Foi no Instituto de Durmstrang... escrita por Sensei, KL


Capítulo 33
O Baile de inverno está próximo...!


Notas iniciais do capítulo

Ganhou o capitulo todo grande pessoas. Espero que gostem *-*
Antes de tudo que gostaria de explicar umas coisinhas:
Esse ano do torneio tribruxo será o ano em que eu vou parar de seguir a história original e fazer tanto Harry, Rony e Hermione quanto os meus próprios personagens tomarem seus próprios rumos.
Por que Tia Mika?
Ora, por que é o que acontece! As pessoas entram na nossa vida e mudam quem nós somos, as influências de outros podem nos afetar de jeitos diferentes. Harry, Rony e Hermione tiveram sua vidas mudadas com a presença de Lyra, Nate e Rose, por causa disso eles conheceram pessoas novas e as coisas que eles viveram ficaram diferentes, Harry não é mais um garotinho assustado, ele tem Lyra para segurá-lo quando ele cair e tem uma irmã, a Rose, para cuidar. Rony não é mais tão inseguro quanto antes por que Nate e Harry se tornaram seu amigos e estão sempre apoiando ele. Hermione é mais segura de si mesma, é mais mulher, por que foi dada a ela a chance de conviver com uma melhor amiga, a Lyra, coisa que ela não tinha antes. Tudo o que eles eram deixou de existir. Por isso, sim, ainda seguirá o ritmo da história, mas é aqui que vocês se despedem de tudo que viram antes... Precisei de três temporadas e meia, mas é hoje que as coisas vão mudar.
Câmbio e desligo
PS: Para quem quiser saber, a música que Lyra começa a cantar é American Boys do Halestorm, a do link:
https://www.youtube.com/watch?v=VCk9Iv4e4Dg



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Olhem as notas iniciais, importante! 

PDV Lyra

Naquele baile as coisas aconteceram do jeito mais estranho e maravilhoso que podiam acontecer...

E naquela noite quando eu deitei para dormir com Hermione as coisas ainda estavam frescas na minha cabeça, disparando sensações estranhas nos meus membros. Eu não sei exatamente como tudo aconteceu, mas pensando nisso, era naquele jeito que tinha que acontecer.

Eu só tinha que aceitar as coisas como elas são.

—--

Foi na aula de transfiguração, quando eu estava sentada ao lado de Hermione, que a a professora Minerva deu notícia do baile. E, me lembrando agora de como tudo aconteceu, aquela notícia não poderia ter vindo numa hora melhor.

— O Baile de Inverno está próximo, é uma tradição do Torneio Tribruxo e uma oportunidade para convivermos socialmente com os nossos hóspedes estrangeiros. Agora, o baile só será franqueado aos alunos do quarto ano em diante, embora vocês possam convidar um aluno mais novo se quiserem...

Lilá Brown deixou escapar uma risadinha aguda. Parvari Patil deu-lhe uma cutucada nas costelas com força, o rosto contraindo-se furiosamente enquanto ela, também, lutava para não rir feito boba. As duas viraram a cabeça para olhar Harry. A professora fingiu não vê-las.

Hermione e eu nos olhamos, pensando nas possibilidades...

— O traje é a rigor - continuou a professora -, e o baile, no Salão Principal, começará às oito horas e terminara a meia-noite, no dia de Natal. Então...

A Profa McGonagall olhou deliberadamente para a turma.

— O Baile de Inverno naturalmente é uma oportunidade para todos nós... hum... para nos soltarmos - disse ela em tom de desaprovação.

Lilá deu mais risadinhas que nunca, tampando a mão com a boca para abafar o som. Merlim, como essa garota é irritante!

— Mas isto não significa - continuou ela - que vamos relaxar os padrões de comportamento que se espera dos alunos de Hogwarts. Ficarei seriamente aborrecida se, de alguma maneira, um aluno da Grifinória envergonhar a escola.

A sineta tocou e ouviram-se os costumeiros ruídos de gente guardando o material nas mochilas e atirando-as por cima dos ombros. Hermione já ia saindo da sala quando eu segui o exemplo, mas parei quando a professora chamou, sobrepondo-se ao barulho geral:

— Potter, uma palavrinha, por favor.

Nate que estava andando a saída parou ao meu lado. Harry dirigiu-se à escrivaninha da professora. A Profa McGonagall esperou até o resto da turma sair e nos olhou fixamente esperando que fôssemos também.

—Entendi o recado. –Falei sorrindo e puxei Nate.

Nós paramos do lado de fora da sala.

—Nate! –Pedi.

Ele já sabia o que eu queria, então fechou os olhos se concentrando em ouvir a conversa.

—Ela está falando sobre os campeões e os pares, mas Harry não parece muito feliz em saber que tem que dançar com uma garota.

—Será que ele não sabe dançar? –Me perguntei.

—Ele está dizendo que não dança – disse Nate depressa. –Mas Mcgonagall não gostou disso. Parece que é uma tradição que os campeões representem a escola.

—Mcgonagall não vai aceitar isso.

—Não aceitou mesmo. Ela não está aberta a discussões. –Ele explicou. –Harry está saindo.

Quando Harry saiu da sala nos encontrou ali na porta, ele sabia que Nate havia escutado a conversa e que tinha me contado, ficamos ali parados, meio sem saber o que dizer.

—Nate... –Harry falou.

Nate sorriu de lado e acenou que sim com a cabeça.

—Vejo vocês mais tarde. –Ele disse e saiu andando.

Olhei de um para o outro e era como se eles tivessem trocado algum tipo de mensagem subliminar que eu não havia percebido. Quando eles dois haviam se tornado tão próximos assim?

Harry ficou parado a minha frente, sem jeito, nervoso, ansioso, confuso, tudo junto.

—Acho que a gente devia logo resolver isso, não é? –Perguntei.

Ele sorriu.

Fomos andando um ao lado do outro, calados, sem direção, acabamos por parar no corredor dos troféus, Harry olhou para aquelas taças douradas, uma do nosso terceiro ano, quando ganhamos o campeonato de Quadribol.

—Esse dia foi incrível. –Ele comentou.

—Foi mesmo. –Confirmei. –A gente estava tão assustado em perder depois de todas as coisas que deram errado nos anos anteriores.

—Mas nós vencemos. –Falou.

—Sim. Nós vencemos. –Concordei.

Ele virou para me olhar.

—Tem poucas coisas que eu me lembro daquele momento, tudo era um borrão de vermelho e dourado, mas você estava lá olhando para mim, sorrindo, feliz. Essa é uma das coisas mais claras da minha cabeça e sempre que penso em você eu lembro dessa cena.

Aquilo me fez perder uma batida, eu sorri sentindo vontade de chorar e não sabia bem o por quê.

—Eu não entendo onde você quer chegar com tudo isso, Harry, depois do que aconteceu logo antes da primeira prova você e eu estamos meio desencaixados, é como se não nos conhecêssemos mais. –Expliquei.

Ele acenou que sim com a cabeça.

—Acho que você tem razão, eu estava me sentindo meio desencaixado. Você é uma garota bonita, Lyra, e eu nunca pensei que fosse fazer aquilo, na hora foi meio que um impulso. –Ele remexia as mãos, nervoso.

Merlim! O pobre garoto não tinha um pingo de sangue no rosto.

—Está se declarando para mim Harry? –perguntei meio engasgada.

Ele arregalou os olhos.

—Não! Não é isso! Eu definitivamente não estou me declarando para você.

Ele riu e eu ri também, uma risada nervosa, aquela situação era TÃO estranha!

—É que você está me elogiando e depois do beijo estou meio sem saber como você se sente em relação a mim. –Fui sincera.

—É que eu estava me sentindo tão abandonado por todo mundo! E você estava lá, então eu fiz aquilo. Depois eu fiquei me sentindo tão idiota, por que eu não sabia o que eu estava sentindo exatamente, foi quando eu achei isso. –Ele virou tirando a mochila das costas e colocando no chão, de lá de dentro ele puxou uma roupa.

Eu me aproximei quando ele mostrou um casaco, era pequeno e não cabia mais em nenhum de nós dois, mas eu peguei no tecido, emocionada.

—Harry... –Ofeguei surpresa, meus olhos se encheram de lágrimas.

Era o casaco que dei de presente a Harry no dia em que nos vimos pela primera vez, no zoológico.

—Estava no meu malão, eu havia esquecido ele lá, como se já fizesse parte das minhas coisas. –Explicou. –Quando eu encontrei ele foi como se eu lembrasse de tudo que aconteceu com a gente.

—O zoológico. –Falei.

Ele acenou com a cabeça.

—O zoológico, a plataforma 9¾, Hogwarts, beco diagonal, minha casa, caldeirão furado, dormitório da grifinória, Toca... Você está sempre lá. Eu só não queria perder isso.

—Do que você está falando? –Perguntei confusa. –Você não me perdeu Harry.

—Você jura? Jura que ainda sou o seu irmão mesmo depois de ter feito algo idiota e confundido tudo o que eu sentia? –Perguntou.

Eu ri.

—É claro que sim! Seu idiota.

Eu o abraçei, Harry retribuiu o abraço com força. Algumas lágrimas traiçoeiras correram pelo meu rosto.

—Eu conversei com Rose e ela disse que eu devia falar com você e explicar tudo, ela disse que você não ia ficar com raiva nem nada assim, mas eu estava assustado. –Ele riu.

—Rose sabe? –Perguntei surpresa.

—Sabe. Mas foi só depois de falar com Nate que eu tive coragem de vir conversar com você e explicar tudo. Ele disse que não sentiu ‘O cheiro’ em nós e que eu definitivamente não gostava de você desse jeito. Eu não entendi bem essa coisa de cheiro, mas ele disse que você ia entender.

Eu soltei uma gargalhada limpando o rastro de lágrimas da minha bochecha.

—Ferômonios. –Expliquei. –Ele não sentiu que estavamos atraídos fisicamente. Ele devia saber que estávamos confusos, só isso.

—Então está tudo bem? –Ele perguntou. –Você não está mesmo magoada comigo pelo que eu fiz?

Eu estava tão feliz que só consegui rir com aquela pergunta.

—Não. Você é meu irmão Harry, não vai se livrar de mim tão fácil.

Ele sorriu.

—Que bom, por que eu estava querendo chamar você para o baile e evitar uma humilhação pública de convidar outra garota.

Eu olhei para ele me fingindo de ofendida.

—Está me usando senhor Potter?

—Por favor? –Ele implorou.

—Harry, que tipo de pessoa eu seria se fizesse você perder essa experiência adolescente tão excitante? –Questionei rindo.

—Do tipo legal? –Sugeriu ele.

—Nunca! –Respondi. –Você terá que chamar uma garota para o baile. E nem adianta convidar a Rose, vou avisar a ele para dizer não.

—Lyra! –Ele gemeu torturado.

—Mas eu posso te ensinar a dançar se você quiser. –Avisei.

Eu peguei sua mão o puxando em direção as escadas, ele parecia derrotado ao me seguir, mas quando eu sorri para ele e recebi outro sorriso de volta, eu sabia... Sabia que tudo estava bem entre nós.

Do jeito que sempre foi.

—--

Nas semanas seguintes o Baile de Inverno era o maior assunto da escola inteira, não se falava em outra coisa. Lilá e Parvati estavam para cima e para baixo com sorrisinhos e fofocas. Ridículo.

Mas a coisa que mais me surpreendeu foi a quantidade gigante de pedidos para o baile que eu recebi, quer dizer, tentativas. Poucos foram os garotos que conseguiram chegar até mim e fazer realmente o convite, a maioria deles ficava em minha frente balbuciando palavras incompreensíveis e então ficavam tão nervosos que iam embora.

Rose e Gina não se aguentavam de rir de mim, por algum motivo os garotos tinham... Medo de mim. Isso foi um choque.

—Você é muito independente. Isso assusta eles. –Rose explicou.

—Não sei se você está me elogiando ou me ofendendo. –Comentei um pouco confusa.

Com a proximidade do fim do trimestre alguns professores, como o Prof. Flitwick, desistiram de tentar ensinar alguma coisa quando nossas cabeças estavam tão visivelmente longe dos estudos, ele nos deixou fazer jogos durante a aula de quarta-feira, e passou a maior parte do tempo conversando com Harry sobre maneiras de aperfeiçoar o Feitiço Convocarório que ele usara durante a primeira tarefa do Torneio Tribruxo. Outros professores não foram tão generosos. Nada poderia jamais desviar o Prof. Binns, por exemplo, que continuou a dar as revoltas dos duendes - como Binns não permitira sequer que a própria morte o impedisse de continuar ensinando, eu acreditava que uma bobaginha feito o Natal não fosse perturbá-lo. Era espantoso como o professor conseguia fazer até as revoltas mais sangrentas e encarniçadas parecerem tão tediosas quanto observar uma formiga andando. Os professores McGonagall e Moody também nos fizeram trabalhar até o último segundo de aula, e quanto a Snape, seria mais fácil ele adotar Harry do que deixar seus alunos fazerem jogos durante a aula. Contemplando a turma com um ar malvado, informou-a de que aplicaria um teste sobre antídotos e venenos na última aula do trimestre. Nenhuma novidade, nunca esperei que ele aliviasse alguma coisa.

