American Idiot escrita por Raquel C P


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Esse ficou pequeno, mas amanha eu posto mais um... espero que gostem! :D



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Percy

– Que noite... – Eu soltei o ar que prendia desde o momento em ela havia saído do carro. Bati com a cabeça no volante do Prius e senti a dor aguda do pequeno galo em minha testa. Sorri com essa lembrança. Nunca havia levado ninguém até aquela parte do parque, e a primeira pessoa que levo não sai de minha cabeça. Aqueles olhos cinza, sempre pensativos, os cachos loiros que caiam despreocupadamente sobre seus ombros e o nariz levemente enrugado quando contrariada, eram insuportavelmente marcantes. Balancei a cabeça. Isso já esta ficando ridículo.

Tirei o cinto de segurança e abri a porta, saltando apressadamente por ela e batendo-a em seguida, sem esquecer de trancar o carro com o alarme. Comecei a caminhar pelo caminho de pedras que levava a porta branca da casa vitoriana, pintada recentemente de azul claro. Revirei os olhos, minha mãe e suas manias de azul.

Cheguei à porta e só então me dei conta do vento gelado que fazia os pelos de meus braços se arrepiarem. A maluca ainda estava com a bendita jaqueta. Como podemos esquecer? Reprimi o sorriso que lutava em aparecer em meus lábios e abri a porta. A sala, aparentemente escura, era iluminada apenas pela televisão, na qual passava um comercial de eletrodomésticos. Cheguei perto do sofá e deitados no chaise estavam Paul, meu padrasto, e minha mãe, Sally, deitada em seu ombro. Eles formavam um casal legal. Por um momento cogitei acorda-los, mas depois percebi que eles estavam realmente confortáveis assim e decidi deixa-los aproveitar esse momento.

Caminhei até a cozinha e peguei um muffin azul. Ainda estava quente. Subi as escadas ainda saboreando o curioso, mas comum muffin azul, e quando entrei no meu quarto a primeira coisa que fiz foi me jogar na cama. Fiquei um tempo encarando e teto branco, sentindo um estranho desconforto e curiosamente, frio, o qual antes não passava de um detalhe, mas agora me atingia fortemente, mesmo estando protegido dentro de casa. Era um frio novo para mim, e pior ainda, um que não me abandonou a noite inteira.

– Eai cara... – Nico aproximou-se, ajeitando a mochila preta que caia pelos ombros. Acenei com a cabeça, cumprimentando-o. Ele estava como sempre: calças jeans e jaqueta negras, da cor de seus cabelos, os quais faziam contraste a sua pele pálida, e camiseta laranja do colégio.

– Como foi o jantar em família? – Perguntei enquanto andávamos pelos corredores, desviando das pessoas.

– Ah... foi a mesma droga de sempre desde que a Bianca se foi. – Ele respondeu franzindo a testa. Virei à cabeça para olha-lo, mas ele continuava a olhar para frente, andando decidido. Nico estava finalmente superando. Desviei o olhar.

– Pense assim, qualquer jantar em família que envolva tanto o meu pai, quanto o seu e o nosso querido tio, pode ser bem pior do que os em família fechado. – Paramos perto do meu armário, 446. – E você sabe que eu não estou exagerando. – Comentei olhando-o enquanto abria a porta cinza de metal.

Nico franziu os lábios e assentiu devagar.

– Infelizmente – Ele colocou uma das mãos em meu ombro. – Você esta certo. – E saiu andando em direção a seu próprio armário, bem distante do meu.

Eu comecei a tirar livros da minha mochila e joga-los no armário, trocando-os por outros. Bufei, eu nunca fui um aluno brilhante, mas por alguma razão passei na prova para esse lugar, mesmo detestando estudar. Só mais um ano e meio.

Assim que bati a porta metálica vi de relance a cabeleira loira de Annabeth Chase. Não contive o sorriso e virei para olha-la. Ela estava com a cabeça erguida e olhava ao redor, diferente dos outros dias quando seguia olhando para baixo e com os fones de ouvido, que eu não duvidava nada que estavam no máximo. Ela continuou revistando o corredor com seus olhos tempestades. Eu continuava sorrindo e olhando-a do longe, encostado nos armários de braços cruzados.

Ela vestia um suéter cinza, da cor de suas íris, por cima da camiseta laranja do colégio. Não carregava mochila, não deve nem ao menos ter ido ao seu armário ainda. Em sua mão direita, pendia uma jaqueta branca grande de mais para ser dela. Sorri mais largamente, ela procurava por mim. Bom, esperei até que me achasse.

Depois de alguns segundo seus olhos pararam em mim. Ela parou de andar e cruzou os braços, me olhando brava por estar claramente caçoando dela. Eu ri alto, ela revirou os olhos e andou em minha direção. Assim que chegou perto resmungou:

– Engraçadinho... – Ela parou na minha frente. – Sabia que eu estava te procurando, isso foi sacanagem.

Dei de ombros.

– Foi engraçado.

Ela estendeu a jaqueta.

– Aqui, não vá esquecê-la de novo Cabeça de Algas.

– Eu não fui o único a esquecê-la Sabidinha.

Ela enrugou o nariz.

– A comida me distraiu.

Revirei os olhos.

– Claro... – Sorri novamente e peguei a jaqueta. Abri o meu armário e a joguei para dentro. Virei novamente para Annabeth, a qual tinha uma expressão curiosa.

– Esse é seu armário?

Franzi a testa.

– Mas não esta na cara?

Ela fez cara de brava novamente.

– Mas só me faltava essa... – Resmungou baixinho. Não entendi, mas decidi não perguntar.

– Bom... – Falei e ela ergueu seus olhos até os meus. – Agora você não terá mais desculpas para vir falar comigo. – Ela corou e balançou a cabeça. Adorável.

– Você parece mais decepcionado do que eu. – Ela sorriu. – Porém, se continuar a me encarar como estava fazendo hoje, talvez eu não te dê um passa-fora quando vier me procurar.

– E o que te faz pensar que eu quero procura-la Sabidinha? – Desafiei-a, me inclinando em sua direção.

Ela se aproximou mais de mim e falou bem baixo, próximo ao meu ouvido.

– Essa sua cara de bobo, Cabeça de Algas. Mas vê se não baba da próxima vez. – Eu não tinha respostas para isso. Sentia as bochechas quentes. Annabeth afastou-se sorrindo, ainda de braços cruzados. Abusada.

Encarei as suas costas, ainda de bochechas quentes, quando a vi parar no armário 437, do outro lado do corredor em minha diagonal. Agora entendi o porquê dos resmungos, não nos veríamos apenas em algumas aulas, mas sim sempre que fossemos aos nossos armários. Inacreditável.

Revirei os olhos e sorrindo, segui para a aula de Trigonometria.


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Notas finais do capítulo

O que acharam??
Até o proximo! :3