Ouço uma voz rouca atrás de mim e afasto Charlie.

– Lucy?– Charlie estava confuso.

Christopher.

Toda a bebida e a pena estavam pedindo para voltar. Pude sentir meu estômago queimar e minha cabeça começou a girar. O arrependimento era meu aliado agora. Este não era o meu melhor aniversário.

Eu tentei o chamar, droga.

Eu não devia ter feito isso.

– Chris. - Eu falei com a voz arrastada. Eu sentia meu corpo ficar mais leve. - Charlie... Me deixa em pa...

E tudo depois ficou escuro. Eu ouvi vozes me chamando. Eu ouvi Ashley.

Eu não ouvi Chris.

– Lucy. LUCY!

Eu o magoei.

**

– Lucy? Amiga? - Pude ouvir uma voz feminina ecoar pelo lugar.

Minha cabeça ainda estava queimando e eu ainda estava zonza. Esforço-me para sentar na cama e abro os olhos devagar.

Eu estava em meu quarto.

– Ashley? - Digo com a voz arrastada novamente.

Afago os lençóis de minha cama e vejo o anel que Christopher havia me dado. Eu havia me lembrado.

– Como eu vim parar aqui? - Pergunto confusa.

Tudo o que eu desejava naquele momento era que essa dor passasse.

– Bryan e eu te trouxemos. Lucy o que foi aquilo? - Pausa - O seu desmaio? Você o magoou. - Ashley falou fitando o chão com um ar preocupado.

Isso era tudo que eu não queria ouvir no momento. Minha cabeça estava quase explodindo. - E eu tinha medo de que estas fossem minhas ultimas palavras.

Lucy, sem dramas.

– Eu não sei. - Eu sabia sim o porquê de ter feito aquilo. - E disso eu sei.

– Me explica isso direito

– Foi assim, eu estava lá de boa conversando com ele. Algo normal, não? E eu já devia ter tomado uns cinco copos de vodka e black white. Eu estava exausta. Até que ele veio com o papo de que ainda gostava de mim, de que queria ficar comigo e ele estava todo chateado. Já são exatamente dois anos seguidos que ele me pede isso. Eu fiquei com pena dele. -Ashley ouvia tudo atenciosamente. - Seria apenas uma noite certo? Errado. Christopher apareceu e aí tudo começou a ficar horrível e a girar e cá estou eu.

Ashley havia levantado da poltrona do quarto e sentado na cama, ao meu lado.

– Lucy... A bebida foi forte mesmo. - Ela disse sorrindo. - Uau! Você teve pena de alguém.

Eu sorri e joguei um travesseiro na cara dela.

– Ai! Bruta. Você precisa explicar isso pro Chris. - Ela disse fitando o anel em minhas mãos.

– Eu sei, por que ele fica assim quando me vê com alguém? Eu o vejo com várias garotas e não tenho nenhum ataque.

E é verdade.

– Mentirosa! Teve algumas vezes que você ficou chateada. - Ela falou rindo.

– É, mas eu não fiquei como ele. Você está chateada com o que eu fiz em relação ao Charlie? - Pergunto agora fitando também o anel e o colar que estavam em minhas mãos.

– Não, era só a bebida. Eu sinto falta do Charlie, ele me dava dinheiro quando eu pedia. - Ela diz fazendo uma cara tipo, "que foi? Ele só serve pra isso”.

Sorrio.

– Tapada. - E então a dor piorou. - AHHH! Socorro, eu vou morrer.

– Ah, é. Eu trouxe esses comprimidos, toma. Aqui tem água. - Ela me entregou alguns comprimidos de cor amarelada.

– Obrigada.

Eu tomei aquilo e pude me sentir um pouco melhor.

O que eu mais desejava no momento era um banho. Levanto com dificuldade da cama e pego meu nécessaire.

– Eu vou tomar banho, Ash.

Eu pude escutar um “o.k’’, mas não o respondi.

Eu estava horrível. Cabelos emaranhados, meu lápis de olho estava todo borrado.

**

– Tenta falar com ele. Hoje é sábado, vai até a casa dele. – Ashley dizia enquanto encarava Bryan pegando salgadinhos para gente no armário. – Anda logo tartaruga. BRYAN.

Eu estava na casa de Ashley, Bryan até que estava se tornando “amigo” de Chris. – Ele havia me dito também que Chris estava me evitando.

E eu precisava resolver tudo isso.

**

– Ahn, olá. O Chris tá aí? – Pergunto depois de ser atendida pela mãe de Chris.

– Ah claro, entre. – E então os irmãos de Chris me rodearam e começaram a gritar.

– CHEGOU A NAMORADA DO CHRIS LA LA LA. – Eles cantavam juntos.

Eu sorri e peguei a irmãzinha dele no colo.

– Oi Lu – Ela diz envergonhada.

– Olá. Onde está o Chris, Mellanye? – Pergunto sorrindo.

– No quarto. – Ela diz sorridente.

– Obrigada.

Coloco Mellanye no chão e sigo para o quarto de Chris.

Uma, duas, três batidas na porta e nada dele abrir. Resolvo ignorar e entrar no quarto.

– Christopher? Ah, oi. Eu preciso falar com você. – Ele estava sentado na cama lendo uma revista sobre carros e afins.

– Oi – Foi à única coisa que o garoto respondeu logo após fechar a cara.

– Você está com raiva de mim, eu te conheço.

– Não estou, Lucy não me interessa o que você fez, faz ou deixa de fazer. – Ele me respondeu do jeito mais frio que pôde.

– Percebi depois que você foi embora. Chris eu... – Ele me cortou antes que eu pudesse explicar tudo.

Eu queria matar ele.

Eu podia matar ele.

– Lucy eu quero ficar sozinho. Não fala comigo, o.k?

– Christopher, eu vejo você com várias garotas, sempre vi e nunca falei nada. Quando quiser falar comigo novamente, eu talvez não vá mais estar aqui. Eu estou tão cansada disso. – Eu podia sentir minha cabeça começar a doer de novo. Era como se estivessem me dando agulhadas.

Meus olhos começaram a arder, eu não iria chorar.

– Lucy...

– Tchau Christopher – E então eu sai do quarto dele e desci as escadas o mais rápido que eu pude.

Eu não iria ficar ali nem mais um minuto sequer.

As lágrimas quentes começaram a cair por todo o meu rosto. A dor havia voltado. Eu odeio isso.

Chego em frente à casa de Ashley e desacelero os passos.

Toco a campainha e logo depois sou atendida por Ashley toda preocupada.

– Lucy! Você está chorando?

– Sim. Ah! Eu preciso dormir ou eu vou desmaiar. Isso dói. – Digo vistoriando a casa com os olhos procurando por Bryan. – Eu não quero ir pra casa, Ash.

– Fica aqui, sei lá. Não desmaia.

Sorrio com o desespero da garota.

– Se fizer algo, ou tentar, eu vou te enforcar, Collins.

– Nem passando mal você muda meu Deus Mcclair!

E então eu deitei no sofá da garota e tudo escureceu novamente.