Foi quando haviam se passado duas semanas desde a notícia do baile que numa noite Nate apareceu de repente no salão comunal me puxando pelo braço e levando para longe de nossos amigos.

—O que foi, criatura? –Perguntei confusa quando saímos pelo buraco do retrato e andamos pelos corredores, leia-se ele andou e eu fui arrastada.

Quando viramos o corredor do quarto andar foi que eu descobri o que estava acontecendo, encostada na parede, com seus cabelos ruivos amarrados num rabo de cavalo, estava Michelle.

—Michelle queria falar com você. –Ele disse quando paramos em frente a ela.

Michelle acenou que sim com a cabeça, concordando.

—Merci Nate. –Ela disse sorrindo.

Nate acenou que sim com a cabeça, sorrindo nervosamente.

Eu fiquei olhando de um para o outro, eles se encaravam sem dizer nada, aquele silêncio se arrastou por uns trinta segundos e eu não tinha ideia do que fazer ali parada servindo de castiçal para os dois.

—Vem cá, vocês me trouxeram aqui somente para ver vocês dois se olhando? –Questionei.

—Hã? –Nate perguntou, virando confuso em minha direção.

—Nate! –Reclamei. Michelle riu.

—Ah, certo. Eu vou... –Ele apontou para trás. –Eu vou ali. É.

Então andou alguns passos para trás e parou, levantou a cabeça e olhou novamente para Michelle, respirou fundo e soltou o ar.

Tomou coragem.

—Michelle. –Falou firme. –Quer ir ao baile de inverno comigo?

Eu ri. O sorriso de Michelle ficou maior.

—Oui! –Ela acenou animada. –Achei que focê non fosse me confider. Dize non a todos os outrros.

Nate sorriu e eles ficaram daquele jeito de novo, se olhando sem falar nada e eu bufei irritada.

—Certo, você já convidou ela, agora vaza! –Falei.

Michelle riu e Nate se despediu, saiu animado pelo corredor. Virei apara a garota que mordia o lábio, quase não conseguia esconder sua alegria, deixei que ela curtisse a sensação um pouquinho antes de interrompê-la.

—E então? –Perguntei. –Você queria alguma coisa?

Ela abriu a boca para responder, mas no momento seguinte ouvimos o grito de alguém.

—NATE! ALGUÉM ME AJUDA!

Meus pés se moveram mais rápido que minha mente, corri na direção em que Nate havia ido, seguindo a voz feminina que pedia por ajuda, não eram mais do que alguns corredores depois de onde estávamos, era Hermione quem gritava, ela estava no chão, chorando, ao lado do corpo de Nate.

—NATE! –Michelle e eu gritamos ao mesmo tempo.

Do outro lado do corredor Rose apareceu correndo com um garoto, registrei vagamente suas vestes verdes esmeralda da sonserina, mas não consegui saber quem era, minha cabeça estava zumbindo, meu irmão estava no chão, tinha sangue saindo dele.

—O que aconteceu? –O garoto perguntou.

—Eu não sei. –Hermione respondeu. –Eu ouvi um barulho, então alguma coisa caiu no chão e gente correndo, eu vim ver o que era e... Nate...

Sua fala foi cortada por um soluço. Rose e Michelle estavam de joelhos no chão tentando ver como ele estava, eu não conseguia me mexer, meu irmão, ele estava...

—Ele está respirando, o coração também está batendo. Foi uma pancada forte na cabeça. –Rose explicou virando levemente a cabeça dele para o lado, seu cabelo melado de sangue.

—Nate... –Chamei sem fôlego. –Ei garotão... Acorda...

Eu pedi me aproximando devagar dele.

—Ele está bem, não é Rose?

—Lyra... –Rose me olhou preocupada.

—NÃO É? –Gritei.

Rose deu um pulo, surpresa, eu nunca havia gritado com ela antes.

—Rosemary...-O garoto chamou. –Vá buscar ajuda na enfermaria.

Rose olhou de mim para ele, incerta, então levantou e correu até sumir no corredor escuro. Eu me aproximei de Nate, Michelle se afastou me dando espaço quando eu me sentei ao seu lado.

—Ei garotão... Acorda. –Pedi fazendo carinho nos cabelos loiros dele, senti algo molhado entre os meus dedos, era sangue. –Nate... Você é forte... Não vai deixar algo assim te derrubar, vai?

Senti lágrimas nos olhos.

—Granger. –O garoto chamou. –O que exatamente você ouviu?

Hermione limpou as lágrimas levemente antes de responder.

—Uma briga, gente falando, então alguma coisa pesada caiu no chão e gente correndo. Quando eu cheguei aqui Nate estava no chão e tinha sangue.

—Forram doz garrotos. –Michelle respondeu.

—Como você sabe? Como sabe que foram dois garotos? –Perguntei.

Michelle me olhou nos olhos.

—Eu só sai. –Respondeu.

E eu entendi. Ela tinha visto aquilo acontecer, ela havia tido uma visão.

—Se sabia por que não evitou? Diga-me, por quê?

Ela se aproximou de mim e pegou em minha mão.

—Eu non sabia quando. Sa eu soubass... –Ela não conseguiu terminar, olhou para Nate tristemente. –Eu tarria... Você sabe que sí... Eu tarria avitado. Eu tantei con a carrta que mandai.

A carta que Michelle havia mandado para Nate, dizia para ir em frente, apenas.

—Poderia ter escrito algo mais claro. –Reclamei, irritada.

—Brigar não vai ajudar em nada. –O sonserino falou. –Fique calma, Madame Pomfrey é uma das melhores enfermeiras que já conheci. Além do mais, ferimentos na cabeça sangram mais do que no resto do corpo. Ele vai ficar bem.

—Então por que ele não acorda? –Perguntei.

—Por que dormir ajuda na recuperação do corpo, Senhorita Anderson. –A voz do Professor Snape fez com que todos virássemos em sua direção.

Rose vinha ao lado dele.

—Encontrei o professor Snape no caminho, achei que ele pudesse ajudar. –Ela explicou.

—O que aconteceu aqui Senhor Zabine? –O professor perguntou ao garoto enquanto se abaixava para cuidar de Nate.

Olhei para ele pela primeira vez, então era Blásio Zabine.

—Aparentemente dois garotos de identidade desconhecida atacaram o senhor Kepner, ele recebeu uma pancada forte na cabeça, mas não sei dizer o tamanho do machucado, achei que movê-lo seria pior. –Ele explicou. –Pedi que Ros... que a senhorita Reed fosse até a enfermaria pedir ajuda enquanto perguntava a senhorita Granger o que havia acontecido e tentava manter as garotas calmas.

Ele não havia mentido, tudo aquilo havia acontecido. Pude ver um discreto sorriso nos lábios do professor Snape.

—Bom trabalho, senhor Zabine. –Ele disse. –Vinte pontos para a sonserina.

Aquilo me deixou levemente irritada, era realmente o momento certo para isso? Mas aquilo saiu da minha cabeça quando, naquele momento, Nate soltou um gemido, todos olhamos em sua direção, ele franziu o cenho, ainda de olhos fechados e colocou mão na cabeça.

—O que...? –Ele grunhiu.

—Nate? –Chamei.

—Se afaste senhorita Anderson. –Professor Snape pediu. –Senhor Kepner, consegue me ouvir?

Nate abriu os olhos um pouco confuso.

—Professor Snape? Lyra? –Ele tentou se levantar. –O que aconteceu?

—Graças a Deus! –Pude ouvir a voz de Hermione, aliviada.

—Senhor Kepner, aparentemente alguém bateu em sua cabeça e o deixou desmaiado no corredor. Deve ser uma espécie de maldição já que a senhorita Anderson constantemente passa pelos mesmos problemas.

O professor Snape ajudou Nate a ficar sentado, segurando suas costas com delicadeza. Meu irmão colocou a mão na cabeça e soltou um gemido, em seguida olhou para a própria mão e ficou surpreso ao ver sangue.

—Caramba, foi uma pancada forte. –Ele falou.

—Nate... –Michelle chamou, preocupada.

Nate virou para ela, sorrindo.

—Está tudo bem, não é tão ruim quando parece.

—Você não sabe disso. –Reclamei.

—Está tudo bem Lyra. –Ele disse.

—A senhorita Anderson está certa, o senhor não sabe disso, senhor Kepner. Por isso iremos para a enfermaria agora, Madame Pomfrey já deve estar preparada para recebe-lo. –Professor Snape ajudou Nate a ficar de pé. –E o resto de vocês, voltem para seus respectivos salões comunais.

—Eu posso ir com vocês? –Pedi.

—Não, senhorita Anderson. O senhor kepner não é uma criança que precisa de assistência. Eu falei para voltar ao seu salão comunal, antes que me irrite e comece a tirar pontos da grifinória.

Hermione pegou meu braço.

—Vamos Lyra. –Ela disse.

Virei para o sonserino.

—Obrigada Zabine. –Falei.

Ele apenas acenou com a cabeça em minha direção, seu olhar foi em direção a Rose, então ele se despediu com um aceno e sumiu pelo corredor.

—--

No dia seguinte Nate apareceu no salão comunal, Zabine estava certo, ele havia ficado bem, mas não lembrava quem o havia atacado. Ele esqueceu aquela história rapidamente por causa da reação da ruiva, pelo jeito Michelle havia ficado super preocupada com ele a ponto de ficar plantada do lado de fora da enfermaria esperando-o sair e isso era muito bom para ele. Mas eu não havia esquecido a história ainda... E não esqueceria tão cedo.

Não descansaria enquanto não encontrasse os culpados. E eu acharia. Eles iriam se arrepender de ter nascido.

Mais tarde nesse mesmo dia Michelle veio falar novamente comigo.

—Non consagui tarrminar a converrsa. –Ela disse sorrindo quando me encontrou em um corredor entre as aulas.

Como fazíamos a próxima aula juntas ela acabou por se sentar ao meu lado para que pudesse me explicar tudo. Mas aquilo não pareceu agradar Hermione.

—Focê non se imporrta, non é Grranger? –Michelle questionou. –Eu prracizo falar con Lyrra, é imporrtan.

Hermione me olhou com a sobrancelha arqueada, fulminante. Engoli em seco e dei de ombros como se tentasse me explicar, mas não funcionou muito bem por que Hermione puxou Rony do lugar dele e sentou ao lado de Harry, jogando o pobre ruivo para sentar ao lado de Nate, o único lugar vazio.

—Louca. –Rony grunhiu arrumando a roupa que a garota puxou.

Michelle não pareceu notar o mal humor da garota e se notou não deu muita atenção, ela tinha esse ar de realeza muito parecido com a sonserina, felizmente ela não era esnobe e isso me fazia gostar dela um pouco mais.

Na metade da aula ela me passou um pedaço de pergaminho rasgado, sua letra levemente puxada cobria todo o espaço, eu li devagar meio surpresa com o que havia escrito, mas não consegui conter a empolgação no final.

—E anton? –Michelle perguntou. –Topa?

Eu sorri grandemente.

—Oui, Michelle. –respondi animada.

—--

O número de convites para o baile aumentava cada vez mais para mim, já estava ficando chato dizer não a todos eles. Mas eu queria que alguém especial viesse me convidar, mas ninguém especial vinha! Michelle estava super animada por ir ao baile com Nate e no dia anterior Karina veio até mim com olhos arregalados e sem ar.

—George... Confite... Baile! –Ela disse ofegante.

Demorou um pouco para que ela conseguisse me explicar que George Weasley havia convidado ela para o baile, a garota estava praticamente hiperventilando com a situação, mas tinhas os olhos brilhando e eu gostei disso, tinha que conversar com George sobre magoar a minha prima.

Fred pelo jeito havia convidado Angelina Jhonson para ir com ele, Harry havia me contado. Não sei exatamente como me senti sobre isso, acho que esperei que ele viesse me convidar, não sei, mas acho que estava um pouquinho decepcionada com isso.

E parecia que até mesmo Krum havia tido coragem de fazer seu convite, por que Hermione já tinha alguém para ir, ela me contou um pouco chocada sobre o pedido e pareceu bem irritada por que eu já sabia das intenções do Bulgaro e não havia contado nada a ela.

Com a proximidade do baile o clima ficou meio tenso no castelo, alguns garotos ainda não tinham pares e estavam ficando meio desesperados, Harry e Rony eram alguns deles, principalmente por que a maior parte das garotas bonitas já tinham par.

—Você devia ir convidar a Cho. –Comentei com Harry certa vez.

Estavamos conversando junto com Nate no corredor do primeiro andar, olhando os jardins, perto dali Cho e suas amigas conversavam animadas jogando olhares para Harry. Ele fez um barulhinho nervoso com a garganta.

—Eu bem que queria. –Respondeu tristemente.

—Ouvi dizer que o Diggory vai convidar ela. –Nate comentou procurando alguma coisa no bolso.

—O que?!

Acho que reagi meio exagerada, por que os dois olharam para mim surpresos, em seguida fizeram expressões meio maliciosas.

—Ciúmes Lyra? –Harry perguntou irônico.

Nate levantou a mão, Harry e ele fizeram um high five aos risos.

