Não poderia negar nada a Sam, mesmo que os sentimentos eletrizantes por minha pele estivessem a mil, só por respirarmos o mesmo ar dentro do carro.

Sam parecia distraída em sua troca de mensagens pela viagem até Seal Beach que ficava bem longe do condomínio da Loira. O silêncio se manteve e não era como se pudesse dizer algo normal ou patético como nos velhos tempos. No tempo antigo tudo era mais fácil, não havia sentimentos tão novos e fascinantes por Sam.

Queria não ter esses sentimentos ansiosos e desajustados de admiração pelo simples fato dela respirar dentro do meu carro!

– Qual é Spencer?

– Qual é?

– Tá aí com esses olhares estranhos pra cima de mim! – Olhei rapidamente, e voltei atenção para estrada.

– Nada! Olhar estranho! – Quando falei isso eu gritei! E sim fiz minha pior careta. Foi tipo uma confissão.

– Qual é tá olhando meu decote?

– Eu NÂO! E CHEGAMOS! – Estacionei o carro cantando pneu na manobra e pulei rapidamente para fora. Vi Sam rir enquanto saia.

– Nossa te peguei no pulo!

– Olha aqui! – Gesticulei grande a virei-lhe as costas. – Não vi decote algum! – Gritei quando entrei na portaria do prédio. O porteiro deu um pulo.

– Oh! – O coitado fez voltando de seu cochilo.

– Desculpe Senhor!

– Desculpe aí, mas ele é mentiroso e tarado, cuidado com seu condômino! – Sam comentou com maldade para o porteiro.

– Sam não me provoque!

– Certo então me expliquei que olhares eram aqueles?

– Não havia olhares! E se houvesse, você estava muito ocupada com seu celular.

– Quer dizer que você estava reparando em mim!

– Aonde quer chegar com isso? – Finalmente a fixa caiu. Sam estava me provocando, querendo causar meu desconcerto! Mordi os lábios, muito chateado. Fiz um Escanda-lo por nada!

Estávamos no elevador e Sam fez sua postura de “Quem é você Mané, para me questionar?” – Sou Spencer Shay, um mero Mané que sem ela saber estava aos seus pés para ser pisoteado por sua onda sarcasmo e sadismo.

– Qual é Sam?

– Nada só que se estivesse reparando na minha pessoa seria um elogio vindo de você, – ela encolheu os ombros. Apertei os olhos e a encarei. Analisei aquelas pintas azul-anil misturada ao azul-céu. – Vamos sai da minha frente!

Obedeci e fomos ao meu apartamento.

Ah! Claro esqueci-me do detalhe sobre meu apartamento. Já é difícil se apaixonar por uma garota mais nova, ser flechado bem no traseiro por um cupido estúpido. O cupido foi tão estúpido que me colocou a olhar para Samantha Puckett e se não bastasse eu ter a visto crescer...Eu estava dividindo o apartamento com seu ex-namorado...E sabe que doí mais? Eles não pareciam tão ex. assim.

Abri a porta e me toquei. Sam estava lá para ver Freddie . Bati a cabeça com força contra a porta a fazendo abrir no movimento da chave.

– AH! – Gritei de dor, mas calei como se nada tivesse acontecido quando me deparei com Freddie no sofá jogando gamer.

– Yep Spencer! – O moreno me sorriu, apenas sorri de volta se emoção.

– Hey you!

– Eu digo hey! – Sam cumprimentou Freddie e eu vi ambos se olharem, quis vomitar. Sofri, realmente percebi que os sentimentos por Sam me magoariam como o previsto. Como o justo.

Espere, aí vai à lista dos motivos que o que estava acontecendo comigo não poderia estar acontecendo!

1º 15 anos de diferença!

2º Eu a vi crescer e mudar (foi depois desse crescimento e essa GRANDE mudança que me ferrei legal e por isso estou a fazer essa lista)

3º Melhor amiga da minha irmã caçula!

4º Ex-namorada do meu melhor amigo.

E cara pelo olhar deles nesse instante, acho que estão quase reatando.

Eu nunca chegaria paquerar ela, mas estava sendo estapeado pela realidade de que Sam sim estava sendo fascinante e apaixonante, sendo assim, nunca me olharia como nada mais que o Spencer irmão mais velho da sua amiga.

