Aprendendo a Ser Uma Família escrita por WaalPomps


Capítulo 44
Pais e filhos




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O nascer do sol despertou o casal Campana na manhã seguinte, fazendo-os piscar atordoados. Fabinho estava com a cabeça pesada, tal como Giane, apesar de a dela estar menos.

_ Droga, não acredito que pegamos no sono. – reclamou o publicitário – Nossos pais não devem ter tido uma visão muito bonita.

_ Vamos torcer para que estivéssemos bem cobertos. – riu Giane, com a cara enfiada no peito do marido – Olha amor, seus pelos tão ficando brancos.

_ Que pelo branco o que, criatura? Onde que tá branco? Tá tudo lindo e moreno. – ele encarou os poucos pelos do peito – E eu nem tenho quase pelo no peito, para de falar merda.

_ Adoro quando você dá chilique por estar envelhecendo. – ela riu baixinho – Vamos pegar nossas roupas e dar o fora? Não to afim de trombar com meu pai e a sua mãe, depois deles terem visto isso.

_ Apoio. E apoio irmos até a farmácia, comprar uma caixa de aspirinas. – ela riu, se levantando – Desacostumei a tomar porre.

Caçaram as roupas, as vestindo depressa. Giane nem colocou os saltos, para fazer o mínimo de barulho. Abriram a porta com cuidado, saindo devagar. Porém, esqueceram que os pais tinham a mania de acordar com as galinhas, mesmo nos finais de semana.

_ Bom dia crianças, querem tomar café? – perguntou Silvério, já sentado à mesa com a esposa. Os dois coraram, fazendo os pais rirem – Pelo amor de Deus, vocês passaram um ano e meio namorando e morando debaixo do mesmo teto que a gente.

_ Mas vocês nunca viram nada. – resmungou Giane, enquanto os dois se sentavam.

_ Você que pensa minha filha. – o casal arregalou os olhos – A noite em que vocês voltaram a namorar, depois daquela briga pelo que a Bárbara disse?

_ Ai meu Deus, você viu aquilo? – a morena arregalou os olhos, enquanto Fabinho escondia o rosto.

_ Nós dois vimos, na verdade. – Margot corrigiu, e os mais jovens queriam se enterrar no chão – Digamos que o sofá da sala não é um lugar muito escondido.

_ A gente jurava que vocês estavam no Cantaí. – rebateu Fabinho, mortificado.

_ Nós estávamos. Mas a Salma e o Gilson falaram que vocês tinham feito as pazes, e nós resolvemos vir ver como vocês estavam. Foi um pouco de erro nosso, pensar que vocês não estariam comemorando a volta. – riu a mulher, enquanto Giane chegava a tons de vermelho jamais visto.

_ E vocês nunca nos contaram isso? – espantou-se Fabinho.

_ Ora, não é algo legal de se falar. – Silvério deu de ombros – Se você visse a Isabelle ou a Catarina em uma situação dessa, iria querer falar sobre isso?

_ Se algum dia eu ver as duas fazendo isso, entro e castro o infeliz. – rosnou o publicitário, recebendo um olhar cético da esposa.

_ Larga a mão de ser hipócrita, pelo amor de Deus. – ela resmungou – Pai, dona Margot, sinto muito por isso.

_ Já faz dez anos filha, não há mais necessidade de pedir desculpas. – riu o homem – Só tomem cuidado para não serem as crianças a flagrarem isso.

_ Porque o senhor acha que estávamos desesperados a ponto de fazer isso aqui? Porque não podemos fazer lá, para eles não verem. – Giane estapeou o marido – Ah, qual é pivete, eles dois tiveram filhos pequenos também. E nós estamos os filhos.

_ Esse é o tipo de conversa que eu nunca esperaria ter, não com meu pai e a sua mãe. – Giane suspirou – Podemos cortá-lo por aqui? Eu não sei se tem como eu ficar mais sem graça.

_ Claro, claro... Querem pão de queijo? – ofereceu Margot.

~*~

_ Miguel? Miguel? MIGUEL. – o garoto pulou assustado, assim como Pedro. Os dois encararam Marcela, Belle, Catarina e Gabriela – Caramba, como vocês dormem.

_ O que foi Ma? – o menino coçou os olhos, olhando o relógio do tio – São 8h da manhã?

