Aprendendo a Ser Uma Família escrita por WaalPomps


Capítulo 45
Minha melosinha


Notas iniciais do capítulo

Capítulo escrito as pressas, desculpa se não estiver bom :/



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_ Giane, precisamos ir ao shopping. Agora. – Fabinho entrou na saleta da esposa, bufando alto.

_ Você? Querendo ir ao shopping? – ela virou na cadeira, assustada – Qual é a emergência?

_ Você sabia que nossos filhos não sabem andar de bicicleta?

_ Claro que sabia. Nós nunca ensinamos, e na Casa Verde eu sei que eles não aprenderam. – ela deu de ombros, voltando ao que fazia – E eles são espertos, mas não ao ponto de aprender a andar de bicicleta sozinhos. E sem ter bicicletas.

_ Esse é o ponto. – ele caminhou até ela, virando sua cadeira – Eles não têm bicicletas, não sabem andar... Nossos filhos são quase lesados.

_ Amor, não é maldade não... Mas hoje em dia, andar de bicicleta não é mais tão “maneiro” assim. – ela riu da cara dele.

_ Qual é? O maior moleque de rua de todos os tempos defendendo que as crianças passem o dia no videogame e TV? – ele alfinetou, fazendo-a bufar.

_ Fabinho, eles jogam bola, brincam na rua da Casa Verde, brincam a manhã toda na escola, saem com a gente nos finais de semana... – ela enumerou – Nossos filhos não são bitolados, pelo amor de Deus.

_ Mas pensa pivete, o quão legal seria vê-los em cima da bicicleta, pedalando sozinhos, sentindo o vento no rosto...

_ Caindo e ralando os joelhos. – ele gargalhou – Que foi, ô animal?

_ Agora entendi porque você nunca falou nada... Você tá com medo deles se machucarem. – ela fechou a cara para o marido – Ah Giane, tem dó. Você tem uma cicatriz enorme no queixo, de estripulia que fez quando era criança.

_ Agora eu to errada por querer prezar pelo bem estar físico dos nossos filhos? – ela perguntou, irritada.

_ Não, você está apenas sendo mãe. – ele riu, lhe dando um selinho – Mas amor, eles precisam aprender tudo que pudermos ensinar. Ou então, eles vão aprender sozinhos e vão quebrar a cara, e outras partes do corpo, muito mais.

Ela cruzou os braços e fez bico, e ele soube que havia ganhado a discussão.

~*~

_ Minha bicicleta é da Barbie. – cantarolava Catarina, enquanto Fabinho puxava a bicicleta de Miguel e Belle, e Giane vinha puxando a da pequena – E tem cestinha, para eu colocar florzinha.

_ Tá bom pirralha, já entendemos da primeira vez. – bufou Miguel, recebendo um olhar feio do pai – Que foi?

_ Não chama sua irmã de pirralha. – suspirou Fabinho.

_ Mas é o que ela é. – Belle defendeu o gêmeo – Uma pirralhinha.

_ Deixa eles, papai, eles são bobos. – Catarina correu até o pai, segurando a mão dele sobre o guidão da bicicleta do irmão.

_ Essa daí realmente nasceu errada. É calma demais para ser filha nossa. – riu Giane, enquanto a família parava em um canto do parque.

_ Acho que é porque não fizemos ela em uma reconciliação de briga. – brincou Fabinho – Ela foi feita no meio de melosismo, e aí deu nisso.

_ O que é fazer no meio do melosismo? – perguntou Belle, e os pais riram.

_ Quando você ficar mais velha, a gente conversa. Agora, vamos colocar os equipamentos de proteção. – mandou Giane, e Fabinho bufou.

_ Pelo amor de Deus, pivete, deixa de neura. As bicicletas de rodinhas. Se eles caírem de bicicletas com rodinhas, é porque você derrubou eles do berço. – ela o fuzilou – Eita, calma, to brincando.

_ Ser prevenida nunca é demais, está bem? – ela perguntou, enquanto colocava o capacete em Belle – Coloca o capacete no Miguel, e aperta bem. Não quero ele levando ponto de novo.

_ Eu já levei ponto? – perguntou Miguel, surpreso.

_ Você tinha três anos, e bateu a cabeça na quina do móvel da TV. E levou dois pontos pequenos, mas a sua mãe tem que dramatizar. – brincou Fabinho, colocando o capacete no filho – Quem vê, pensa que ela foi uma criança comportada.

As crianças riram, enquanto Giane apenas bufava. Logo, os três estavam devidamente equipados, prontos para começarem sua grande aventura. Prontos em teoria, porque na prática, a história era outra.

_ Vem Cat, mostra para os seus irmãos que você é corajosa. – Fabinho riu do medo dos filhos de subir na bicicleta. A caçulinha saiu pulando até o pai, que a ajudou a subir na pequena bicicleta. Ele a ensinou como deveria pedalar e a apoiou no banco, enquanto ela começava a pedalar de maneira vacilante.

Logo, a menina havia pegado o jeito e pedalava sozinha, enquanto Fabinho observava, sorrindo largo. Virou-se para os mais velhos, vendo Belle correr em sua direção. Foi com ela até a bicicleta, repetindo com ela o que havia feito com Catarina. Não tardou para a menina estar com a irmã, as duas circulando o pai com suas bicicletas.

_ Você não vai, filho? – perguntou Giane, acariciando a cabeça de Miguel. Ele mordeu o lábio.

_ Eu to com medo de fazer feio e a Belle me zoar. – Giane riu – Ah mamãe, você também não, né?

