Beichte escrita por seethehalo


Capítulo 7
VII


Notas iniciais do capítulo

Pooxa a fic tá acabando... °¬°
Mas tem mais três capitulinhos depois desse, que foi baseado em fatos ocorridos com uma amiga minha.



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     - Música? – perguntou Fatima – Você escreveu uma música aqui?

     - É. E vim buscar. Obrigado, Fatima, por me ajudar a encontrar a minha música. Quer ver?

     - Aham. Disponha.

     Ela foi a única pessoa que leu e se divertiu de verdade com a minha criação.

     - Pretende gravar, Bill?

     - Claro! Se o Tom deixar...

     - Dependendo do que você escreveu aí eu deixo... – Tom disse.

     - Depois você lê, Tom, agora a gente tem que ir pra casa, e montar essa bateria, tem ensaio hoje de novo.

     - Tuudo bem.

     - Obrigado de novo, Fatima. Valeu mesmo por me ajudar.

     - De nada. Precisando...

     - Ah – lembrei – sábado à noite a gente vai tocar no Scheffer. Você tá convidada.

     - Irei. Obrigada.

     - Obrigado você. Tchau.

     - Tchau.

     Tom e eu íamos de volta pra casa em silêncio. A umas duas quadras de casa meu irmão resolveu encher o saco:

     - Se deu bem, hein, Bill? A recepcionista do hospital gostou de você.

     - Você é tão besta!

     - Posso saber por quê?

     - Em primeiro lugar por estar perguntando por que é besta.

     - Afe, você não consegue passar mais de um minuto de bom humor. Ninguém merece.

     - Com você do lado falando essas idiotices é meio difícil manter o bom humor.

     - Dispense meus comentários.

     - Dispensados. São inúteis mesmo...

     - Bill...

     - Quié?

     - Vamos de ônibus? Não aguento mais andar com essa bateria na mão.

     - Dessa vez você tem razão. Mas você tem dinheiro pra passagem?

     - Tenho. Eu pago a sua, aí não fico mais te devendo o lanche.

     - Tá bom.

     Estávamos perto do ponto, então chegamos logo. E estava vazio.

     - Que beleza – eu disse -, o ônibus acabou de passar.

     - Como você sabe?

     - O ponto tá vazio! Que merda! – encostei na placa do ponto pra esperar.

     O tempo ia passando e nada da droga do ônibus aparecer. Dali a uns dez minutos aparece uma velhinha que – pra variar – veio me encher o saco.

     - Mas olha só – ela dizia -, jovem desse jeito e já não consegue ficar em pé?

     - Desculpa, tá falando comigo?

     - E ainda finge que não presta atenção. Não vai me ceder o lugar, não?

     - Que lugar? Que eu saiba a fila dos idosos é mais adiante. Tinha até banquinho, mas tiraram.

     - É exatamente por isso que um molequinho que nem você devia me ceder o encosto. Não tá vendo que tem uma senhora de idade na sua frente?

     - E por que a senhora não se encosta do outro lado?

     - Do outro lado não dá pra ver se o ônibus tá vindo. Anda, guri, me deixa encostar aí.

     - Mas era só o que me faltava! A placa é pública, eu não tenho obrigação nenhuma de sair daqui.

     - Ah, mas esses jovens de hoje não têm a mínima educação. No meu tempo não era assim.

     - Pois é, no seu tempo, mas as coisas mudaram.

     - Será possível que os idosos não têm mais direito nem de encostar na placa do ônibus?

     - E eu não tenho direito, não? Acha que, só porque é velha, é a única aqui que se cansa?

     - Você, com essa saúde toda, se chamando de cansado! Quanta ingratidão! Se tá cansado agora, imagina quando tiver a minha idade!

     - Olha aqui, dona; eu passei a noite no hospital, aguentei o sermão de uma psiquiatra com o nome da minha mãe, tô andando pra cima e pra baixo com uma bateria na mão, tive que correr atrás de um documento, ainda estou suportando essa sua ladainha e não posso ficar cansado?! Ah, e quando tiver a sua idade, com certeza não serei um velho rabugento! Senão espero não estar vivo se tiver que ser um! Ah, dá licença!

     O ônibus chegou e eu fiz questão de passar na frente dela. O Tom também, como de praxe, nem olhou pra cara dela e entrou. Por sorte aquele não era o ônibus dela, então ela ficou no ponto e eu dei tchauzinho pela janela enquanto ela gritava:

     - Mas que desaforo! Sua mãe não te deu educação, não? Quanto atrevimento...

     Então o motorista arrancou e nós fomos embora.

     Ao chegar em casa, tudo o que eu queria era dormir. E foi eu deitar na cama que o telefone tocou. Pensei em berrar para que o Tom atendesse, mas ele tava no banho. E lá fui eu ver quem queria encher o saco.

     - Alô?

     - Bill?

     - Eu. Quem é?

     - Gustav.

     - Ah. Que foi?

     - Tem como cancelar o ensaio hoje? Apareceu um compromisso de última hora e eu vou ter que faltar.


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Notas finais do capítulo

Se minha amiga ler (o que eu duvido muito)... Naomi, você me deu inspiração!!
Enjoy.