—Ridículos. –Revirei os olhos. –Você devia ir logo tentar, seu idiota, quem não arrisca fica com nada.

—E você Nate, vai com quem? –Questionou Harry.

—Michelle McGonagall Deveraux! –Nate respondeu sorrindo bobamente, olhando para o teto.

—Fala sério! –Disse Harry surpreso.

—É verdade, eu estava com ele quando chamou, ela disse sim. –Falei rindo levemente.

—Agora eu estou mesmo triste. –Harry murmurou.

Nate e eu rimos.

Naquele momento Neville apareceu no corredor, veio em nossa direção meio nervoso e parou na minha frente.

—Lyra, e-eu... E-eu p-posso... falar com você? –Ele perguntou olhando para as próprias mãos.

Nate e Harry me olhavam contendo os risos.

—E então Lyra? –Nate questionou arqueando as sobrancelhas.

Bufei irritada, dois babacas, crianças!

—Venha Neville, vamos conversar em particular. Longe desses dois idiotas. –Falei puxando o garoto pelo braço.

Harry e Nate tentaram prender o riso o máximo que puderam até que ficamos longe. Eu me afastei das pessoas até encontrar um lugar tranquilo, onde não tivesse ninguém, para que Neville ficasse confortável.

Eu sabia o que ele queria, me convidar para o baile, claro! Nenhum dos garotos que eu esperava me convidou para o baile. Até mesmo Dimitri decidiu ir com outra garota, claro que ele me avisou antes, disse que achou que iriam rolar muitos comentários nos jornais por causa do nosso beijo na copa mundial se ele me convidasse e não queria me expor, mas ainda assim...

E neville era um bom garoto, qual o problema de ir com ele? Nenhum! E eu podia fazê-lo se divertir! Seria legal.

—Lyra, eu... –Ele me olhou movendo as mãos nervosamente.

—Pode falar Neville. –Sorri tentando passar tranquilidade.

Ele abriu e fechou a boca sem saber como começar, era fofo, mas estava começando a ficar chato. Vamos lá Neville, você consegue!

O garoto respirou fundo, soltou o ar, me olhou determinado e...

—O que está acontecendo aqui? –Uma voz arrastada e maliciosa perguntou.

Neville ficou estático, ele tinha os olhos arregalados de pavor.

—Malfoy! –Ele murmurou nervoso.

Draco veio pelo corredor, sozinho, num andar lento com as mãos nos bolsos e um sorriso descarado no rosto.

—O que você quer Malfoy? –Perguntei.

Mas Draco não olhava para mim, ele encarava Neville e puxou a varinha do bolso, segurando ela de modo visível.

—Vaza Longbottom, a Anderson é mulher demais para você. –Draco falou sorrindo friamente.

Neville deu um passo para trás, nervoso, ele olhou para mim e depois para Draco e correu para longe. Eu observei ele ir embora, pobre Neville.

—Você é um babaca, sabia? –Virei para ele, irritada.

Não por ter evitado que ele me convidasse, mas por ter oprimido o garoto, apavorado ele.

—Você queria ir com o Longbottom, por acaso? Acho que não. –Ele respondeu.

—E como você sabe? –Questionei empinando o queixo.

—Está desesperada Lyra? –Ele disse rindo malicioso. - Aceitaria até ir comigo se eu te convidasse.

Arqueei a sobrancelha.

—Você não é corajoso o bastante para isso. –Respondi ácida.

Ele perdeu o sorriso e veio em minha direção, parando na minha frente com a expressão contrariada, ficamos parados encarando um ao outro, nenhum dos dois prontos para dar o braço a torcer.

—Lyra... –Ele disse num tom de aviso, como se estivesse quase no fim linha e pronto para pular.

—Vamos lá Malfoy... Pede. –Desafiei maldosamente.

Mas ele não pediu, talvez por que ouviu que alguém chegava, ou por não ter vontade mesmo, mas naquele segundo ele deu dois passos para trás e voltou pelo caminho que veio, e em seguida a voz de Cedrico chamou meu nome.

—Lyra!

Virei e ele vinha pelo corredor, sorrindo, animado.

—Ainda bem que consegui te encontrar. –Ele falou.

Olhei para onde Draco tinha ido e de volta para ele.

—O que houve? –Perguntei.

Ele suspirou me olhando alegre.

—Você não tem um par para o baile ainda, não é?

Neguei com a cabeça, um sorriso lento se espalhando no meu rosto.

—Neville ia me convidar a pouco, mas não o fez. –Respondi.

—Que bom. Você gostaria de ir ao baile comigo?

Mordi o lábio.

—Seria incrível.

Cedrico soltou uma risadinha animada, em seguida me segurou pela cintura tirando meus pés do chão e girando pelo corredor. Surpresa eu soltei um gritinho e o abracei.

—Vai ser o melhor baile de todos. – disse me colocando no chão. Ele segurou minha mão e levou em direção aos lábios, dando um leve beijo em meus dedos. –Obrigado por dizer sim.

—--

Logo a notícia de que Cedrico e eu íamos ao baile juntos se espalhou pelo castelo, Clarissa foi a primeira a vir falar comigo.

—Ouvi boatos por aí que essa leoa vai sair com meu texugo predileto. –Ela disse andando ao meu lado no salão principal, era hora do almoço.

—Pela primeira vez o castelo está soltando fofocas verdadeiras ao meu respeito. –Respondi rindo.

—Ah... –Ela soou tristemente. –Somente eu não poderei ir com o par que quero.

—Ninguém convidou você? –Perguntei.

Ela fez um gesto de desdém.

—Convidaram sim. –Respondeu. –Mas eu disse não. Um bando de crianças, nenhum deles é um bom par.

—E quem seria um bom par para você?

Ela parou para pensar um pouco.

—Gosto de homens mais velhos. –Confessou. –Eu tinha uma queda enorme pelo professor Lupin no ano passado.

Arregalei os olhos e parei de andar.

—Não! –Falei chocada, arrastando a palavra tamanho meu espanto. –Fala sério!

Clarissa riu gostosamente.

—É verdade! Mas não passou de uma paixãozinha boba. Ainda assim me abriu os olhos. Gosto de homens mais velhos, eles me atraem, sabe?

Eu ri.

—E agora? Pretende convidar algum professor para ir ao baile?

—Não, nenhum deles me atrai...Quer dizer, o professor Snape poderia ser uma boa escolha se lavasse os cabelos e usasse uma roupa melhorzinha. E se não estivesse em constante estado de TPM. –Ela suspirou. –Uma pena, ele até que é bonitinho.

—Ah, para vai.

—Gostaria também de ir com aquele cara dos dragões. –Ela disse suspirando. –Garota, aquele cara é quente!

—Que cara? –Perguntei.

—Aquele ruivo que estava cuidando dos dragões na primeira prova. Merlim! Quando eu o vi parei para admirar, me chamou muito a atenção. –Ela riu levemente.

—Qual o nome dele?

—Não sei. –Ela deu de ombros. –Ele estava trabalhando, não é como se eu fosse lá perguntar o nome dele, não sou tão descarada.

Eu pensei naquilo, o irmão do Rony trabalhava com dragões, não é? Era ele quem estava na primeira prova... Qual a probabilidade de ter dois ruivos trabalhando com dragões em Hogwarts?

—Clarissa, acho que eu conheço esse seu ruivo aí. –Comentei.

Os olhos dela brilharam.

—Você está falando sério?

—Sim, deve ser o irmão do Rony, o Carlinhos.

Clarissa olhou em direção a Ron, nós estávamos em pé no meio do salão, as pessoas passavam de um lado para o outro, conversando, comendo, mas não era difícil saber onde o ruivo estava, o cabelo chamava atenção.

—Um Weasley hein? –Ela pareceu pensar naquilo. –Você pode me apresentar a ele?

—Eu posso fazer melhor. Posso te dar o endereço dele. –Respondi. –Arruma uma coruja, manda uma carta, vai que rola ele vir com você para o baile?

—Ai ai...Eu sabia que Ced tinha feito a escolha certa no momento em que olhei para o seu rosto. – Ela comentou colocando o braço no meu ombro.

—--

Harry e Rony andavam melancólicos por ainda não ter um par, inclusive eu já estava prestes a me mexer para ajuda-los, apesar deles dizerem para eu não fazer nada.

—Imagino que sempre tem a Murta Que Geme. - disse Harry desanimado, referindo-se ao fantasma que assombrava o banheiro das garotas no segundo andar.

— Harry, a gente só tem que cerrar os dentes e mandar ver. - disse Rony na sexta-feira pela manhã, num tom que sugeria que os dois estavam planejando tomar de assalto uma fortaleza inexpugnável. - Quando voltarmos ao salão comunal hoje à noite, teremos arranjado dois pares, topa?

— Hum... OK - disse Harry.

Então os dois saíram pelo buraco do retrato me fazendo rir sozinha. Eu só não imaginava que o negócio ia ser tão sério depois. Durante o dia todo eu observei as tentativas fracassadas de Harry de tentar falar com Cho, mas ela estava sempre arrodeada de amigas então ficava difícil. Já o pobre Rony estava as voltas observando o grupinho onde Michelle estava junto de Emelli, Fleur Delacour e sua irmãzinha Gabrielle.

Foi quando Fleur parou Cedrico no saguão de entrada que tudo aconteceu. Não era de se estranhar que Fleur havia se interessado por Cedrico, ele era bonito, inteligente e um dos campeões de Hogwarts, por isso não foi surpresa quando eu percebi que ela estava usando seu charme de Veela para o lado dele. Michelle já havia me avisado do que ela era capaz.

O problema foi que Rony escolheu justamente aquele momento para ir convidar uma garota para o baile! Ele foi em direção aonde Michelle, Emelli e a pequena Delacour esperavam Fleur terminar de falar com Cedrico, mas na metade do caminho virou para Fleur como se tivesse sido puxado com força e na frente de um monte de alunos ele a convidou para o baile.

—FLEUR VOCÊ QUER IR AO BAILE COMIGO? –Ele perguntou aos gritos.

Todos pararam para ver, eu dei uma tapa em minha própria testa sentindo vergonha alheia. Fleur olhou para o garoto como se ele fosse um inseto e nem se deu ao trabalho de responder. Ao notar o que havia feito Rony olhou para aonde Michelle e Emelli estavam e em seguida correu, envergonhado.

Bufei irritada com aquilo e fui andando decidida em direção aquela vaca.

—Não adianta tentar, queridinha, esse aí já é meu. –Falei me mentendo na conversa e entrando no meio entre Cedrico e Fleur, encarando a loira.

Fleur fez uma expressão ofendida e Cedrico soltou uma risadinha.

—Desculpe Fleur, eu já convidei a Lyra para ir comigo. –Ele respondeu.

Fleur saiu dali bufando enquanto Cedrico me olhava malicioso.

—Não fala nada. –Falei. –Vou ver como o Rony está.

Cedrico riu mais alto e se despediu de mim, quando cheguei ao salão comunal Gina estava com Rony, ela o puxou para um canto da sala onde o garoto sentou, completamente branco e trêmulo.

—Calma Ron. –Gina dizia calmamente. –Não foi tão ruim.

—Foi horrível. –Ele gemeu desgostoso. –Por que eu fiz aquilo?

—Ron, não foi culpa sua. –Falei me aproximando deles.

—Por que eu fiz aquilo? Não sei o que me obrigou a fazer aquilo! –Ele repetia, suas mãos tremendo. –Eu nem ia convidar ela!

Naquele momento Harry entrou pelo buraco do retrato e ao ver o estado do amigo veio correndo.

—Por que eu fiz aquilo? –Rony se perguntava.

—O que? –Questionou Harry, preocupado.

— Ele... hum... convidou Fleur Delacour para ir ao baile - disse Gina. Parecia que estava fazendo força para não rir, mas continuou a dar palmadinhas no braço de Rony, demonstrando sua solidariedade.

—Você o quê? –Harry gritou.

— Não sei o que me obrigou a fazer aquilo! - exclamou Rony outra vez. - Quem é que eu estava fingindo que era? Havia gente, a toda volta, fiquei maluco, todo mundo olhando! Eu estava passando por ela no saguão de entrada, Fleur estava parada conversando com Diggory, e uma coisa parece que se apoderou de mim, e convidei!

Ele abaixou a cabeça, gemendo, resmungando coisas desconexas;

— A garota olhou para mim como se eu fosse um verme ou coisa parecida. Nem me respondeu. E então... nao sei... parece que recuperei o juízo e me mandei dali.

— Ela é parte veela. - disse Harry. - Você tinha razão, a avó dela era veela. Não foi sua culpa, aposto como você passou na hora em que ela estava jogando charme para Diggory e você foi atingido.

—Mas ela está perdendo tempo. –Falei. –Cedrico vai comigo. Ela já está avisada.

—Isso é uma piração, eu nem ia convidar ela, eu estava indo convidar a Emelli. –Rony confessou.

—Eu aceito. –Uma voz soou atrás de nós.

Todos viramos, Emelli estava ali parada, seus óculos de armação de gatinho, seus cabelos de mechas azuis e seu sorriso esperto.

—Ah, eu esqueci, ela pediu para entrar, queria ver o Rony. –Harry avisou.

