Foi no Instituto de Durmstrang... escrita por Sensei, KL


Capítulo 34
O desespero da segunda prova


Notas iniciais do capítulo

Demorei? Demorei mesmo. Mas o Capítulo tá enoooooorme. Completamente narrado pelo Nate e em alguns momentos vocês vão odiá-lo e em outros também kkkkkk Maaaaas, ele é um garoto que viveu no meio de um monte de mulheres, então certas atitudes são explicadas por ele sempre ter sido o homem da casa e se sentir o macho alfa.
Perdoem o pobre!
EU GOSTARIA DE DEIXAR REGISTRADO UMA COISA IMPORTANTE!
[COISA IMPORTANTE]: Essa configuração de capítulos com mais de dez mil palavras é temporária! Juro! É muito cansativa e pretendia, desde o começo, fazer somente três capítulos grandes assim e depois voltar para minhas humildes três a quatro mil palavras.
~OBRIGADA PELA ATENÇÃO~
Espero que gostem.
Câmbio e desligo



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PDV Nate

Eu senti um frio na barriga estranho olhando para a superfície do lago.

Depois que os campeões mergulharam os juízes explicaram do que se tratava a segunda prova. Michelle estava ao meu lado abraçando Fleur que chorava por causa de sua irmãzinha, preocupada.

Eu sabia o que ela estava sentindo.

—--

No dia seguinte ao baile eu fui falar com Hermione.

Eu também tinha que pedir desculpas a Michelle, ela ficou bem irritada por minha causa na noite anterior. Falou um monte por que eu a deixei sozinha para ficar gritando com a Hermione pelos corredores.

Ela estsva certa em brigar, na verdade, todas elas estavam certas. Eu era o único errado. Não sei o que deu em mim, mas quando eu vi Hermione de braços dados com Viktor Krum... Eu vi tudo vermelho.

Será que é algum tipo de instinto protetor ou algo assim?

Ah, pensar nisso me dava dor de cabeça.

Encontrei Hermione conversando com Harry no salão comunal.

—Mione... –Chamei.

Ela virou para me olhar, seu rosto sério de um jeito estranho, como se não fosse ela.

—Eu queria pedir desculpas pelo jeito que falei com você ontem. –Falei mexendo nos cabelos da parte de trás da minha cabeça.

Hermione me olhou meio magoada por uns segundos e suspirou.

—Certo Nate, só vamos esquecer isso, tudo bem?

Eu acenei que sim com a cabeça.

Harry, ela e eu ficamos ali sem saber o que dizer, Harry fazendo umas caretas engraçadas e Hermione fazendo carinho em bichento, aquilo me fez lembrar do furão de Lyra, ela o havia deixado em casa para que os gêmeos não o roubassem e a mamãe acabou se apegando ao bichinho.

Fiquei olhando para o gato sem ter mais para onde olhar.

Se Lyra e Rony não tivessem chegado naquele momento eu realmente acho que cavaria um buraco para me enterrar.

Quando ficamos todos reunidos Harry e Rony nos contaram algo que havia ouvido na noite anterior quando saíram juntos logo depois que Cho deu um pé na bunda do garoto.

—Então quer dizer que Hagrid é meio gigante? –Lyra perguntou surpresa.

Bom, não era tão surpreendente, o tamanho do cara denunciava isso. Mas não é como se eu fosse achar ruim, seria meio hipócrita criticar o Hagrid levando em conta que eu mesmo sou um lobisomem.

— Bem, achei que devia ser - disse Hermione, encolhendo os ombros. - Eu sabia que ele não poderia ser todo gigante, porque os gigantes têm uns seis metros de altura. Mas, francamente, por que toda essa histeria por causa dos gigantes? Nem todos devem ser horríveis... É o mesmo tipo de preconceito que as pessoas têm com relação aos lobisomens... é muita cegueira, não é, não?

Todos viraram em minha direção como se falar a palavra lobisomem me ofendesse de algum modo.

—Estou bem pessoal. Na verdade não me importa muito, o cara poderia ser metade camelo e eu ainda gostaria dele. –Respondi.

No final parecia que somente Rony realmente ficara impactado pela notícia, pelo jeito os gigantes tinham uma fama tão ruim quanto os lobisomens, talvez pior. Os lobisomens, ao menos a maioria, não fazia o que fazia por mal, é a lua cheia que nos descontrola, já os gigantes tinham plena consciência do que faziam.

—--

Com o feriado de Natal terminado Harry parecia cada vez mais nervoso com a segunda tarefa, toda vez que me aproximava dele o cheiro de nervosismo era evidente.

—Você precisa de ajuda Harry? –Lyra perguntava, também notando o comportamento do garoto.

—Não, obrigado Lyra. –Ele sorria meio sem graça e mudava de assunto.

Ele não queria dar o braço a torcer de que não tinha ideia de como desvendar o ovo e eu também não contaria isso a Lyra.

Essa por sua vez parecia cada dia mais próxima de Cedrico, não era estranho vê-la para cima e para baixo de mãos dadas com o garoto, conversando com o grupinho de amigos dele. O cara era legal, ele falava comigo sempre que estávamos por perto dela e era gentil com a Rose e a Hermione, somente Rony o ignorava por alguma birra orgulhosa de grifinório, mas o garoto levava numa boa.

Hermione estava... Eu nem sei bem. Ela era educada, mas distante, não era a mesma coisa. Ela ainda estava com raiva de mim e parecia que Rose havia aderido ao tratamento distante por que as duas estavam super amigas.

Rony estava distante também, mas o motivo era outro, Harry havia percebido e vivia por irrita-lo com isso. Parecia enfim que ele havia arrumado uma namorada. O ruivo vivia negando, mas era óbvio que ele e Emelli estavam se encontrando as escondidas. Eu sentia o cheiro dela na roupa dele sempre que ele voltava para o salão comunal depois do jantar! E ele era o primeiro a sair do salão comunal de manhã, estava até acordando cedo para isso!

Então com tudo isso parecia que a única pessoa com quem eu conseguia conversar direito era com Michelle.

Por isso não era novidade quando um dia antes do primeiro dia do semestre eu estivesse de manhã cedo, quase tão cedo quanto Rony, na neve do lado de fora da carruagem de Beauxbatons esperando por ela.

—Ela já está saindo. –A voz de Emelli soou na porta. Virei para vê-la descer as escadas com delicadeza, uma completa Lady.

Ela saia com um casaco branco de pele que escondia sua roupa e botas pretas, seus cabelos de mechas azuis destacando na paisagem branca da neve. Os olhos azuis espertos me encaravam, sempre tinha a estranha sensação que ela me analisava, Michelle havia me avisado que ela provavelmente o fazia.

—Bom dia Emelli. –falei com um aceno na cabeça.

—Bom dia Nate. –Ela respondeu.

Eu sorri.

—Você nasceu na França? –Perguntei sentindo uma dúvida pipocar na minha mente.

—Nasci e vivi lá durante toda minha vida. –Ela respondeu levemente desinteressada. -Por que a pergunta?

—Você não tem sotaque algum sendo que o de Michelle é tão forte. –respondi.

Ela sorriu, seus olhos brilhando de inteligência.

—É por que sou um gênio. –Ela respondeu presunçosa.

Então virou as costas e foi em direção ao castelo.

—Mande um oi para o Rony por mim. –Falei antes que ela se afastasse.

A garota virou mordendo o lábio, esperançosa, sua fachada altiva ruindo lindamente.

—Ele falou alguma coisa sobre mim?! –Perguntou animada.

Eu sorri e ela arregalou os olhos percebendo que eu havia jogado verde.

—Droga... Não acredito que caí nessa. –Ela disse virando as costas novamente.

Quando ela já estava quase nas portas do castelo Michelle saiu da carruagem, seus cabelos amarrados num coque no alto da cabeça, usava um vestido azul e um casaco azul escuro, suas botas eram brancas.

—Nate! –Ela sorriu abertamente, correu pela escada e se jogou em meus braços.

—Opa! –A peguei quase caindo.

Ela riu alegre ao lado da minha orelha.

—Bom die. –Ela disse.

—Seu recado me mandou vir bem cedo, por que? –Perguntei.

—Famos! –Ela disse me puxando pela mão para longe do castelo.

—Para onde? –Perguntei novamente.

Ela não respondeu, mas continuou me puxando cada vez mais para longe, em direção a orla da floresta.

—Por que estamos indo para a floresta? –Perguntei preocupado e puxei sua mão para que ela parasse de andar.

Ela sorriu.

—Vai acantecer um eventa... –Ela pareceu pensar na melhor palavra para usar. –Marravilhoso? Non. Non acreditar?

—Um evento inacreditável? –Supus.

Ela acenou que sim com a cabeça, animada que eu consegui entende-la. Eu tinha que aprender Francês urgentemente. Ela me puxou para dentro da floresta, o lugar parecia brilhar com a luz do sol batendo no orvalho das plantas.

—Você não tem medo de vir aqui sozinha? –Perguntei.

Ela apenas deu de ombros como se não se importasse de verdade, nesse aspecto ela e Lyra eram muito parecidas e provavelmente me fariam ter cabelos brancos logo cedo. Acabamos parando na mesma clareira que eu a encontrei há uns meses, era noite na época e a clareira estava muito mais clara, mas o cheiro era o mesmo.

—Fem! Fem! –Ela falou animada me puxando.

Então paramos no centro da clareira, ela segurou minhas mãos e me olhou sorridente.

—3... 2... 1... –Ela contou devagar.

E quando a contagem chegou em zero pequenas flores se abriram ao nosso redor, devagar cada uma delas se abria, tinham pétalas brancas, mas ao se abrirem completas para o sol elas se tornavam amarelas ao entrar em contato com a luz.

Eu olhei ao redor com meus olhos arregalados.

—Caramba! O que é isso? –Perguntei soltando nossas mãos e girando ao redor de mim mesmo para ver a amplidão daquele evento.

Michelle sorria, deu de ombros.

—Non sei. –Respondeu. –Só vi econtecer.

—Suas visões são incríveis.

Aquilo pareceu deixa-lá desconfortável e alarmada. Eu podia sentir o cheiro de receio, ela suava.

—É... –Respondeu. –Vamos emborra.

Ela virou as costas e foi voltando pelo caminho que viemos.

—Espera! –Chamei correndo até ela. –O que foi que eu disse de errado?

Estava confuso, não me lembrava de ter dito nada que pudesse tê-la assustado tanto.

Ela virou para mim com uma expressão irritada.

—Nada! –Gritou.

Fiquei surpreso com aquela reação exagerada.

—Não mesmo. Aconteceu alguma coisa. Primeiro você está toda sorrisos e aí fica desse jeito? Nem vem, me conta. –Reclamei.

Ela levantou o queixo numa pose altiva e colocou a mão na cintura.

—Eu sei o seu segrredo. –Ela respondeu. –Focê é un lobisoman. Porr isso, acho bam focê non contarr a ningam sopre minhas visões.

Senti como se meu sangue tivesse virado água gelada.

Ela sabia! Michelle sabia que eu era um monstro. Me senti tão pequeno e fraco em frente àquele olhar que ela me mandava, como se tentasse me intimidar.

Mas o cheiro que ela exalava... Era medo.

Ela estava com medo que eu contasse a alguém sobre as visões dela. Mas mesmo que as ações dela fossem movidas pelo medo, eu realmente me sentia bem triste pelo que ela disse e até mesmo um pouco ofendido.

Antigamente eu poderia fugir e me esconder, mas isso não acontecia mais, eu não era um garotinho assustado, ela poderia não me aceitar do jeito que eu era, mas haviam pessoas que me queriam desse jeito, que eram meus amigos, que se importam comigo.

