e olhava para o nada enquanto falava.

– E bem. Eles eram jovens da década de ‘80. Eles fumavam, bebiam, e se divertiam. Meu pai até tocava numa banda. Nada muito profissional, mas eles gravaram um disco. Algum dia eu te mostro ele. – ele comenta, até rindo um pouco. Austin evitava olhar nos meus olhos.

– E eles seguiram a vida assim. Até metade de 1994, quando minha mãe descobriu que meu pai havia tido um caso, e tinha um filho com outra mulher. E como a mãe do menino tinha morrido no parto, meu pai teve que ficar com a criança, e minha mãe até que aceitou criar Charles como seu próprio filho.

– Então.. Você tem um meio irmão, chamado Charles? – perguntei, tentando compreender a história.

– Isso. Char é um ano e mais velho que eu. Um ano e alguns meses, eu acho. Então em maio de ’95, minha mãe descobriu estar grávida de mim. – ele falou, e suspirou. – Ela tinha pensado em abortar. Por que se já tinha sido difícil criar um, imagina dois. Só com o dinheiro dos falhos shows do meu pai não tinha como eles sustentarem uma família.

Ele falava isso olhando para baixo, e com a voz meio receosa.

– E tudo isso foi bem na época onde todo o tipo de droga rolava solta por ai, mas o comércio era difícil. Quem queria, não sabia onde encontrar. Então eles.. – ele parou um pouco. Apertou minhas mãos novamente, respirando fundo. – Eles resolveram entrar para o comércio de drogas. – Falar sobre isso era doloroso para ele.

– E funcionou! Até por que eles já consumiam, sabiam quem consumia. Foi uma beleza nos primeiros anos. Apesar de terem um filho para criar, e um prestes a nascer, tudo deu certo.

Ele sorriu ironicamente, balançando a cabeça e olhando para nossas mãos unidas ainda.

– Até que dia vinte e nove de dezembro de ’95, eu nasci. Meu pai me contava que eles queriam que eu nascesse na virada do ano novo, mas não deu certo... – eu soltei uma pequena risada.

– Espera.. Você nasceu dia vinte e nova de dezembro? – ele assentiu como se dissesse “óbvio, né?” - Exatamente um mês depois de mim! – exclamei e ele sorriu.

– E nós seguimos com essa vida. Eles disseram que eu fui como um sinal. Tudo estava dando certo na vida deles. Eu me lembro de vê-los consumindo as drogas, e não sabia o que era aquilo. Via principalmente minha mãe, vomitar ás vezes. Reclamar de dores. Nunca me esqueço da primeira overdose que eu presenciei. Eu nem sabia o que era aquilo. Eu tinha oito anos. Estava em casa, sozinho, de noite. Charles estava dormindo e acho que nem acordou. Meus pais chegaram bêbados, chapados. Sai do meu quarto e fiquei na porta, apenas observando a cena. – ele fechou os olhos, deixando algumas lágrimas correrem.

– Minha mãe caiu no chão, e meu pai nem tinha forças para segura-la. Ela começou a convulsionar, a vomitar, e se engasgar. E eu não podia fazer nada. Eu nem sabia o que fazer!

Ele respirou fundo ao perceber que já estava falando muito alto.

Afaguei seus braços e ele lançou-me um pequeno sorriso triste.

– Aos onze anos eu já sabia o que era aquele mundo em que eu estava metido. Minha avó por parte de pai tinha levado Charles para a casa dela. Ela não queria que Charles vivesse naquele mundo. E quando ela ameaçou me levar também, minha mãe negou. E disse que eu ficaria com eles. E foi nesse mesma época que eu comecei a me drogar também.

Segurei as mãos de Austin, passando-lhe segurança. Eu nunca imaginei que ele passasse por algo desse tipo.

– Eu via meus pais fumarem todos os dias, e isso parecia algo tão legal. Tão... Eu não sei. Aquilo me chamava atenção. E eu coloquei meu primeiro cigarro na boca aos onze anos. E não parei por ai! Eu vendia também, junto com meus pais. Nunca me esqueço daquele lugar horroroso que nós tínhamos que ficar para os “clientes” chegarem. Depois de alguns anos eu comecei a fumar maconha, cocaína. Eu tomava pílulas. E para mim, aquilo era altamente normal!

Ele parou de chorar, e sua face tornou-se raivosa.

– Foi quando eu completei quinze anos, que minha mãe morreu de overdose, em casa. E meu pai não fez nada para ajuda-la! Nada Ally! Ele ficou parado, vendo ela convulsionar e morrer engasgada com o próprio vômito no chão! – Austin já gritava com raiva.

– C-calma Austin! – Isso não é hora de gaguejar, Alicia! - Calma! – abracei-o, tentando fazer com que ele sossegasse.

Ele suspirou, assim que eu colei meu corpo ao dele. Até tinha esquecido o fato de ele estar seminu. O loiro passou os braços pelos meus ombros, como ele fez antes, e me apertou contra si.

