Guinea P escrita por Gaby Molina


Capítulo 10
Capítulo 10 - Segundas Intenções


Notas iniciais do capítulo

Olá ;3 Como presente de Natal, a fic ganhou sua primeira recomendação, EEEEEEEEE O/ Jessie leevin, obrigada infinitamente, você salvou o meu dia torturante com a família do meu pai. Na moral. Esse capítulo vai para você ;3333
Ah, e tem POV novo nele o/ YAY



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Jess

Eu estava andando pelo corredor no dia seguinte quando ouvi o barulho de algo pesado sendo jogado contra a parede.

— Repita isso! — ouvi a voz irritada de Derek.

— Além de lesado é surdo?

Porra, James. Saí correndo e encontrei os dois tentando socar um ao outro.

— Isso é por sempre foder com tudo, filho da mãe — Derek mirou um soco em James, mas o moreno segurou o punho dele no ar.

— Opa — abriu um leve sorriso. — Eu não quero acertar você. Por favor, dê o fora.

— Você acha que pode fazer a porra que você quiser, não é?! Sempre achou! E fique longe dela.

— Não — James sorriu.

— Você nunca cansa?! Anda por aí fingindo que não se importa com nada, com esse sorriso presunçoso no rosto o tempo todo, estragando a vida das pessoas nas horas vagas!

— Eu não estrago a vida das pessoas — retrucou James. — Mas irritar você é realmente terapêutico, devo admitir.

— Isso é entre eu e você. Pare de envolver a Jessica.

James bufou.

— Ah, cale a boca.

E então acertou um soco no nariz de Derek.

— E só para deixar claro — o moreno estreitou os olhos. — Isso não tem nada a ver com você.

— James! — gritei, denunciando minha presença.

James soltou Derek rapidamente.

— Ah, olá Jess. Como vai?

Foi só então que percebi um pequeno filete de sangue escorrendo de seu lábio inferior.

— Ah, Deus — suspirei. — Ele acertou você primeiro?

— Acredite ou não, eu não apenas saio por aí socando as pessoas — James revirou os olhos, limpando o sangue com as costas da mão direita. — E foi um soco de esquerda, mande seu namorado parar de choramingar. Além do mais, o soco no lábio nem doeu tanto. Apesar de que você poderia dar um beijinho para sarar — ele me fitou por um minuto.

Ergui uma sobrancelha.

— Vá se foder — suspirei, caminhando até Derek. — Como, exatamente, isso aconteceu?

— Espere aí — James disse.

Ficamos em silêncio por um minuto.

— Três... Dois... Um...

E então quatro seguranças vestidos de preto seguraram James.

— O que é isso?! — indaguei, confusa.

— Parece que Rivers está com saudade do Delta — Derek revirou os olhos, mas possuía um leve sorriso satisfeito nos lábios.

— Bem, obrigada por lutar por mim, de qualquer forma — abri um leve sorriso.

James soltou uma gargalhada alta.

— Jess, eu comecei a briga. Mas não se preocupe, estarei de volta em alguns dias. Woopert não é tão importante assim ponto de me castigarem severamente.

— Mas... Você odeia o Delta — franzi o cenho.

Enquanto era levado para longe, James cravou os olhos em mim, sorrindo levemente, e piscou. Essa foi minha última visão antes de o enfiarem no elevador.

Demorei alguns segundos para conseguir falar alguma coisa.

— Que. Porra. Foi. Essa?! — meu queixo continuava caído enquanto eu encarava Derek. Foi só então que percebi que o nariz dele estava sangrando. Senti-me um pouco culpada. — Merda, vou buscar papel.

Derek

— Por que você socou o lábio dele? — Jessica perguntou.

Estávamos sentados na ponta da cama dela. Eu pressionava um pedaço de papel contra meu nariz, estancando o sangue.

— Porque ele fala o que não deveria e eu cansei de aguentar. E, caso não tenha percebido, eu também não saí impune.

Na verdade, o soco de James fora bem mais preciso do que o meu, mas eu jamais admitiria em voz alta, mesmo que o resultado fosse bem perceptível.

— Eu acho que ele fez de propósito — comentou ela, colocando uma mecha do cabelo escuro atrás da orelha.

— O quê?

— Acho que ele queria ser mandado para o Delta.

— Como sabe disso?

— Algo no olhar dele. Eu só... sei.

Suspirei. Odiava como Jess simplesmente sabia coisas sobre James, enquanto eu me esforçava tanto para entendê-la e fazê-la me entender.

— Podemos parar de falar sobre o Rivers?

Ela desviou o olhar.

— Claro. Ei, você sabe como chegar aos outros Setores do Projeto?

Franzi o cenho, surpreso.

— Que raio de pergunta é essa?

— Eu só... fiquei curiosa.

— Sabe que não posso falar disso, Jessica.

— Qual é. O que diabos eu poderia fazer com essa informação?

Deus, era tão difícil dizer não quando aqueles grandes olhos escuros me fitavam daquela maneira.

— Ficam no resto do prédio. Do primeiro andar para cima.

Ela pareceu ponderar a ideia.

