Dark Skies escrita por Eduardo Mauricio


Capítulo 6
Cap. 05 - Em Chamas




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Dezenove e trinta e cinco. As pessoas que estavam na casa de Henry permaneciam em silêncio, ainda tentando aceitar o que havia acontecido, enquanto ele pensava se devia ou não contar o que supostamente estava acontecendo.

– Henry – Amanda interrompe seus pensamentos – Eu tenho uma pergunta que não quer calar desde que você me chamou aqui. Como você sabia disso tudo?
– Eu... – Ele começa, resolve contar sobre o seu passado, afinal, diante das circunstâncias, manter segredos não importava mais. – Era caçador.
– Caçador de monstros? – Ela pergunta.
– Sim. Passei minha vida inteira salvando pessoas, todos os caçadores passaram.
– Mas por que era tudo em segredo? Por que não revelavam suas identidades?
– E causar um caos como eu causei agora a pouco, quando contei sobre a existência de monstros?
– É verdade.
– Ela está bem? – Henry muda de assunto, mirando seus olhos em Lily, que permanecia sentada no chão.
– Ela vai ficar.

A sala é invadida por uma luz avermelhada que vem de fora. As pessoas vão até a janela.

– O que é isso? – Mary Beth pergunta.
– É o céu – Olivia responde, estupefata – Ele está em chamas.
– Mas isso é impossível – Amanda diz.
– É isso que me preocupa – Henry lamenta.

De repente, do meio do céu vermelho, surge uma grande bola de fogo – talvez um meteoro. A bola cai no chão fazendo um enorme estrondo. As pessoas se afastam da janela.

– O que foi aquilo? – Amanda pergunta.
– Um meteoro, eu acho – Henry responde, então outro meteoro cai, e outro, e outro e outro. As bolas de fogo não param de cair, destruindo carros e casas.

Um ruído agudo o bastante para fazê-los tapar os ouvidos ecoa pela sala. Henry olha pela janela. Não vê nada, apenas a grama do seu jardim, as flores do jardim da frente e depois todas as outras morrerem com uma rapidez impressionante.

– Mas o que droga foi isso? – Kato se assusta, como todos os outros.
– Não pode ser – Henry diz baixinho.
– Não pode ser? – Olivia fica confusa.
– O céu queimará e da escuridão, sairão as piores criaturas do inferno – Ele repete as palavras de Chad – Está acontecendo – Depois mira seus olhos no céu avermelhado.
– Henry, o que está acontecendo? – Olivia pergunta.
– Eu não posso dizer agora – Ele a segura pelos ombros – Apenas pegue essas pessoas e as leve para o porão.
– O que? Por quê?
– É uma história longa, depois eu explico, faça o que eu te pedi.
– Tá certo – Olivia concorda e começa a mandar as pessoas irem para o porão.
– Vamos! – Ela grita para Henry.
– Eu não vou, preciso acabar com isso logo!
– O que? Não! Você não vai sozinho.
– Eu preciso.

Ela se aproxima e ele abaixa a cabeça.

– Eu vou com você – Olivia diz.
– Não, você é tudo o que eu tenho – Ele começa – Eu não aguentaria te perder.
– Henry.
– Além disso, tudo o que estamos vivendo é culpa minha.
– Henry.
– Eu tenho que salvar essas pessoas.
– Henry.
– É o meu dever.
– Ei, não, não é sua culpa, é por isso que nós vamos lutar, e se for para morrer, vamos morrer juntos. – Ela levanta a cabeça dele.

Não, se for para morrer, eu vou morrer sozinho, porque isso não é assunto de mais ninguém, eles não merecem passar por essa merda toda.

– Tá bom – Henry finalmente concorda.
– Escutem – Olivia começa a falar para as pessoas – Tranquem-se no porão e se escondam bem, não saiam de lá!
– Mas e vocês? – Kato pergunta.
– Nós temos que resolver alguns problemas! – Olivia olha para Henry, que dá um sorriso.
– Esperem! – Carter grita, quando eles já estavam saindo – Eu vou com vocês!
– Não – Henry diz – É melhor você ficar, com a Annabel.
– Não – Annabel interrompe – Porque eu também vou com vocês.
– O que? – Ele pergunta – Vocês tem ideia do quanto é perigoso lá fora?
– Sim, temos – Carter responde – E queremos arriscar.