—Quer saber de uma coisa, Michelle? Eu quero que você e as suas visões vão à merda. –Respondi.

Ela abriu a boca numa expressão ofendida.

—O que?!

—Isso mesmo. E eu espero que você e suas visões sejam muito felizes juntas, por que para mim já deu!

Virei as costas e fui andando de volta para a escola.

—Nate! –Ela chamou, sua voz mais branda que antes. –Esperre, eu...

Virei de volta para ela e rosnei, tenho certeza que meus olhos ficaram amarelos por que ela deu um passo para trás, assustada.

—Eu estou por aqui com as mulheres! –Coloquei a mão na testa. - Vocês são todas loucas! –Gritei.

Voltei a andar para a floresta.

Ela veio atrás de mim, fui mais devagar para que ela pudesse ver qual o caminho de volta, mas rápido o bastante para que ela não andasse ao meu lado. Quando saí da orla da floresta disparei de volta para o castelo, ela que voltasse sozinha para a carruagem.

—--

E assim chegou o primeiro dia do novo trimestre, as aulas pareciam piores que nunca. Michelle havia tentado falar comigo mas eu havia dado um gelo nela, pelo menos até o episódio de Hagrid, quando ela se mostrou digna de ser perdoada.

Ainda tinha muita neve do lado de fora, por isso ninguém estava muito animado por ter uma aula do lado de fora. Eu ia andando com Lyra, Hermione, Ron e Harry para a aula quando no lugar de Hagrid, nós encontramos uma bruxa mais velha, com os cabelos grisalhos muito curtos e um queixo muito saliente, parada diante da porta da frente do professor.

— Vamos, andem, a sineta já tocou há cinco minutos – vociferou ela, quando nos viu caminhando pela neve com dificuldade ao seu encontro.

— Quem é a senhora? - perguntou Rony, mirando-a. - Aonde foi o Hagrid?

— Meu nome é Profa Grubbly-Plank - disse ela com eficiência. -Sou a professora temporária de Trato das Criaturas Mágicas.

— Aonde foi o Hagrid? - repetiu Harry em voz alta.

— Não está se sentindo bem - respondeu ela secamente.

Uma risada breve e desagradável veio atrás de nós, Draco Malfoy e o resto dos alunos da Sonserina estavam vindo se reunir à turma. Tinham um ar satisfeito, e nenhum pareceu surpreso de ver a Profa Grubbly-Plank.

— Por aqui, por favor - disse a professora e saiu contornando o picadeiro onde os enormes cavalos da Beauxbatons tremiam de frio.Nós a seguimos sem entender nada, olhando para trás, por cima do ombro, para a cabana de Hagrid. Todas as cortinas estavam corridas. Será que Hagrid estava ali, sozinho e doente?

—O que será que houve com ele?! –Lyra perguntou chiando, preocupada.

— Que é que o Hagrid tem? - perguntou Harry, apressando o passo para alcançar a professora.

— Não é da sua conta - disse ela, como se achasse que o garoto estava sendo intrometido.

— Mas é claro que é da nossa conta - disse Lyra com veemência, correndo para acompanhar Harry.

— Que aconteceu com ele? –Harry perguntou novamente.

Mas a Professora Grubbly-Plank continuou como se não os ouvisse. Conduziu-nos além do picadeiro dos cavalos da Beauxbatons, todos agrupados tentando se proteger do frio, e em direção a uma árvore na orla da Floresta, onde encontraram amarrado um grande e belo unicórnio. Muitas garotas soltaram exclamações de admiração ao ver o bicho.

— Ah, é tão bonito! - murmurou Lilá Brown. - Como será que ela conseguiu? Dizem que são realmente difíceis de apanhar!

O unicórnio era tão branco que fazia a neve ao redor parecer cinzenta. Pateava o chão nervoso com seus cascos dourados e atirava para trás a cabeça com um só chifre.

— Meninos fiquem afastados! - gritou secamente a professora, estendendo um braço e, com isso, batendo com força em Harry na altura do peito. -Eles preferem o toque das mulheres, os unicórnios. Meninas a frente, e se aproximem com cuidado. Vamos, devagar...

Ela e as meninas se adiantaram devagarinho até o bicho, deixando os garotos parados junto à cerca do picadeiro, assistindo.

Lyra a seguiu, mas não tinha dado muita atenção ao bicho, ela discutia com a professora longe de nós. No instante em que a professora ficou fora do alcance de nossas vozes, Harry se virou para Rony e eu.

— Que é que vocês acham que aconteceu com ele? Acham que pode ter sido um explosivim...?

— Ah, ele não foi atacado, Potter, se é o que você está pensando. - disse Malfoy suavemente. - Não, ele só está envergonhado demais para mostrar aquela caratonha.

—Que é que você quer dizer com isso? -perguntou Harry com rispidez.

Malfoy meteu a mão no bolso interno das vestes e puxou uma folha dobrada de jornal.

— Já que você perguntou. -disse ele. -Detesto ser eu a lhe dar a notícia, Potter...

Malfoy deu um sorriso afetado quando Harry pegou o jornal, desdobrou-o e leu-o comigo, Rony, Simas, Dino e Neville que espiava por cima do ombro deste. Era um artigo encimado pela foto de Hagrid com uma cara extremamente sonsa.

O MAIOR ERRO DE DUMBLEDORE

Alvo Dumbledore, o excêntrico diretor da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, nunca teve medo de fazer nomeações contro vertidas para o corpo docente, escreve Rita Skeeter, nossa correspondente especial. Em setembro deste ano, ele contratou Alastor "Olho- Tonto" Moody, o notório ex-auror que vê feitiços por toda parte, para ensinar Defisa contra as Artes das Trevas, uma decisão que fez muita gente erguer as sobrancelhas no Ministério da Magia, dado o conhecido hábito que Moody tem de atacar qualquer um que faça um movimento repentino em sua presença. Olho- Tonto, porém, parece responsável e bondoso, em contraste com o indivíduo meio humano que Dum bledore emprega para ensinar Trato das Criaturas Mágicas. Rúbeo Hagrid, que admite ter sido expulso de Hogwarts no terceiro ano, e desde então exerce na escola a função de guarda-caça, um emprego que Dumbledore lhe arranjou. No ano passado, no entanto, usou sua misteriosa influência sobre o diretor da escola para obter o cargo suplementar de professor de Trato das Criaturas Mágicas, preterindo muitos candidatos com melhores qualificações.

Um homem assustadoramente grande e de ar feroz, Hagrid tem usado sua recém adquirida autoridade para aterrorizar os alunos ao tratar de uma coleção de seres horripilantes. Enquanto Dumbledore faz vista grossa, Hagrid já feriu vários alunos durante uma série de aulas que muitos admitem "dar muito medo".

“Eu e Lyra Anderson da grifinória já fomos atacados por um hipogrifo e meu amigo, Vicente Crabbe, levou uma dentada fria de um verme” - declarou Draco Malfoy, um aluno do quarto ano. “Todos odiamos Hagrid, mas temos receio demais para dizer qualquer coisa.”

Mas Hagrid não tem a menor intenção de desistir de sua campanha de intimidação. Em conversa com a repórter do Profeta Diário, no mês passado, ele admitiu que cria uns bichos a que chama de "explosivins " uma cruza extremamente perigosa de manticore com caranguejo-de-fogo. A criação de novas raças é, naturalmente, uma atividade em geral acompanhada de perto pelo Departamento para Regulamentação e Controle das Criaturas Mágicas. Hagrid, ao que parece, considera-se acima dessas restrições pouco importantes.

“Eu só estava me divertindo um pouco” - disse ele, antes de mudar rapidamente de assunto. E como se isso não bastasse, o Profeta Diário agora encontrou provas de que Hagrid não é - como sempre fingiu ser - um bruxo puro-sangue. De fato, não é sequer um ser humano puro. Sua mãe, podemos revelar com exclusividade, não é outra senão a giganta Fridwulfa, cujo paradeiro é atualmente desconhecido. Sedentos de sangue e brutais, os gigantes chegaram à extinção com as guerras que promoveram entre si no século passado. Ospoucos sobreviventes se alistaram nas fileiras d"Aquele-Que-NãoDeve-Ser-Nomeado, e foram responsáveis por alguns dos piores massacres de trouxas durante o seu reino de terror.

Embora muitos gigantes que serviram Àquele-Que-NãoDeve-Ser-Nomeado tenham sido mortos por aurores que combatiam o partido das trevas, Fridwulfa não foi um deles. – É possível que tenha fugido para uma das comunidades de gigantes que ainda existem em montanhas no exterior. Mas se as extravagâncias de Hagrid durante as aulas de Trato das Criaturas Mágicas puderem servir de medida, o filho de Fridwulfa parece ter herdado sua natureza brutal.

Mas, bizarramente, dizem que Hagrid criou uma grande amizade pelo garoto que provocou a queda de Você-Sabe-Quem - e com isso obrigou a própria mãe, bem como os demais seguidores do bruxo das trevas, a procurar um refugio. Talvez Harry Potter não tenha conhecimento da desagradável verdade sobre seu grande amigo – mas não resta dúvida de que Alvo Dumbledore tem obrigação de providenciar para que Harry Potter, bem como seus colegas, sejam informados dos perigos de se associarem com meios gigantes.

Harry terminou a leitura e ergueu os olhos para Rony, cujo queixo estava caído.

—FALA SÉRIO!? –Puxei o jornal das mão de Harry relendo o artigo novamente, sem acreditar no que meus olhos liam.

— Como foi que ela descobriu isso? - sussurrou Rony.

Mas não era isso que estava incomodando Harry, por que ele virou para Malfoy, irritado.

—Que foi que você quis dizer com "todos detestamos Hagrid"? - perguntou ele a Malfoy. - Que bobagem é essa de que esse cara aí – e indicou Crabbe - levou uma mordida feia de um verme? Eles nem têm dentes!

Crabbe dava risadinhas, aparentemente muito satisfeito consigo mesmo.

— Bom, acho que isso deve encerrar a carreira desse caipirão - disse Malfoy, os olhos brilhando. - Meio gigante... e eu pensando que ele engolira um frasco de Esquelesce quando era criança... nenhum pai nem mãe vai gostar nem um pouco dessa notícia... vão ficar preocupados que o gigante devore os filhinhos deles, ha, ha...

—Seu...!

— Vocês estão prestando atenção aqui na frente?

A voz da Profa Grubbly-Plank chegou até nós, as garotas agora estavam agrupadas em torno do unicórnio, acariciando-o. Lyra estava bufando e dando chutes em uma árvore para chamar a atenção da profa. Grubbly-Plank que fingia não vê-la.

A professora começou a enumerar as muitas propriedades mágicas dos unicórnios em voz alta, para que nós pudêssemos ouvir também. Mas eu virei para o Malfoy e sussurrei baixinho.

—“ Eu e Lyra Anderson da grifinória já fomos atacados por um hipogrifo”. – Citei o arquivo e levantei o rosto para ele. –Ela vai matar você por usar o nome dela.

—--

—Espero que ela continue, essa mulher! - disse Parvati Patil quando terminou a aula e todos seguiram para o castelo para almoçar. - A aula ficou mais parecida com o que eu imaginei que seria o Trato das Criaturas Mágicas... criaturas normais como unicórnios, não monstros...

— E Hagrid? - perguntou Harry zangado, quando subiam as escadas.

— Que é que tem ele? - perguntou Parvati, com a voz inflexível. - Ele pode continuar como guarda-caça, não pode?

—Não! Hagrid é que é o nosso professor. –Lyra reclamou, batendo o pé.

Mas Parvati a ignorou e continuou seu caminho.

— Foi uma aula realmente boa - disse Hermione, quando entramos no Salão Principal.