Tomei a decisão que na manhã seguinte procuraria um médico de cabeça, deveria ter batido muito forte sem perceber e comecei a ter essa percepção sexual, e carnal, e; Meu! O sorriso dela, seu senso de humor, seu jeito de ser com as pessoas ( Fingir que não se importa quando na verdade se preocupa, sempre foi charmoso), sua violência. Poxa.

– Ei! Bobão vai jogar um contra o Freddienerd?

– Não – Olhei de um para outro. – vou dormir! – Era melhor decisão que tomei desde o momento que me apaixonei.

– Ouu medroso!

–Só estou cansado... – falei levantando. Olhei rapidamente para Sam, tão bela com maças do rosto coradas, um belo sorriso nos lábios desenhados.

– Típico de velhos, sempre cansados e com sono!

Vire-me para encara-la. Sério?

Abri a boca tentando responder o que conseguir foi ficar carrancudo e não houve resposta.

– Tchau! – Disse por fim e caminhei para meu quarto, ouvindo Freddie rir.

– Velho! - Ela gritou rindo.

Respirei fundo e sai. Não poderia me deixar levar por sua provocação.

Soquei a porta do quarto, sentindo os nos do dedos doerem e dei pulinhos, mordendo a dor em meus lábios.

Aquele sentimento estúpido! Apaixonado!

Essa altura do campeonato! Com 30 anos nas costas! Tão patético!

Gostava dos velhos momentos quando Sam era uma garota problemática e minha irmã era seu ponto de equilibro. Droga, a garota tinha um coração tão forte quanto seu soco.

Aquela sensação de golpe. Um golpe do destino. Não começou do nada, eu sabia! Não acordei e percebi a loira.

E sempre a vi, via o potencial destrutivo, mas eu a enxerguei sempre, além disso.

Queria poder toca-la e dizer quanto Sam especial e importante...Mas não poderia.

– Spencer? – Levantei o olhar e lá estava loira.

– Oi Sam, vou dormir, é o que velhos fazem, - Olhei o relógio na cabeceira da cama. – Às 9 da noite velhos dormem! Na verdade já passou do horário! – Completei cínico.

– Deixe de ser patético. – Senti bater na minha perna e gemi , porém de prazer e que ela pensasse que foi de dor! Deus! . Sam tinha olhar baixo, reparei porque aquilo virou meu hobby reparar nela.

– Tudo bem?

– Não, não está Freddie disse que vocês não têm comida congelada ou sequer algo para comer sólido por aqui!

Sorri mostrando os dentes.

– Verdades não têm geladeira e na última semana comemos em um restaurante e bar aqui perto. – Expliquei rindo da situação. Sam uma noite sem comida, a garota não chegaria à meia-noite.

– Vocês não tem água por aqui?

– A da torneira tá servindo bem.

– Deplorável!

– Sam, vem coloquei seu jogo!

Ouvi Freddie gritar e a loira sorriu maléfica.

– Não quer me ver da uma surra no Freddiecacá?

Adorava a forma como aquele rosto se iluminava com a ideia de derrotar, derrubar ou quando qualquer violência psicológica ou física passava em sua mente fascinante.

– Não, obrigado! Vou dormi e roncar como um velhote!

– Qual é Spencer, uma hora esta sorrindo na outra faz essa cara de como se estivesse com dor de barriga. É isso está com dor de barriga?

– Não! – Droga eu a olhava com cara de dor? Nossa aquilo não era certo! – Tá tudo certinho com meu intestino.

– Então estou fedendo? – ela levantou os braços e cheirou o próprio sovaco.

Ri com vontade. Ela arqueou as sobrancelhas.

– Nada , só estou melancólico.

– Ah! Cara sai dessa, coisa mais duff! Ei sou um perdedor!

– Certo! Mas não me chame de velho!

– Certo velho, preciso de sua experiência de vida, neste caso, eu posso fazer uma pergunta?

– Pode, se eu responder errado irei apanhar?

– Depende do meu humor...

– E qual é seu humor agora?

– Não sei, mas tende a sua respostar te render um olho roxo.

Gargalhei. E rolei na cama, a loira sentou-se.

– O que uma garota deve fazer para o cara perceber que ela é “ A garota”? – Observei Sam corar com uma rapidez, não tão rápido quanto a pergunta. Corada e olhando para o nada. Segurei meu sorriso. – Se você sequer pensar em sorrir, considere comprar uma cadeira de rodas.

Respirei fundo, aquela pergunta era difícil. Porque para minha total ruina, Sam era a garota perfeita, mesmo que as pessoas normais não enxergassem isso