Depois de alguns segundos em silêncio, Henry decide:

– Então vamos.
– Eu também vou! – Sean grita na sala – É, eu vou!
– O que? Não! – Mary Beth grita – É suicídio!
– Sim, amor, eu preciso, para proteger você e Kato.

Ela abaixa a cabeça, chorando e enfim concorda.

– Tome cuidado!
– Cuide da sua mãe! – Ele olha para Kato.
– Eu vou – O filho responde.

Eles se preparam para sair pela porta da frente, quando Henry os interrompe.

– Vocês tem certeza disso? – Ele pergunta – Porque se saírem por essa porta agora, podem nunca mais voltar.
– Sim – Responde Annabel.
– Não vamos morrer de qualquer jeito, então que seja lutando! – Diz Carter.

Sean olha para a esposa e o filho, pensa um pouco então responde.

– Sim, eu tenho certeza.

Após sair, eles entram na nuvem de poeira que cobre a rua, é realmente difícil de enxergar lá dentro, depois de atravessar o que Henry pensava ser a rua, eles chegam a um ponto de ônibus. Os meteoros pararam de cair e a nuvem de poeira começa a se desfazer deixando claro a imagem diante deles, muita destruição.

– Deixem as armas carregadas e prestem atenção em qualquer movimento – Henry avisa.
– E então, o que fazemos? – Annabel pergunta.
– Vamos caçar – Ele responde.
– Caçar? – Olivia pergunta.
– Sim, o grito que vocês ouviram – Henry começa – É de um...
– Banshee – Carter interrompe.
– Como você sabe? – Ele fica surpreso.
– Mitologia.
– De acordo com os mitos, um Banshee é um espírito carregado de ódio, ele tem a capacidade de acabar com a natureza ao redor, espalhando morte por todo lado.
– Também tem o grito – Carter interrompe novamente – Os gritos de um Banshee são extremamente altos e quase insuportáveis.
– É – Henry concorda.
– Mas onde ele está? – Carter pergunta.
– Eu não sei – Ele responde.
– E também nem sabemos como vamos pegá-lo – Annabel diz.
– Eu tenho uma ideia – Henry avisa.

No porão, Amanda e Kato andam de um lado para o outro, com armas na mão, prontos para atirar na primeira criatura que verem pela frente.

– É difícil de acreditar nisso tudo – Lily comenta – Tipo, monstros existem? Até algumas horas atrás, eu diria que era bobagem.
– Eu também – Amanda concorda – Mas não tem como desistir ou ficar com medo agora.

Um ruído que eles reconhecem como um grito, não humano, é claro, é ouvido pelo porão.

– Mas que droga! – Kato exclama, indo até a porta.
– Não! – Amanda o impede – Espere...
– Temos que ajudar, você não ouviu o grito?
– Ouvi – Ela responde – Mas não era da Annabel, ou da Olivia, aliás, não era nem humano.
– O que? – Mary Beth pergunta.
– Nenhum ser humano é capaz de dar um grito assim. Acredite em mim, é pior do que isso.

– Ei! Ei! – Henry gritava no meio da rua – Eu estou aqui, venha me pegar!

Dentro de um beco, do outro lado da rua, Olivia e os outros observavam nervosos. Espero que dê certo, ela pensava.

– É a mim que vocês querem! Venha me p... – Ele é interrompido por uma força invisível que o joga com força contra a parede da casa em frente.

– Henry! – Olivia grita, correndo em direção ao local onde ele foi jogado. Ao chegar ao meio da rua, sente uma força imensa nos quadris, sendo jogada até ele logo em seguida.
– Olivia! – Henry exclama, se levantando com dificuldade do chão – Você está bem?
– Acho que sim – Ela responde, fazendo uma careta de dor ao se levantar.
– Espera – Henry se deita e a puxa para baixo – Não se levante agora – Ele analisa bem o local, nenhum sinal da coisa que provocou aquilo.
– Por quê?
– Vamos chegar até o outro lado discretamente.
– Mas não sabemos onde a criatura está.
– Temos que tentar.

Seus olhos se encontram durante um breve silêncio e ela finalmente concorda.

– Tá bem.

Os dois se levantam e caminham lentamente encostados na parede da casa, atrás dos arbustos.