_ É, tá na hora de levantar. – mandou Belle – Temos que brincar antes que nossos pais cheguem, porque depois de ontem, nós todos vamos tomar um belo castigo.

_ Ninguém mandou o Rafa ser desastrado. – reclamou Pedro, coçando os olhos.

_ E por causa disso, a gente que se lascou. – Miguel suspirou – Só vou jogar videogame e ver TV na próxima vida, se continuar assim.

_ Que próxima vida? – perguntou Cat, confusa.

_ Sei lá, outro dia um amiguinho meu da escola disse que nós temos várias vidas. Que a gente morre, e volta para cá. – o garotinho explicou – Eu perguntei para a mamãe, mas ela falou que não sabe se é verdade.

_ Mas se isso for verdade, será que o papai e a mamãe ficaram juntos em outra vida? – perguntou Marcela – E será que a gente se conheceu?

_ Eu não sei. – as crianças deram de ombros – Acho que isso é completico.

_ É complexo, Gabi. Não completico. – Pedro corrigiu a priminha – E porque a gente tá falando disso?

_ Não sei. Vamos brincar de casinha? – propôs Cat, os olhinhos brilhando.

_ Ah, casinha não. – reclamaram os meninos e Belle.

_ Casinha sim. – as outras três bateram o pé – Até parece que você não gosta Belle.

_ Eu gosto, mas vocês só sabem brincar disso. – reclamou a pequena Campana.

_ É porque é legal. – os olhinhos de Marcela brilhavam – Vai ser assim: o Miguel é meu marido, e a Gabi é nossa filhinha, junto com a minha boneca. E a Belle é casa com o Pedro, e a Cat é a filhinha deles.

_ Mas a Belle é minha sobrinha. – lembrou Pedro.

_ Tá bom então: então você é o pai da Belle e do Miguel, e o marido da Belle tá viajando. Pode ser? – concertou a morena, e todos concordaram – Então vamos brincar.

~*~

Na hora do almoço, três carros estacionaram ao mesmo tempo em frente a mansão de Plínio e Irene. O casal Campana, o casal Cardoso e a família Vasquez, desceram dos carros se cumprimentando, e logo todas as atenções eram dirigidas as duas novas crianças.

_ Essa é a Clarinha(https://encrypted-tbn1.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSR93CyptYeR3_gvcZbv3vUzlaDaYMopv4rTLPqWIpfURmskBnW), e esse é o Henrique(http://2.bp.blogspot.com/-F3XSQ8xbX8s/TpnC1zXbpoI/AAAAAAAAA_8/aYsXjfbpmpY/s1600/542506_13412937.jpg). – apresentou Malu. O menino estava no colo dela, e a menina agarrada a sua mão, parecendo tímida – Clarinha, esse é o Fabinho, meu irmão, e a esposa dele, a Giane. E esses são o Caio e a Camila.

_ Tudo bem crianças? – Giane se abaixou em frente a Clara, sendo observada por Henrique. A menininha assentiu, meio envergonhada.

_ Liga não Dida, a Clarinha é meio tímida. – explicou Rafael, abraçando a madrinha pelo pescoço – Mas logo ela se solta.

_ Vamos entrar? – perguntou Camila – Aí eles conhecem as crianças e ficam mais a vontade.

_ Acho uma boa. – concordou Maurício, pegando Clara no colo. A menina se agarrou a ele manhosamente, enquanto eles entravam na casa.

_ Gente, gente, gente. – Rafael entrou pulando, mas parou ao não encontrar ninguém – Ué, cadê eles?

_ Venham ver isso. – Irene apareceu no topo da escada, tentando segurar o riso. Todos se encaminharam por ali depressa, seguindo-a até o quarto de brinquedos, onde Plínio espiava pela porta.

_ Só olhem. – pediu ele, apontando a porta.

Os adultos se aproximaram em silêncio, Rafael entre os pais, Clara espiando pelo vão do pescoço de Maurício. Assim que visualizaram as crianças, a risada foi alta e inevitável.

_ Pai. – reclamou Miguel, que estava emburrado.

_ Desculpa filho, mas você tá um sarro. – o publicitário se apoiou na porta, tentando não cair no chão.

