Pan, the Devil escrita por Lu Falleiros


Capítulo 7
Cap. 6 - Os Meninos


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas, me atrasei! T.T
Espero porém não decepcionar, já tenho mais dois capítulos bolados, quero ver se consigo postar hoje! o/
Obrigada pelos reviews e por todos que acompanham! ^w^
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Meninos perdidos: Agora é a nossa vez! - Riram.



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Uma luzinha incandescente brilhava pontualmente em uma das extremidades de meu sonho. Mas o que é isso? Bati várias vezes no local, a luzinha mudou de lugar. Virei-me de um lado para o outro na cama. – Huuummm.... – Chiei baixinho sentindo meu rosto contra o travesseiro. Abri os olhos. Busquei o despertador para ver as horas. Não o encontrei.

– Mas onde? – Pus-me sentada na cama rapidamente. – O que é isso? – Olhei ao redor de onde estava. Estava com dor de cabeça, dormi demais... O lugar era escuro, pequeno. Não era meu quarto.

Coloquei-me de pé, senti uma dor chata na cintura... O que foi que eu fiz? Dormi de mal jeito? Pensei. Caminhei até a porta, fiquei a olhar para o corredor.

– Você sempre dorme demais? – Perguntou uma voz divertida para as minhas costas. Virei rapidamente, era Pan. É mesmo...

– Então tudo isso aconteceu mesmo? – Perguntei.

– Sim... E você está sangrando. – Ele levantou uma das sobrancelhas brincando, mas de alguma forma... Preocupado?

Olhei para o meu lado, não ardia tanto, mas o curativo já não mais retinha o sangue que começava a avermelhar a roupa emprestada por Pan. – Ah... É mesmo... – Disse ainda com sono, balbuciante.

– Como é desligada, - ele correu para mim, pegou-me no colo e me colocou de volta na cama. – tenho que estar sempre do seu lado? – Perguntou. Eu com sono simplesmente ignorei, não queria "brincar". – Posso tirar? – Perguntou erguendo a blusa, o curativo, minha ex-camiseta agora estava de um rubro quase vinho, que ótimo, essa mancha nunca sairia.

– Ficou gentil de um dia para o outro? – Perguntei. O ato de levantar minha blusa havia me acordado, ou melhor, irritado.

Pedir consentimento para ele não parecia ter sido necessário até agora. Em um dia ele já havia simplesmente virado minha realidade de ponta-cabeça, rasgado as minhas roupas, obrigado-me a dormir em uma cama estranha - dele, raptado-me, deixado que eu me machucasse, e o que é pior, quase abusar de mim na frente de crianças...

– É que tem gente nos olhando.... – Ele indicou para a porta, ruborizei no mesmo instante. Sininho e os meninos estavam olhando-nos, seus olhos estalados, capturando cada momento da cena.

– Então pare! Eles não podem ver sangue... – Suspirei, eram tão jovens.

– Não se importe. – Ele continuava a desenfaixar meu lado. – Eles já sofreram muito mais que você. - E alguns alí são quase da sua idade... - Ele riu.

Cruzei os braços ainda irritada. O que ele queria dizer? Estaria chamando-me de inexperiente? Pensei, mordendo o lábio inferior.

Ele revirou os olhos. – Vai ficar quieta agora? – Perguntou agora passando uma faixa limpa pelo machucado.

– Não tenho o que tratar com você. – Não conseguiu, ele, evitar de rir, enquanto os meninos soltaram um pequeno “ooohhh...”, acho que não pensavam que eu era assim, ou ninguém tratava o Pan daquele jeito.

– Pronto... – Ele me ajudou a me levantar.

– O que é isso? – Perguntaram os meninos. E ele ainda diz que eles são experientes?

– Foi a Sereia Piranha, não é obvio? – Um dos meninos retrucou.

Caramba, eles poderiam ser mais gentis um com os outros. Senti um aperto no coração, eu nunca fui gentil com meus irmãos também... Talvez, isso seja... Normal? Suspirei pensando.

– Venha... – Ouvi a voz baixinha de Sininho contra minha orelha.

– Aonde? – Perguntei olhando para ela, não sei bem o porquê, mas já me sentia muito melhor perto dela do que antes. Ainda bem que está aqui.