– Eu vou contar até três e então corremos para o outro lado da rua, tá? – Henry pergunta.
– Sim – Ela responde, e segura a mão dele.
– Um.

O coração de Olivia palpitava mais forte a cada ideia que tinha sobre aquela situação.

– Dois.

Ela sentiu calafrios percorrerem todo o seu corpo, e não era a primeira vez naquele dia.

– Três.

Eles seguraram fortes as mãos um do outro e começaram a correr pelo meio da rua em direção ao outro lado, quando Henry parou de sentir a mão dela sobre a dele.

– Olivia! – Ele se virou, e ela estava lá, caída no chão.
– Minha perna, acho que não consigo andar – Ela exclama.
– Oh meu deus, fique calma – Ele orienta, se ajoelhando no asfalto para socorrê-la, neste momento, Henry sente um ar gelado atingir sua nuca. Infelizmente, ele já desconfiava do se tratava.
– Henry! – Annabel grita, e ele se vira, dando de cara, finalmente, com a criatura. Ela sorria diabolicamente, enquanto seus olhos brancos os fitavam, os cabelos negros dela caiam sobre o vestido da mesma cor, dando uma impressão de que seu rosto era uma face costurada em um manto negro. A criatura se preparava para dar um grito, quando o som de dois tiros o interrompeu, seguido de um gemido doloroso da criatura. Ela sumiu. Na frente deles, Annabel estava parada, segurando a arma que ainda soltava fumaça pelo cano.
– Belo tiro – Henry elogia.
– Obrigada – Ela e os outros vão ajuda-los.
– Vocês estão bem? – Jeremy pergunta.
– Eu estou bem, mas ela precisa de cuidados – Henry responde.
– Não, eu estou bem, só a minha perna está doendo um pouco, mas não é uma boa hora para choramingar, estou certa? – Ela dá um sorriso forçado.
– Você está machucada e precisa de cuidados, vamos até a sua casa – Annabel discorda.
– Não é necessário – Olivia recusa a ideia.
– É sim – Henry diz.
– Você acha que consegue andar até lá? – Annabel pergunta.

Olivia olha para o rosto de Henry.

– É sério isso?
– Claro que sim – Ele responde.
– Ah – Ela resmunga – Tá certo, eu acho que consigo andar até lá.
– Então vamos – Annabel diz.

Olivia se levanta com dificuldade e apoia seus braços em volta do pescoço de Annabel. As duas saem caminhando pela rua cheia de pedaços de pedra e poeira.

– Vamos procurar mais – Henry avisa aos que ficaram.
– Vamos nos separar – Carter sugere – Eu e você podemos ir por ali – Ele aponta para um lado da rua, e o Jeremy e o Sean por ali – Ele aponta para o outro – Sei lá, acho que seria melhor assim.
– Não – Henry discorda – É perigoso demais, acho melhor ficarmos juntos.
– Ele tem razão, juntos temos mais chances de acabar com aquela coisa – Sean concorda.
– Vamos por ali – Henry começa a andar para um beco, Carter, Jeremy e Sean os seguem.

Olivia e Annabel entram na casa. Está escura. Annabel acende a luz e Olivia senta no sofá.

– Preciso que pegue meu kit de primeiros socorros – Ela diz para Annabel – Está nesta última gaveta da estante – E aponta para o móvel de madeira negra no canto da sala.

Ela pega a maleta e Olivia começa a tratar do ferimento.

– Estou com medo – Annabel desabafa.
– O que? – Olivia finge que não entende.
– Eu estou assustada com isso tudo, tipo, eu estava só assistindo televisão quando de repente, boom, acontece isso?

Olivia dá um suspiro.

– É. Todos nós estamos.

Depois de um breve silêncio, Olivia quebra o gelo.

– Terminei, vamos voltar.
– Não, vamos para o porão, ver como estão os outros e ficaremos por lá.
– Mas precisamos ajudar!
– Você não está em condições de correr e sabe disso mais do que todo mundo.

Ela resmunga.

– Então vamos – Finalmente aceita.

As duas percorrem o corredor escuro da casa até chegar à frente de uma pequena porta branca. Annabel segura o trinco gelado e gira, a porta se abre com um rangido sofrido, mas elas se surpreendem com o que encontram lá dentro, ou melhor, com o que não encontram lá dentro. Não há ninguém.


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