— É, isso faz sentido. Mas... Se o Setor Três é privilegiado, por que ficamos no subsolo?

Hesitei.

— Jessica, por favor.

Ela bufou.

— Vou perguntar ao James, então. Ele deve saber.

Abri um leve sorriso.

— Jogo sujo.

Ela me fitou por um momento.

— Você fica fofo com ciúme — ela sorriu, beijando meus lábios rapidamente. — Você não tem nada com o que se preocupar.

— Não tenho? — encarei-a. As palavras pularam para fora de minha boca.

Jessica franziu o cenho, confusa.

— O que quer dizer?

Balancei a cabeça.

— Deixa para lá.

Ela se aproximou mais.

— Eu e James somos só amigos.

— Não tenho tanta certeza de que ele quer ser só seu amigo.

— James não gosta de mim. Ele deixou isso bem claro — ela murmurou, desviando os olhos. — De qualquer forma, não importa o que James quer, porque eu gosto de você.

Tenho de admitir, era bom ouvir isso.

— Proteção — falei.

— O quê?

— Proteção. É por isso que o Setor Três fica no subolo. É o Setor mais relevante. É onde há mais investimento. Em caso de invasão, o subsolo seria mais difícil de atingir.

— Quem invadiria o Alfa?!

— Eu não sei, Jessica. De verdade. Mas suponho que nem todo mundo esteja feliz com a liderança de Beaurenberg.

* * *

— Atrasado, Woopert — vociferou Michael Randall quando cheguei ao escritório.

— Blá blá blá — revirei os olhos, sentando-me em minha mesa. Bem, na verdade, de meu pai. Mas ele tinha sua própria sala agora, então nunca a usava.

— O que houve com seu rosto? — perguntou Patricia Springs, apontando para meu nariz.

Torci o nariz, mas me arrependi. Doeu.

— Érrr... — mordi o lábio.

Michael riu.

— Não se dê ao trabalho. Ouvi falar de sua briguinha com um dos Guinea.

Dei de ombros, fingindo estar concentrado na papelada.

—... E, ao que vi pela fita, havia uma garota envolvida.

— Ela é amiga do rapaz, não a conheço — menti, tentando soar desinteressado. Provavelmente consegui. — Jamie, ou algo do gênero.

— Jessica — Michael corrigiu.

— Isso.

Eu odiava ter de mentir tanto. Sempre me perdia no meio. Não me sentia muito mal por isso, até porque não dava a mínima para aquelas pessoas. Bem, exceto Patricia. Eu me importava com Patricia.

Quero dizer, não desse jeito. Pelo menos, não mais.

— Pare de bombardeá-lo, Randall — censurou Patricia, séria. Depois me fitou. — Você... Érrr...

— Eu...?

— Tem um pouco de... — ela suspirou. — Esquece, eu mesma ajudo.

Ela caminhou rapidamente até a sala do lado, e voltou com um rolo de papel toalha. Patricia sentou-se ao meu lado, afastando os cabelos louro-escuros do rosto.

— Aqui, pronto — ela limpou um pouco de sangue que escorrera até meu lábio superior. Abriu um leve sorriso. — No que você se meteu, Derek?

— Nada muito inteligente — dei de ombros. — Quanto tempo acha que Rivers vai ficar no Delta?

— Uma semana, ou algo do tipo — respondeu Randall.

Suspirei. Era isso. Eu tinha sete dias para provar à Jessica que o que nós dois tínhamos era mais forte do que James. Fitei Patricia. Terminamos o namoro porque ela gostava de mim mais do que eu gostava dela. Agora era como se eu estivesse pagando meu karma com a Jessica.

Jess

— Tudo bem? — Derek me fitou, franzindo o cenho. — Está pensando nele de novo, não está?

Era tão óbvio assim?

— Eu conheço James, Derek. Ele odeia o Delta. Ele tem um plano maior, eu só preciso entender qual. Pode ser importante.

— Ou ele pode estar só mexendo com a sua cabeça. Garantindo que você não o esqueça — sugeriu ele. — Mas você não quer pensar nessa possibilidade, não é?

Mordi o lábio.

— Mas a melhor forma de garantir que eu não o esquecesse não seria ficando aqui comigo?

Pude ver que Derek não tinha uma resposta.

James

— Já estava com saudade? — sorri para Gregory, que estava sentado na mesa de sempre no refeitório do Delta quando cheguei.

Greg ergueu uma sobrancelha.

— Que porra aconteceu com você, garoto? — ele apontou para o meu lábio inchado.

— O que acha que aconteceu? — abri um leve sorriso, me sentando.

— A moça não veio dessa vez? — perguntou ele. Balancei a cabeça. — Ótima garota. Decidida. Esperta. Corajosa.

— Podemos não falar dela?

Gregory abriu um sorriso malicioso.

— Por que, exatamente, você socou o Woopert?

— Foi só no nariz — defendi. — Achei que fosse óbvio. Eu precisava vir aqui, e achei que esse fosse ser o modo mais prazeroso. De fato, foi.

— Conta outra, você odeia essa espelunca.

— Bem, nem tudo é só sobre mim. Eu faço o que tenho que fazer — dei de ombros.