Rony parecia que queria enterrar a cabeça no chão a qualquer momento, seu rosto, orelhas e pescoço estavam tão vermelhos quanto seu cabelo.

—Vo-você quer ir comigo? –Ele perguntou chocado.

Emelli empurrou os óculos no rosto e sorriu mais.

—Foi isso que eu disse. Eu quero ir ao baile com você Ronald Weasley.

Todos ficamos calados, estáticos, surpresos. Era uma situação bem inusitada.

—Ma-mas... –Rony começou a falar, mas Gina lhe deu um chute na perna.

—Só diz que vocês se encontram as oito. –Ela disse irritada.

Rony gaguejou um pouco antes de dizer.

—A gente se vê as oito no saguão.

Emelli sorriu e virou as costas, saindo do salão comunal.

Quando o retrato fechou Harry, Gina e eu viramos para o garoto.

—Parabéns Rony, você tem um par para o baile. –Falei animada.

O garoto parecia não acreditar naquilo.

—Harry! –Ele disse num rompante. –Você conseguiu...?

Harry sorriu acenando que sim com a cabeça.

—Eu convidei a Cho, ela disse sim. –Ele disse feliz.

Rony se levantou comemorando, enquanto que Gina havia perdido o sorriso.

—Parece que apenas Hermione não conseguiu um par ainda. –Rony disse. –Neville contou que convidou ela.

—Que? –Harry riu.

—É, mas ela disse que já ia com outra pessoa, acredita? –Rony riu junto com ele.

—Não. –Gina disse aborrecida. –Não riam...

—Se eu fosse vocês eu não riria. –Falei. –Hermione não mentiu, ela realmente tem um par para o baile.

Os dois pararam de rir, em choque.

Mas naquele momento Mione e Nate entraram juntos no salão comunal.

—Por que vocês não foram jantar? –Ela perguntou se aproximando de nós.

—Ouvi dizer que você foi rejeitado pela Fleur, Rony. –Nate disse rindo e virou para Mione como se tivesse tido a maior ideia do mundo. –Ei Hermione, você é uma menina.

A garota virou para ele, confusa com aquele comentário.

—Bem observado Nate. – ela disse.

—Poderia ir com ele. –Falou apontando para Rony.

Gina olhou para mim com olhos arregalados, pensando a mesma coisa que eu... Nate estava agindo como um idiota.

—Não, não poderia.

—Ah, vai lá Mione, se ele for sozinho vai parecer um idiota.

—Nate... –Rony tentou avisar, mas Hermione foi mais rápida.

—Não posso ir com ele por que já estou indo com uma pessoa.

Nate parou de rir.

—Achei que tinha dito isso apenas para se livrar do Neville. –Ele falou surpreso.

Os olhos de Mione faiscaram. Harry e Rony se afastaram um passo para trás.

—Ah, foi? –Ela sussurrou. –Só por que você levou três anos para reparar que sou uma garota Nathaniel, não significa que outra pessoa não o fez.

Então ela virou as costas e se afastou do garoto. Nate tinha a boca aberta, em choque.

—Ela está mentindo, não é? –Ele perguntou a nós.

—Para falar a verdade não. –Falei. –Ela realmente vai com alguém.

—Com quem?! –O tom de voz dele era aborrecido.

—O que foi Nate? Você está indo com a Michelle, não é? Por que está tão interessado no par da Mione? –Questionei.

—Mas... Lyra!

—Só deixa de ser babaca, tá bom Nate? –Disse irritada e me afastei dele.

—--

Quando o trimestre terminou a maior parte dos alunos havia ficado em Hogwarts para o natal, claro. A Torre da Grifinória não parecia mais vazia agora do que estivera durante o tempo de aulas, parecia até ter encolhido ligeiramente, porque seus moradores estavam muito mais barulhentos do que o normal.

Caía muita neve sobre o castelo e seus terrenos agora. A carruagem azul-clara da Beauxbatons parecia uma enorme abóbora coberta de gelo ao lado da casinha de bolo glaçado que era a cabana de Hagrid, enquanto as escotilhas do navio de Durmstrang estavam foscas e o cordame branco de gelo.

—Hermione, com quem você vai ao baile? - perguntou Nate certa vez no salão principal, tínhamos acabado de almoçar juntos.

O garoto não parava de assediá-la com essa pergunta, na esperança de fazê-la responder sem querer ao ser perguntada quando menos esperasse. No entanto, Hermione meramente franzia a testa e dizia:

— Não vou lhe contar, Nate.

— Você está brincando, Keepner? - disse Malfoy aparecendo as nossas costas. - Você está dizendo que alguém convidou isso para ir ao baile? Não foi o sangue-ruim de molares compridos, foi?

Harry, Nate e Rony se viraram na mesma hora, mas Hermione disse em voz alta, acenando para alguém por cima do ombro de Malfoy:

— Olá, Prof. Moody!

Malfoy ficou pálido e pulou para trás, procurando Moody com um olhar alucinado, mas o professor ainda estava à mesa, terminando seu ensopado. Ele havia ficado traumatizado desde o episodio em que o professor o transformou em uma doninha albina por tentar atacar Harry.

— Que doninha nervosinha você é, hein? - comentou Hermione demonstrando desprezo.

— Hermione - disse Rony, olhando para ela de esguelha e, de repente, franzindo a testa -, os seus dentes...

— Que têm eles?

— Bem, estão diferentes... acabei de notar...

— Claro que estão, você esperava que eu ficasse com aquelas presas que Malfoy me deu?

Claro! O feitiço que Malfoy lançou em Harry e ricocheteou na Mione.

— Não, quero dizer, eles estão diferentes do que eram antes de ele lançar o feitiço em você... estão... retos e... do tamanho normal.

Hermione de repente sorriu muito travessamente, e todos paramos para observar era um sorriso diferente.

—Tem razão. –Nate disse surpreso. –Seus dentes estão diferentes.

— Bem... quando fui procurar Madame Pomfrey para consertar os dentes, ela segurou um espelho e me disse para mandar ela parar quando os dentes voltassem ao tamanho normal. E eu deixei ela demorar um pouco mais. - Hermione deu um sorriso ainda maior.

—Garota esperta. –Comentei rindo levemente.

— Papai e mamãe não vão ficar muito satisfeitos. Estou tentando convencer os dois a me deixar reduzir os dentes há séculos, mas eles queriam que eu continuasse com o aparelho. Sabe, eles são dentistas, daí acharem que dentes e magia não devem... olhem lá! Pichitinho voltou!

A corujinha de Rony piava feito louca no alto da balaustrada enfeitada de pingentes de gelo, um rolo de pergaminho amarrado à perna. As pessoas que passavam apontavam e riam, e um grupo de alunas do terceiro ano parou para comentar: "Ah, olha só que corujinha mínima! Não é uma gracinha?"

— Seu penoso babaca! - sibilou Rony correndo escada acima e agarrando Pichitinho. - Você entrega as cartas direto ao destinatário! Não fica por aí se exibindo!

Pichitinho piou alegremente, a cabeça espichando por cima da mão fechada de Rony

— Aqui, toma, Harry - acrescentou Rony em voz baixa, enquanto as garotas saíam correndo com o ar escandalizado pelo comportamento do ruivo.

Ele puxou a resposta da perna de Pichitinho, Harry embolsou-a, era provavelmente a resposta da carta que Harry enviara ao meu pai sobre a primeira prova do torneio.

Nós cinco corremos para o salão comunal da Grifinória nos sentamos afastados do resto dos alunos, junto a uma janela escura que lentamente se cobria de neve e Harry leu em voz alta.

Caro Harry,

Parabéns por conseguir passar pelo Rabo-Córneo, quem pôs o seu nome naquele cálice não deve estar se sentindo muito feliz no momento! Eu ia sugerir um Feitiço Conjunctivitus, porque os olhos do dragão são o seu ponto mais fraco...

— Foi o que Krum usou! - murmurou Hermione.

...mas do seu jeito foi melhor, estou impressionado.

Porém, não fique se sentindo muito satisfeito consigo mesmo, Harry. Você só deu conta de uma tarefa, quem o inscreveu no torneio vai ter muitas outras oportunidades se quer realmente lhe fazer mal. Mantenha os olhos abertos - particularmente quando a pessoa de quem já falamos estiver por perto - e se concentre em não se meter em confusões.

Mande notícias, contínuo querendo saber de qualquer coisa anormal. Diga a minha filha desnaturada que mandei um beijo e que ela me escreva mais vezes, afinal, eu sou o pai dela

Sirius

— Ele está falando exatamente a mesma coisa que Moody - disse Harry em voz baixa, guardando a carta dentro das vestes. - "Vigilância constante!" Parece até que eu ando por aí com os olhos fechados, ricocheteando nas paredes...

— Mas ele tem razão, Harry - disse Hermione -, você ainda tem duas tarefas a cumprir. Devia realmente dar uma olhada naquele ovo, sabe, e começar a estudar o que significa...

— Hermione, ainda faltam séculos! - disse Rony com rispidez. - Quer jogar uma partida de xadrez, Harry?

— OK - disse Harry.

—Harry! –Falei num tom de censura. –Hermione está certa, você tem que pensar em como descobrir a pista que está no ovo de ouro.

— Vamos, como é que vou me concentrar nessa barulheira? Não vou conseguir nem ouvir o ovo com essa turma berrando. –Ele disse apontando para os alunos no salão.

— Ah, imagino que não – suspirou Hermione, dando-se por derrotada.

Ela me olhou e deu de ombros, se sentando para assistir a partida de xadrez, eu ao contrário não conseguiria ficar ali parada e sentei ao lado de Nate que estava num dos sofás vermelhos.

—Você já soube? –Ele perguntou.

—O que? –Questionei.

—Parece que alguém convidou a Rose para o baile.

—OQUE?! –Dei um pulo do sofá. –Quem foi?

—Não sei ainda. –Ele disse levemente irritado. –Rose e Mione estão me escondendo as coisas, ambas nem olham para a minha cara direito.

—Também pudera, não é Nate?

—Mas eu não fiz nada! –Ele disse jogando os braços para cima.

—Certo, vamos esquecer isso. Você por acaso já olhou no calendário para saber se o baile vai cair num dia de lua cheia? –Questionei aos sussuros. –Lembre-se do seu probleminha peludo.

Ele acenou que sim com a cabeça.

—Foi a primeira coisa que eu fiz. –Respondeu. –Com o castelo tão cheio fica difícil de me esconder na casa dos gritos, tem uns garotos de Durmstrang que estavam fazendo teste de coragem para saber qual deles conseguia entrar lá.

—Sério? –Eu ri, incrédula.

—Mas eu botei eles para correr rapidinho. –Avisou.

Eu soltei uma gargalhada gostosa.

Mais tarde naquela noite eu entrei no quarto da Rose num rompante.

—Rosemary! –Chamei.

Ela deu um pulo na cama, estava junto de Gina e Mandy, as três conversavam antes que eu interrompesse.

—Meu Deus Lyra, o que tem de errado com você? -Ela reclamou, colocando a mão no peito. –Entrando desse jeito.

—É verdade que você foi convidada para o baile? –Perguntei.

Ela arregalou os olhos.

—Como sabe disso?!

—O que? Quem te convidou? Por que não me disse nada? –Gina questionou, tão surpresa quanto eu.

Rose colocou a mão no pescoço segurando o pingente do colar e em seguida suspirou irritada.

—Nate me contou. –Avisei. –Ele ouviu dizer que você tinha sido convidada.

—E pediu que você viesse saber? –Ela perguntou num tom de voz bravo. –Quem ele acha que é?!

—Calma Rose, ele só ficou curioso. –Respondi.

Ela bufou.

—Eu não disse sim. Falei que ia pensar. –Ela explicou.

—E por que não disse sim? –Gina reclamou.

—Ele por acaso é feio? – Perguntei.

—De que casa ele é? –Mandy pediu.

Rose virou para ela com o cenho franzido.

—E isso por acaso importa? –Ela disse num tom de voz aborrecido.

Naquele momento minha mente juntou dois mais dois.

—Não! Fala sério! –Meu queixo foi parar no chão.

Rose me olhou ficando vermelha, cada vez mais vermelha, sua expressão envergonhada.

—Eu ainda não disse sim.

—Mas quem ele é? –Gina insistiu.

Rose levantou da cama, andando pelo quarto.

—Não vou contar. –Avisou. –E quer saber do que mais? Vou dizer sim!

—O que?! –Gina e Mandy exclaram, chocadas.

—Como assim não vai contar? –Gina disse.

—Vai nos deixar com essa dúvida? –Mandy disse.

—Sim eu vou! Vocês duas e aquela curiosa ali. –Ela apontou o braço em minha direção.

Eu soltei uma gargalhada.

—Eu te conheço melhor do que imagina Rosemary! –Falei. –Não precisa me contar, eu já descobri.

Rose riu sarcástica.

—Tenho minhas dúvidas. –Ela disse, em seguida foi até a porta e a puxou aberta. –Mas se era só isso que você queria, já pode ir embora.

Ela apontou para o corredor com uma expressão de desafio, own... Está crescendo! Virando uma mocinha!

Eu fui andando e virei para ela quando estava fora no corredor.

—Tem certeza que não vai me contar?

Ela sorriu.