Lyra suspirou.

—Não sei, passei toda a aula preocupada com Hagrid e não prestei atenção. –Ela respondeu.

Hermione sorriu.

—Eu não sabia metade das coisas que a Profa Grubbly-Plank falou sobre os uni...

— Olhe isso aqui! - rosnou Harry sacudindo o artigo do Profeta Diário no nariz de Hermione.

Lyra foi para o lado dela para lerem juntas, o queixo de Hermione foi caindo à medida que lia e Lyra estava prestes a matar alguém.

—EU VOU MATAR AQUELA DONINHA LOIRA! –Ela gritou na porta do salão principal.

Rony e eu conseguimos segura-la e impedi-la de fazer qualquer coisa impensada, mas não conseguiríamos contê-la por muito tempo.

Quando entramos no salão principal Hermione lia a relia o artigo, analiticamente. A reação dela foi exatamente a mesma que a de Rony.

— Como foi que aquela Skeeter horrorosa descobriu isso? Você acha que Hagrid contou a ela?

— Não - respondeu Harry, se adiantando para a mesa da Grifinória, e se atirando numa cadeira, furioso. - Hagrid nunca disse isso nem à gente, não é? Acho que ela ficou tão aborrecida porque ele não quis contar os meus podres, que saiu fuçando para se vingar dele.

— Talvez ela tenha escutado a conversa dele com Madame Maxime no baile -arriscou Hermione baixinho.

— Nós a teríamos visto nos jardins! - disse Rony. - Em todo o caso, ela não tem permissão para tornar a entrar na escola, Hagrid disse que Dumbledore a proibiu...

— Talvez ela use uma Capa da Invisibilidade - disse Harry, servindo uma concha de caçarola de frango em seu prato e derramando-a por todo o lado, tal era a sua raiva. - É o tipo de coisa que ela faria, não é, se esconder atrás de moitas para escutar as conversas dos outros.

— Como você e Rony fizeram? - perguntou Hermione.

— Não estávamos querendo ouvir! - disse Rony indignado. - Não tivemos opção! O panaca começou a falar da mãe giganta num lugar em que todo mundo podia ouvir!

— Temos que ir visitar Hagrid - disse Harry. - Hoje à noitinha, depois da aula de Adivinhação. Dizer que o queremos de volta... Você quer ele de volta, não quer? - O garoto disparou a pergunta à Hermione.

—É claro que ela quer! –Lyra falou.

— Bem... não vou fingir que a mudança não foi legal, ter uma aula decente de Trato das Criaturas Mágicas para variar, mas eu quero que Hagrid volte, é claro que quero! - acrescentou Hermione depressa, fraquejando diante do olhar furioso de Harry e Lyra.

Suspirei cansadamente. Será que é pedir muito uma vida calma?

—--

Naquela mesma noite, depois do jantar, nós cinco saímos do castelo, mais uma vez, e atravessamos os jardins congelados até a cabana de Hagrid. Quando batemos na porta os latidos retumbantes de Canino responderam.

— Hagrid, somos nós! - gritou Harry, socando a porta. - Abre!

Não houve resposta. Os garotos ouviram Canino arranhar a porta, mas ela não se abriu. Bateram mais uns dez minutos, Rony até bateu em uma das janelas, mas não houve resposta.

— Para que é que ele está evitando a gente? - perguntou Hermione quando finalmente desistiram e já iam voltando para a escola. - Com certeza ele não acha que nos importamos que ele seja meio gigante?

Mas pelo jeito Hagrid se importava. Nós não vimos nem sinal dele a semana inteira. Não apareceu à mesa dos professores na hora das refeições, nem foi visto pela propriedade cuidando de suas tarefas de guarda-caça, e a Profa Grubbly-Plank continuou a dar as aulas de Trato das Criaturas Mágicas. Malfoy se gabava a cada oportunidade possível.

— Com saudades do seu amiguinho mestiço? - ele não parava de murmurar para Harry sempre que havia um professor por perto, de modo a ficar a salvo de uma reação. - Com saudades do seu homem-elefante?

Aquilo pouco a pouco irritava cada um de nós, mas Lyra foi a primeira a reagir, quando numa aula de Defesa Contra as Artes das Trevas, Malfoy soltou uma piada e Lyra o socou bem no rosto, quebrando o nariz dele.

—Senhorita Anderson! –O professor Moody gritou. –O que aconteceu aqui?

Como se ele não soubesse, aquele olho dele não perde nada!

—Desculpe professor, eu escorreguei e minha mão fechada foi bem na cara do Malfoy. –Ela respondeu com a maior cara de inocente.

Ninguém acreditou, claro, mas aquilo rendeu uma boa rodada de risos na sala.

O dia de visita a Hogsmead chegou mais rápido do que eu imaginava, já faziam semanas que eu Michelle não conversávamos, ela sempre me mandava olhares tristonhos, mas eu não a perdoaria enquanto não ganhasse uma explicação razoável ou um bom pedido de desculpas. De preferência os dois.

Lyra acabou proibida de ir a visita a Hogsmead por causa do episódio com o Malfoy, mas o resto de nós decidiu ir, Hermione ficou muito surpresa que até Harry pretendesse ir.

— Pensei que você ia aproveitar a tranquilidade do salão comunal. Olha que você realmente precisa trabalhar naquele ovo. –Ela disse.

— Ah, eu... eu acho que agora já tenho uma boa ideia do que se trata - mentiu

Harry.

Eu sabia que era mentira, todo aquele nervosismo não era por nada. Olhei para ele com censura, mas ele fingiu não me ver.

— Já tem, é? - exclamou Hermione, parecendo impressionada. - Muito bem!

No sábado nós quatro, eu, Harry, Hermione e Rony, deixamos o castelo, juntos, e atravessaram os jardins frios e úmidos em direção aos portões.

Lyra se despediu de nós mais cedo avisando que iriam passar o dia com Dumbledore e seu “projeto particular”.

Ao passarmos pelo navio de Durmstrang ancorado no lago, vimos Vítor Krum saindo para o convés, trajando apenas calções de banho. Ele era muito magro, mas bem mais forte do que parecia, porque trepou na amurada do navio, esticou os braços à frente e mergulhou direto no lago.

— Ele é doido! - comentou Harry, observando a cabeça escura de Krum reaparecer no meio do lago. - Deve estar congelando, estamos no meio de janeiro!

— É muito mais frio no lugar de onde ele vem - disse Hermione. - Imagino que ele sinta até um calorzinho aqui.

— É, mas ainda tem a lula gigante – lembrei a ela.

—Ele é realmente legal, sabe. Não é nada do que se poderia pensar de alguém que vem de Durmstrang. Ele me disse que gosta muito mais daqui. –Hermione falou para mim. – Achei que você, mais do que ninguém, se daria bem com ele já que é o melhor amigo da Karina.

—Não vejo por que uma coisa teria a ver com a outra. –Respondi.

Ela não respondeu.

Em Hogsmead nós vimos alguns conhecidos, Rose e Gina passaram por nós algumas vezes, elas pararam para falar com Hermione, Rony e Harry, mas somente Gina falou comigo, Rose apenas acenou com a cabeça educadamente. Bom... Era um progresso, ela nem estava olhando para mim direito nos últimos dias.

Quando fui conversar com ela sobre a escolha do par dela para o baile de inverno ela apenas revirou os olhos e disse:

— Você também não, Nate! Já não basta o Harry?

Então eu meio que deixei para lá, mas aquilo não saia da minha cabeça e decidi falar com a Lyra quando voltasse ao castelo.

Harry parecia procurar alguém sempre que entravamos em qualquer loja, com certeza era Hagrid, ele e Lyra, mais do que ninguém, estavam bastante preocupados com isso. Quando percebemos que ele não estava em nenhuma loja acabamos indo para O três vassouras. O bar estava apinhado como sempre, mais uma olhada rápida pelas mesas informou a Harry que Hagrid não se encontrava ali. Desanimado, ele dirigiu-se ao balcão nos chamando com a mão, pediu à Madame Rosmetta quatro cervejas amanteigadas.

—Calma Harry, uma hora nós vamos conseguir falar com ele. –Respondi.

Ele acenou que sim com a cabeça e ficamos todos meio deprimidos com a situação.

— Será que ele nunca vai ao escritório? - cochichou Hermione de repente. – Olha lá!

Ela apontou para o espelho atrás do bar e refletido ali estava Ludo Bagman sentado em um canto mais escuro com um grupo de duendes. O bruxo falava muito rápido, e em voz baixa, com os duendes, que tinham os braços cruzados e uma expressão assustadora no rosto.

—Ele parece estar passando por um mal bocado ali. –Comentei baixinho e Harry acenou que sim com a cabeça.

Era realmente estranho que Bagman estivesse ali no Três Vassouras, num fim de semana, quando não havia nenhum evento do torneio, e, portanto, nenhuma atividade do seu júri. Todos olhavamos o bruxo pelo espelho. Bagman parecia tenso.

Mas neste momento Bagman olhou para o bar, viu Harry e se levantou.

—Oh, droga! –Sorri. –Ele está vindo para cá Harry.

O garoto fez uma careta para mim.

— Um momento, um momento! -O ouvimos dizer bruscamente para os duendes e atravessar o bar em direção a ele, o sorriso juvenil de sempre no rosto.

"Harry!", exclamou ele. "Como vai? Estava na esperança de encontrá-lo! Está tudo correndo bem?"

— Ótimo, obrigado! –Ele respondeu.

— Será que eu podia dar uma palavrinha rápida com você, em particular? - disse ele. - Vocês poderiam nos dar licença um momento, por favor?

Rony, Hermione e eu  nos entreolhamos.

— Hum... OK - concordou Rony.

Nós levantamos indo procurar uma mesa e Bagman levou Harry para o canto mais afastado do bar de Madame Rosmetta.

—Gente, eu vou dar uma volta por aí. –Rony avisou quando nos afastamos. –Vocês podem ir embora na frente se quiserem, não precisam me esperar.

Hermione e eu viramos para ele, com sobrancelhas arqueadas, expressões surpresas.

—Para onde você vai? –Ela perguntou.

Rony deu de ombros.

—Nenhum lugar. –Ele falou.

Eu sorri.

—Acho que a pergunta correta é: “Com quem você vai?”

Aquilo teve o efeito esperado, Rony ficou instantaneamente vermelho até as orelhas.

—Cala a boca, Nate. –Ele reclamou socando meu ombro.

Eu soltei uma gargalhada e bati nas costas dele.

—Vai lá cara, a gente avisa ao Harry.

Ele não esperou mais nada, com um aceno de despedida para Hermione ele virou as costas e saiu do bar.

Virei para Hermione com um sorriso, mas quando nos encaramos meu sorriso foi sumindo aos poucos por que percebi que, na verdade, ficamos sozinhos.

Notando a minha reação ela revirou os olhos e foi em direção a uma mesa.

—Vem logo, Nathaniel. –Ela disse.

—Agora é Nathaniel? –Perguntei depois de segui-la.

Ela não respondeu.

Quando sentamos na mesa eu olhei ao redor, para qualquer lugar, menos para ela, mas a garota puxou minha blusa, irritada.

— Lembre-se que todo esse mal estra entre a gente é culpa sua. –Ela disse e bufou em seguida. – Agora pare de me ignorar e me conta o que Harry e Bagman estão conversando!

Suspirei.

Não quis responder por que ela estava certa, então me concentrei em filtrar os barulhos do bar para ouvir Harry e Ludo Bagman.

—Ele está conversando sobre Berta Jokins. –Expliquei a ela. –Parece que ele finalmente mandou procurarem ela.

—Já não era sem tempo. –Hermione respondeu sarcástica.

