Depois que me livrei dela, procurei fugir sem deixar nenhuma pista. Era uma missão ainda um pouco difícil, pois meu ombro não havia sido curado. Tinha sido só enfaixado.

Mas, depois de algum tempo, percebi que consegui não deixar rastros. Mesmo com a habilidade dela de farejar chakra incrivelmente longe, ela não me acharia, eu me preveni.

 Então eu passei mais ou menos uma semana andando sem rumo, quando uma certa visão me fez perceber que eu estava só adiando um fim inevitável. Ainda estava na Aldeia da Chuva, mesmo que bem longe de onde deixei Karin, mas ainda assim tomei cuidado pra não chamar atenção. Um pouco mais além do caminho por onde eu ia, havia um despenhadeiro enorme. Eu jamais vira algo tão grande em minha vida. De um lado para o outro, a distancia devia ser de quase um quilômetro.

“Agora...”.

Foi a única coisa que se passou na minha cabeça. Segui-a.

Deixei tudo o que pudesse me ajudar a mudar de idéia depois pra traz. Minha espada, equipamentos ninja, etc.

Caminhei em direção ao despenhadeiro. A poucos metros, parei. Eu nem mesmo podia ver o fundo daquilo. Era enorme.

Então senti um leve vento que me trouxe à memória algumas lembranças rápidas:

“-Ei, você não ta machucado não, né? Moleque medroso.”

Um sorriso apareceu levemente em minha face. Pude senti-lo.

“-Tudo bem, Sakura. Acho que já posso andar sozinho.

-Ah,... mas é claro.”

O sorriso aumentou.

“Naruto,... você se tornou... meu melhor amigo.”.

Senti as bochechas encolherem ao mesmo tempo em que uma angustia tomava conta de mm.

“Em breve Sasuke virá até mim, em busca de poder. Enquanto isso, desfrutarei da demonstração de poderes que você possui agora!”

 Então a angustia desapareceu, era agora ou nunca.

Corri em direção aonde o chão desaparecia sob meus pés.

Corri até que não senti mais nada, só o vento atravessava meu rosto, levando tudo o que eu tinha na cabeça.

Corri. Corri. Não parei. Depois de um tempo também não senti mais o chão, só a corrente vertiginosa de vento que vinha debaixo de mim. A pressão do ar contra meu corpo era extremamente forte.

Eu caía.

Senti que eu já vinha caindo há muito tempo. Aquilo era só uma conclusão física do que eu já havia começado, psicológica e voluntariamente.

Eu caía com meu tronco pra baixo, em direção ao solo. Quanto tempo já estava caindo?? Não sabia, mas continuava caindo.

Continuei caindo.

Até que senti algo em que bati.

“O chão??”. Não o chão era duro demais, não fofo daquele jeito.

“Já morri??”. Não parecia que estava morto, porque agora eu sentia uma força me puxando para cima, jogando meus braços em direção ao solo, como se eu tivesse cortado uma queda para começar uma subida novamente. Era brutal.

Não pude saber o que era aquilo, mas um raio de pensamento me trouxe a cabeça uma idéia: “Karin??”. O que eu sentia podia muito bem ser um corpo de alguém me segurando, embora Karin não tivesse força pra isso.

Pelo menos eu achava que não.

Então não arrisquei abrir os olhos, até que senti algo sob meus pés. Seja onde fosse que eu estava apoiado, senti que perdia. Esse algo se soltava de mim. Eu precisava me apoiar com meus próprios pés, mas não tinha forças devido a vertigem de uma subida brusca.

O apoio se foi completamente e eu caí no chão de joelhos.

Mal arrumei forças pra sustentar meu corpo com os braços. Resolvi encarar o que quer que fosse e abrir os olhos.

Primeiro, vi o chão arenoso a minha frente. Tentei me sentar no chão, mas acabei me auto-derrubando pra traz.

Então olhei pra frente, em direção a quem quer que fosse que estivesse ali – se houvesse alguém, lógico.

E os meus sentidos voltaram súbita e violentamente a tona de mim, todos eles.

Sim, alguém havia me salvado da morte.

Esse alguém era Sakura.