– Tomar café. – Ela sorriu. Segui seu brilho pelos corredores enquanto os meninos, inclusive Pan iam atrás.

Sentaram-se todos ao redor de uma mesa, não havia espaço para mim, e todos pareciam ter um local marcado.

– Lucy, - ouvi chamar-me um dos meninos, eles sabiam meu nome, mas eu não sabia os deles. – sente-se do meu lado. – Propôs. O chão se estendia para mim, eu não conseguia sentar com muita facilidade por causa do corte, mas tentei. Um pouco antes de chegar ao chão, porém, - após todo o esforço - alguém puxou-me pelos pulsos colocando-me novamente de pé.

– Você quer dificultar mais ainda sua recuperação? – Perguntou a voz de Pan, que agora me carregava no colo.

– Não entendo. – Disse um dos meninos com um pedaço de pão na mão. – Você nunca se importou com nossos machucados... – Ele resmungou, seus braços pareciam cobertos por marcas e casquinhas de machucados recentes. Pobrezinho... Suspirei, se tivéssemos meios melhores de curativos, talvez isso não acontecesse. Pan não se importa com eles?

Bom, não é como se ele não detivesse suas próprias marcas, quero dizer, ele também tinha algumas – muitas – cicatrizes.

– Uma menina vale mais que mil meninos. – Pan sussurrou baixinho de modo que só eu ouvi. – É que ela é minha. Tenho que cuidar de meus bichinhos. – Dessa vez disse alto. Os meninos riram e apesar dele estar me carregando, bati com força contra a sua bochecha. Sim, ignorei totalmente o comentário anterior. A sala se silenciou. Todos pareciam olhar para mim.

– Você até que é bem forte. – Pan sorria. Em sua bochecha branca agora detinha-se uma mancha vermelha, que parecia arder. – Vamos, apesar de sua falta de educação vou deixar se sentar no meu colo... – Ele se sentou, colocando-me em sua perna, de forma que eu apoiasse minhas costas contra seu peito.

– Não obrigada. – Falei friamente. Ele era louco? E além de tudo, fui grossa com ele. Qual o problema dessa pessoa?

Tentei me levantar, ele segurou-me pela cintura não machucada, impedindo que eu o fizesse. Não fique vermelha, não fique vermelha, não fique vermelha... Tentei me controlar, mas conforme ele se mexia sentia seu corpo contra o meu. Aquilo era agonizante, e que coisa chata, não conseguia não ficar vermelha. Além disso tudo nele era estranho, só se mexia do lado que eu não estava machucada, estava ele calculando? Franzi o cenho. Prefiro não descobrir... Conclui.

Coloquei-me de pé com alguma dificuldade, desviando de seus dedos que faziam pressão em minha pele. Ele riu de meu problema para “descer”, a cadeira em que estava era alta, e mais a largura da sua perna, meus pés mal alcançavam o chão. Esperei de pé até que um lugar se desocupasse.

– Lucy, pode se sentar aqui. – Um dos meninos se levantou, ele era quase de minha altura, seus cabelos loiros e olhos azuis, parecia tão inocente.

– Obrigada... – Disse. – Como se chama? – Perguntei sentando-me.

– Sou Philos. – Ele sorriu para mim. Philos em grego significa amizade, ele parecia mesmo muito gentil.

– Obrigada Philos! – Sorri para ele sentando-me.

– Não. – Pan colocou-se de pé, ele também já havia terminado. Seu olhar era severo e de alguma forma irritado. – Não vai tomar café a esta hora. Por que não tomou comigo? – Aproximou seu rosto do meu.

Estava realmente atônita. O que ele queria ouvir? – Porque isso é assédio. – Disse sem me colocar novamente de pé. Ele riu frivolamente. Tinha enlouquecido? Por que de repente estava tão bravo? Eu fiz alguma coisa?

– Parece cheia de energia. – Ele me colocou de pé puxando-me pelo meu braço. – Se é esse o caso não tem que comer agora. Pode esperar o almoço. – Mordi o lábio com raiva. Estava com fome! MALDITO. – Uma lição às vezes é bom, aprenda a me ouvir... – Ele sorriu maliciosamente, sorri de volta forçosamente.