—Agora ele está oferecendo ajudar Harry com o ovo... Parece que se afeiçoou a ele ou algo assim. –Dei de ombros.

—Mas isso não vai contra as regras do torneio? –Ela franziu o cenho.

—Completamente. –Concordei e ouvi a resposta de Harry. – Harry disse que os campeões têm que conseguir sozinhos e negou a ajuda.

—Isso é errado. –Ela comentou. –Não é de se surpreender, Ludo Bagman não parece alguém muito responsável.

—Ah, os gêmeos interromperam a conversa! –Falei quando ouvi a voz dos weasleys e virei para olhar.

Hermione levantou o rosto para ver a cena também e nós vimos quando Bagman fugiu pela lateral e os duendes foram rapidamente atrás deles. Harry veio para nossa mesa em seguida.

—Onde está Rony?-Perguntou sentando-se a mesa.

—Foi encontrar a Emelli. –Avisei fazendo uma expressão maliciosa.

Harry sorriu e levantou a mão para que eu batesse, nós fizemos uma comemoraçãozinha. Rony estava saindo com uma garota, isso é realmente algo para se comemorar.

—Harry! –Hermione guinchou. –Ludo Bagman ofereceu ajuda com o ovo?

Harry olhou pra mim.

—Você ouviu, né?

Acenei que sim com a cabeça.

—Ele não devia estar fazendo isso! - exclamou Hermione, parecendo muito chocada. - Ele é um dos juízes! E em todo o caso, você já decifrou sozinho, não foi?

— Hum... quase.

Novamente senti cheiro de nervosismo, ele estava mentindo.

— Bem, eu acho que Dumbledore não gostaria de saber que Bagman andou tentando convencer você a ser desonesto! – disse Hermione ainda com uma expressão de profunda reprovação. - Espero que ele esteja tentando ajudar Cedrico também!

— Não, não está. –Eu respondi.

Harry acenou que sim com a cabeça.

—Eu perguntei a ele - informou o garoto.

— Nada contra Cedrico e Lyra me mataria se me ouvisse falar desse jeito, mas... Quem é que se importa se Cedrico está recebendo ajuda? - Falei. –Entre Harry e Cedrico, eu realmente prefiro que nosso Harry aqui vença.

—Lyra realmente não ficaria muito feliz de ouvir isso. –Respondeu Harry, mas notei que ele ficou feliz.

Hermione suspirou, mas não comentou nada.

— Aqueles duendes não pareciam muito simpáticos – Ela disse depois de bebericar a cerveja amanteigada. - Que é que eles estavam fazendo aqui?

—Procurando Crouch, segundo informou Bagman. Ele continua doente. Não tem ido trabalhar. –Harry falou.

— Quem sabe Percy está envenenando ele? - sugeri. - Provavelmente acha que se Crouch apagar ele vai ser nomeado chefe do Departamento de Cooperação Internacional em Magia.

Hermione me lançou um olhar do tipo não-brinque-com-essas-coisas e comentou:

— Engraçado, duendes procurando o Sr. Crouch... eles normalmente se dirigem ao Departamento para Regulamentação e Controle das Criaturas Mágicas.

— Mas Crouch sabe falar um monte de línguas diferentes - lembrou Harry. – Talvez eles precisem de um intérprete.

—Faz sentido Hermione, eles podem... Ah droga. – exclamei.

Todo meu pensamento foi cortado no momento em que Rita Skeeter entrara no bar.

Estava usando vestes amarelo banana, tinha as unhas longas pintadas de rosa-choque e vinha acompanhada do seu fotógrafo barrigudo. Ela comprou bebidas, e os dois abriam caminho entre as pessoas e as mesas até uma mesa próxima. Harry, Hermione e eu amarramos a cara para ela quando a vimos se aproximar.

Ela falava depressa e parecia muito satisfeita com alguma coisa.

— ... não parecia muito interessado em falar com a gente, você também não acha, Bozo? E por que você acha que não estava? E o que é que ele estava fazendo com uma matilha de duendes na cola? Mostrando os pontos pitorescos do povoado... que absurdo... ele sempre foi um mau mentiroso. Você acha que ele está escondendo alguma coisa? Acha que devíamos fuçar um pouco? Ludo Bagman, o desacreditado ex-Chefe dos Esportes Mágicos... é uma boa abertura, Bozo, agora só precisamos encontrar uma história para usá-la...

—Tentando estragar a vida de mais alguém? - perguntou Harry em voz alta.

Eu e Hermione olhamos para ele, surpresos com aquela reação.

Algumas pessoas viraram a cabeça. Os olhos de Rita Skeeter se arregalaram por trás dos óculos de pedrinhas quando viu quem falara.

—Harry! - exclamou ela sorridente. - Que ótimo? Por que você não vem se sentar conosco...?

—Eu não chegaria perto da senhora nem com uma vassoura de três metros – disse Harry furioso. - Por que a senhora fez aquilo com o Hagrid, hein?

Rita Skeeter ergueu as sobrancelhas acentuadas com lápis grosso.

—Os nossos leitores têm o direito de saber a verdade, Harry estou meramente fazendo o meu...

—Quem se importa que ele seja meio gigante? - gritou Harry. - Não há nada errado com ele!

O bar inteiro ficou em silêncio. Madame Rosmetta acompanhava de olhar fixo por trás do balcão, aparentemente esquecida de que a garrafa que estava enchendo de quentão começara a transbordar. O sorriso de Rita Skeeter estremeceu levemente, mas ela o firmou quase no mesmo instante, abriu a bolsa de crocodilo com um estalido, tirou a pena-de-repetição-rápida e disse:

— Que tal me dar uma entrevista sobre o Hagrid que você conhece, Harry? O homem por trás dos músculos? A improvável amizade que tem por ele e as razões para tê-la? Você o chamaria de um pai-substituto?

Hermione se levantou abruptamente, a cerveja amanteigada apertada na mão como se fosse uma granada.

— Sua mulher horrorosa - disse ela, entre dentes -, a senhora não se importa, não é, qualquer coisa vira artigo, e qualquer pessoa serve, não é? Até Ludo Bagman...

— Sente-se, menininha boba e não fale do que não entende - disse Rita Skeeter com frieza, seu olhar endurecendo ao pousar em Hermione. - Sei de coisas sobre Ludo Bagman que deixariam você de cabelos em pé... Não que eles precisem de ajuda - acrescentou, mirando os cabelos lanzudos de Hermione.

— Hey! –Levantei. –Mulher odiosa, olha lá como você fala com os outros!

Ela virou para mim com as sobrancelhas arqueadas.

— Vamos embora - disse Hermione. - Anda, Harry, Nate...

Ela puxou nossos braços em direção a porta, muita gente ficou olhando para nós enquanto nos retirávamos.

— Você vai ser a próxima que ela vai perseguir, Mione - Falei, numa voz baixa e preocupada quando tornávamos a subir a rua.

— Ela que experimente! - disse a garota com voz aguda, tremia de raiva. – Vou mostrar a ela! Menininha boba, é? Ah, vai ter troco, primeiro Harry, depois Lyra e agora o Hagrid...

Aquilo era mal, Rita Skeeter era uma mulher com muitos contatos e Hermione somente uma aluna de Hogwarts.

— Você não vai querer se indispor com a Rita Skeeter – Disse eu, nervoso. – Estou falando sério, Mione, ela vai desenterrar alguma coisa sobre você...

— Meus pais não lêem o Profeta Diário, ela não pode me apavorar e me fazer esconder! – disse ela, agora caminhando tão depressa que Harry e eu mal conseguíamos acompanhá-la. - E Hagrid não vai se esconder mais! Ele nunca deveria ter deixado aquela imitação de ser humano o perturbar! Andem!

Harry e eu olhamos um para o outro meio surpresos e corremos para acompanha-la.

—--

Quando voltamos para o castelo Hermione não deu tempo nem de nos deixar respirar e atravessou os jardins até a cabana de Hagrid. As cortinas ainda estavam corridas, mas os latidos de Canino podiam ser ouvidos quando nos aproximamos.

— Hagrid! - chamou Hermione, batendo com força na porta da frente. - Hagrid, pode parar com isso! Sabemos que você está aí dentro! Ninguém liga a mínima se sua mãe era uma giganta, Hagrid! Você não pode deixar aquela Skeeter nojenta fazer isso com você! Hagrid, vem aqui fora, você está sendo...

A porta se abriu. Hermione disse:

— Já não era...! - e se calou, de repente. Por que se viu cara a cara, não com Hagrid, mas com Alvo Dumbledore.

— Boa tarde - disse ele agradavelmente, sorrindo para nós.

— Nós... hum... nós gostaríamos de ver o Hagrid - disse Hermione baixinho.

— Claro, imaginei isso - disse Dumbledore, os olhos cintilando. - Por que não entram?

— Ah... hum... OK...

— Lyra não estava com o senhor, diretor? Ela me avisou que ficaria resolvendo uns assuntos. –Disse eu quando passei por ele.

—Sim, a senhorita Anderson esteve comigo hoje mais cedo, mas já terminamos nossos assuntos, senhor Kepner.

Quando entramos todos na cabane Canino se atirou sobre Harry, latindo feito louco e tentando lamber as orelhas dele. Hagrid estava sentado à mesa, onde havia duas canecas de chá. Estava pavoroso. O rosto manchado, os olhos inchados e tinha passado ao outro extremo em termos de cabelos, em lugar de tentar amansá-los, deixara-os agora parecidos com uma peruca de arame embaraçado.

— Oi, Hagrid - disse Harry.

Hagrid ergueu os olhos.

— Alô - disse ele, com a voz rouca.

— Mais chá, acho - disse Dumbledore, que fechou a porta depois que entramos, ele puxou a varinha e girou-a, apareceu no ar uma bandeja giratória de chá acompanhado por um prato de bolos. Ainda por magia, Dumbledore levou a bandeja até a mesa e todos se sentaram. Houve uma ligeira pausa e então o diretor disse:

—Você por acaso ouviu o que a Sra. Granger estava gritando, Hagrid?

Hermione corou ligeiramente, mas Dumbledore sorriu para ela e continuou.

— Hermione, Harry e Nate parecem que ainda querem continuar a conhecer você, a julgar pela maneira com que tentavam derrubar a porta.

— Claro que ainda queremos conhecer você! - exclamou Harry fitando Hagrid.

— Assim como Rony, Rose e Lyra que não estão aqui, mas se sentem do mesmo jeito. –Respondi com convicção.

— Você não acha que alguma coisa que aquela vaca da Skeeter... desculpe professor – acrescentou Harry depressa, olhando para Dumbledore.

— Fiquei temporariamente surdo e não faço idéia do que foi que você disse, Harry. - disse Dumbledore, girando os polegares e olhando para o teto.

— Hum... certo - disse ele envergonhado. - Eu só quis dizer, Hagrid, como é que você pôde pensar que ligaríamos para o que aquela "mulher" escreveu sobre você?

Duas grossas lágrimas saltaram dos olhos de Hagrid, negros como besouros, e caíram lentamente sobre sua barba desgrenhada.

— A prova viva do que estive lhe dizendo, Hagrid - disse Dumbledore, ainda contemplando atentamente o teto. - Já lhe mostrei as cartas dos inúmeros pais que se lembram de você do tempo em que estiveram aqui, dizendo em termos bastante claros que se eu o despedisse eles não iriam ficar calados...

— Nem todos - disse Hagrid rouco. - Nem todos querem que eu fique...

