Diante do incentivo de Peter, Lúcia resolveu perguntar, mesmo que estivesse meio incerta sobre isso.

– Não quero que pense que sou intrometida... – Lúcia começou a dizer.

– Por que pensaria isso? – Peter indagou.

– É só que... Bem... Você me parece cheio de mistérios. – Ela disse com cautela, Peter sorriu por algum motivo.

– Você me acha misterioso? – Peter perguntou.

– Eh... Sim. – Lúcia confessou.

– Misterioso estranho ou misterioso assustador? – Ele perguntou com um sorriso de canto.

– Acho que só misterioso, eu não sei. – Lúcia estava começando a achar aquela conversa sem pé nem cabeça, mas estava gostando.

– Então acho que devo acabar com o mistério, pergunte o que quiser, sou um livro aberto. – Disse o garoto.

– O que eu quiser? – Ela sorriu com a ideia.

– O que você quiser. – Ele confirmou.

– O que houve, exatamente, na semana passada com você? – Ela perguntou.

– Boa pergunta, mas... Certas coisas a gente não pode contar. – Lúcia revirou os olhos com a resposta de Peter.

– Grande livro aberto é você. – Ela ironizou.

– Acho que eu gosto de ser misterioso. – Peter falou.

– Mas isso não é justo. – Ela ficava cada vez mais curiosa sobre Peter.

– Ninguém nunca lhe disse? A vida não é justa. – Peter disse, fazendo Lúcia bufar.

– E se eu tentar algo mais fácil? – Ela o encarou.

– Não garanto que vou responder, mas você pode tentar. – Peter deu de ombros.

– Qual sua cor favorita? – Ela perguntou a primeira coisa que veio à sua mente, só depois percebeu que era uma pergunta meio boba.

– Verde. – Respondeu simplesmente. – E você?

– Dourado. – Respondeu sem pensar duas vezes.

– Por que dourado? – Peter indagou curioso.

– Bem... – Lúcia precisava pensar em uma resposta. – Prefiro não dizer.

– Ah, qual é? – Peter ficou inconformado. – Vamos fazer o seguinte: rodada de perguntas, se você responder pode fazer uma pergunta pra mim, se eu responder pergunto algo a você.

– Mas você vai ser obrigado a responder. – Ela disse.

– E você também. – Ele parecia estar gostando da ideia.

– Feito. – Disse Lúcia.

– Feito. – Concordou Peter. – Agora diga: Por que dourado?

– Pode parecer loucura, mas essa cor sempre me lembra vida, é a cor do sol quando nasce e... A cor do pelo de um leão. – Lúcia falou a última parte tão baixo que não passou de um sussurro.

– Você já viu um leão? – Peter questionou.

– Ah não, é minha vez de perguntar. – Lúcia sorriu largamente. – Por que verde?

– É vivo, é a cor das folhagens de uma árvore, da grama. – Peter explicou, ele parecia gostar da natureza. – Agora vai ter que responder: Você já viu um leão?

– Já. – Lúcia admitiu sem entrar em detalhes.

– Vamos deixar mais interessante. Respostas rápidas. – Peter propôs.

– Você gosta de... – Lúcia começou.

– Caminhadas. E você? – Peter a encarava divertido.

– Cavalgar. Comida favorita... – Lúcia disparou.

– Croissants. E você? – Peter foi rápido.

– Torta de maçã. Amigos... – Lúcia foi mais rápida ainda.

– Em outra cidade. Lar... – Peter tentava superar Lúcia.

– Nárnia. – Respondeu.

– Nárnia? – Peter franziu o cenho.

Essa não... Lúcia repreendeu-se mentalmente por ter deixado escapar assim, mas estava tão concentrada em responder logo, que não pensara antes de responder.

Mas e agora? O que diria a Peter?