– Dói, idiota. Me larga. – Ordenei, ele demorou um pouco, mas por fim, o fez. – Muito bem. – Agora eu estava mandando nele? É isso? – Então se me dá licença quero conhecer os meninos. – Coloquei-me de pé. Alguns dos garotos pareciam preocupados, Sininho se divertia atrás de Pan imitando-o de forma engraçada. – Eles ao menos tentam ser gentis. – Completei.

Pan cerrou os punhos, ainda irritado, não me olhava no rosto, pelo contrário, parecia que a qualquer momento desataria a gritar, o que seria uma novidade, sempre sou eu quem grita. Já percebeu? Pensei...

– Então que seja. – Por fim falou baixo, de forma que saiu quase sussurrando, senti sua irritação em cada sílaba. Pisou forte saindo do cômodo, por que ele ficara tão irritado de repente? Eu jamais o entenderia... Cruzei os braços negando para mim mesma a pensar nele.

– Bom, vamos conversar garotos? – Eles concordaram ainda um tanto atônitos com a cena. Acho que todas as vezes que nos viram eu estava... Como direi... Gritando com o Pan, ou... Sendo assediada. Eles não tinham uma boa impressão de mim, sinto que não.

Caminhamos para cima, novamente os meninos taparam meus olhos e me puxaram devagarinho para cima. – Pronto. – Eles tiraram as mãos - que estavam visivelmente sujas - de meu rosto.

– Bom, acho que vou falar meu nome primeiro. – Sorri para eles. – Sou Lucy. Lucy Green, tenho dezesseis anos, quase dezessete e pretendo me formar e me tornar professora. – Sorri para os garotos. – Professora de esgrima! – Sorri para eles mais forte, pareciam um pouco confusos. – Professora de como usar um sabre, uma espada? – Disse agora sem sorrir, eles concordaram um pouco mais animados.

– Nenhum de nós sabe usar as espadas, são todas de Pan. – Um garotinho, bem pequeno, de cabelos ruivos e sardinhas assentiu. Ele tomou a frente do grupo. – Sou o segundo mais novo, meu nome é D'Artagnan, uso o estilingue. – Ele mostrou para mim.

– Sou o mais novo. – Chegou outro. – Sou Porthos. – Ele sorriu. – Não sei usar nada, mas gosto de tacar pedras... – Não pude evitar de rir. Ele era engraçadinho, fofo, não sei por quê, tinha vontade de apertá-lo um pouquinho.

– Sou o terceiro menor. – Disse outro, este diferente dos demais tinha muito cabelo e muito comprido, podendo prendê-lo em um rabo de cavalo. Seu olhar era profundo, e seus olhos eram impressionantemente claros, eram de um cinza quase branco.

Interrompi-o. – Deixa eu adivinhar, seu nome é Athos? – Perguntei. – Ele pareceu surpreso, mas concordou. São os nomes dos Três Mosqueteiros, quero dizer, aquilo era bonito.

– Uso muito bem o Arco-e-Flecha. – Ele pareceu confiante, parecia ter uns doze, onze anos de idade, deve ser difícil usar o arco nessa idade.

– Onde está Aramis? – Perguntei divertidamente, um garoto, mais alto que eu colocou-se ao lado dos outros. – Você? – Perguntei. Ele concordou em silêncio. Até sua personalidade se assemelha a do personagem original? Pensei. Ele me observou, sorriu maliciosamente, seu cabelo era preto, tão longo quanto o de Athos, seus olhos eram um tom belo de mel. Sim. Ele parecia com o personagem.

– Sou o segundo mais velho. – Refletiu um pouco antes de falar. – Gosto de venenos... – Sorriu de leve. – Se quiser, posso te ensinar coisas interessantes... – Seu olhar era apático. Parecia não se interessar por mais nada. Sorri para ele, ele era fofo? Tão parecido com o personagem, um personagem que sempre gostei por sinal.

– Tens quantos anos? – Perguntei. Dar-lhe-ia dezessete, mas não acredito que realmente seja mais velho que eu.

– Quinze. – Olhou para baixo. – Que desnecessário... – Sussurrou. Ri para ele. Ainda era uma criança, mas tinha mais de 1.80, eu tinha certeza.