— Francamente, Hagrid, se você está esperando obter aprovação universal, receio que vá ficar trancado na cabana muito tempo - disse o diretor, agora olhando severamente por cima dos oclinhos de meia-lua. - Ainda não houve uma semana, desde que me tornei diretor desta escola, em que eu não recebesse ao menos uma coruja reclamando da maneira com que eu a dirijo. Mas o que é que eu deveria fazer? Me entrincheirar no escritório e me recusar a falar com as pessoas?

— Mas... mas o senhor não é meio gigante! - crocitou Hagrid.

— Hagrid! Meu pai é um lobisomem! –Falei me intrometendo na conversa. –E o pai da Lyra é um criminoso foragido da justiça!

— E olha só quem são os meus parentes! - disse Harry furioso. - Olha só os Dursley!

— Muito bem lembrado! - disse o diretor. - Meu próprio irmão, Aberforth, foi acusado de praticar feitiços impróprios em um bode. Apareceu em todos os jornais, mas ele se escondeu? Não, não se escondeu! Manteve a cabeça erguida e continuou a trabalhar como sempre! Naturalmente, não tenho muita certeza de que ele saiba ler, por isso talvez não tenha tido tanta coragem assim...

— Volte a ensinar, Hagrid - disse Hermione em voz baixa -, por favor volte, nós realmente sentimos sua falta.

Hagrid engoliu em seco. Mais lágrimas escorreram por suas bochechas e penetraram a barba embaraçada. Dumbledore se levantou.

— Eu me recuso a aceitar o seu pedido de demissão, Hagrid, e espero que esteja de volta ao trabalho na segunda-feira. - disse ele. - Você tomará café em minha companhia às oito e meia no Salão Principal. Nada de desculpas. Boa-tarde para todos vocês.

Dumbledore se retirou da cabana, parando apenas para dar uma coçada atrás da orelha de Canino. Quando a porta se fechou atrás dele, Hagrid começou a soluçar com o rosto nas mãos do tamanho de uma tampa de lata de lixo.

Hermione deu palmadinhas em seu braço e finalmente Hagrid ergueu a cabeça, os olhos de fato muito vermelhos e disse:

— Um grande homem o Dumbledore... grande homem... Arre, ele tem razão, é claro, vocês têm razão... tenho sido idiota... meu velho pai teria se envergonhado do meu comportamento nesses últimos dias... - Mais lágrimas escorreram, mas ele as enxugou com mais firmeza e continuou: - Nunca mostrei a vocês uma foto do meu velho pai, não é? Olhem...

Hagrid se levantou, foi até a cômoda, abriu a gaveta e tirou uma foto de um bruxo baixinho com os mesmos olhos negros rodeados de rugas do filho, sentado sorridente no ombro dele. Hagrid tinha bem uns dois metros mais do que o pai, a julgar pela macieira ao lado deles, mas seu rosto era imberbe, jovem, redondo e liso, parecia não ter mais que uns onze anos de idade.

Olhando o pai dele a única coisa que me vinha na cabeça era: Como essa criatura se relacionou com uma giganta tendo esse tamanho?

— Foi tirada logo depois que vim para Hogwarts - disse Hagrid rouco. – Papai morreu muito feliz... achava que eu talvez não fosse bruxo, entende, porque mamãe.... Bem, em todo o caso... Claro que, sinceramente, nunca fui grande coisa em magia... Mas pelo menos ele não me viu ser expulso. Morreu, entende, eu estava no segundo ano... Dumbledore foi quem me apoiou depois que meu pai morreu. Me arranjou o lugar de guarda-caça... Confia nas pessoas, ele. Dá uma segunda oportunidade... É isso que diferencia ele de outros diretores, entendem. Aceita qualquer pessoa em Hogwarts que tenha talento. Sabe que as pessoas podem ser legais mesmo que as famílias delas não tenham sido... bem... tão respeitáveis assim. Mas tem gente que não entende isso. Tem gente que sempre usa a família contra a pessoa... tem até gente que finge que tem ossos grandes em lugar de se levantar e dizer "eu sou o que sou e não me envergonho disso". "Nunca se envergonhe", meu velho pai costuma va dizer, "tem gente que vai usar isso contra você, mas não vale a pena se preocupar com eles." E ele tinha razão. Fui um idiota. Não vou me incomodar mais com ela, prometo a vocês. Ossos graúdos, eu vou mostrar a ela os ossos graúdos.

Harry, Hermione e eu nos entreolhamos, nervosos.

— Sabe de uma coisa, Harry? - disse ele tirando os olhos da foto do pai, os olhos muito brilhantes. - Quando o conheci, você me lembrou um pouco de mim. Mãe e pai desaparecidos e você sentindo que não ia se adaptar a Hogwarts, lembra? Não tinha muita certeza de que estava à altura... e agora, olha só você, Harry! Campeão da escola!

Ele fitou o garoto um instante e então disse, muito sério:

— Sabe o que eu adoraria, Harry? Eu adoraria ver você vencer, realmente adoraria. Você iria mostrar a eles todos... não é preciso ser puro-sangue para fazer isso. Você não tem que se envergonhar do que é. Mostraria a eles que Dumbledore é quem tem razão quando deixa qualquer um entrar desde que seja capaz de fazer mágica. Como é que você está indo com aquele ovo, Harry?

— Ótimo - disse Harry. - Realmente ótimo.

O rosto infeliz de Hagrid se abriu num grande sorriso lacrimoso.

— O meu garoto... Mostre a eles, Harry, mostre a eles. Derrote eles todos.

Harry olhou em minha direção por que sabia que eu era o único que conhecia o segredinho dele: Ele não tinha decifrado nada.

Eu quase podia tocar a culpa que saia dele. Mas agora as coisas eram diferentes e ele tinha que descobrir como decifrar aquele ovo.

Urgentemente.

—--

Quando voltamos ao castelo Hermione e Harry foram para o salão comunal, mas eu fui atrás de Lyra para falar sobre a Rose. Minha intenção era procura-la no salão comunal, mas no primeiro andar eu senti o cheiro dela indo por um corredor e era recente, então decidi seguir por aquele caminho.

Fiquei um pouco surpreso quando o cheiro dela ficou cada vez mais forte até uma das salas de feitiços.

—SEU BABACA! –A voz de Lyra soou raivosa dentro de uma das salas a três portas de distância de onde eu estava.

Mas antes que eu pudesse ir até lá a porta foi aberta e Draco Malfoy saiu da sala, ele tinha os cabelos e as roupas desalinhados, seu rosto, geralmente branco, tinha a marca de uma mão aberta, cada um dos cinco dedos pequenos inchados em sua bochecha esquerda.

Ele olhou para mim um pouco surpreso e virou as costas com a maior dignidade possível para alguém pego naquela situação. Quando ele virou o corredor eu fui até a sala, abri a porta e coloquei a cabeça para dentro.

Lyra estava de costas para mim, as mãos abertas em cima da mesa do professor e a cabeça baixa.

—Lyra? –Chamei.

—NATE! –Ela gritou pulando com a mão no coração. –O que você está fazendo aqui?

—Eu que te pergunto. Você e Draco estavam brigando? -Perguntei entrando na sala e sentei na última cadeira.

Ela pareceu um pouco surpresa.

—Por que você...?

—Por que você está com o coração acelerado, ofegante, e ele tinha as roupas amassadas e um tapão vermelho bem no meio da cara. –Respondi rindo levemente. –Parece que você deu uma lição nele.

Ela sorriu meio insegura e acenou que sim com a cabeça levemente.

—Sim. –respondeu. –Estavamos brigando.

Arqueei a sobrancelha quando ela virou as costas e começou a amarrar o cabelo num coque mal feito.

—Alguma coisa errada? –Perguntei. –Você parece nervosa, seu coração parece que vai sair do peito.

—Não, eu... –Ela pigarreou. –Michelle me procurou mais cedo.

—Michelle? –levantei da cadeira, ansioso.

—Ela pediu para avisar que queria falar com você, vai estar te esperando às cinco, no saguão de entrada. –Disse ela.

—E que horas é agora?

Ela olhou para o relógio no pulso e suspirou.

—Cinco e dez. –Avisou.

—Droga!

Saí da sala correndo, a porta bateu quando disparei pelo corredor.

Me espera, Michelle!

—--

Quando finalmente cheguei no saguão Michelle estava em pé olhando para a parede com a pontuação das casas, divididas em suas respectivas cores. Parei ao lado dela, ofegante por ter corrido.

—Gosto deza devesão de casas. –Ela disse. –Beuxbatons non ten isso.

—Casas? –Perguntei.

Ela acenou que sim com a cabeça.

—Acho que se um dea eu estodasse aqui... Irria parra a casa de Aigle.

Olhei para ela, confuso com aquela palavra. Ela sorriu e fez uma mimica como se voasse.

—Águea. –Ela respondeu.

—Corvinal? –Supus.

Ela acenou que sim com a cabeça.

—É a casa que acho mas interressante.

Acenei com a cabeça sem entender onde ela queria chegar com aquele assunto. Ficamos ambos ali em pé, ela olhando para a pontuação das casas e eu olhando para ela.

—Desculpe. –Ela disse por fim. –Houve um homam, ele fingiu amar moi. Ele descobrir sobre meus poderres e querria usar minhas vesões. Eu acreditei nele... Ou pelo menas é o que me contam.

—Como assim? –Perguntei.

—Podamos ir parra un lugar mas... prrivado? –Ela questionou.

O olhar que Michelle me lançou naquele momento era tão vulnerável que me surpreendeu. Eu segurei sua mão levemente e a levei para o único lugar que eu sabia que ninguém nos interromperia.

A casa dos gritos.

Michelle via tudo fascinada, ela tocava nas paredes e olhava os móveis do lugar.

—Casa dos gritas? –Ela perguntou quando olhou pela janela do quarto no primeiro andar.

Acenei que sim com a cabeça.

—É onde eu venho nas minhas noites de lua cheia.

Ela virou seu rosto em minha direção, tinha uma expressão culpada no rosto.

—Desculpa Nate. –Ela pediu. –Desculpa-me. Eu sabia sobra você desde o primeirro momenta que vi seu rrosto. Mas ainda assim... Ainda assim eu quis você.

Aquilo fez meu coração perder uma batida, respirei fundo, disposto a não fraquejar.

—Você me decepcionou na floresta. –Expliquei. –Eu jamais imaginei que você falaria aquilo.

—E non me imporrto que você seje un lobisoman. –Ela disse. –Eu só estava assustada.

Ela veio em minha direção e pegou minha mão, entrelaçando nossos dedos. Devagar ela me puxou até a cama e fez com que me sentasse ao seu lado. Ali, com as mãos dadas, ela me contou toda sua história.

Sobre quando se apaixonou por um homem, Pierre era seu nome, que descobriu sobre seus poderes e ela, boba, usou suas visões para dar a ele tudo o que ele queria. Mas Pierre não a amava, o que ele queria era apenas poder.

—Pierre non foi o primeirro e nem serrá o último. –Ela disse. –Tia Minerva descabriu sobrre ele e me alartou. Non me recordo o que houva na noita em que ele morreu, Tia Minerva me apagou as memórrias e tambám muitas otras sobra ele.

—Eu sinto muito. –Falei.

Ela negou com a cabeça, um sorriso pequeno nos lábios.

—Non sinta. Foi melhor assim. –Respondeu Michelle. –Quando focê falou sobre minhas visões na florresta, eu...

—Tudo bem. –Falei. –Eu entendo. Você ficou com medo que tudo estivesse se repetindo.

—Eu gosto de focê, Nate. Eu realmen gosto muito. Mas do que deverria. Desculpa por falar aquelo, non erra o que eu querria. Non é o que eu acho.

Ela me olhou nos olhos ao dizer isso, uma mecha dos seus cabelos ruivos em frente aos olhos, seus dedos ainda entrelaçados aos meus, apertava minha mão com força, como se quisesse dar mais veracidade a sua afirmação.

