Guinea P escrita por Gaby Molina


Capítulo 1
Capítulo 1 - Entre no carro


Notas iniciais do capítulo

Seja bem-vindo ♥ (Ou bem-vindo de volta, se já lê minhas fics). Espero que acompanhe e deixe um comentário dizendo o que está achando para deixar uma certa autora muito feliz :3



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Jess

Um golpe de Estado muda tudo. Mas até Napoleão deveria se orgulhar daquele em particular.

Confesso que até foi interessante no começo. Quando falaram em mudanças, foi animador. Os Estados Unidos podiam mesmo usar algumas mudanças. Até que descobrimos que Tristan Beaurenberg, que encabeçara a coisa toda, era, na verdade, um ditador.

Um ditador patriota, devo dar-lhe esse crédito. Ele secretamente se aliara com a Europa, que conseguiu o apoio de grande parte da América Central (incluindo todos os mexicanos deportados, diga-se de passagem).

E então eles quebraram tudo. É.

Diziam que o presidente estava sendo mantido aprisionado. Novas regras de conduta foram estabelecidas, como em uma ditadura militar, e revoltas apareciam em todo lugar, mas eram sempre contidas.

Sim, "contidas" quer dizer o que você imagina que quer dizer.

Como uma garota de classe média, 17 anos, de Chicago, eu aprendera a me virar. Se você ficasse na sua, as coisas funcionariam normalmente. Na teoria.

Mas Tristan Beaurenberg não era militar. Ele era cientista. Um evolucionista que acreditava que a raça humana não havia atingido seu potencial total.

Ainda.

Foi então que os testes começaram. Beaurenberg descobriu que os jovens tinham mais chances de estar desenvolvendo uma combinação genética que facilitaria essa evolução. Então, em todos os 50 estados, a presença era obrigatória no Dia do Teste. O resultado era secreto. Mas você de certo saberia se tivesse passado, logo logo.

Como? Não sei se era regra, mas eu soube quando quatro clones de lutadores de UFC invadiram a minha casa.

Senti-me um pouco lisonjeada. Tipo, quatro? Quero dizer, eu tinha 1,65m de altura e no máximo 52kg, não é como se eu pudesse resistir muito.

Para deixar claro, minha casa não era minha casa. Era um prédio abandonado perto do centro. Onde estão seus pais, Jessica?, eu esperava que eles perguntassem. Mas não se deram ao trabalho.

— Srta. James — o primeiro disse, calmo. — Entre no carro.

O que acontece se eu me recusar?, fiquei tentada a perguntar. Mas eu podia ver o revólver quase pulando para fora do cinto de todos os quatro.

É, eu sabia o que aconteceria se eu me recusasse.

— Você é especial — continuaram. — Seu DNA é mais pré-disposto a aceitar as reações que queremos propor do que o DNA da maioria da população. Você será mandada para um campo de treinamento e estudo em Washington. A senhorita não tem com o que se preocupar.

Eles fizeram soar o tempo todo como se fosse uma escolha, mas no fim apenas me entregaram um mandato federal.

Isso resolveu tudo. Deixaram-me levar tudo o que eu conseguisse enfiar em uma mochila, o que se resumiu a algumas roupas, coisa de higiene pessoal, livros empoeirados, um caderno, caneta e um iPod que, na verdade, não era meu (nem pergunte).

Grande merda. Perguntaram se eu queria me despedir de alguém; oferta à qual neguei.

Então eles me enfiaram em um carro preto blindado, de certo um gesto de boa fé para mostrar que se preocupavam com a minha segurança (cof cof).

— Nesse lugar para onde estão me levando — comecei, inclinando-me para frente. — Vou ter que aprender Matemática?

O segurança sentado ao meu lado me pressionou para trás, fazendo com que eu batesse minhas costas no banco.

— Não — respondeu o Grandão Número Um.

— Olha só, uma vantagem.

Woopert, a Guinea porcum número 1124 está a caminho agora — disse Grandão Número Dois em um daqueles rádios grudados no carro, como da polícia. — Sim, Jessica Alicia James. Chicago. Dezessete. Qual portão? Entendido. — quando ele desligou o rádio, riu um pouco. — Parecem considerá-la promissora, srta. James. Estão encaminhando-a ao Setor Três.

— O que tem no Três? — perguntei.

— Nossos mini-gênios.

— Quer dizer, os menos pré-dispostos a morrer?

Ele soltou uma risada alta.

— Se a senhorita quiser colocar as coisas desse modo.

Kristen

— Srta. Beaurenberg — ouvi uma voz masculina na porta de meu quarto. — Entre no carro.

— Sou menor de idade — respondi, sem desviar os olhos do livro que estava lendo. — Não entro em lugar algum sem a presença de meu pai ou de um advogado.

— Seu pai enviou o carro. A senhorita é, a partir de agora, parte do Projeto Guinea P.

Soltei uma risada alta.

— Essa foi engraçada, Stephen. Foi mesmo.

— Sr. Beaurenberg, acho melhor o senhor... — ouvi-o dizer.

Eentão meu pai, Tristan, entrou no quarto.

— Kristen, você é especial! — ele abriu um grande sorriso. — Sabia que conseguiria! Hora de ir, querida!

— Espera... Você está me mandando para o Alfa? — arregalei os olhos, deixando meu livro cair.

— Não é maravilhoso?

— Não, não é maravilhoso! — levantei-me, contrariada. — Não posso largar tudo!

Seria cômico o quanto meu pai simplesmente não dava a mínima, se ele não fosse meu pai.

Acabei em um carro preto blindado.

— Kristen, eu sinto muito — sussurrou Stephen ao meu lado. Ele era um cara de meia-idade com quem eu conversara poucas vezes. Apenas mais um dos empregados de papai. — Seu pai está mandando todos os cidadãos cujos testes pareciam promissores, e o seu... foi incrivelmente promissor.

Incrivelmente promissor?

— Sim. Estão enviando-a ao Setor Três, juntamente com alguns outros novos...

— Cobaias?

— Não use essa palavra.

—Como quiser.

— E Kristen...

— Sim?

— Se eu fosse você, não usaria meu sobrenome verdadeiro lá dentro.

— Por quê?

Stephen riu um pouco, olhando para a janela.

— Machucar você quer dizer machucar Tristan. E se eu tivesse sido posto em uma jaula contra a minha vontade, sendo submetido a todo tipo de teste, e pudesse acabar com o cara que me pôs lá... Eu o faria sem pensar duas vezes.

Estremeci quando o carro parou. As lágrimas finalmente chegaram.

— Stephen, eles vão me matar.

— Só se você for idiota — rebateu ele. — Então não seja idiota.

Com esse belo último conselho, fitei meu destino. Um prédio de pelo menos vinte andares, todo feito de algum material resistente que não identifiquei. Não fora projetado para ser bonito ou agradável. Fora projetado para ser impenetrável. Parecia um lugar onde colocariam assassinos em série, e não prodígios.

— Uma última coisa — Stephen prendeu uma pulseira de metal em meu pulso direito. — Rastreador.

Quando consegui recompor-me completamente, entrei no prédio.


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