– Depois da morte dela, meu pai viu onde estava metido. – ele falou ainda me abraçando. - E foi para uma clínica. – Austin me soltou desta vez. - Hanley Center. Fica à uma hora e meia de Miami. Eu já tentei visita-lo uma vez, mas ele disse que não quer se relacionar com alguém que ainda consome.

– Então você... Ainda... – ele assente.

– Eu tentei parar. Assim que minha mãe morreu, meu único parente que ainda tinha condições de cuidar de mim foi minha avó paterna. A mesma que tirou Charles de perto da minha família. E como Charles se afastou de mim por causa das drogas, eu me afastei delas. – eu estava prestes a chorar.

Austin realmente sofreu mais que eu. E eu, ingênua, pensando que ele era um garoto “normal”. Alicia.. Olha onde você foi se meter...

– Consegui ficar longe por cerca de seis meses. Já estava reestabelecendo minha relação com meu irmão. Foi quando eu não consegui mais me segurar. – ele havia voltado a chorar, e meus olhos queimavam com as lágrimas querendo cair. – Minha avó morreu alguns anos depois, quando eu estava indo para o último ano. Eu cheguei ao Marino High School esse ano. A única coisa que eu fiquei sabendo sobre Charles ultimamente foi que ele arrumou uma namorada há alguns anos... E eles estavam combinando de ir para Ohio no final do ano. Eles foram há alguns dias, eu acho...

– Como fui morar em outro bairro, consequentemente mudei de escola. E lá tinham uns garotos meio... Meio afastados do resto dos alunos. Eles vinham poucas vezes à aula durante o ano. E pela aparência deles, eu já sabia o porquê. Eles eram drogados, assim como eu. O único que eu realmente conhecia era Riker. Conhecia, não. Conheço. Eu ainda sou obrigado a manter contato com ele. - Austin estava realmente abalado.

– Obrigado a manter contato? Como assim? – eu tinha uma ideia do por que, mas queria ouvir dele para ter certeza.

– Eu... Fiquei sem dinheiro pra pagar o que eu comprei. E eu tive que vender algumas coisas... Mas eu já estou me arrumando! Eu faço Motocross, e com o dinheiro que eu ganho das corridas eu consigo pagar as minhas contas, e o que eu ainda não paguei para eles. Eu teria conseguido um patrocinador na última corrida, se eu não tivesse tão desconcentrado... Eu ia ganhar! – ele passou as mãos no cabelo, nervoso. – Mas a vaca da Alexia me desconcentrou! Eu estava perto...

– Não diga isso! – ele me olhou estranho. – É um insulto às vacas.

Ele riu. Ok, as coisas estavam melhorando. Isso é bom.

– Mas você disse que faz Motocross. Então conhece Dallas, certo? – perguntei.

– Ahm.. Sim. Nunca fui com a cara dele... Ele tem cara de ser aquele tipo de gente ruim mesmo sabe? Que quer sempre estar por cima de todo mundo..

Minha vontade era de gritar “Ele é seu futuro cunhado!”, mas não ia pegar bem se eu dissesse isso.

– Ele é meu irmão.. – falei, dando uma risadinha pelo nariz.

– Eu sei.. – ele falou, corando um pouco (eu acho, a semi-escuridão do quarto não ajudava) – Ontem, quando chegamos, eu ouvi você mencionar o nome dele, e Dez me disse que vocês eram irmãos... Eram não! São irmãos.

Ah! Então foi isso que Dez gritou.. Agora faz sentido... Mas por que ele saiu correndo do quarto?

– Ele quem? – o loiro perguntou.

Merda. Duas vezes merda. Droga. Caralho. Mais milhões de palavrões em qualquer língua que for.

– Eu disse em voz alta? – perguntei, torcendo para que fosse não.

Ele deu uma risadinha.

– Sim... Quem saiu correndo? E de que quarto você está falando?

– Bem.. – vamos Alicia! Não é difícil falar isso! – Por que enquanto eu falava com Dallas no telefone ontem, você saiu correndo porta á fora?

– Eu... Fiquei com ciúmes... – ele respondeu meio nervoso.

– Ciúmes? – sorri. Por que eu estava feliz com aquilo?!

– É.. Talvez. E-eu não sei. Eu não vou mentir Ally. Eu realmente gosto de você, e você sabe bem disso. Mas eu tenho medo se os caras descobrirem que estamos juntos, e te usarem contra mim. Eles já ameaçaram Charles uma vez! E quando ele foi embora, eu agradeci. Por isso eu tento não me envolver com ninguém. Mas.. Depois que eu te encontrei, eu...

Ok. Aquela conversinha já estava me irritando.

Puxei seu pescoço contra mim, e selei nossos lábios.

Bem melhor agora.


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Notas finais do capítulo

Flws :*