Soltei uma de minhas mãos das suas e com delicadeza coloquei a mecha do seu cabelo atrás da orelha.

—Eu também gosto muito de você Michelle. –Respondi aproximando meu rosto do dela. –Está perdoada.

Então eu colei minha boca na sua... nos beijamos. Com alívio, com paixão, sua mão livre segurou meu rosto. Eu podia senti-la sorrir em meus lábios e era uma das melhores sensações do mundo.

—--

Meu relacionamento com Michelle melhorou consideravelmente depois disso. Eu passava as noites pensando nela e as vezes atéa encontrava em meus sonhos.

Será que era cedo para eu pedi-la em namoro?

Decidi esperar mais um pouco. Teríamos tempo.

Lyra, ao contrário de mim, não parecia disposta a esperar nada. Os boatos que corriam pelo castelo era que ela e Cedrico já estavam namorando, Harry e eu vivíamos por fazer brincadeiras com ela sobre isso, mas a garota fingia nem se abalar e negava até a morte que os dois estivessem juntos.

Naquele dia em especial Lyra, Hermione e Rose estavam conversando perto da escadaria do primeiro andar.

—Oi meninas. –Cumprimentei.

As três viraram em minha direção.

Rose sorriu educadamente e disse:

—Tenho que ir, encontrar Gina. –Então acenou e saiu correndo.

—Estou indo também. Biblioteca. –Ela apontou para os livros e correu também.

Lyra me olhou com sobrancelhas arqueadas, chocada.

—Nossa! Isso é o que eu chamo de destruir um ambiente. –Ela comentou. –O que você fez? Matou a mãe de Merlim?

Suspirei.

—Elas ainda estão irritadas comigo por eu ser um babaca.  –Falei.

Ela enganchou seu braço no meu e fomos andando juntos.

—Ah, mas isso você sempre foi.

—Hey! –Fechei a cara.

Ela gargalhou.

—Certo. Certo. Mas vamos olhar pelo lado positivo. Rose anda muito mais sorridente agora do que quando estava por aí aos suspiros por sua causa. –Ela disse.

—O que não significa que ela deixou de gostar de mim. –Respondi.

—E como sabe disso? –Perguntou ela.

Toquei no meu próprio nariz.

—O cheiro dela. Ainda é bem apelativo para mim. O coração dela acelera quando me vê e se eu ficar muito próximo ela fica ofegante. –Expliquei. –Rose ainda gosta de mim.

—Soube que ela anda se encontrando com um sonserino por aí. –Ela comentou.

Travei.

—O que?!

—Ah Nate, ele é legal. Deixe a Rose viver!

Neguei com a cabeça.

—Ela é importante para mim! –Respondi. –Ela ainda gosta de mim.

Ela franziu o cenho.

—Isso é injusto. E como você se sente sobre isso?

Dei de ombros.

—Não sei. –Mexi no cabelo. –Ela é minha irmã.

—Isso nunca pareceu importar antes. –Argumentou ela.

—Mas agora eu tenho Michelle.

Lyra acenou levemente com a cabeça.

—Percebi que vocês dois estão bem sérios um com o outro ultimamente.

—Assim como você e Cedrico! –Rebati.

Ela soltou meu braço e me empurrou.

—Vai começar de novo?

Eu ri.

—Desculpe. Mas você e Rony ficam escondendo o jogo!

—Não estamos escondendo nada! –Ela reclamou. –Só estamos sendo discretos. E Rony andou conversando comigo, sabe?

—O que?! Aquele traíra!

Lyra sorriu.

—Ele não é...

Mas fomos interrompidos por Harry que simplesmente pareceu brotar do chão e puxou nós dois pelo braço.

—Tenho que contar uma coisa para vocês. –Ele disse nos puxando pelo corredor, olhando ao redor.

Desconfiado.

—--

—Quê? Então você acha que o Moody está aqui para ficar de olho no Snape e no Karkaroff? –Rony questionou.

Estavamos na aula de feitiços, Harry, Hermione, Rony, Lyra e eu, aprendendo o feitiço expulsório, Harry havia acabado de nos contar que na noite anterior, quando havia ido ao banheiro dos monitores para tentar decifrar o ovo havia encontrado o nome de Barto Crouch no mapa do maroto, assaltando o laboratório do professor Snape. Na volta do banheiro ele acabou encurralado com o pé preso no degrau solto da escada que Neville sempre esquecia de pular, debaixo da capa de invisibilidade e no meio de uma discussão entre o professor Snape e o professor Moody.

— Bem, não sei se foi isso que Dumbledore pediu a ele para fazer, mas não tenho dúvida de que é isso que ele está fazendo - disse Harry agitando a varinha sem prestar muita atenção, ao que sua almofada executou uma estranha cambalhota antes de se erguer da mesa. - Moody falou que Dumbledore só deixa o Snape continuar aqui porque está dando a ele uma segunda chance ou uma coisa assim...

— Quê? - exclamou Rony, arregalando os olhos, e sua almofada seguinte rodopiou bem alto no ar, rícochereou no lustre e caiu pesadamente sobre a escrivaninha de Flitwick. - Harry... vai ver Moody acha que foi Snape quem pôs o seu nome no Cálice de Fogo!

— Ah, Rony - disse Hermione, sacudindo a cabeça ceticamente -, já achamos que Snape estava tentando matar o Harry e acabou que estava tentando salvar a vida dele, lembra?

—Eu vou ser sincero com vocês. Não confio nesse Moody. –Sussurei abaixando quando um travesseiro passou voando perto da minha cabeça.

—Por que? –Rony perguntou. –Eu sei que ele é um pouco louco, masele é um dos bonzinhos.

Dei de ombros.

—Tem alguma coisa nele... –Respondi.

Hermione expulsou uma almofada que saiu voando pela sala e arerrissou dentro da caixa para a qual todos deviam estar mirando. Harry olhou para a amiga, pensando... era verdade que Snape uma vez salvara sua vida, mas o estranho era que Snape decididamente o detestava, da mesma forma que detestara o pai de Harry quando frequentaram a escola juntos. Snape adorava descontar pontos de Harry e certamente jamais perdera uma oportunidade de castigá-lo ou até de sugerir que ele fosse suspenso da escola.

—Não importa o que Moody diz - continuou Hermione -, Dumbledore não é burro. Teve razão em confiar no Hagrid e no Prof. Lupin, mesmo que um monte de gente não quisesse dar emprego aos dois, então por que não estaria certo a respeito de Snape, mesmo que Snape seja um pouco...

— ... maligno - completou Rony prontamente. - Ora vamos, Hermione, então por que todos esses captores de bruxos das trevas estão revistando a sala dele?

—Bom, esse foi um bom argumento, Rony. Remus é o meu pai e Dumbledore fez isso por ele. Tudo o que posso fazer é dar um voto de confiança para o cara.

Olhei para Lyra em busca de suporte, mas ela estava apenas concentrada no feitiço, ela expulsou a almofada tão bem quanto Hermione e ela foi parar na caixa ao lado da almofada da garota.

—Por que o Sr. Crouch está fingindo que ficou doente? - perguntou Hermione. - É meio estranho, não é, que ele não consiga comparecer ao Baile de Inverno, mas possa vir aqui no meio da noite quando dá na telha?

— Você não gosta do Crouch por causa daquele elfo doméstico, Winky - disse

Rony, fazendo a almofada voar pela janela.

— Você quer pensar que Snape está armando alguma coisa - disse Hermione, mandando a almofada bem no fundo da caixa novamente, ao lado da de Lyra.

— Eu só queria saber o que foi que Snape fez com a primeira chance, se agora está na segunda - disse Harry sério, e, para sua grande surpresa, a almofada saiu voando pela sala e aterrissou bem em cima da de Hermione.

—O que você acha, Lyra? –Perguntei.

Ela virou para olhar para nós.

—Não vamos tirar conclusões precipitadas. Não quero cometer o mesmo erro que cometi com o meu pai. –Ela respondeu, então virou para Harry. –Falando nele, você devia mandar uma carta contando tudo o que houve, acho que ele gostaria de saber.

Harry acenou que sim com a cabeça e Lyra voltou a olhar para frente, ela tinha aquela expressão no rosto de quem tenta resolver um grande quebra-cabeças.

—--

Naquela noite, depois de mandar a carta para Sirius, Harry decidiu encarar seriamente a resolução da pista para a segunda tarefa e nos contou que descobriu como decifrar o ovo.

Procure onde nossas vozes parecem estar,

Não podemos cantar na superficie,

E enquanto nos procura, pense bem:

Levamos o que lhe fará muita falta,

Uma hora inteira você deverá buscar,

Para recuperar o que lhe tiramos,

Mas passada a hora - adeus esperança de achar.

Tarde demais, foi-se, ele jamais voltará

Harry declamou.

Estavam Hermione, Rony, Rose, Lyra e eu num canto afastado do salão comunal, tentando ajudar Harry.

—É, claramente você vai ter que ficar uma hora debaixo d’água. –Rose falou.

—Mas como eu vou fazer isso?! –Harry gemeu, angustiado.

—Você podia usar um feitiço convocatório novamente. –Rose sugeriu.

Rony gostou da idéia de usar outra vez um Feitiço Convocatório - Harry lhe falara dos aqualungs, e Rony não via razão para o amigo não convocar um equipamento desses da cidade trouxa mais próxima. Lyra bateu na própria testa, sem acreditar naqueles dois. Hermione arrasou o plano mostrando que, no caso improvável de Harry conseguir aprender como operar um aqualung dentro da hora concedida, ele certamente seria desqualificado por violar o Código Internacional de Segredo em Magia - era demais esperar que nenhum trouxa visse o aqualung sobrevoando os campos a caminho de Hogwarts.

— Claro, a solução ideal seria você se transfigurar em submarino ou outra coisa assim - disse ela. - Se ao menos já tivéssemos dado Transformação Humana! Mas acho que só vamos ter essa matéria no sexto ano, e o resultado pode ser catastrófico se a pessoa não souber o que está fazendo...

— É, acho que não vou gostar de andar por aí com um periscópio saindo da cabeça - disse Harry. - Imagino que sempre é possível atacar alguém na frente de Moody, e, quem sabe, ele fizesse isso por mim...

— Mas acho que Moody não iria deixar você escolher a coisa em que quer ser transformado - comentou Hermione séria.

—Acho que a sua melhor chance é usar algum feitiço. –Comentei. –Parece ser a única coisa que pode ajudar.

Então, Harry, enterrou-se mais uma vez entre os livros empoeirados, à procura de um fei-tiço que permitisse a um ser humano sobreviver sem oxigênio.

Todos tentamos ajuda-lo, Lyra, Hermione e eu tivemos que fazer uma promessa de não pedir ajuda nem a Michelle, nem ao Krum e nem a Cedrico sobre isso.

Mas, embora nós procurássemos nas horas de almoço, noites e fins de semana inteiros - embora Harry pedisse a Prof. McGonagall uma permissão escrita para usar a Seção Reservada, e chegasse até a pedir ajuda à irritável Madame Pince, a bibliotecária que lembrava um urubu -, nós não encontramos nadinha que permitisse a Harry passar uma hora embaixo d'água e sobreviver para contar a história.

Harry parecia cada dia mais nervoso e em pânico.

Faltava somente uma semana para o dia vinte e quatro de fevereiro e nada... Faltavam cinco dias e Rose começou a se preocupar... faltavam três dias e Lyra estava surtando... Não havíamos achado nada que pudesse ajudá-lo.

Faltando apenas dois dias. Harry começou a perder o apetite.