_ Claro que não, meu amor. – ela o abraçou – Mas não tem porque se preocupar. Andar de bicicleta é fácil. Ainda mais que você vai estar com as rodinhas.

_ Mas rodinha é coisa de criança pequena. Eu quero tentar sem as rodinhas. – ele explicou, e a mãe assentiu – Eu posso?

_ Pode. – ela se abaixou, soltando o pino que havia na rodinha e segurando a bicicleta de pé – Tem certeza disso?

_ Tenho. Eu consigo. – ela sorriu, vendo a própria determinação no menino.

O ajudou a subir na bicicleta. Sentiu-o tremer no banco, e o ajudou a ficar firme.

_ Devagar, um pouquinho de cada vez. – ela orientou, enquanto ele começava a pedalar. Era pesado manter o menino na bicicleta, mas se ele havia pedido para ela, era porque confiava na mãe, mais até do que no pai.

Era assim entre eles: enquanto Belle e Catarina eram um grude com Fabinho, Miguel era mais próximo dela, mais apegado e carinhoso. Nunca havia entendido ao certo o porquê, mas não se importava. Amava os filhos igualmente, e sabia que eles sentiam o mesmo. Mas afinidade, é algo que não tem exatamente a ver com o tanto que se ama uma pessoa.

_ Mamãe, pode me soltar. – avisou Miguel, após um tempo – Eu consigo ir sozinho.

_ Tem certeza? – ela perguntou, vendo o filho assentir – Então vai...

Ela soltou a bicicleta com o coração na mão, vendo o filho oscilar em um primeiro momento. Mas logo ele se firmou, começando a arriscar algumas curvas. A corintiana suspirou, sentindo um par de mãos em sua cintura.

_ Eu repito: uma hora você vai ter que soltar eles. – Fabinho riu, recebendo uma cotovelada – Eles estão crescendo pivete, não tem o que possamos fazer em relação a isso.

_ Eu sei. – ela suspirou, se aninhando ao marido – Mas eu queria que eles ficassem para sempre pequenos, nossos bebês.

_ Ah, qual é? Quer gente chorando toda vez que formos fazer sexo? – ela gargalhou, enquanto ele ria baixo – Eu to contando as horas para eles irem para a faculdade, e deixarem a casa livre para nós dois.

_ Ah vá, que tenho certeza que vai chorar que nem criança o dia que eles saírem de casa. – ela brincou, observando os filhos.

_ Claro que vou. Mas você vai me fazer sentir melhor, dois tempos depois. – ele beijou a cabeça dela – Mas relaxa tranqueira, ainda temos um longo tempo até isso acontecer.

_ Que seja bem longo. – ela suspirou – Bem longo mesmo.

_ Mamãe, olha, eu to conseguindo. – gritou Catarina, feliz em sua bicicleta. Belle pedalava o mais depressa que conseguia, com Miguel em sua cola. Porém, o menino ainda não conseguia se equilibrar direito sobre o novo veículo, e não tardou a levar um tombo feio, que fez os pais correrem desesperados ao ouvir o choro do menino.

_ Hey, calma, calma. – Fabinho se abaixou em frente ao filho, enquanto Giane se ajoelhava atrás e o puxava para seu colo – Calma, não foi nada.

_ Meu joelho. – choramingou Miguel, e Fabinho viu que a joelheira havia caído mais para trás. Ele observou a perna do menino, que estava comum ralado grande – Dói.

_ Dói mesmo, mas logo passa. – prometeu Fabinho.

_ Eu não quero mais andar de bicicleta. – Miguel fez bico, enquanto os pais riam.

_ Você ainda tá aprendendo carinha, no começo é assim mesmo. – Fabinho ajudou o filho a levantar, enquanto Giane apanhava a bicicleta – Com o tempo, você vai aprender a se equilibrar melhor.

_ E não vou mais cair?

_ Você sempre pode cair Miguel, da bicicleta, jogando bola. – os pais caminhavam com ele até um banco, enquanto Belle e Cat continuavam a pedalar, alheias a tudo – A gente cai para aprender a levantar.

_ Isso não faz sentido. – o menino reclamou.

_ E o que faz? – perguntou Fabinho, sentando o filho no banco – Relaxa filho, logo você vai estar andando sem as mãos e com um pé só.

_ Não inventa Fábio Campana, pelo amor de Deus. – Giane bufou, mas Miguel continuava com cara de choro – Vem aqui, que eu faço parar de doer.

_ Como?

_ Com colo. – Giane puxou o filho para seu colo, e o menino se aninhou a ela – Meu homenzinho dengoso.

_ Mas é melosinha de tudo, impressionante. – ela mandou a língua para o marido, enquanto Miguel ria – Tá vendo? Ele gosta é quando a gente briga. Moleque danado.

_ Pareço com você, né papai? Não tinha como ser diferente. – Giane gargalhou alto, enquanto Fabinho fazia cara de ofendido.

_ Chega, depois dessa eu vou é ficar com as minhas filhas. Porque elas sim em amam. – ele se levantou, saindo teatralmente, enquanto mãe e filho riam.

_ O papai é meio maluco.

_ Ah filho, todos nós somos um pouco. – suspirou Giane, beijando os cabelos do garoto – Tá melhorando?

_ Tá sim. – ele deu um sorriso largo para a mãe – Vai ter que passar aquele remédio que arde?

_ Vai sim. Mas a mamãe sopra e dá beijinho, aí melhora. – o menino sorriu, abraçando a mãe de novo.

E Fabinho só sorria ao longe, observando o que ele chamava de “o melhor momento da sua melosinha”.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado ;@