—Vai ter que esperar até o natal.

Em seguida fechou a porta na minha cara, eu neguei com a cabeça, rindo.

—--

Na manhã de natal eu acordei mais cedo com os gritinhos de Lilá, animada com a montanha de presentes ao pé de sua cama.

—Pelo amor de Merlim! É natal, dá para calar a boca e me deixar dormir até mais tarde!? –Gritei.

Ouvi a risada de Hermione em algum lugar.

—Levante Lyra, tem presentes para você também e a sua pilha é a maior esse ano. –Ela disse.

Bufei irritada jogando meu lençol para o lado e pulando da cama, fui para o banheiro meio cega de sono e joguei água no rosto.

Deus do céu! É natal!

Quando voltei ao quarto vi que Hermione estava certa, a minha pilha de presentes era a maior, minha família deve ter se empolgado esse ano. Graças a Merlim Lilá já tinha saído do quarto.

—Estou descendo. Te vejo daqui a pouco? –Hermione perguntou.

Eu acenei levemente que sim com a cabeça e me direcionei aos presentes ouvindo a porta bater.

O presente que Nate me deu estava em uma pequena embalagem, era um vidrinho com essência de glicínia, uma das flores mais cheirosas que já vi. Rose havia comprado uma pulseira de couro

—Para combinar com a jaqueta. –Disse ela.

De Harry e Rony ganhei uma caixa enorme de sapos de chocolate e de Hermione um livro sobre viajens no tempo. O que será que ela quis dizer com isso?

Na pilha que a minha família me mandou percebi um padrão estranho. Tio Remus havia me dado um par de sapatos novos, eram saltos, o que me deixou surpresa já que não é uma coisa que eu costumo usar. Uso, claro, mas é bem raro. Tia Andrea me comprou um lindo colar com um pequeno pingente de rubi em forma oval, enquanto que Tia Angie me comprou os brincos que combinavam com o colar. O presente do meu pai e da minha mãe veio junto, era uma caixa grande, logo acima dela havia um pequeno bilhete.

“Sabemos que já tem o seu, mas esperamos que goste. Papai e Mamãe.”

Eu toquei o bilhete levemente e sorri, uma vontade enorme de abraçar o papel. Ver aquelas duas palavras escritas... Era como um sonho.

Papai e Mamãe.

Com os olhos úmidos e um sorriso bobo no rosto eu abri a caixa e tirei os papeis de cima, abri a boca, surpresa.

Tio Remus me deu os sapatos, Tia Andrea o colar, Tia Angie os brincos e Mamãe e Papai... Um lindo vestido vermelho.

Eles me vestiram para o baile.

Eu soltei uma risada incrédula olhando aquela fantasia em cima da minha cama.

—Eu quero só ver a cara do Cedrico. –Falei animada.

—--

Quando desci as escadas encontrei Harry, Rony, Hermione e Nate me esperando no salão comunal.

—Você demorou. –Nate sorriu.

Tomamos café da manhã e voltamos ao salão comunal, passamos por lá o resto da manhã. Pressionei Rose um pouco para me contar com quem ela iria o baile, mas a garota se manteve irredutível.

—Então me diga ao menos a cor do seu vestido! –Pedi.

Rose fingiu pensar um pouco.

—Verde. –Ela disse maliciosa.

—Verde?! –Harry e Rony falaram com nojo.

—E qual o problema? O meu vestido também é verde! –Gina falou botando fim a discussão.

Durante a tarde todos fomos para os jardins, Harry, Nate e os Weasleys começaram uma guerra de neve, enquanto Hermione e Rose sentaram no chão a conversar. Eu deixei eles por lá e me afastei em direção a carruagem de Beauxbatons, do lado de fora umas garotas conversavam animadas.

—Vocês viram a Michelle? –Perguntei.

Elas me olharam irritadas por ter interrompido a conversa, mas uma delas se afastou colocando a cabeça para dentro da carruagem.

—Michelle! –Pude ouvir a voz dela chamar.

Não demorou muito para que a ruiva aparecesse, seus cabelos vermelhos fazendo contraste com a paisagem branca.

—Lyra! –Ela exclamou animada.

—Está tudo pronto? –Perguntei.

—Você vai mesmo fazerr esto? –questionou ela.

Eu sorri.

—É claro que sim.

Ela pareceu animada.

—Está tuto prronto. –Confirmou. –Nos vemos a noitê.

As cinco da tarde Hermione e Rose me levaram para o salão comunal, para começarmos a nos arrumar. O quarto era uma confusão de cremes, perfumes, roupas, gritinhos e risadas, por isso deixei que todas tomassem banho primeiro e fiquei sentada esperando se arrumarem, quando a última delas saiu do banho eu entrei.

Fiquei bastante tempo debaixo d’água, ela estava quentinha e eu queria me sentir relaxada, um baile não era para estressar, mas para se divertir. Quando saí do banheiro a maior parte das meninas já estava terminando de se arrumar, Lilá já saía do quarto junto de Parvati, Rose e Gina não estavam a vista, deviam estar terminando de se arrumar. Ali só havia Hermione.

Ela estava de frente para o espelho, brigando com o zíper nas costas do vestido. Fui até ela e subi todo o zíper, olhando por sob o ombro o seu reflexo no espelho.

—Está muito bonita Hermione. –Falei.

Ela sorriu nervosamente. E realmente estava, seu vestido era azul, tinha um leve decote, mas era discreto, apertava até a cintura, em seguida descia pelo resto do corpo em camadas e babados esvoaçantes. Ela deve ter aplicado algo no cabelo, pois ele estava mais liso e baixo.

—Você acha? Acha que Viktor vai gostar? –Perguntou ansiosa.

—Ele vai adorar. –Respondi.

Ela virou para mim, feliz, então pegou alguns pinceis para começar a se maquiar. Eu fui em direção a minha cama e comecei a me vestir, somente de calcinha e sutiã eu fiz um penteado no cabelo, coloquei para cima, dei umas voltas e trancei um pouco, uns frizos aqui, um creme ali... Do jeito que a minha mãe havia ensinado, tudo isso dividindo espaço com Hermione em frente ao espelho, enquanto ela se maquiava.

Me juntei a ela em seguida, a garota me ajudou com a maquiagem já que eu só costumava usar o básico, nada muito extravagante. Quando terminamos a maquiagem eu sentei na cama e coloquei os brincos, o colar e o sapato de salto, era preto e com algumas pintinhas douradas espalhadas por ele, fiquei de pé me acostumando com a sensação.

—Onde está o seu vestido? –Hermione perguntou ao me ver de pé.

Eu andei em direção a caixa, me acostumando com o salto e quando levantei o tecido Hermione ofegou, surpresa.

—Deus do céu Lyra, ele é lindo! –Ela disse.

Sorri.

—Foi um presente da minha mãe... e do meu pai. –Toquei o tecido com carinho.

—Sirius me surpreendeu. –Confessou. –Venha, vou ajudar a coloca-lo.

O vestido era leve, colava no corpo dos ombros até o quadril, a partir daí ele ficava solto, tinha um decote fundo e as costas formavam um X, deixando um pouco das minhas costas a mostra. Hermione se afastou de mim, sorrindo.

—Está maravilhosa. –Ela falou rindo animada. –Cedrico vai desmaiar.

Soltei uma gargalhada.

—Vamos, nossos pares devem estar nos esperando. –Avisei.

Caminhamos juntas em direção a porta quando parei de repente.

—Espere! Falta uma coisa!

Voltei rapidamente para o meu malão, junto de alguns dos meus brincos estava o broche de águia que Cedrico me derá há um tempo, o broche que pertenceu a mãe dele. Fechei um pouco o decote colocando o broche ali.

—Pronto. –Falei. –Agora tudo está perfeito.

—--

Quando descemos juntas o salão comunal ainda tinha algumas pessoas, já iam dar oito horas que era o momento em que as portas se abririam, Hermione e eu tínhamos que correr, os campeões abririam o baile e nós eramos pares de dois deles.

Por onde passávamos as pessoas olhavam, não estou brincando, era de arrepiar a atenção que a gente recebia.

—Isso é estranho. –Comentei ao ver um corvinal parar sem fala no caminho para o saguão.

Hermione se afastou de mim logo que chegamos, para se encontrar com Krum.

Quando entrei no saguão o lugar estava apinhado de gente, a primeira pessoa que vi foi Dimitri, ele ia acompanhado de uma garota, mas sorriu ao me ver e piscou, fazendo um gesto de apreciação a minha roupa, eu não pude evitar uma risada.

Em seguida vi Fred e Angelina, o ruivo também me viu, pois estava com o olhar conectado ao meu, George e Karina estavam ao lado, conversando sorridentes, Karina estava com um vestido longo, branco e uma pele negra sob os ombros. Fred olhou para eles também e quando nossos olhares se encontraram de novo eu sabia o que ele pensava... Ver George e Karina juntos é quase como ver a nós dois. Ele acenou levemente com a cabeça e eu continuei meu caminho.

Nate e Michelle tinham expressões surpresas ao me ver, mas havia tantas pessoas no lugar que andar era difícil, então eles apenas acenaram. A ruiva usava um vestido tão ousado quanto sua própria personalidade, era negro e com um grande talhe até a metade da coxa que aparecia sempre que ela andava. Nate estava elegante com seu terno, ele me olhou carinhoso e moveu os lábios.

‘Você está linda.’

Eu sorri emocionada.

Ao longe vi Rony, emburrado, com suas vestes a rigor antigas e ao seu lado estava Emelli com um vestido rosa claro arrumando as vestes a rigor de Rony soltando risadinhas. Logos os dois riam juntos. Harry estava ali também, Cho ao seu lado, mas eles não conversavam, o garoto parecia nervoso e Cho sorria tentando acalma-lo. Gina estava com Neville, ela acenou para mim quando passei por ela. A minha maior surpresa realmente foi encontrar Luna, ela vinha com um vestido azul claro da cor do céu e colares de tampa de garrafa, acompanhada de ninguém menos que Nikolai, o búlgaro mal humorado, amigo de Dimitri. Ela acenou sonhadora ao me ver.

Em seguida vi Draco, vinha com seu costumeiro grupinho de amigos, Pansy com um vestido rósea de babados enganchada no seu braço, Crabbe e Goyle logo atrás. Ele usava vestes a rigor com gola alta, eram bonitas, mas a gola alta o fazia parecer um padre. Quando finalmente me viu ele estancou, eu sorri lentamente, maliciosa. Ele me analisou de baixo para cima e quando nossos olhares se cruzaram eu pisquei, atrevida.

— O que foi Draquinho? –Pude ouvir a voz de Pansy.

Draco não respondeu, mas saiu andando com uma cara emburrada.

—Lyra? –A voz que eu estava procurando.

Virei e vi Cedrico, ele estava elegante com suas vestes a rigor negras, o cabelo bem arrumado e seu costumeiro sorriso de lado.

—Merlim! Você está incrível. –Ele disse, meio sem fôlego.

—Você também! –Exclamei. –Agora entendo por que todas as garotas do castelo são apaixonadas por você.

—Todas elas? –perguntou se aproximando e escorregando a mão pela minha cintura. –Isso quer dizer que você também é?

Coloquei a mão em seu peito, me encostando ali.

—Você vai ter que descobrir isso sozinho, campeão. –Falei.

Naquele momento o olhar de Cedrico foi em direção aos meus seios, mas ele levantou o olhar rapidamente, surpreso.

—Você está usando. –Falou emocionado após ver o broche.

Eu sorri, mas não disse nada.

—Campeões! Aqui por favor. –A professora McGonagall chamou.

Cedrico sorriu e segurou minha mão.

—Venha, minha querida Grifinória. –Chamou.

E eu fui. Por que estar ao lado de Cedrico sempre pareceu ser o lugar certo de estar.

—--

A professora MacGonagall trajava vestes a rigor de tartan vermelho, e enfeitara a aba do chapéu com uma guirlanda bem feiosa de cardos - a flor nacional da Escócia -, ela nos mandou esperar a um lado das portas, enquanto os demais entravam. Nós deviamos entrar no Salão Principal em cortejo, quando os outros estudantes se sentassem. Fleur Delacour e Rogério Davies pararam mais próximos às portas, Davies parecia tão aturdido com a sua sorte de ter Fleur como par que mal conseguia desgrudar os olhos dela.

Eu e Cedrico ficamos ao lado de Harry e Cho, o garoto estava com o rosto afogueado quando deu o braço para ela, enquanto que Cho sorria, parecendo achar tudo aquilo adorável. Atrás de nós Hermione estava de braços dado com Viktor Krum.

—Hermione! –Harry ofegou surpreso.

—Oi Harry! Oi Lyra! –Ela acenou animada.

Eu virei para o Búlgaro, com suas vestes rígidas, vermelha e negra e o encarei seriamente.

—Se grizhi dobre za nego tazi vecher Viktor. (Cuide bem dela essa noite Viktor.) –Eu pedi.

Krum acenou que sim com a cabeça, num movimento rígido, como se tivesse acabado de receber o santo graal.

—Az se stremi (Eu me esforçarei.) –Respondeu ele.

Hermione olhou de mim para ele, como que perguntando o que estávamos dizendo. Enquanto que Cedrico se aproximou um pouco da minha orelha.