Sirius havia respondido a carta naquele dia, mas a única coisa que havia no papel era o pedido da data da próxima visita a Hogsmead que nós teríamos. Harry pareceu decepcionado enquanto andávamos para a aula de Trato de Criaturas Mágicas.

Fosse porque Hagrid estava tentando compensar o fiasco dos explosivins ou porque agora só restavam dois bichos, ou ainda porque ele estava tentando provar que era capaz de fazer tudo que a Profa Grubbly-Plank fazia, o fato é que ele deu continuidade às aulas dela sobre unicórnios, desde sua volta ao trabalho. Tivemos a boa surpresa de que Hagrid conhecia tanto a respeito de unicórnios quanto de monstros, embora ficasse evidente que parecia desapontado que os bichos não tivessem presas envenenadas.

Naquele dia ele conseguira capturar dois filhotes de unicórnio. Ao contrário dos animais adultos, estes eram absolutamente dourados. Parvati e Lilá tiveram arroubos de prazer ao vê-los, e até Pansy Parkinson teve que se esforçar para esconder o quanto gostava dos filhotes.

Lyra então estava maravilhada com os bichos, ela foi a primeira a se sentar no chão para tocar os filhotes.

— Mais fáceis de localizar que os adultos - disse Hagrid à turma. - Eles ficam prateados aí pelos dois anos de idade e ganham chifres por volta dos quatro. Só ficam branco-puro quando atingem a idade adulta, aí pelos sete anos. São um pouco mais confiantes quando filhotes... não se incomodam tanto com os garotos... vamos, cheguem mais perto para poderem fazer carinho neles se quiserem... Deem a eles alguns torrões de açúcar...

Toda a turma ficou reunida ao redor dos bichinhos, mas eu fiquei encostado na cerca, somente olhando. Michelle veio ficar ao meu lado.

—Não quer olhar o unicórnios?

Ela negou com a cabeça.

—Mama tem um unicórnea em casa. Ganhou de papai. –Ela respondeu. –Eu chá vi aquelo.

Sorri.

—Sangues-puro. –brinquei.

Ela não levou como ofensa, apenas sorriu e piscou com o olho esquerdo.

—Coma estar o Arry com o ovo? –Ela perguntou.

Olhei de rabo de olho para ela.

—Não vou falar sobre isso com você. –Respondi suspirando.

Ela sorriu.

—Peça parra ele colocar o ovo debaixa da...

Cortei sua fala depositando um beijo rápido em seus lábios. Como estávamos afastados ninguém notou.

—Obrigado. –Falei. –Mas não faça isso.

Ela pareceu entender e acenou que sim com a cabeça.

—Eu poderria ajudar. –Sugeriu.

Eu neguei novamente.

—Queremos um jogo justo. –Falei. –Que vença o melhor.

Ela colocou a mão no meu cabelo e fez um leve carinho.

—Que vença o merror.

—--

Estávamos sentados na biblioteca quando o sol se pôs lá fora, Hermione, Rony, Lyra, Rose e eu, virando febrilmente páginas e mais páginas de feitiços, escondidos um do outro por pilhas maciças de livros em cima das mesas de cada um.

— Acho que não é possível - disse a voz de Rony do lado oposto da mesa. – Não tem nada. Nadinha. O mais próximo que chegamos foi aquela coisa para secar poças e poços, aquele Feitiço Secante, mas nem de longe teria potência para secar o lago.

—TEM que ser possível! –Lyra falou empurrando um livro e puxando outro.

Estávamos todos muito cansados. Rose já havia caído de cara num livro e ressonava baixinho, Harry colocou seu casaco nos ombros dela.

— Tem que haver alguma coisa - murmurou Hermione, trazendo uma vela para mais perto. - Nunca teriam proposto uma tarefa que fosse inviável.

— Pois propuseram - disse Rony. - Harry, amanhã, vá até o lago, meta a cabeça dentro dele e grite para os sereianos devolverem o que afanaram, e vê se eles mandam a coisa de volta. É o melhor que você tem a fazer, companheiro.

—Ah é? E como ele vai falar debaixo d’água, gênio?! –Lyra questionou.

— Existe uma maneira de fazer! - disse Hermione zangada. - Simplesmente tem que existir!

Ela parecia estar tomando como ofensa pessoal o fato de a biblioteca não ter informações úteis sobre o assunto, a biblioteca jamais lhe falhara antes.

—Eu sei o que deveria ter feito - disse Harry, descansando a cabeça sobre o livro Truques marotos para marotos de truz, ao lado de Rose. - Eu devia ter aprendido a virar um animago como Sirius.

—É, você poderia se transformar num peixinho dourado sempre que quisesse! - exclamou Rony.

—Ou num sapo - bocejou Harry. Estava exausto.

—E quem garante que você ia se transformar num peixe? –Perguntei.

—Leva anos para alguém virar um animago, depois ele tem que se registrar e tudo o mais - disse Hermione vagamente, agora espremendo os olhos para ler o índice de Estranhos dilemas da magia e suas soluções. - A Prof. McGonagall falou para a gente, lembram... a pessoa tem que se registrar na Seção de Prevenção do Uso Indevido da Magia... dizer em que animal se transforma, quais as marcas características, por isso não pode abusar...

— Mione, eu estava brincando - disse Harry exausto. - Eu sei que não tenho a menor chance de me transformar em sapo até amanhã de manhã...

— Ah, isto aqui não adianta nada - exclamou Hermione, fechando o livro com violência. - Quem é que vai querer que os pêlos do nariz cresçam em cachinhos?

— Eu não me importaria - disse a voz de Fred Weasley. - Seria um grande tópico para estimular conversas, não acham não?

Todos levantamos a cabeça. Fred e Jorge tinham acabado de sair de trás de umas estantes.

— Que é que vocês dois estão fazendo aqui? - perguntou Rony.

— Procurando vocês - disse Jorge. - McGonagall quer ver a Lyra, a Rose e a Mione.

—Por quê? - perguntou Mione, parecendo surpresa.

—Sei lá... mas estava com a cara meio fechada - informou Fred.

—Disse que era para levarmos vocês à sala dela - disse Jorge.

Lyra franziu o cenho.

—Por que será que ela quer falar com a gente? –Ela se perguntou.

Hermione se aproximou de Rose a acordou com a mão no ombro, meio grogue ela levantou e se encostou em Lyra.

—Encontramos vocês na sala comunal - disse Hermione a Harry, ao se levantar.- Leva o maior número de livros que puder, OK?

— OK. - disse Harry inquieto.

Lá pelas oito horas, Madame Pince apagara as luzes e apareceu para expulsar a gente da biblioteca. Meio cambaleando sob o peso do maior número de livros que pudemos carregar, Harry, Rony e eu voltamos à sala comunal da Grifinória, puxamos uma mesa para um canto para continuar a busca.

Não havia nada em Mágicas malucas para bruxos doidões... nada em Um guia para a feitiçaria medieval, para não mencionar as proezas submarinas na Antologia de feitiços do século XVIII, ou em Habitantes medonhos das profundezas ou Poderes que você desconhecia possuir e o que fazer com eles agora que os descobriu.

Bichento subiu ao colo meu colo e se enroscou ronronando profundamente. A sala comunal foi se esvaziando aos poucos a nossa volta. As pessoas não paravam de desejar boa sorte ao Harry para a manhã seguinte, todos aparentemente convencidos de que ele estava prestes a fazer outra fantástica demonstração como a da primeira tarefa, o garoto estava pirando. Harry não conseguia responder a ninguém, simplesmente acenava com a cabeça. Por volta da meia-noite o salão ficou vazio, só sobraram nós três, Rony estava roncando alto com a cabeça na mesa.

Até que num certo momento Harry levantou num pulo.

—Vou voltar para a biblioteca, pesquisar novamente. –Ele disse. –Vou usar a capa.

Acenei que sim com a cabeça.

—Eu vou com você. –Falei.

Deixamos Rony dormindo e fomos encolhidos debaixo da capa.

Lumus.— sussurrou ele quinze minutos depois, ao abrir a porta da biblioteca.

A ponta da varinha acesa, nós andamos ao longo das estantes, apanhando mais livros - livros de azarações e feitiços, livros sobre sereianos e monstros aquáticos, livros sobre bruxas e bruxos famosos, sobre invenções mágicas, sobre qualquer coisa que pudesse incluir uma referência passageira à sobrevivência debaixo d’água.

Qualquer coisa, droga!

Uma hora da manhã... duas horas... a única maneira de continuar era dizer a si mesmo, repetidamente: Próximo livro... no próximo... no próximo...

Até que nenhum de nós dois conseguiu manter os olhos abertos.

—--

—NATE! –A voz de Harry soou alta.

Levantei num pulo, estávamos na biblioteca.

—O que?! –Perguntei confuso.

—Vamos! Vamos! Vamos! –Ele me empurrou.

—Para onde? –Perguntei me levantando desnorteado.

Foi como se tudo tivesse voltado na minha cabeça, horas de pesquisa, a segunda prova, não encontrando nada... Mas Harry não parecia preocupado, ele estava em pânico.

Ele correu pelos corredores em disparada.

—A prova vai começar em dez minutos! –Ele falou me puxando pela manga da blusa.

—O que?! E você achou alguma coisa? –Perguntei aos gritos.

Ele negou com a cabeça.

—Dobby me deu uma planta que vai me ajudar. –Ele respondeu.

Aquilo não me deixou tranquilo.

—Você se lembra do que houve da ultima vez que ele tentou te ajudar, né? –Perguntei.

—Sim, eu lembro. –Ele respondeu sério. –Mas eu não tenho outra escolha! Eles pegaram a Rose!

—O QUE?!

Nós pulamos para o jardim e corremos em direção ao lago, como dois desesperados, eles haviam pegado a Rose! A coisa que mais fará falta...

“Para recuperar o que lhe tiramos,

Mas passada a hora - adeus esperança de achar.

Tarde demais, foi-se, ele jamais voltará”

Lembrei.

Enquanto corríamos pelos gramados, vimos que as arquibancadas que tinham rodeado o picadeiro dos dragões em novembro agora estavam dispostas ao longo da margem oposta do lago, quase explodindo de tão lotadas, e que se refletiam nas águas embaixo, a algazarra excitada dos espectadores ecoava estranhamente pela superfície das águas enquanto Harry corria pela outra margem do lago em direção aos juízes, sentados a uma mesa coberta com tecido dourado. Cedrico, Fleur e Krum estavam parados ao lado da mesa, observando Harry e eu nos aproximarmos correndo.

— Estou... aqui... - ofegou Harry, derrapando na lama ao parar e, acidentalmente, sujando as vestes de Fleur.

— Onde é que você esteve? - disse uma voz autoritária censurando-o. - A tarefa vai começar.

Era Percy Weasley, ele estava sentado à mesa dos juizes - o Sr. Crouch mais uma vez não comparecera.

—Vê se cala a boca, Percy! –Falei irritado.

Ele pareceu ofendido, mas não conseguiu responder nada por que Ludo Bagman o interrompeu.

—Ora, vamos, Percy! - disse ele, que parecia extremamente aliviado de ver Harry. - Deixe-o recuperar o fôlego!

Olhei para Harry, preocupado, eu não podia ficar ali, era o lugar dos campeões, eu tinha que ir em direção as arquibancadas.

—Harry. –Chamei, ele levantou o rosto, ofegante, para mim. –Traz ela de volta.

Ele acenou que sim com a cabeça e eu me encaminhei para perto de Rony.

—Onde é que vocês estavam? –Ele perguntou, tinha o semblante preocupado.

Não respondi.

—Onde estão Hermione e Lyra? –Perguntei.

Ele deu de ombros.