– Já que trocou a ordem. Sou o mais velho. – Um garoto, mais baixo que o segundo, seus olhos eram verdes e seu cabelo castanho. – Sou Demócrates. – Ele sorriu.

– Prazer. – Olhei para ele, era o mais velho, fazia sentido seu nome ser “aquele que controla o povo”.

– Por favor, trate melhor o Pan, entenda, ninguém aqui é seu amigo. Muito menos ele. Não o tenha como inimigo, agradeça por ele ter interesse por você.

O que ele quis dizer? Interrompi-o. – Não é como se quisesse estar aqui. Isso é culpa dele. – Desatei a falar, talvez tenha extravasado, falei alto demais.

O jovem me ouviu sem alarde. - Nem acredito que temos a mesma idade. - Completou um pouco depois. - Sou o único além de Pan que tem autorização para usar os punhais, pena que jamais chegarei ao seu nível.

Consenti com a cabeça, não entendi totalmente o que ele quis dizer. E não queria perguntar. De alguma forma estava irritada, não estava lá porque queria.

Mas aquilo me intrigava, por que todos que estavam ao lado de Pan pareciam de alguma forma ter medo dele? Suspirei, sou a única que não quer ficar perto dele e não tenho medo? Pensei. Estou perdendo alguma coisa.

Outros três garotos, todos da mesma altura, olhos azuis e cabelos loiros. Sabia que um deles era Philos, mas qual? Tentava reconhecer.

– Sou Philos. – Ele sorriu. – Estes são meus irmãos, são um ano mais novos que eu, gêmeos. – Ele suspirou. – Tenho quatorze, os dois treze. – Os dois garotos acenaram para mim. – São mudos. – Assentiu. – Seus nomes são Agis e Argeu. – Disse.

Argeu significava iluminado. Por quê?

– Argeu tem esse nome porque sabe sempre onde encontrar fadas. Ele é especial nesse quesito. E sempre consegue o que quer delas, até de Sininho. – Philos continuou. – Argeu sorriu para mim. – E Agis ganhou uma briga, contra.. uma pessoa muito difícil de se vencer, só Pan o fez mais vezes que ele. Por isso tem o nome de um dos reis de Esparta. – Era mesmo, não havia me lembrado.

– Isso é muito interessante. É um prazer conhecer todos vocês e... – Fui interrompida por Philos.

– Agis disse que ouviu um canhão. Seu ouvido é muito bom. – Todos os garotos entravam na caverna apressadamente, e eu, o que faço? Pan apareceu alguns instantes depois, eu ainda estava do lado de fora, sem saber o que fazer.

Ele se aproximou de mim. – Mas você é mesmo uma idiota. – Me pegou pelo braço. – Philos, arranje tudo. – Pediu. Ele apenas concordou. – Demócrates. – Olhou para o garoto, ainda me segurando como uma moça das cavernas, estava com minha barriga contra seu ombro, eu não sou caça. E o que está havendo? Perguntava-me, claro, não tinha resposta.

– Sim. – Ele respondeu rigidamente.

– O que está havendo perguntei? – Pan agora me levava para longe dos garotos.

– Quer calar a boca? – Ordenou.

– Mas e os garotos? – Desobedeci.

– Eles ficarão bem. – Pan terminou, voltando a voar para um lugar distante. O que estava havendo? – Afinal isso é culpa sua. – Disse.

– Minha? – Perguntei. Não sabia porquê.

– Quieta. – Ordenou mais uma vez. – Por favor. – Pan pediu. Sua voz antes irritada havia se alterado, ele de novo parecia estar preocupado, bem mais do que quando falou com os meninos. – Confie em mim. – Pediu.

Tentei fitar seus olhos, ele me mudou de posição, agora eu estava novamente como uma princesa em seu colo. – Sim. – Fitei seus olhos, estavam mais escuros que o normal, ou ao menos, pareciam.

– Obrigado. – Disse. – Por favor. – Pediu de novo. Senti seus braços me apertarem mais forte por um instante, e de repente seu apoio sumiu de minhas costas. Eu estava caindo.

Não conseguia nem ao menos gritar, eu ia... Morrer.

Meus olhos se apertaram, as lágrimas voavam, e eu, caia.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem. A citação de "Os Três Mosqueteiros", texto, nome e personagens, original de Alexandre Dumas.