—Você fala Búlgaro? –Ele perguntou surpreso.

Eu acenei que sim com a cabeça.

—Um pouco, sim. Mas Krum e Karina sempre usam frases simples ao meu redor, então fica fácil entender. –Expliquei.

—Estou impressionado. –Falou.

Eu ri.

—Não fique, eu estudei durante dois anos com Karina para conseguir entender minimamente o que ela falava.

Ele riu também.

Eu podia ouvir Harry conversando com Cho, baixinho, logo ali ao nosso lado, mas qualquer frase que o garoto ia falar, sumiu no engasgo que ele deu em seguida, eu e Hermione o olhamos, preocupadas, mas o garoto olhava para o corredor do castelo, a entrada para o saguão.

Nós duas viramos naquela direção querendo saber o que o deixou tão chocado.

—Ah. Meu. Deus. –Hermione falou lentamente.

A minha primeira reação foi arregalar os olhos e a segunda foi uma risada incrédula.

Era Rose!

Ela vinha com um longo vestido verde esmeralda, os cabelos estavam soltos e caiam pelas costas em cachos rebeldes, mas o seu rosto estava visível, principalmente a longa cicatriz na bochecha, ela não havia colocado um pingo de maquiagem para cobri-la, apenas um batom rosa nos lábios. Ao lado dela estava ninguém menos que Blásio Zabine com a mão em sua cintura, com toda a sua perfeição negra, por que o garoto era bonito no nível príncipe africano!

Era inacreditável.

—Aquela ali não é a sua irmã? –Cedrico perguntou a mim.

—O que a Rose está fazendo com um sonserino? –Harry me perguntou, o tom de voz alterado.

—Harry, isso não é hora para...

Mas minha fala foi interrompida quando as portas do salão se abriram e os quatro campeões tiveram que entrar. Entramos num cortejo, de dois em dois, Harry olhava constantemente para trás, para Rose.

As paredes do salão estavam cobertas de gelo prateado e cintilante, com centenas de guirlandas de visco e azevinho cruzando o teto escuro salpicado de estrelas. As mesas das Casas haviam desaparecido, em lugar delas havia umas cem mesinhas iluminadas com lanternas, que acomodavam, cada uma, doze pessoas.

Quando passamos em frente a mesa onde Nate e Rony estavam com seus pares os dois garotos viram Hermione passar de braços dados com Viktor Krum. Meu Deus! A cara do Nate era muito estranha. Cedrico notou para onde eu olhava e soltou uma risadinha.

—Seu irmão veio com uma garota muito bonita, no entanto se olhar matasse eu teria pena de Viktor Krum nesse momento. Por que ele não chamou Hermione Granger, então? –Perguntou-se.

Eu olhei para ele, surpresa.

—Boa pergunta. –Respondi.

Dumbledore sorriu feliz quando os campeões se aproximaram da mesa principal, mas Karkaroff tinha uma expressão parecidíssima com a de Nate ao ver Krum e Hermione se aproximarem. Ludo Bagman, esta noite de vestes roxo-berrante, com grandes estrelas amarelas, batia palmas com tanto entusiasmo quanto qualquer estudante e Madame Maxime, que trocara o uniforme costumeiro de cetim negro por um vestido rodado de seda lilás, os aplaudia educadamente. Parecia que de todos os jurados do torneio o senhor Crouch era o único que não estava presente, a quinta cadeira à mesa estava ocupada por Percy Weasley.

Quando os campeões e seus pares chegaram à mesa, Percy puxou uma cadeira vazia ao seu lado, olhando significativamente para Harry. Harry entendeu a deixa e se sentou ao lado do garoto, que trajava vestes a rigor azul-marinho, novíssimas, e exibia uma expressão de grande presunção. Cho se sentou ao seu lado, ela parecia um pouco emburrada com alguma coisa.

Eu fiquei entre Cedrico e Krum, Hermione, por sua vez, do outro lado de Krum.

Conversar com Cedrico era divertido, ele sempre sabia o que dizer e estava sempre colocando minhas mãos entre as suas, fazendo carinho em meus dedos, isso me deixava estranhamente quente.

Harry por outro lado parecia bastante avoado, ele não dava atenção a garota ao seu lado, muito menos a Percy que falava, falava, falava sem parar. Seu olhar esquadrinhava o salão procurando alguém, quando finalmente encontrou fez uma careta irritada.

Era Rose. Ela estava sentada com Zabine numa mesa cheia de sonserinos, era incrível como ela conseguiu se adaptar ao ambiente, o garoto a deixou relaxada, dava para ver. Logo ao lado dela pude ver Theodore Nott, ele me olhava, tinha um sorrisinho malicioso, eu fiquei séria, fiz um sinal com a mão avisando que estava de olho nele. Mas o garoto olhou para Rose e Zabine e sorriu levemente, estava aí uma expressão que eu nunca pensei ver em Theodore Nott, em seguida ele levantou os braços e negou com a cabeça num sinal de que não se meteria naquilo.

Eu acenei positivamente.

Ainda não havia comida nas travessas de ouro, apenas pequenos menus diante de cada um. Cedrico apanhou o dele.

—O que você vai querer? -Perguntou.

Dei de ombros.

Dumbledore examinou atentamente o próprio menu, depois ordenou muito claramente ao seu prato:

— Costeletas de porco!

E as costeletas de porco apareceram. Entendendo a idéia, os demais ocupantes da mesa também fizeram os pedidos aos seus pratos.

Harry estava tão irritado com a ousadia do sonserino em convidar sua irmã que nem notou que todos já estavam comendo. Cho tentava falar com ele, mas o garoto apenas acenava avoado.

—Harry você não vai comer? –Ela perguntava.

—Hã? Ah, certo, certo. –Ele respondia sem tirar os olhos de Rose.

Quem imaginaria que Harry era do tipo ciumento? Mas, bem, ele nunca teve uma irmã, então acho que é normal ele querer tê-la só para si, principalmente por que nos últimos meses os dois se aproximaram muito.

Viktor e Hermione, ao contrário, pareciam estar de divertindo horrores!

—Pom, temos um castelo também, non é ton grrande quanto este, nem ton conforrtável, acho - ia ele dizendo a Hermione. - Temos só quartro andarres, e as larreirras só são acesas parra finalidades mágicas. Mas a prroprriedade em que ecstá a escola é ainda maiorr do que esta, emborra no inverrno a gente tenha muito pouca luz solarr, porr isso não aprroveitamos muito os jarrdins. Mas no verrão todo o dia sobrrevoamos os lagos e montanhas...

—Parece um lugar muito bonito, não é Cedrico? –Comentei.

O garoto acenou que sim com a cabeça.

—Nunca cheguei a voar sobre montanhas. –Falou.

—Nem eu.

—Poderíamos sair para voar juntos qualquer dia desses. –Ele sugeriu.

Eu sorri.

—Seria perfeito. –Aceitei.

—Ora, ora, Vítor! - disse Karkaroff, interrompendo a narração com uma risada que não se estendeu aos seus olhos frios. - Não vá contar mais nada, agora, ou a nossa encantadora amiga vai saber exatamente onde nos encontrar!

Dumbledore sorriu, seus olhos cintilando.

—Igor, tanto segredo... a pessoa poderia até pensar que voce não quer visitas.

—Bom, Dumbledore - disse Karkaroff, mostrando os dentes amarelos -, todos protegemos os nossos domínios, não? Todos não guardamos zelosamente os templos de saber que nos foram confiados? Não estamos certos em nos orgulhar de que somente nós conhecemos os segredos de nossas escolas, e, mais uma vez, certos em protegê-las?

—Ah, eu nunca sonharia em presumir que conheço todos os segredos de Hogwarts, Igor - disse Dumbledore amigavelmente. - Ainda hoje de manhã, por exemplo, a caminho do banheiro, virei para o lado errado e me vi em um aposento de belas proporções que eu nunca vira antes, e que continha uma coleção realmente magnífica de penicos. Quando voltei para investigá-lo mais de perto, descobri que o aposento desaparecera. Mas preciso ficar atento para reencontrá-lo. É possível que só esteja acessível às cinco e meia da manhã. Ou talvez só apareça com a lua em quartil ou quando quem procura está com a bexiga excepcionalmente cheia.

Cedrico e eu não nos aguentamos, soltamos altas gargalhadas.

Entrementes, Fleur Delacour criticava as decorações de Hogwarts com Rogério Davies.

—Isse non é nada - disse ela contemplando as paredes cintilantes do Salão Principal com ar de pouco caso. - No Palace de Beauxbatons, tem esculturres de gelo em volta da sala de jantarr no Natal. Elas non derretem, é clarro... parrecem enorrmes estátues de diamante, faiscando pela sala. E a comida é simplesman superrbe. E temos corrais de ninfas das mates, cantando serrenatas enquanto comemes. Não temos essas armadurras feies nos corredorres e se um dia um polterrgeist entrrasse em Beauxbatons, serria expulso assim. - E ela bateu a mão com impaciência na mesa.

O sotaque dela era bastante pesado, eu quase não conseguia entende-la, mas acho que ela estava exagerando para dar mais impressão a sua fala. Rogério Davies observava a garota falar com uma expressão aturdida no rosto e a toda hora errava ao levar o garfo à boca, parecia estar ocupado demais admirando Fleur para escutar uma única palavra do que ela dizia.

— Absolutamente certa - disse ele depressa, batendo com a própria mão na mesa como fizera Fleur. - Assim. É claro.

—Ah, mas pirraça faz a alegria do castelo... Senhorita Delacour. –Pronunciei o nome dela com desdém. – E de que adianta tanta pompa e nenhum divertimento? Devia se soltar mais, tem sempre uma expressão tão azeda no rosto que parece estar em constante estado de constipação.

Cedrico arregalou os olhos, incrédulo com o que eu disse e toda a mesa tentou conter a gargalhada. Fleur ao contrário parecia extremamente ofendida, assim como seu parceiro.

—O que?! –Ela gritou com a voz fina.

—Deus do céu! – Fingi massagear os ouvidos. –Parece um espirito agourento, que voz horrível.

Fleur se levantou de seu lugar.

—Querr rreceberr uma liçón novamen, Anderrson? –Ela questionou.

Eu me levantei lentamente e sorri.

—Do que está falando Delacour? –Me fiz de desentendida. –Você já me atacou alguma vez?

—Fleur! –A voz de Madame Maxime soou feito um estalo.

Fleur notou finalmente o que havia dito e colocou a mão em frente a boca. Até aquele momento ninguém tinha ideia de que Fleur era autora do ataque que sofri semanas antes, mas naquele momento algumas pessoas na mesa olhavam Fleur, curiosamente.

A garota voltou a se sentar, me olhando raivosa. Eu sorri superior e voltei a me sentar ao lado de Cedrico, poucas pessoas notaram a pequena discussão, a maioria conversava animada sem prestar atenção naquilo.

Cedrico se aproximou sussurrando em meu ouvido.

—Ela quis dizer o que eu acho? –Ele perguntou.

Eu dei de ombros.

—O que exatamente você acha que ela quis dizer? –Questionei.

—Ela fez o que eu acho que fez?

Eu sorri achando aquilo extremamente engraçado.

—Você não está me perguntando nada Cedrico. –falei.

Ele sorriu.

—Eu sei, desculpe.

—Vamos esquecer esse assunto, sim? Não quero prejudicar ninguém. –Respondi.

Ele me olhou por uns segundos, surpreso, então delicamente tirou uma mecha do meu cabelo da frente do meu rosto e colocou atrás da orelha, eu sorri.

—Você quem manda. –Sussurou ele.

Hermione agora ensinava Krum a pronunciar seu nome corretamente, ele não parava de chamá-la de Hermy-on.

— Her-mi-o-ne - dizia ela lenta e claramente.

— Herm-on-nini.

— Está bastante parecido - disse ela.

Quando toda a comida fora consumida, Dumbledore se levantou e pediu aos estudantes que fizessem o mesmo. Então, a um aceno de sua varinha, as mesas se encostaram às paredes, deixando o salão vazio, em seguida ele conjurou uma plataforma ao longo da parede direita. Sobre ela foram colocados uma bateria, alguns violões, um alaúde, um violoncelo e algumas gaitas de foles. As Esquisitonas subiram, então, no palco sob aplausos delirantemente entusiásticos. Eram todas extremamente cabeludas, trajavam vestes negras que haviam sido artisticamente rasgadas. Apanharam seus instrumentos e Cedrico pegou minha mão, me ajudando a ficar de pé, as lanternas de todas as outras mesas tinham se apagado e os outros campeões e seus pares estavam em pé.

—Temos que dançar! –Cho falou para Harry.

O garoto tropeçou nas vestes ao se levantar, mas Cho pareceu achar aquilo fofo por que ela sorria. As Esquisitonas tocaram uma música lenta e triste, Cedrico me levou até o centro do salão e me puxou pela cintura, fomos embalados pela música em pouco tempo e girávamos pelo lugar.

Eram apenas os quatro campeões, mas logo outros alunos começaram a dançar também.