— Sintetize.

— Não consegui seguir seu conselho — admiti. — Então, como não conseguia ficar longe da Jess, decidi manter a Jess longe de mim.

— Mas ela não está com o Woopert?

— Mais ou menos. Não acho que ela tenha muita certeza quanto a ele.

— Ou é isso em que você quer acreditar?

— Ela é atraente, isso é tudo — resmunguei. — Além do mais, preciso falar com você. Jess acha que é errado que nós escapemos e deixemos o resto do pessoal aqui, e eu meio que concordo com ela.

— James, vou falar isso porque gosto de você — ele me encarou, sério. — Pare de pensar com a cabeça de baixo.

— Jess pensa assim, e ela sequer tem uma cabeça de baixo — retruquei. — Não é tão louco assim, se formos pensar. Se conseguirmos fazer todo o prédio se revoltar de uma vez, não tem como os seguranças segurarem o motim.

— Vidas serão perdidas. Muitas.

Mordi o lábio.

— Bem, talvez. E se conseguirmos desativar o sistema de câmeras? Jamais chegariam a tempo se não soubessem sobre a revolta.

— Acha que Woopert as desligaria? — ele suspirou. — Depois de quebrar o nariz dele, quer que ele o ajude?

— Não a mim. À Jess. E é por isso que... — minha voz falhou.

— Que ela não pode gostar de você — completou ele com um leve sorriso entretido no rosto.

— Não é assim. Jess não gosta de mim, eu sei disso.

— Tem cem por cento de certeza?

Hesitei. Meus lábios formigaram, e percebi que eu estava pensando naquele último beijo. Havia algo no olhar dela... Bem, eu provavelmente imaginara. Mas não foi um beijo como os outros. Disso eu sabia.

—... Claro que não tem — Greg respondeu à própria pergunta. — Do contrário, não estaria aqui. É preciso de dois para dançar tango.

— Nunca entendi essa expressão direito.

Ele riu.

— Vê? Esse é o problema dos nerds. Eles estão tão preocupados com a porra do Pi ou o efeito estufa que não entendem o que está bem debaixo do nariz deles. O que eu até posso compreender, devido ao tamanho do seu nariz.

Coloquei a mão sobre o meu nariz, ultrajado como se eu fosse uma garota e ele tivesse acabado de me chamar de gorda.

— Meu nariz não é grande.

Ele sorriu.

— Claro que não...

Jess

Eu sabia que estava fodendo tudo sem receber nenhum resultado positivo, mas não conseguia parar de pensar em James e me sentir mal porque sabia que Derek podia ver claramente. Derek sempre sabia o que eu estava pensando, enquanto eu nunca conseguia entendê-lo direito.

Toda vez que eu fechava meus olhos, lá estava. Um par de olhos escuros ou verdes, os rostos dos Elegidos que eu não podia salvar, o semblante imóvel de Sarah, a expressão tão desolada no rosto de Damon que ele parecia ainda mais morto do que ela, a guerra, meus pais adotivos...

Inspirei fundo. Eu só queria poder me sentar por dois minutos e não me preocupar com porra nenhuma. Era pedir demais?

— Jessica? O que foi?

Eu sentia o olhar preocupado de Derek em mim. Balancei a cabeça negativamente.

—... Você pode me contar. Eu quero ajudar.

Suspirei. Eu podia. Podia mesmo. Eu sempre carregara todo o peso sozinha, mas agora tinha alguém para carregar esse peso para mim. Eu não estava mais solitária. Então por que me sentia mais sozinha do que nunca?

— Eu não consigo, Derek.

Ele suspirou, parecendo tomar uma decisão. Entrelaçou os dedos da mão nos meus e disse:

— Quer que eu vá buscar o Rivers?

Franzi o cenho, assumindo uma expressão que oscilava entre surpresa e ceticismo.

— O quê?!

— Você falaria com ele? Faria com que você se sentisse melhor?

Eu abri a boca, mas não sabia o que dizer.

— Você faria isso? — balbuciei.

Derek abriu um leve sorriso.

— Se fosse deixá-la mais feliz, eu faria qualquer coisa.

— Se a situação fosse inversa, James não tiraria você de lá.

— Eu não sou o Rivers — replicou ele. De fato, não era. — Mas isso foi um elogio a mim, certo?

Eu não tinha certeza, mas sorri.

— Claro. Agradeço pela oferta, mas não. Se James quer ficar lá embaixo, eu é que não vou frustrar seus planos.

— Seria rude se eu demonstrasse o quão satisfeito com a sua decisão estou?

Eu sorri.

— Talvez. Quem liga?

Derek riu e me beijou. Tenho de admitir que, quando ele fez isso, James desapareceu de minha mente por completo.

Por alguns minutos, apenas. Mas um novo recorde.

— Vou voltar ao dormitório. Tem mais uma coisa que preciso fazer — mordi o lábio. — Vejo você depois.

Beijei levemente seus lábios e corri de volta para o meu dormitório. Fitei Coraline, que lia calmamente em sua cama.

— Cora — chamei, inspirando fundo. — Acho que é hora de termos aquela conversa.


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