—Não sei! Não as vejo desde ontem. Acordei no salão comunal e todo mundo tinha sumido! –Ele reclamou.

Não respondi novamente.

Olhei para onde Harry se preparava para o inicio da prova, tão pálido quanto um pergaminho... O que ele faria ao descobrir que não era somente Rose, mas Lyra e Hermione também?

—--

Fleur foi o primeiro campeão a desistir.

Forçada a deixar a prova por ter sido atacada por Grindelows, ela foi tirada da água e chorava nos braços de Michelle que tentava consolá-la.

Eu não conseguia pensar em muita coisa, estava de um lado para o outro esperando notícias... Minhas irmãs... Hermione... Estavam lá... Dumbledore garantiu que nenhum deles corria perigo, mas...

Elas estavam debaixo d’água.

E eu não podia fazer nada.

—Nate! –Michelle chamou.

Não respondi.

Não podia.

Tinha certeza que se abrisse a boca o que sairia dali seria um barulho engasgado de desespero.

Faltavam dez minutos para o prazo de uma hora terminar. Nada de Harry. Nada de Lyra. Nada de Rose. Nada de Hermione.

—Nate. –A mão de Michelle tocou meu ombro. –Elas von ficar bem.

—Não. –Falei me afastando. –Você não sabe disso.

Ela veio em minha direção, mas seu pé escorregou no rastro de água que Fleur havia deixado, seu pé deslizou num ângulo nada normal e ela caiu na água, não consegui segurá-la.

Algumas pessoas ofegaram assustadas quando ela não subiu de volta, mas antes que eu pudesse pular para pegá-la alguém passou correndo por mim e pulou na água. Dez segundos depois um sonserino subiu a superfície com ela, Michelle puxava ar em desespero.

—Putain! –Ela falou em frânces.

O sonserino riu ao lado dela.

—Que boca suja você tem. –Ele disse.

—Michelle. –Estiquei a mão para ajudá-la.

Eu consegui trazê-la para cima. Dumbledore e professora Mcgonagall vieram em nossa direção e Madame Pomfrey começou a examina-la.

—Você está bem? –Perguntei preocupado colocando seu rosto em minhas mãos, seus lábios roxos.

Ela negou com a cabeça.

—Meu pé. –Falou.

—Parece que torceu, temos que leva-la para a enfermaria. –Madame Pomfrey respondeu.

—Vamos querida, eu levo você. –Professora Mcgonagall falou.

Ela olhou para mim, um pedido mudo para que eu a acompanhasse, mas eu neguei com a cabeça, tristonho.

—Não posso. –Falei. –Minhas irmãs...

Ela suspirou.

—Tudo ben. –disse.

—Eu ajudo você. –O sonserino falou.

Ele não esperou que ela falasse nada e colocou o braço dela atrás do pescoço dele, para ajuda-la a andar. Senti uma pontada desconfortável de ciúmes.

—Nate! –A voz de Rony soou animada. –É a lyra!

Virei para o lago, meu coração saindo pela boca. Ele estava certo, Cedrico tinha terminado a prova, ele vinha nadando em direção a margem com Lyra ao seu lado. Suspirei tranquilo.

Voltei a olhar para Michelle para pedir desculpas, mas ela já tinha virado as costas e ia andando para longe com a Professora Minerva e o sonserino. Olhei-a ir embora sentindo um aperto no peito, então fui até a beira para puxar Lyra para fora.

—Viu só, Nate? Sou um tesouro! –Lyra falou olhando para mim, encharcada até os ossos, mas com um sorriso divertido no rosto.

—Você quase me matou do coração sua louca! –Eu falei colocando toalhas que me entregaram ao redor dos ombros dela.

Cedrico sentou ao lado dela e colocou o braço ao redor de seus ombros.

—Mereço um beijo por esse salvamento, não acha? –Ele perguntou, tremendo de frio.

Lyra sorriu.

—Mais tarde a gente resolve isso. –Ela disse.

Um minuto depois Krum apareceu na superfície do lago, ele trazia Hermione com ele. Mas onde estavam Harry e Rose?

—Onde está Harry? –Essa foi a primeira pergunta de Hermione quando eu a ajudei a sair da água.

—Não subiu ainda. –Falei jogando uma toalha em seus ombros. –Você está bem?

Ela não respondeu, mas me olhou com um sorriso no rosto, tremendo de frio.

O tempo passou, todos olhávamos para a beira do lago, expectativa, o relógio parecia se arrastar, o tempo ora rápido, ora lentamente.

—Vamos lá, Harry. –A voz de Lyra implorava baixinho atrás de mim.

Foi quando vimos a ondulação na água, Harry surgiu na superfície sugando uma grande golfada de ar, Rose de um lado e Gabrielle de outro.

Lyra riu.

—O idiota demorou mais por que salvou a pequena Delacour. –Ela disse.

Eu sorri, finalmente tranquilo.

— Gabrielle! Gabrielle! Ela está viva? Ela está machucada? –Fleur gritava na borda, ao meu lado.

— Ela está ótima! - Harry tentou lhe dizer.

Ergui Rose e a trouxe para perto de mim num abraço.

—Droga, eu quase morri de preocupação. –Falei.

—Eu estou bem. –Ela disse, sua voz cálida como a muito tempo eu não ouvia. –Estou bem, Nate.

Acenei que sim com a cabeça e peguei uma toalha para ela.

Dumbledore e Bagman ergueram Harry, enquanto Fleur se desvencilhara de Madame Maxime e abraçava a irmã.

—Forram os grrindylows... eles me atacarron... ah, Gabrrielle, pensei... pensei...

—Venha aqui, você. - ouviu-se a voz de Madame Pomfrey, ela agarrou Harry e levou-o até Hermione, Lyra e os outros estavam, embrulhou-o num cobertor apertado e empurrou uma dose de uma poção muito quente pela garganta do garoto. Saiu vapor por suas orelhas.

— Muito bem, Harry! - exclamou Hermione. - Você conseguiu, você descobriu como conseguir, sozinho!

Harry olhou para mim e eu pisquei para ele, não seria eu quem contaria sobre a ajuda de Dobby.

— Bem... - disse Harry.

— Você tem um besourro-d’água prreso nos cabelos, Hermi-ônini - disse Krum.

Tive a impressão de que Krum estava tentando fazer a garota voltar sua atenção para ele, talvez para lembrá-la que ele acabara de resgatá-la do lago, mas Hermione sacudiu o besouro para longe com impaciência. Sorri, essa é a minha garota!

— Mas você ultrapassou muito o tempo dado, Harry... Você levou muito tempo para nos encontrar? –Ela perguntou.

— Não... encontrei vocês logo...

—Mas achou que a música era séria e nós iriamos ficar lá dentro para sempre? –Rose perguntou enrolada em sua toalha, sorrindo. –Que bobo Harry.

O garoto sorriu sem graça.

Dumbledore se encontrava agachado à beira da água, absorto em conversa com alguém que parecia ser o chefe dos sereianos, uma fêmea particularmente selvagem, de aspecto feroz. Emitia o mesmo tipo de guinchos que o de seus companheiros quando estavam embaixo da água, era óbvio que Dumbledore sabia falar sereiano. Finalmente ele se ergueu, virou-se para os demais juízes e disse:

— Acho que precisamos conversar antes de dar as notas.

Os juízes se agruparam. Madame Pomfrey tinha ido buscar Fleur e a irmã. Fleur tinha muitos cortes no rosto e nos braços, e suas vestes estavam rasgadas, mas ela não parecia se importar, nem queria deixar Madame Pomfrey tratá-la.

— Cuide da Gabrrielle - disse a garota virando-se para Harry. - Você salvou minha irrmá - disse ofegante. - Mesmo ela não sendo sua rrefém.

— Foi - disse Harry.

Fleur se abaixou, beijou Harry nas duas bochechas. O garoto me olhou com olhos arregalados e eu dei um sorriso sacana colocando os polegares para cima.

Hermione pareceu simplesmente furiosa mas, naquele instante, a voz magicamente ampliada de Ludo Bagman reboou ao nosso lado fazendo os espectadores nas arquibancadas mergulharem num grande silêncio.

— Senhoras e senhores, já chegamos a uma decisão. A chefe dos sereianos, Murcus, nos contou exatamente o que aconteceu no fundo do lago e, portanto, em um máximo de cinquenta, decidimos atribuir a cada campeão, as seguintes notas... A Srta. Fleur Delacour, embora tenha feito uma excelente demonstração do Feitiço Cabeça-de-bolha, foi atacada por grindyiows ao se aproximar do alvo e não conseguiu resgatar sua refém. Recebeu vinte e cinco pontos.

Aplausos das arquibancadas.

— Eu merrecia zerro - disse Fleur com uma voz gutural, sacudindo a magnífica cabeça.

— O Sr. Cedrico Diggory, que também usou o Feitiço Cabeçade-bolha, foi o primeiro a voltar com a refém, embora tenha chegado um minuto depois da hora marcada. - Ouviram-se grandes aplausos dos alunos da Lufa-Lufa entre os espectadores, Lyra abraçou Cedrico de lado e lhe deu um beijo na bochecha. - Portanto, recebeu quarenta e sete pontos.

— O Sr. Vítor Krum usou uma forma de transformação incompleta, mas ainda assim eficiente, e foi o segundo a voltar com a refém. Recebeu quarenta pontos.

Karkaroff bateu palmas com especial entusiasmo, fazendo ar de superioridade. Babaca.

— O Sr. Harry Potter usou guelricho com grande eficácia - continuou Bagman. - Ele voltou por último e ultrapassou em muito o prazo de uma hora. Contudo, a chefe dos sereianos nos informou que o Sr. Potter foi o primeiro a chegar aos reféns, e o atraso na volta se deveu à sua determinação de trazer todos os reféns à segurança e não apenas o seu.

Lancei a Harry um olhar meio exasperado, assim como Lyra, Hermione, Rony e Rose também deviam estar fazendo.

— A maioria dos juízes - e aqui Bagman olhou com muita indignação para Karkaroff- acha que tal atitude revela fibra moral e merece o número máximo de pontos. Mas... o Sr. Potter recebeu quarenta e cinco pontos.

Arregalei os olhos, meu sorriso era tão grande que temia me rasgar a boca! Rony, Rose, Lyra e Hermione pareciam tão apanhados de surpresa quanto eu, eles olharam para Harry, começaram a rir e a aplaudir com entusiasmo com o resto dos espectadores.

— Lá vai você, Harry! - gritou Rony sobrepondo-se ao tumulto. - Afinal você não agiu como débil, revelou fibra moral!

Fleur também o aplaudia freneticamente, mas Krum não pareceu nada feliz. Tentou puxar conversa com Hermione outra vez, mas ela estava ocupada demais aplaudindo Harry para lhe dar ouvidos. E confesso, aquilo me deixou quente por dentro.

— A terceira e última tarefa será realizada ao anoitecer do dia vinte e quatro de junho - continuou Bagman. - Os campeões serão informados do que os espera exatamente um mês antes. Agradecemos a todos o apoio dado aos campeões.

Lyra correu em direção ao garoto e se jogou nos braços dele, Harry ainda sorria incrédulo enquanto recebia abraços de todos os lados. Eu suspirei tranquilo me abaixando para colocar a mão no ombro de Harry, todo mundo estava bem e isso era o bastante.

—--


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Notas finais do capítulo

Para quem deixa review:OBRIGADA! Amo vocês Suas lindas *-*
Para quem não deixa por que não tem perfil: Tudo bem, eu perdoo.
Para quem não deixa por preguiça: Gente, o dedo não vai cair, faz esse esforcinho vai, por favor?
BEIJOOOS LIINDAS *----------*
RECOMENDEM PLEASE!
Câmbio e desligo