Neville e Gina dançavam próximos a Harry, Gina fazia frequentes caretas sempre que Neville pisava seus pés. Rose se levantou elegantemente com Zabine ao seu lado, os dois dançaram pelo salão por uns segundos antes de Harry aparecer com Cho e sussurar alguma coisa. Rose revirou os olhos e deixou o irmão falando sozinho ao girar com Zabine pelo lugar, o sonserino riu.

Nate e Michelle estavam dançando também, mas pude perceber a ruiva fazer uma careta de irritação ao notar Nate procurando por Hermione na multidão.

Dumbledore valsava com Madame Maxime. Ficava tão pequeno junto a ela que a ponta do seu chapéu cônico mal roçava o queixo da bruxa, no entanto, Madame Maxime se movia graciosamente para uma mulher daquele tamanho.

Volta e meia alguém conhecido aparecia e sorria para Cedrico e eu, o garoto dançava bem, era como se flutuássemos na pista de dança. Nós não conversávamos, mas trocamos muitos olhares.

Olho-Tonto Moody estava seguindo um compasso de dois tempos extremamente desajeitado com a Professora Sinistra, que nervosamente evitava a perna de madeira do seu par, os dois passaram ao nosso lado e nesse momento eu estanquei.

Parei de dançar e virei para o professor Moody, incrédula. Ele dançava de costas para mim.

—Algum problema, Lyra? –Cedrico perguntou.

Virei para ele, abri a boca, tentando explicar, mas nem mesmo eu tinha certeza do que me fez parar, então eu neguei com a cabeça.

—Nada. –Sorri. –Esqueça.

Então voltamos a dançar. Mas aquilo não havia saído da minha cabeça, por que no momento em que ele passou ao nosso lado eu senti cheiro de Hemeróbio.

Hemeróbio...

Um dos ingredientes para poção polissuco.

Notei Nate dançando com Michelle e uma coisa que ele havia me dito no começo do ano letivo me saltou na cabeça.

“É que eu senti um cheiro familiar nele...Cheiro de poção polissuco.”

Cheiro de poção polissuco, hein?

Ele era professor de DCAT, é normal que ele mexa com esse tipo de coisa, mas... Alguma coisa me dizia...

—--

Quando as Esquisitonas começaram a tocar uma música mais animada, eu pude ver Harry dançando com Cho, os dois riam, parecia enfim que Harry tinha esquecido um pouco de Rose. Essa então ria das danças bobas que Zabine fazia, os dois também se divertiam. Mais ao longe pude notar Rony, ele havia esquecido de sua roupa antiga e tentava acompanhar Emelli na dança, que apesar de gordinha tinha um gingado maravilhoso, sempre que ele errava o passo ela ria, logo se via que não importava que Rony não soubesse dançar, por que ela gostava da companhia dele.

Estava tudo bem... Até aquele momento.

Vi Hermione correndo em direção ao saguão e Nate segui-la.

—Cedrico! –Pedi. –Venha comigo.

Eu o arrastei na direção do saguão junto comigo. Quando chegamos lá era possível ouvir a discussão dos dois.

—Ele é da Durmstrang! - vociferou Nate. - Está competindo contra o Harry! Contra Hogwarts! Você... você está... confraternizando com o inimigo, é isso que você está fazendo!

Hermione ficou boquiaberta.

—Você veio com uma francesa! E por acaso ela não é inimigo também? –Hermione rebateu irritada.

—É diferente! –Ele disse. –Ela não é um dos campeões!

—Não seja tão hipócrita! - respondeu ela após um momento. – Se Viktor é inimigo, então Deveraux também é. Ou você acha mesmo que “Fleur Delacour” –Ela usou um tom de ironia ao dizer o nome da garota. -, consegue fazer alguma coisa sozinha? Michelle Deveraux é suporte dela!

Nate decidiu ignorar o comentário.

—Suponho que ele a tenha convidado para vir com ele quando os dois estavam na biblioteca? –Ele disse voltando a Krum.

—Isso mesmo - disse Hermione, as manchas rosadas em seu rosto se intensificando. - E daí?

—Que aconteceu, estava tentando convencê-lo a participar do fale, é? –Ele falou usando desdém.

O que estava acontecendo com Nate? Por que ele estava agindo daquele jeito?

—Não, não estava, não! Se você quer realmente saber, ele... ele disse que estava indo todos os dias à biblioteca para tentar falar comigo, mas não conseguia reunir coragem.

Hermione disse isso muito depressa e corou tanto que ficou quase da mesma cor do meu vestido.

— E, é... isto é o que ele conta - disse Nate em tom desagradável que eu nunca o vi usar.

— E o que é que você quer dizer com isso?

— É óbvio, não é? Ele é aluno do Karkaroff não é? E sabe que você anda em companhia do... ele só está tentando se aproximar do Harry, tirar informações sobre ele ou até chegar perto bastante para azarar ele...

—Nate! –Ofeguei surpresa.

O garoto pareceu não me ouvir, já Hermione pareceu ter sido esbofeteada por ele. Quando falou, tinha a voz trêmula.

—Para sua informação, ele não me fez uma única pergunta sobre o Harry, nem umazinha... –Ela disse apontando o dedo na cara de Nate.

Mas ele mudou o rumo da conversa com a velocidade da luz.

—Então está na esperança de você o ajudar a decifrar a mensagem do ovo! Suponho que tenham andado juntando as cabeças durante aquelas sessõezinhas íntimas na biblioteca...

—Eu nunca o ajudaria com aquele ovo! - exclamou Hermione, com ar de indignação. - Nunca. Como é que você pode dizer uma coisa dessas... eu quero que Harry vença o torneio. Harry sabe disso!

—Você tem um jeito engraçado de demonstrar isso - desdenhou Nate.

—O torneio é justamente para se conhecer bruxos estrangeiros e fazer amizade com eles! - disse Hermione com voz aguda. –E por acaso Lyra, sua própria irmã, não tem uma prima búlgara? Não seria essa mesma prima búlgara melhor amiga de Viktor?

As pessoas ao redor estavam começando a olhar para eles.

— Por que você não vai procurar o "Vitinho", ele deve estar se perguntando aonde é que você anda - disse Nate fazendo aspas com a mão.

— Pare de chamá-lo de Vitinho! - Hermione reclamou.

Mas naquele momento Michelle vinha andando decidida em direção aos dois, ela não tinha uma cara nada boa. Hermione bufou e virou as costas, voltou a pista de dança para procura Krum.

—Nate, o que diabos deu em você?! –Reclamei me aproximando e empurrando seu ombro com força.

—Ah, me deixa Lyra! –Ele reclamou.

Michelle parou em frente ao garoto, de perto a desgraçada era mais bonita ainda! Ela tinha a mão na cintura e olhava seriamente para Nate.

—Vem aqui. –Ela disse apontando para o lado.

Nate suspirou sabendo que tinha que se explicar, então seguiu a garota em direção aos jardins cheios de neve.

Eu fiquei ali sem entender exatamente qual o grau de burrice que Nate havia alcançado naquela noite, eu só sabia que não era normal.

—É sempre assim ao seu redor? –Cedrico perguntou.

—Como assim? –Questionei.

Ele riu um pouco antes de explicar.

—Agitado. –Ele disse. –Sempre que eu te olhava de longe sua vida sempre parecia tão animada, se envolvendo em problemas, se divertindo.

Eu sorri achando aquilo muito fofo.

—É sim, sempre bastante agitado. Tem certeza que quer se meter comigo, senhor Diggory?

Cedrico se aproximou nos deixando com os rostos próximos.

—Certeza absoluta.

Então ele fechou os olhos e tocou seus lábios levemente nos meus, fechei os olhos também aproveitando a sensação. Foi só um leve tocar de lábios, mas eu gostei.

Como gostei...

—Eu gostaria de falar uma coisa com você. –Ele disse ficando sério logo depois do beijo.

—O que foi? –Perguntei preocupada pela mudança de humor.

—Harry Potter... Ele ainda não descobriu a mensagem no ovo de ouro, não é?

Senti como se meu sangue tivesse virado água gelada. Me afastei de Cedrico, com repulsa.

—Não quero falar sobre isso. –respondi.

Cedrico suspirou, preocupado.

—Como eu pensei, ele ainda não descobriu. –Ele falou para si mesmo.

—Então foi por isso que você me convidou? –Perguntei me sentindo traída. –Para saber informações sobre Harry?

Eu me virei para ir embora. Que idiota eu fui!

—Não! –Cedrico pareceu assustado e pegou minha mão com força. –Jamais faria isso com você. Mas Harry me ajudou na primeira prova, foi ele quem me disse sobre os dragões. Nada mais justo que eu também o ajude.

Eu virei lentamente, sem querer acreditar naquilo.

—Quer dizer que você já decifrou o ovo? –Perguntei cautelosa.

Ele acenou que sim com a cabeça.

—Decifrei. –Falou. –Quero ajudar Harry a fazer isso também.

—Por que? –Questionei. –Por que faria isso? Está perdendo sua vantagem.

Ele sorriu de lado.

—É justo.

Eu sorri de volta.

—Então vamos procurar Harry.

Eu o puxei em direção ao salão, mas nem precisamos sair do lugar por que Cho saia do salão aos prantos com Harry a seguindo.

—Cho! Espera! –Ele pedia.

—Eu achei que você fosse diferente. –Ela esbravejou.

—Do que você está falando? –Harry perguntou, genuinamente confuso.

—Só sabe falar de Rose, Rose, Rose! Por que me convidou então?

A expressão de Harry pareceu se iluminar.

—Então era isso? –Ele perguntou soltando uma risada.

Mas aquilo não pareceu ser a coisa certa a fazer, por que a garota se inflou de ódio e gritou.

—Que vá ficar com a sua queria Rosemary, Harry Potter. E não me procure mais!

Então ela virou as costas e saiu andando a passos pesados.

—Cho! Não é isso! –Ele tentou explicar, mas a garota já ia longe.

Harry suspirou tristemente e se aproximou de mim.

—Oi pessoal. –Ele falou.

—Perdeu a garota Harry? –Perguntei.

—Ela ficou com ciúmes da Rose. –Ele disse dando de ombros. –Acho que não vai querer olhar na minha cara tão cedo.

—Pobre Harry. –Falei rindo. -Eu vou entrar, Cedrico quer falar com você. Vejo vocês daqui a pouco.

Acenei em despedida para os dois e entrei no salão principal.

—Lyra! –A voz de Michelle me chamou animada.

Ela me puxou por entre as pessoas.

—Esté na horra! Esté na horra! –Ela falou.

Ah, claro! Eu havia esquecido! Michelle e eu combinamos uma surpresa para a festa.

—Onde está Nate? –Perguntei.

Ela deu de ombros.

—Mandai ele parra o salón Comunal. –Avisou. –Ele tan que pansar sobrra suas atitudes.

Eu ri. Bem, Nate realmente tinha que pensar sobre as atitudes dele.

Michelle me puxou até o palco. Lá as Esquisitonas tocavam animadas, uma das integrantes veio conversar conosco, a ruiva parecia já conhece-la então não foi difícil fazer a garota aceitar. Pude ver Cedrico entrando no salão e olhando ao redor a me procurar, mas eu queria ver a cara dele quando visse o que eu e Michelle planejamos.

Quando a música terminou, as pessoas pararam para ouvir a vocalista em frente ao microfone.

—Bom, a próxima música é uma surpresa preparada por uma velha amiga nossa, a estudante de Beauxbatons, Michelle Deveraux e sua amiga, Lyra Anderson. –Ela disse.

Então os burburinhos começaram, todo o salão observava quando eu subi no palco acompanhada de Michelle.

Pude ver Madame Maxime com o rosto horrorizado.

—Ela vai vir me impedir, melhor começarmos. –Michelle riu vindo para o meu lado, trazia com ela uma guitarra elétrica.

—Onde arrumou isso? –perguntei chocada.

Ela piscou para mim.

—Não pergunte, okay? Decorou a música?

Acenei que sim com a cabeça.

—O palco é todo de vocês. –A vocalista falou me entregando o microfone.

Então Michelle apontou para a baterista que começou a bater as baquetas uma na outra.

—One, two, three, four! –A baterista gritou.

Em seguida Michelle começou o solo de guitarra, como ela conseguia tocar uma guitarra elétrica em Hogwarts era um mistério para mim, mas enquanto a guitarra tocava eu segurei o microfone e esperei minha marca.

Rostos conhecidos e desconhecidos me encaravam na plateia, chocados, surpresos, ansiosos. Merlim! Minha barriga estava gelada. Mas quando eu encontrei o rosto de Cedrico na multidão, ele ria incrédulo, ali eu descobri que... Eu sabia que podia fazer isso.

Friday night boys and the pbr…—Comecei a cantar.

—--

Logo que a música terminou Madame Maxime veio atrás de Michelle, a garota correu aos risos e me deixou sozinha ali, Cedrico foi o primeiro a chegar a mim.

—Lyra! Isso foi incrível! –Ele disse colocando a mão nos meus ombros. –Não sabia que você cantava bem assim.

—Eu fazia aula de canto antes de entrar em Hogwarts. –Avisei.

Essa foi a única coisa que conseguimos falar antes de algumas pessoas virem falar comigo e me parabenizar pela apresentação. As Esquisitonas continuavam a tocar.

—Foi tudo ideia de Michelle. –Falei dando a ela os devidos créditos.