Miguel estava com um lençol amarrado como uma fralda, com Cat cuidando dele. Marcela estava em um canto, enrolada em outro lençol, com Gabi cuidando dela, e Pedro e Belle brincavam com uma cozinha.

_ Posso saber por que você está vestido assim? – perguntou Giane, tentando conter o riso.

_ A gente tá brincando de casinha, mamãe. – explicou Cat – E o Miguel é meu bebê, e a Marcela é bebê da Gabi. O Pedro é o vô e a Belle a outra vó.

_ E porque o Miguel e a Marcela são os bebês, e não o contrário? – perguntou Irene.

_ E que eles eram casados, e papais da Gabi. Aí, eles morreram e nasceram de novo, porque eles são almas gêmeas, que nem aquela novela que passou na TV a tarde. – explicou Belle, e Caio fechou a cara.

_ Ah, qual é? Vocês não me dão folga não? – reclamou o fotógrafo, fazendo os adultos gargalharem mais altos – Ninguém é alma gêmea de ninguém, pode parar com a bagunça.

_ Coloca sua roupa Miguel, por favor. – pediu Giane, entrando no quarto e se aproximando do filho. Ele correu até a cama, pegando as roupas, enquanto a mãe o ajudava a se vestir.

_ Hã, gente, tem alguém aqui para vocês conhecerem. – Maurício e Malu entraram no quarto, com Rafael pulando ao lado. Os pequenos se reuniram em frente aos tios, que se abaixaram – Essa aqui é a Clarinha. E esse no colo da tia Malu, é o Henrique.

_ Meus irmãozinhos. – Rafael comemorou, sorrindo.

_ Ele parece um bonequinho. – riu Cat, parando em frente a Henrique – Ele fala?

_ Só algumas palavras, que nem a Larissa. – explicou Malu – Ele ainda está aprendendo.

_ E você Clarinha? Você fala? – perguntou a pequena.

_ Falo. – respondeu a menininha no ombro de Maurício.

_ Você gosta de brincar de Barbie? Porque aqui na casa da vovó tem um monte. – avisou Gabriela.

_ É. E também tem videogame. – sorriu Pedro, recebendo um sorrisinho – Você gosta?

_ Eu nunca joguei. – a menina tinha a voz baixa e envergonhada, diferente das outras crianças, que falavam alto e animadas.

_ Então vem que a gente te ensina. – Belle estendeu a mão para ela, que se agarrou em Maurício – Relaxa Clarinha, a gente é legal. O Miguel nem tanto, mas o resto é legal.

_ Hey, eu sou seu irmão gêmeo. – indignou-se o menino.

_ E daí? Não é porque eu fiquei com você na barriga da mamãe que você seja legal. – a irmã deu de ombros, enquanto os adultos gargalhavam – Vamos brincar?

_ Pode ir querida, o Rafa vai estar junto. – prometeu Maurício, e a criança assentiu, pegando a mão de Belle. Rafael foi até a mãe, que colocou Henrique no chão. O mais velho pegou o caçula pela mão e saiu andando atrás dos primos.

Logo, todos riam e brincavam, observados pelos adultos.

_ Já pode preparar a mão, maninha. Porque segunda-feira você vai ter uma porrada de documentos para assinar. – riu Fabinho, vendo Malu sorrir emocionada.

_ Eu sei. E isso é ótimo. – garantiu a pedagoga – Vamos deixar eles brincando vai... Daqui a pouco os outros priminhos chegam, e aí a festa é completa.

_ Espere chegar o resto dos avós babões, e aí isso vira um pandemônio. – brincou Giane, enquanto Plínio e Irene faziam bico – Vão negar que são dois avós babões?

_ Claro que não. Só estamos tristes porque vamos ter que dividir a atenção deles. – brincou Plínio, ouvindo a campainha – E começa agora.

O casal mais velho desceu as escadas, deixando os mais jovens para trás.

_ E como foi a noite passada? – perguntou Camila – Quando saímos do Cantaí, o carro de vocês ainda estava lá.

_ Veja bem, sobre noite passada e hoje de manhã... Quero muito apagar da minha memória. – Fabinho suspirou – Não tudo, mas a parte em que nossos pais nos viram dormindo nus no quarto das crianças, e nos contaram que nos viram transando, dez anos atrás.

_ Eles o que? – os quatro amigos fizeram coro, enquanto o casal corava.

_ É uma longa história...


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