De repente todo mundo começou a se afastar de mim e Cedrico arregalou os olhos quando viu o motivo.

Dumbledore vinha andando em minha direção.

—Senhorita Anderson.

—Olá senhor diretor! Gostando da festa? –Perguntei.

—Está muito boa, obrigado por perguntar. Agora... poderia me acompanhar por favor? –Ele pediu.

Eu poderia até dizer que levaria uma bronca, mas a piscadela que Dumbledore me deu atrás de seus oclinhos de meia lua me fez sorrir.

—Claro senhor diretor. –Falei.

—Quer que eu te espere? –Cedrico perguntou.

Eu neguei com a cabeça.

—Já está tarde, a festa vai terminar daqui a pouco, então eu vou para o salão comunal em seguida.

Cedrico colocou a mão no meu rosto.

—Então acho que nos despedimos aqui, não é?

Acenei que sim com a cabeça.

—Foi uma noite incrível, Cedrico. –Falei.

—Então me encontre amanhã cedo nos jardins. Não quero que termine hoje.

Eu sorri.

—Marcado.

Então virei as costas e segui Dumbledore. Nós dois saímos pelo saguão, pude ver Madame Maxime brigando com Michelle ao longe, a garota tinha um sorriso atrevido no rosto.

O diretor me levou pelos corredores.

—Você sabe que a professora McGonagall não vai aprovar seu comportamente hoje, não é? –Ele comentou.

Eu ri um pouco.

—Eu imaginei que não. Minha bronca virá mais tarde, tenho certeza.

—E depois da bronca, a senhorita poderia passar no meu escritório para nosso pequeno assunto.

Oclumência. Será que as aulas iam voltar?

—Tudo bem. –Sorri animada.

Dumbledore ia ver o quanto eu melhorei treinando com Karina.

Percebi que o caminho que o diretor seguia não era para o seu escritório, mas para a torre da Grifinória. Nós caminhamos um ao lado do outro, em silêncio, quando nos encontramos com Rony.

—Ah, senhor Weasley. Já que está aqui poderia acompanhar a senhorita Anderson de volta para o salão comunal.

—Claro, diretor. –Rony respondeu achando estranho a minha escolta.

Dumbledore então se desperdiu voltando pelo caminho de onde viemos.

—O que você fez? –Ele perguntou.

—Ah, nada. Só cantei ao lado das Esquisitonas no palco. –Falei quando chegamos na porta do salão comunal.

—Fez o que?! –Ele perguntou com olhos arregalados.

Eu ri.

A Mulher Gorda dormia no quadro junto de uma amiga, as duas não queriam acordar para nos deixar passar, Rony e eu tivemos que gritar a senha para que elas acordassem de mal humor e nos deixassem passar, mas foi uma má ideia, por que lá dentro do salão comunal vazio Nate e Hermione gritavam um com o outro.

— Ora, se você não gosta, então sabe qual é a solução, não sabe? - berrava Hermione, agora seus cabelos iam se soltando do elegante coque, e seu rosto se contraia de raiva.

— Ah, é? – berrou Nate em resposta. - Qual é?

— Da próxima vez que houver um baile, me convide antes que outro garoto faça isso ao invés de ir atrás de uma ruiva qualquer!

—Não mete Michelle nessa história! –Nate gritou quando a garota virava as costas e subia batendo os pés a escada do dormitório das garotas para se deitar. –HERMIONE!

Nate ainda gritou, mas a garota não deu atenção.

Ele se virou para nós e fez uma careta, como um garoto que é pego fazendo alguma arte.

Minha cara não devia estar das melhores por que Nate se afastou um passo para trás quando fui em sua direção.

—Lyra, eu...

—CALE ESSA BOCA NATHANIEL JONATHAN KEPNER! –Gritei de volta.

Nate gemeu.

—Ah, merlim, ela usou meu nome todo. –Ele disse.

—Amanhã você vai pedir desculpas a Hermione pelo jeito como você falou com ela.

—Mas Lyra...! –Ele reclamou

—Não quero ouvir nada de você, Nathaniel! O que você acha que sua mãe vai fazer quando descobrir o jeito que você falou com Hermione? –Questionei.

O garoto ficou branco.

—Eu vou pedir desculpas para ela amanhã.

—Ótimo. –Falei.

Virei as costas e subi para o dormitório das meninas, antes mesmo de entrar eu pude ouvir o choro de Hermione, ela nem se quer havia tirado o salto, havia se jogado na cama.

Me aproximei dela tirando seus sapatos carinhosamente.

—Lyra... –Ela choramingou.

Coloquei os sapatos ao pé da cama junto aos meus e me deitei na cama com ela, Hermione se aconchegou em mim, me abraçando pela cintura e chorou.

Eu não precisei falar nada, nesses momentos as pessoas só precisam de um abraço e alguém com quem contar e Hermione sempre teria ambos de mim.

—--

PDV Dafne Greengrass

Aquela noite, definitivamente, estava dada por encerrada para mim. Me aconcheguei mais no meu casaco de pele branco.

Certo, coisas incríveis aconteceram, foi interessante ver Blásio e Reed juntos, a garota realmente sabia como se portar e não se intimidou por estar rodeada de sonserinos. Ou ela é muito corajosa ou muito estupida, sendo um ou outro, de todo modo, é uma verdadeira leoa.

Ela conversou bastante com Blásio, respondia quando alguma outra pessoa perguntava e ignorava qualquer tipo de piadinha ou brincadeira que vinha em sua direção, fiquei orgulhosa por Blásio tê-la escolhido. Theo a achou interessante também, eu vi em seus olhos.

Seu único defeito era mostrar demais o que estava pensando, seu rosto era tão claro, era como se pudéssemos ler sua mente somente olhando em seus olhos verdes.

Mas quem sou eu para julgar isso como um defeito? Talvez a defeituosa seja eu, por não poder demonstrar como ela.

—Greengrass! –Meu acompanhante me chamou.

Merlim! Como é mesmo o nome dele? Ah, não importa, ele não é relevante. Apenas aceitei vir com ele por pressão da minha mãe. Eu só queria voltar para meu quarto e dormir até amanhã.

—Sim...? –Virei em sua direção com uma expressão educadamente interessada. O tecido do meu vestido roxo ondulando levemente.

—Por que já está indo embora? A noite acabou de começar! –Ele disse com uma expressão maliciosa.

Revirei os olhos. Como eu odeio essas pessoas que não sabem se colocar em seus próprios lugares.

—Dispenso a proposta. –Falei arrumando uma mecha no penteado e virei as costas.

Mas aquilo foi uma má ideia. Meu acompanhante me puxou pelo braço com força e meu casaco escorregou para o chão, virei surpresa, irritada, a expressão dele era de raiva.

—Quem você pensa que é Greengrass? –Ele perguntou, parecia profundamente irritado. –Olhou para mim como se eu fosse um inseto a noite inteira.

Sorri gélida.

—Por que é isso que eu realmente penso de você. –Sussurei.

O garoto arregalou os olhos e puxou a varinha, colocando-a em meu pescoço.

—Ah, Greengrass... Esses olhos de gelo me conquistaram desde a primeira vez que eu a vi, a mim e metade dos garotos da sonserina. –Ele disse sonhador olhando para meus olhos e apertou meu braço com mais força. –Se eles ao menos soubessem que o título de rainha do gelo que você recebe tem fundamento.

Arqueei uma sobrancelha e em seguida revirei os olhos. Por Merlim! O garoto é apaixonado por mim. Ótimo, garotos odeiam ser rejeitados, parece que vou ter trabalho.

—Solte o meu braço. –Falei lentamente. –Agora.

Enquanto isso minha mão escorregava silenciosa pelo meu quadril até a parte superior da minha cocha, onde escondi minha varinha. Uma boa sonserina nunca anda desarmada.

—E se eu não quiser? –Ele perguntou apertando mais o meu braço, nossos rostos bem próximos.

Eca! Que nojo! Ele vai tentar me beijar!

Mas no momento em que eu peguei a varinha outra voz pronunciou um feitiço.

VERUGS! – A azaração pegou em cheio no meu acompanhante.

O garoto gritou colocando a mão no rosto, várias verrugas e espinhas horrendas começaram a brotar no rosto dele. Fiz uma careta e virei o rosto para não ver.

—Merlim! Você foi pego por uma azaração simples de primeiro ano. –Falei. –Está me dando nojo. Saia da minha frente!

O garoto, cujo nome eu simplesmente não conseguia lembrar, me olhou com revolta e saiu correndo na direção contrária tentando esconder o rosto.

Eu baixei para pegar meu casado e coloca-lo sobre os ombros antes de virar para o meu ‘salvador’ e me surpreendi ao descobrir quem era.

—Você? Bom... Isso sim é uma surpresa. –Comentei.

O garoto veio em minha direção.

—Você está bem? –Perguntou olhando para o meu braço.

Havia uma marca vermelha ali, com a forma de quatro dedos. Coloquei o casaco por cima para esconder.

—Não é nada. –Falei fazendo pouco caso. –Eu estava dando conta do recado.

Ele fez uma expressão surpresa.

—Não era o que parecia de onde eu estava vendo. –Ele disse.

Revirei os olhos.

—O problema de vocês, garotos, é que sepre acham que nós não podemos nos defender sozinhas. –Respondi. –Continuam nos subestimando.

Então mostrei a ele minha varinha, dessa vez entre meus dedos.

—Tudo bem. Da próxima vez eu não te ajudo mais. –Ele disse virando as costas e indo embora.

Eu observei ele indo e trinquei os dentes de frustração. Droga! Odeio agradecer as pessoas.

—O-obrigada! –Falei meio a contragosto.

Ele parou de andar e virou com um sorrisinho presunçoso no rosto. Idiota.

—Não faça essa cara ou vou acabar retirando o que disse. –Ameaçei.

Ele levantou os braços como quem se rende.

—Tudo bem. –Falou ele. –Qual o seu nome? De que casa você é?

Sorri. Curioso ele, não?

—De que casa você acha que eu sou?

O garoto nem hesitou na resposta.

—Sonserina.

Soltei uma gargalhada alta, ela ressoou pelas paredes de pedra do corredor.

—Você nem parou para pensar um pouco. –Falei.

Ele negou com a cabeça.

—Pelo jeito como você tratou o seu par mesmo quando ele estava ameaçando você. –Explicou. –E você estava na mesa com a Rose e o garoto sonserino que foi com ela. Qual o seu nome?

Ignorei a pergunta.

—Faz sentido. Por falar em par... Onde está a sua? –Me perguntei olhando para os lados como se a procurasse.

O garoto suspirou percebendo que eu não responderia.

—Ela me mandou pastar depois que eu fiquei falando demais sobre outra garota. –Ele disse dando de ombros.

Aquilo me fez rir.

—Não posso culpa-la. –Falei. –Eu teria feito a mesma coisa. Talvez pior.

—Pior quanto? –Ele questionou.

—Você não vai querer saber. –Pisquei.

O garoto pareceu surpreso, mas sorriu, meio incrédulo.

—Você não é como eu pensei que seria. –Ele disse.

—Isso é um elogio? –Perguntei brincando com os pelinhos do casaco.

—Pode considerar como um. –Respondeu ele.

Eu sorri.

—Obrigada, então. Viu? Nem todos as garotas da sonserinas são como... –Parei para pensar numa sonserina ruim o bastante. –Pansy Parkinson.

O garoto fez a mesma cara de nojo que eu fiz, nós rimos um pouco.

—É... Parece que nem todo sonserino é ruim.

Dei de ombros.

—Ou talvez eu só esteja dizendo coisas que você quer ouvir. –Falei. –Manipulação é apenas um dos meus muitos talentos.

Ele pareceu se irritar com aquilo e bufou.

—É por isso que eu odeio sonserinos. –Falou virando as costas e indo embora.

—Até a próxima, Harry Potter. –Falei mais alto para ele me ouvir a distância.

Potter virou o rosto para me ver.

—Você não vai mesmo me dizer seu nome? –Perguntou.

Neguei com a cabeça.

—Vai ter que descobrir sozinho.

Ele fez um barulhinho de desagrado e foi embora.

Eu soltei uma risadinha quando ele não estava mais a vista e segui meu caminho até as masmorras. Que conversa interessante. Quem poderia imaginar que Harry Potter seria o herói de uma sonserina um dia? Bom, talvez não fosse tão impossível. Grifinórios tem síndrome de herói, afinal.

Eu sabia que não iria demorar para que ele descobrisse quem eu sou, o castelo era pequeno demais e cheio de fofoqueiros para isso.

Mas manter o mistério o máximo que eu pudesse era o que me divertia e Harry Potter pode ser alguém interessante para brincar.

 

Eu lhes apresento:

Dafne Greengrass 'A Rainha de Gelo' da Sonserina


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Notas finais do capítulo

Para quem deixa review:OBRIGADA! Amo vocês Suas lindas *-*
Para quem não deixa por que não tem perfil: Tudo bem, eu perdoo.
Para quem não deixa por preguiça: Gente, o dedo não vai cair, faz esse esforcinho vai, por favor?
BEIJOOOS LIINDAS *----------*
RECOMENDEM PLEASE!
Câmbio e desligo